CARACAS - A oposição venezuelana voltou às ruas nesta sexta-feira, 12, para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, mas desta vez foram os "avós" que lideraram a marcha. Nas últimas semanas, policiais e manifestantes protagonizaram diversos choques violentos durante as mobilizações.
"Por nossos netos"é o lema com que a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) convocou os aposentados para marchar até a sede da Defensoria do Povo, a qual acusam de servir ao governo.
No início da "Marcha dos Avós", policiais tentavam dispersar os idosos com gás de pimenta, dando início a um confronto com os manifestantes.
O governo convocou uma concentração de idosos no centro de Caracas, da qual Maduro participará.
Até o momento, as forças de segurança não deixaram os manifestantes chegarem ao centro de Caracas, onde estão o Palácio Presidencial de Miraflores e os poderes públicos.
Em choques cada vez mais violentos, os agentes de ordem pública usam bombas de gás lacrimogêneo e jatos de água. Os manifestantes respondem com pedras, pedaços de madeira, metal, coquetéis molotov e, inclusive, bombas de fezes.
Corte marcial. Na noite de quinta-feira, Maduro advertiu os opositores que protestam contra seu governo de que serão julgados por cortes marciais se atacarem instalações militares. Ele destacou que vários manifestantes já foram detidos e serão julgados pela Justiça militar após causarem danos à base aérea La Carlota, no leste de Caracas.
"Se forem capturados atacando uma base militar irão para a Justiça militar. Qualquer um que for capturado atacando bases militares irá para onde deve ir: para a Justiça", disse Maduro em um ato público no qual voltou a denunciar os protestos da oposição, que já deixaram 38 mortos desde o dia 1.º de abril.
Venezuela em chamas mais um dia de protestos contra Maduro
No início de maio, um grupo de manifestantes opositores entrou em La Carlota após romper uma barreira de proteção, durante um protesto contra Maduro. Segundo a ONG de direitos humanos Fórum Penal, 118 pessoas foram levadas para cortes marciais no Estado de Carabobo e outras 19 em Falcón, no noroeste do país, e 73 permanecem detidas por "rebelião".
Maduro revelou ainda ter determinado a sanção de militares e policiais envolvidos em abusos contra civis, após as denúncias de agressões por parte das forças da ordem nos protestos em Caracas. "Ordenei uma investigação e o castigo de qualquer funcionário que abuse da força física contra qualquer cidadão. Não vou tolerar isso.” / AFP