Arábia Saudita e Irã vão restabelecer laços diplomáticos após mediação da China


Os dois rivais regionais concordaram em reativar um acordo de cooperação de segurança e reabrir embaixadas dentro em dois meses

Por Redação
Atualização:

RIAD – A Arábia Saudita e o Irã chegaram a um acordo que abre caminho para o restabelecimento dos laços diplomáticos após sete anos sem relacionamento, um grande realinhamento entre rivais regionais que foi mediado pela China, disseram os países na sexta-feira em uma declaração conjunta.

Autoridades sauditas e iranianas anunciaram o acordo após as negociações desta semana em Pequim, que mantém laços estreitos com os dois países, segundo o comunicado, divulgado pela agência oficial de notícias saudita. A mídia estatal do Irã também anunciou um acordo.

Os dois países concordaram em reativar um acordo de cooperação de segurança que havia expirado – uma mudança que ocorre depois de quase sete anos de conflito entre iranianos e sauditas envolvendo vários países na região com ataques de mísseis e drones patrocinados por ambos os lados. O acordo também vai reativar antigos pactos comerciais, de investimento e culturais.

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A Arábia Saudita e o Irã reabrirão as embaixadas nos países um do outro dentro de dois meses, e ambos os Estados confirmaram “seu respeito pela soberania das nações e a não interferência em seus assuntos internos”, disse o comunicado.

O presidente chinês, Xi Jinping, se encontra com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, na China, em fevereiro  Foto: Yan Yan/Xinhua via AP

O acordo mediado pela China tem impacto importante, já que todos os países de maioria islâmica do mundo, com as exceções do Irã, Síria (laica) e Sudão são aliados dos EUA.

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O papel da China em mediar as negociações que levaram a um avanço em uma rivalidade regional de longa data destaca a crescente importância econômica e política do país no Oriente Médio, há muito moldada pelo envolvimento militar e diplomático dos Estados Unidos. Autoridades sauditas e iranianas se envolveram em várias rodadas de negociações nos últimos dois anos, inclusive no Iraque e em Omã, sem avanços significativos.

O líder chinês, Xi Jinping, visitou Riad em dezembro, uma visita de Estado que foi comemorada por autoridades sauditas, que reclamam que seus aliados americanos estão se afastando cada vez mais da região.

“Isso é um reflexo da crescente influência estratégica da China na região – o fato de ter muita influência sobre os iranianos, o fato de ter relações econômicas muito profundas e importantes com os sauditas”, disse Mohammed Alyahya, membro saudita da Belfer Center for Science and International Affairs em Harvard. “Existe um vazio estratégico na região e os chineses parecem ter descoberto como capitalizar isso.”

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Depois de anos de rivalidade regional, a Arábia Saudita cortou completamente seus laços com o Irã em 2016, quando manifestantes invadiram a embaixada do reino em Teerã após a execução pela Arábia Saudita de um proeminente clérigo xiita saudita.

Em 2017, Xi Jinping (direita) se encontrou com o Rei Salman no Grande Salão do Povo, em Pequim  Foto: Lintao Zhang/Reuters

O conflito entre as duas nações islâmicas, localizadas a menos de 300 quilômetros de distância uma da outra no Golfo Pérsico, há muito molda a política e o comércio no Oriente Médio.

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Os dois países são líderes dos lados opostos da divisão do Islã em xiitas e sunitas. O Irã tem conselheiros militares no Iraque e na Síria e controla e financia milícias nesses países e no Líbano. Também tem alguma influência sobre os houthis que combatem o governo do Iêmen, além de defender os xiitas de Bahrein, grupo majoritário que, segundo o Irã, é reprimido pela monarquia sunita do país.

O rei Salman, da Arábia Saudita, sempre acusou o Irã de “liderar o terrorismo global”. Funcionários sauditas dizem que Teerã planeja controlar a região. A Arábia Saudita, um reino autocrata, também se opõe à ideologia política do Irã, que tem um religioso na liderança suprema, mas tem também um presidente, um Parlamento e câmaras municipais escolhidos em eleições das quais podem participar homens e mulheres.

Manifestantes xiitas protestam contra a execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr pela Arábia Saudita, em 2016  Foto: Raheb Homavandi/Reuters
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O Irã, por sua vez, há muito acusa a Arábia Saudita de apoiar terroristas, afirmando que o reino favorece o surgimento de grupos sunitas extremistas como o Estado Islâmico e outros que atuam no Iraque e na Síria.

As tensões atingiram o pico em 2019, quando um ataque de mísseis e drones a uma importante instalação de petróleo saudita interrompeu metade da produção de petróleo do reino. Autoridades dos EUA disseram que o ataque foi supervisionado diretamente pelo Irã.

Os dois países também se enfrentaram no Iêmen, onde uma coalizão liderada pela Arábia Saudita está lutando contra os rebeldes Houthi que o Irã apoiou.

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Autoridades sauditas também expressaram repetidamente medo sobre o programa nuclear do Irã, dizendo que eles seriam o principal alvo da República Islâmica. No entanto, nos últimos anos, eles se envolveram em uma série de conversas com delegações iranianas, com ambos os lados esperando aliviar as tensões.

Ali Shamkhani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, disse à agência NourNews do Irã que a visita do presidente Ebrahim Raisi à China em fevereiro ajudou a criar a oportunidade para as negociações avançarem. Shamkhani descreveu as negociações como “inequívocas, transparentes, abrangentes e construtivas”. Ele disse estar ansioso pelas relações entre o Irã e a Arábia Saudita que promovam “a segurança e a estabilidade da região”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel se recusou a comentar imediatamente. Mas a notícia complica a suposição israelense de que os temores compartilhados de um Irã nuclear ajudariam Israel a estabelecer um relacionamento formal com a Arábia Saudita.

Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, afirmou repetidamente nos últimos meses que esperava selar os laços diplomáticos entre Israel e a Arábia Saudita pela primeira vez./NYT, W.POST e AP

RIAD – A Arábia Saudita e o Irã chegaram a um acordo que abre caminho para o restabelecimento dos laços diplomáticos após sete anos sem relacionamento, um grande realinhamento entre rivais regionais que foi mediado pela China, disseram os países na sexta-feira em uma declaração conjunta.

Autoridades sauditas e iranianas anunciaram o acordo após as negociações desta semana em Pequim, que mantém laços estreitos com os dois países, segundo o comunicado, divulgado pela agência oficial de notícias saudita. A mídia estatal do Irã também anunciou um acordo.

Os dois países concordaram em reativar um acordo de cooperação de segurança que havia expirado – uma mudança que ocorre depois de quase sete anos de conflito entre iranianos e sauditas envolvendo vários países na região com ataques de mísseis e drones patrocinados por ambos os lados. O acordo também vai reativar antigos pactos comerciais, de investimento e culturais.

A Arábia Saudita e o Irã reabrirão as embaixadas nos países um do outro dentro de dois meses, e ambos os Estados confirmaram “seu respeito pela soberania das nações e a não interferência em seus assuntos internos”, disse o comunicado.

O presidente chinês, Xi Jinping, se encontra com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, na China, em fevereiro  Foto: Yan Yan/Xinhua via AP

O acordo mediado pela China tem impacto importante, já que todos os países de maioria islâmica do mundo, com as exceções do Irã, Síria (laica) e Sudão são aliados dos EUA.

O papel da China em mediar as negociações que levaram a um avanço em uma rivalidade regional de longa data destaca a crescente importância econômica e política do país no Oriente Médio, há muito moldada pelo envolvimento militar e diplomático dos Estados Unidos. Autoridades sauditas e iranianas se envolveram em várias rodadas de negociações nos últimos dois anos, inclusive no Iraque e em Omã, sem avanços significativos.

O líder chinês, Xi Jinping, visitou Riad em dezembro, uma visita de Estado que foi comemorada por autoridades sauditas, que reclamam que seus aliados americanos estão se afastando cada vez mais da região.

“Isso é um reflexo da crescente influência estratégica da China na região – o fato de ter muita influência sobre os iranianos, o fato de ter relações econômicas muito profundas e importantes com os sauditas”, disse Mohammed Alyahya, membro saudita da Belfer Center for Science and International Affairs em Harvard. “Existe um vazio estratégico na região e os chineses parecem ter descoberto como capitalizar isso.”

Depois de anos de rivalidade regional, a Arábia Saudita cortou completamente seus laços com o Irã em 2016, quando manifestantes invadiram a embaixada do reino em Teerã após a execução pela Arábia Saudita de um proeminente clérigo xiita saudita.

Em 2017, Xi Jinping (direita) se encontrou com o Rei Salman no Grande Salão do Povo, em Pequim  Foto: Lintao Zhang/Reuters

O conflito entre as duas nações islâmicas, localizadas a menos de 300 quilômetros de distância uma da outra no Golfo Pérsico, há muito molda a política e o comércio no Oriente Médio.

Os dois países são líderes dos lados opostos da divisão do Islã em xiitas e sunitas. O Irã tem conselheiros militares no Iraque e na Síria e controla e financia milícias nesses países e no Líbano. Também tem alguma influência sobre os houthis que combatem o governo do Iêmen, além de defender os xiitas de Bahrein, grupo majoritário que, segundo o Irã, é reprimido pela monarquia sunita do país.

O rei Salman, da Arábia Saudita, sempre acusou o Irã de “liderar o terrorismo global”. Funcionários sauditas dizem que Teerã planeja controlar a região. A Arábia Saudita, um reino autocrata, também se opõe à ideologia política do Irã, que tem um religioso na liderança suprema, mas tem também um presidente, um Parlamento e câmaras municipais escolhidos em eleições das quais podem participar homens e mulheres.

Manifestantes xiitas protestam contra a execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr pela Arábia Saudita, em 2016  Foto: Raheb Homavandi/Reuters

O Irã, por sua vez, há muito acusa a Arábia Saudita de apoiar terroristas, afirmando que o reino favorece o surgimento de grupos sunitas extremistas como o Estado Islâmico e outros que atuam no Iraque e na Síria.

As tensões atingiram o pico em 2019, quando um ataque de mísseis e drones a uma importante instalação de petróleo saudita interrompeu metade da produção de petróleo do reino. Autoridades dos EUA disseram que o ataque foi supervisionado diretamente pelo Irã.

Os dois países também se enfrentaram no Iêmen, onde uma coalizão liderada pela Arábia Saudita está lutando contra os rebeldes Houthi que o Irã apoiou.

Autoridades sauditas também expressaram repetidamente medo sobre o programa nuclear do Irã, dizendo que eles seriam o principal alvo da República Islâmica. No entanto, nos últimos anos, eles se envolveram em uma série de conversas com delegações iranianas, com ambos os lados esperando aliviar as tensões.

Ali Shamkhani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, disse à agência NourNews do Irã que a visita do presidente Ebrahim Raisi à China em fevereiro ajudou a criar a oportunidade para as negociações avançarem. Shamkhani descreveu as negociações como “inequívocas, transparentes, abrangentes e construtivas”. Ele disse estar ansioso pelas relações entre o Irã e a Arábia Saudita que promovam “a segurança e a estabilidade da região”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel se recusou a comentar imediatamente. Mas a notícia complica a suposição israelense de que os temores compartilhados de um Irã nuclear ajudariam Israel a estabelecer um relacionamento formal com a Arábia Saudita.

Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, afirmou repetidamente nos últimos meses que esperava selar os laços diplomáticos entre Israel e a Arábia Saudita pela primeira vez./NYT, W.POST e AP

RIAD – A Arábia Saudita e o Irã chegaram a um acordo que abre caminho para o restabelecimento dos laços diplomáticos após sete anos sem relacionamento, um grande realinhamento entre rivais regionais que foi mediado pela China, disseram os países na sexta-feira em uma declaração conjunta.

Autoridades sauditas e iranianas anunciaram o acordo após as negociações desta semana em Pequim, que mantém laços estreitos com os dois países, segundo o comunicado, divulgado pela agência oficial de notícias saudita. A mídia estatal do Irã também anunciou um acordo.

Os dois países concordaram em reativar um acordo de cooperação de segurança que havia expirado – uma mudança que ocorre depois de quase sete anos de conflito entre iranianos e sauditas envolvendo vários países na região com ataques de mísseis e drones patrocinados por ambos os lados. O acordo também vai reativar antigos pactos comerciais, de investimento e culturais.

A Arábia Saudita e o Irã reabrirão as embaixadas nos países um do outro dentro de dois meses, e ambos os Estados confirmaram “seu respeito pela soberania das nações e a não interferência em seus assuntos internos”, disse o comunicado.

O presidente chinês, Xi Jinping, se encontra com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, na China, em fevereiro  Foto: Yan Yan/Xinhua via AP

O acordo mediado pela China tem impacto importante, já que todos os países de maioria islâmica do mundo, com as exceções do Irã, Síria (laica) e Sudão são aliados dos EUA.

O papel da China em mediar as negociações que levaram a um avanço em uma rivalidade regional de longa data destaca a crescente importância econômica e política do país no Oriente Médio, há muito moldada pelo envolvimento militar e diplomático dos Estados Unidos. Autoridades sauditas e iranianas se envolveram em várias rodadas de negociações nos últimos dois anos, inclusive no Iraque e em Omã, sem avanços significativos.

O líder chinês, Xi Jinping, visitou Riad em dezembro, uma visita de Estado que foi comemorada por autoridades sauditas, que reclamam que seus aliados americanos estão se afastando cada vez mais da região.

“Isso é um reflexo da crescente influência estratégica da China na região – o fato de ter muita influência sobre os iranianos, o fato de ter relações econômicas muito profundas e importantes com os sauditas”, disse Mohammed Alyahya, membro saudita da Belfer Center for Science and International Affairs em Harvard. “Existe um vazio estratégico na região e os chineses parecem ter descoberto como capitalizar isso.”

Depois de anos de rivalidade regional, a Arábia Saudita cortou completamente seus laços com o Irã em 2016, quando manifestantes invadiram a embaixada do reino em Teerã após a execução pela Arábia Saudita de um proeminente clérigo xiita saudita.

Em 2017, Xi Jinping (direita) se encontrou com o Rei Salman no Grande Salão do Povo, em Pequim  Foto: Lintao Zhang/Reuters

O conflito entre as duas nações islâmicas, localizadas a menos de 300 quilômetros de distância uma da outra no Golfo Pérsico, há muito molda a política e o comércio no Oriente Médio.

Os dois países são líderes dos lados opostos da divisão do Islã em xiitas e sunitas. O Irã tem conselheiros militares no Iraque e na Síria e controla e financia milícias nesses países e no Líbano. Também tem alguma influência sobre os houthis que combatem o governo do Iêmen, além de defender os xiitas de Bahrein, grupo majoritário que, segundo o Irã, é reprimido pela monarquia sunita do país.

O rei Salman, da Arábia Saudita, sempre acusou o Irã de “liderar o terrorismo global”. Funcionários sauditas dizem que Teerã planeja controlar a região. A Arábia Saudita, um reino autocrata, também se opõe à ideologia política do Irã, que tem um religioso na liderança suprema, mas tem também um presidente, um Parlamento e câmaras municipais escolhidos em eleições das quais podem participar homens e mulheres.

Manifestantes xiitas protestam contra a execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr pela Arábia Saudita, em 2016  Foto: Raheb Homavandi/Reuters

O Irã, por sua vez, há muito acusa a Arábia Saudita de apoiar terroristas, afirmando que o reino favorece o surgimento de grupos sunitas extremistas como o Estado Islâmico e outros que atuam no Iraque e na Síria.

As tensões atingiram o pico em 2019, quando um ataque de mísseis e drones a uma importante instalação de petróleo saudita interrompeu metade da produção de petróleo do reino. Autoridades dos EUA disseram que o ataque foi supervisionado diretamente pelo Irã.

Os dois países também se enfrentaram no Iêmen, onde uma coalizão liderada pela Arábia Saudita está lutando contra os rebeldes Houthi que o Irã apoiou.

Autoridades sauditas também expressaram repetidamente medo sobre o programa nuclear do Irã, dizendo que eles seriam o principal alvo da República Islâmica. No entanto, nos últimos anos, eles se envolveram em uma série de conversas com delegações iranianas, com ambos os lados esperando aliviar as tensões.

Ali Shamkhani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, disse à agência NourNews do Irã que a visita do presidente Ebrahim Raisi à China em fevereiro ajudou a criar a oportunidade para as negociações avançarem. Shamkhani descreveu as negociações como “inequívocas, transparentes, abrangentes e construtivas”. Ele disse estar ansioso pelas relações entre o Irã e a Arábia Saudita que promovam “a segurança e a estabilidade da região”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel se recusou a comentar imediatamente. Mas a notícia complica a suposição israelense de que os temores compartilhados de um Irã nuclear ajudariam Israel a estabelecer um relacionamento formal com a Arábia Saudita.

Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, afirmou repetidamente nos últimos meses que esperava selar os laços diplomáticos entre Israel e a Arábia Saudita pela primeira vez./NYT, W.POST e AP

RIAD – A Arábia Saudita e o Irã chegaram a um acordo que abre caminho para o restabelecimento dos laços diplomáticos após sete anos sem relacionamento, um grande realinhamento entre rivais regionais que foi mediado pela China, disseram os países na sexta-feira em uma declaração conjunta.

Autoridades sauditas e iranianas anunciaram o acordo após as negociações desta semana em Pequim, que mantém laços estreitos com os dois países, segundo o comunicado, divulgado pela agência oficial de notícias saudita. A mídia estatal do Irã também anunciou um acordo.

Os dois países concordaram em reativar um acordo de cooperação de segurança que havia expirado – uma mudança que ocorre depois de quase sete anos de conflito entre iranianos e sauditas envolvendo vários países na região com ataques de mísseis e drones patrocinados por ambos os lados. O acordo também vai reativar antigos pactos comerciais, de investimento e culturais.

A Arábia Saudita e o Irã reabrirão as embaixadas nos países um do outro dentro de dois meses, e ambos os Estados confirmaram “seu respeito pela soberania das nações e a não interferência em seus assuntos internos”, disse o comunicado.

O presidente chinês, Xi Jinping, se encontra com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, na China, em fevereiro  Foto: Yan Yan/Xinhua via AP

O acordo mediado pela China tem impacto importante, já que todos os países de maioria islâmica do mundo, com as exceções do Irã, Síria (laica) e Sudão são aliados dos EUA.

O papel da China em mediar as negociações que levaram a um avanço em uma rivalidade regional de longa data destaca a crescente importância econômica e política do país no Oriente Médio, há muito moldada pelo envolvimento militar e diplomático dos Estados Unidos. Autoridades sauditas e iranianas se envolveram em várias rodadas de negociações nos últimos dois anos, inclusive no Iraque e em Omã, sem avanços significativos.

O líder chinês, Xi Jinping, visitou Riad em dezembro, uma visita de Estado que foi comemorada por autoridades sauditas, que reclamam que seus aliados americanos estão se afastando cada vez mais da região.

“Isso é um reflexo da crescente influência estratégica da China na região – o fato de ter muita influência sobre os iranianos, o fato de ter relações econômicas muito profundas e importantes com os sauditas”, disse Mohammed Alyahya, membro saudita da Belfer Center for Science and International Affairs em Harvard. “Existe um vazio estratégico na região e os chineses parecem ter descoberto como capitalizar isso.”

Depois de anos de rivalidade regional, a Arábia Saudita cortou completamente seus laços com o Irã em 2016, quando manifestantes invadiram a embaixada do reino em Teerã após a execução pela Arábia Saudita de um proeminente clérigo xiita saudita.

Em 2017, Xi Jinping (direita) se encontrou com o Rei Salman no Grande Salão do Povo, em Pequim  Foto: Lintao Zhang/Reuters

O conflito entre as duas nações islâmicas, localizadas a menos de 300 quilômetros de distância uma da outra no Golfo Pérsico, há muito molda a política e o comércio no Oriente Médio.

Os dois países são líderes dos lados opostos da divisão do Islã em xiitas e sunitas. O Irã tem conselheiros militares no Iraque e na Síria e controla e financia milícias nesses países e no Líbano. Também tem alguma influência sobre os houthis que combatem o governo do Iêmen, além de defender os xiitas de Bahrein, grupo majoritário que, segundo o Irã, é reprimido pela monarquia sunita do país.

O rei Salman, da Arábia Saudita, sempre acusou o Irã de “liderar o terrorismo global”. Funcionários sauditas dizem que Teerã planeja controlar a região. A Arábia Saudita, um reino autocrata, também se opõe à ideologia política do Irã, que tem um religioso na liderança suprema, mas tem também um presidente, um Parlamento e câmaras municipais escolhidos em eleições das quais podem participar homens e mulheres.

Manifestantes xiitas protestam contra a execução do proeminente clérigo xiita Nimr al-Nimr pela Arábia Saudita, em 2016  Foto: Raheb Homavandi/Reuters

O Irã, por sua vez, há muito acusa a Arábia Saudita de apoiar terroristas, afirmando que o reino favorece o surgimento de grupos sunitas extremistas como o Estado Islâmico e outros que atuam no Iraque e na Síria.

As tensões atingiram o pico em 2019, quando um ataque de mísseis e drones a uma importante instalação de petróleo saudita interrompeu metade da produção de petróleo do reino. Autoridades dos EUA disseram que o ataque foi supervisionado diretamente pelo Irã.

Os dois países também se enfrentaram no Iêmen, onde uma coalizão liderada pela Arábia Saudita está lutando contra os rebeldes Houthi que o Irã apoiou.

Autoridades sauditas também expressaram repetidamente medo sobre o programa nuclear do Irã, dizendo que eles seriam o principal alvo da República Islâmica. No entanto, nos últimos anos, eles se envolveram em uma série de conversas com delegações iranianas, com ambos os lados esperando aliviar as tensões.

Ali Shamkhani, chefe do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, disse à agência NourNews do Irã que a visita do presidente Ebrahim Raisi à China em fevereiro ajudou a criar a oportunidade para as negociações avançarem. Shamkhani descreveu as negociações como “inequívocas, transparentes, abrangentes e construtivas”. Ele disse estar ansioso pelas relações entre o Irã e a Arábia Saudita que promovam “a segurança e a estabilidade da região”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel se recusou a comentar imediatamente. Mas a notícia complica a suposição israelense de que os temores compartilhados de um Irã nuclear ajudariam Israel a estabelecer um relacionamento formal com a Arábia Saudita.

Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, afirmou repetidamente nos últimos meses que esperava selar os laços diplomáticos entre Israel e a Arábia Saudita pela primeira vez./NYT, W.POST e AP

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