Argentinos buscam comidas e roupas em lixões em meio a inflação recorde e aumento da pobreza


Taxa de inflação anual foi de 83% em setembro, o pior patamar desde a época da hiperinflação, mas aumento nos alimentos e vestuário já ultrapassa 100%

Por Redação

BUENOS AIRES - A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano, com alguns alimentos já ultrapassando esta variação anual. O resultado é o número cada vez maior de argentinos vasculhando em lixões e locais de troca por produtos como roupas, papelão e demais materiais para venda.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina, a inflação em setembro foi de de 6,2%. No acumulado do ano, a taxa ficou em 66,1% e, nos últimos 12 meses, em 83%, o pior patamar desde dezembro de 1991, quando atingiu 84%, segundo dados oficiais. As projeções para o ano de 2022 já passam dos três dígitos. Com isso, o país registra aumento de preços a níveis semelhantes ao período de hiperinflação por volta dos anos 1990.

A agência Reuters visitou lixões nos arredores de Buenos Aires, onde encontrou pessoas procurando roupas utilizáveis, materiais recicláveis para venda e até comida. “Minha renda não é mais suficiente”, disse Sergio Omar à agência, um argentino de 41 anos que estava procurando materiais recicláveis em um aterro sanitário em Lujan, a 65 km da capital. Com cinco filhos, ele contou que ficou difícil manter a sua família frente ao aumento no preço dos alimentos.

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Recicladores examinam montes de lixo em um aterro sanitário para papelão, plástico e metal, que vendem em turnos de trabalho de 12 horas, em Lujan, arredores de Buenos Aires, em 5 de outubro  Foto: Agustin Marcarian/Reuters

De fato, segundo os dados do Indec, os alimentos, junto com bebidas alcoólicas e vestuário sofreram a maior variação mensal da inflação. Na comparação com setembro do ano passado, o preço dos alimentos subiu 86,6%, acima da média geral, mas o maior aumento foi nas roupas e calçados, que variou 118% em um ano.

“Vemos que a inflação nesse item continua alta, mesmo quando o preço dos alimentos no mundo está se revertendo. Não vemos nenhum indicador que sugira uma desaceleração nos próximos meses no mercado doméstico”, disse Guido Lorenzo, diretor executivo da LCG, ao jornal argentino La Nación.

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Mas alguns produtos das prateleiras e da cesta básica no país já ultrapassaram a taxa de 100%, segundo levantamento feito pelo jornal com base em dados do Indec. O item mais afetado é a cebola, cujo o aumento anual foi de 550,85%. Em seguida vem açúcar e batata.

Aterro sanitário em Lujan, Argentina, onde recicladores dizem notar um aumento no número de pessoas procurando o local Foto: Agustin Marcarian/Reuters
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O aumento dos preços dos alimentos impacta integralmente o custo da cesta básica, que marca a linha de indigência e pobreza na Argentina, indicadores sociais que ficaram em 8,8% e 36,5%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Ainda à Reuters, Omar contou que notou um aumento na quantidade de pessoas procurando produtos no aterro sanitário que frequenta. Uma percepção reforçada por Sandra Contreras dona do clube de trocas Lujan Barter Club, que relatou ver filas duas horas antes da abertura do espaço. “As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse à agência.

Plano do governo

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Com os números dos últimos meses, a vice-presidente Cristina Kichner pediu a seu superministro da Economia, Sergio Massa medidas paliativas para esses setores e maior intervenção no setor de alimentos. Atualmente, o governo argentino congela o preço de alguns itens e algumas marcas de produtos da cesta básica, num programa batizado de preços cuidados.

Em alguns mercados do país, esses itens se esgotam rapidamente das prateleiras, seja porque são comprados com mais frequência, seja porque alguns varejistas evitem sua reposição antes da remarcação de preço para evitar prejuízo.

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Massa disse que se reunirá com empresas de consumo para estabelecer um novo programa, que se chamará “Preços Justos”, em que os valores dos produtos serão válidos por um período maior do que os atuais “Preços cuidados” e serão impressos nos produtos para que o consumidor tenha garantias do que é cobrado.

“É fundamental que façamos isso com base em que todos entendam que estamos em um momento em que todos temos que ceder um pouco”, disse o ministro à rádio Rivadavia, em Buenos Aires.

Segundo o governo, apesar de a inflação anual cada vez mais se aproximar dos 100%, a variação mensal dos preços mostrou uma desaceleração. A taxa de 6,2% em setembro foi menor que os índices mensais de julho e agosto, de 7,4% e 7%, quando a desvalorização do peso frente ao dólar no câmbio paralelo ganhou força.

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Vendedora espera clientes em um clube de troca de Lujan, arredores de Buenos Aires Foto: Agustin Marcarian/Reuters

“Temos de combater a inflação. É um problema que não começou conosco e vem acontecendo há muitos anos. Hoje soubemos que a inflação está diminuindo gradativamente”, comentou o presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 14, quando foram publicados os dados do Indec.

No mesmo dia, Fernández, garantiu que o país alcançará “três anos consecutivos de crescimento”, durante seu discurso de encerramento do tradicional colóquio empresarial IDEA, na cidade de Mar del Plata, na província de Buenos Aires.

“As exportações chegaram a quase US$ 60 bilhões no meio do ano e vamos encerrar o ano exportando cerca de US$ 90 bilhões”, previu o presidente argentino no evento que reuniu empresários de diversos setores que ratificaram seu compromisso com o investimento na Argentina apesar das crises recorrentes, graves dificuldades macroeconômicas e aumentos inflacionários mensais. Nesse sentido, Fernández assegurou que “a Argentina alcançará três anos consecutivos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” e projeta um aumento de 4% e mais de 2% até 2023. /Com informações da EFE

BUENOS AIRES - A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano, com alguns alimentos já ultrapassando esta variação anual. O resultado é o número cada vez maior de argentinos vasculhando em lixões e locais de troca por produtos como roupas, papelão e demais materiais para venda.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina, a inflação em setembro foi de de 6,2%. No acumulado do ano, a taxa ficou em 66,1% e, nos últimos 12 meses, em 83%, o pior patamar desde dezembro de 1991, quando atingiu 84%, segundo dados oficiais. As projeções para o ano de 2022 já passam dos três dígitos. Com isso, o país registra aumento de preços a níveis semelhantes ao período de hiperinflação por volta dos anos 1990.

A agência Reuters visitou lixões nos arredores de Buenos Aires, onde encontrou pessoas procurando roupas utilizáveis, materiais recicláveis para venda e até comida. “Minha renda não é mais suficiente”, disse Sergio Omar à agência, um argentino de 41 anos que estava procurando materiais recicláveis em um aterro sanitário em Lujan, a 65 km da capital. Com cinco filhos, ele contou que ficou difícil manter a sua família frente ao aumento no preço dos alimentos.

Recicladores examinam montes de lixo em um aterro sanitário para papelão, plástico e metal, que vendem em turnos de trabalho de 12 horas, em Lujan, arredores de Buenos Aires, em 5 de outubro  Foto: Agustin Marcarian/Reuters

De fato, segundo os dados do Indec, os alimentos, junto com bebidas alcoólicas e vestuário sofreram a maior variação mensal da inflação. Na comparação com setembro do ano passado, o preço dos alimentos subiu 86,6%, acima da média geral, mas o maior aumento foi nas roupas e calçados, que variou 118% em um ano.

“Vemos que a inflação nesse item continua alta, mesmo quando o preço dos alimentos no mundo está se revertendo. Não vemos nenhum indicador que sugira uma desaceleração nos próximos meses no mercado doméstico”, disse Guido Lorenzo, diretor executivo da LCG, ao jornal argentino La Nación.

Mas alguns produtos das prateleiras e da cesta básica no país já ultrapassaram a taxa de 100%, segundo levantamento feito pelo jornal com base em dados do Indec. O item mais afetado é a cebola, cujo o aumento anual foi de 550,85%. Em seguida vem açúcar e batata.

Aterro sanitário em Lujan, Argentina, onde recicladores dizem notar um aumento no número de pessoas procurando o local Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O aumento dos preços dos alimentos impacta integralmente o custo da cesta básica, que marca a linha de indigência e pobreza na Argentina, indicadores sociais que ficaram em 8,8% e 36,5%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Ainda à Reuters, Omar contou que notou um aumento na quantidade de pessoas procurando produtos no aterro sanitário que frequenta. Uma percepção reforçada por Sandra Contreras dona do clube de trocas Lujan Barter Club, que relatou ver filas duas horas antes da abertura do espaço. “As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse à agência.

Plano do governo

Com os números dos últimos meses, a vice-presidente Cristina Kichner pediu a seu superministro da Economia, Sergio Massa medidas paliativas para esses setores e maior intervenção no setor de alimentos. Atualmente, o governo argentino congela o preço de alguns itens e algumas marcas de produtos da cesta básica, num programa batizado de preços cuidados.

Em alguns mercados do país, esses itens se esgotam rapidamente das prateleiras, seja porque são comprados com mais frequência, seja porque alguns varejistas evitem sua reposição antes da remarcação de preço para evitar prejuízo.

Massa disse que se reunirá com empresas de consumo para estabelecer um novo programa, que se chamará “Preços Justos”, em que os valores dos produtos serão válidos por um período maior do que os atuais “Preços cuidados” e serão impressos nos produtos para que o consumidor tenha garantias do que é cobrado.

“É fundamental que façamos isso com base em que todos entendam que estamos em um momento em que todos temos que ceder um pouco”, disse o ministro à rádio Rivadavia, em Buenos Aires.

Segundo o governo, apesar de a inflação anual cada vez mais se aproximar dos 100%, a variação mensal dos preços mostrou uma desaceleração. A taxa de 6,2% em setembro foi menor que os índices mensais de julho e agosto, de 7,4% e 7%, quando a desvalorização do peso frente ao dólar no câmbio paralelo ganhou força.

Vendedora espera clientes em um clube de troca de Lujan, arredores de Buenos Aires Foto: Agustin Marcarian/Reuters

“Temos de combater a inflação. É um problema que não começou conosco e vem acontecendo há muitos anos. Hoje soubemos que a inflação está diminuindo gradativamente”, comentou o presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 14, quando foram publicados os dados do Indec.

No mesmo dia, Fernández, garantiu que o país alcançará “três anos consecutivos de crescimento”, durante seu discurso de encerramento do tradicional colóquio empresarial IDEA, na cidade de Mar del Plata, na província de Buenos Aires.

“As exportações chegaram a quase US$ 60 bilhões no meio do ano e vamos encerrar o ano exportando cerca de US$ 90 bilhões”, previu o presidente argentino no evento que reuniu empresários de diversos setores que ratificaram seu compromisso com o investimento na Argentina apesar das crises recorrentes, graves dificuldades macroeconômicas e aumentos inflacionários mensais. Nesse sentido, Fernández assegurou que “a Argentina alcançará três anos consecutivos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” e projeta um aumento de 4% e mais de 2% até 2023. /Com informações da EFE

BUENOS AIRES - A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano, com alguns alimentos já ultrapassando esta variação anual. O resultado é o número cada vez maior de argentinos vasculhando em lixões e locais de troca por produtos como roupas, papelão e demais materiais para venda.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) da Argentina, a inflação em setembro foi de de 6,2%. No acumulado do ano, a taxa ficou em 66,1% e, nos últimos 12 meses, em 83%, o pior patamar desde dezembro de 1991, quando atingiu 84%, segundo dados oficiais. As projeções para o ano de 2022 já passam dos três dígitos. Com isso, o país registra aumento de preços a níveis semelhantes ao período de hiperinflação por volta dos anos 1990.

A agência Reuters visitou lixões nos arredores de Buenos Aires, onde encontrou pessoas procurando roupas utilizáveis, materiais recicláveis para venda e até comida. “Minha renda não é mais suficiente”, disse Sergio Omar à agência, um argentino de 41 anos que estava procurando materiais recicláveis em um aterro sanitário em Lujan, a 65 km da capital. Com cinco filhos, ele contou que ficou difícil manter a sua família frente ao aumento no preço dos alimentos.

Recicladores examinam montes de lixo em um aterro sanitário para papelão, plástico e metal, que vendem em turnos de trabalho de 12 horas, em Lujan, arredores de Buenos Aires, em 5 de outubro  Foto: Agustin Marcarian/Reuters

De fato, segundo os dados do Indec, os alimentos, junto com bebidas alcoólicas e vestuário sofreram a maior variação mensal da inflação. Na comparação com setembro do ano passado, o preço dos alimentos subiu 86,6%, acima da média geral, mas o maior aumento foi nas roupas e calçados, que variou 118% em um ano.

“Vemos que a inflação nesse item continua alta, mesmo quando o preço dos alimentos no mundo está se revertendo. Não vemos nenhum indicador que sugira uma desaceleração nos próximos meses no mercado doméstico”, disse Guido Lorenzo, diretor executivo da LCG, ao jornal argentino La Nación.

Mas alguns produtos das prateleiras e da cesta básica no país já ultrapassaram a taxa de 100%, segundo levantamento feito pelo jornal com base em dados do Indec. O item mais afetado é a cebola, cujo o aumento anual foi de 550,85%. Em seguida vem açúcar e batata.

Aterro sanitário em Lujan, Argentina, onde recicladores dizem notar um aumento no número de pessoas procurando o local Foto: Agustin Marcarian/Reuters

O aumento dos preços dos alimentos impacta integralmente o custo da cesta básica, que marca a linha de indigência e pobreza na Argentina, indicadores sociais que ficaram em 8,8% e 36,5%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Ainda à Reuters, Omar contou que notou um aumento na quantidade de pessoas procurando produtos no aterro sanitário que frequenta. Uma percepção reforçada por Sandra Contreras dona do clube de trocas Lujan Barter Club, que relatou ver filas duas horas antes da abertura do espaço. “As pessoas chegam muito desesperadas, seus salários não são suficientes, as coisas estão piorando a cada dia”, disse à agência.

Plano do governo

Com os números dos últimos meses, a vice-presidente Cristina Kichner pediu a seu superministro da Economia, Sergio Massa medidas paliativas para esses setores e maior intervenção no setor de alimentos. Atualmente, o governo argentino congela o preço de alguns itens e algumas marcas de produtos da cesta básica, num programa batizado de preços cuidados.

Em alguns mercados do país, esses itens se esgotam rapidamente das prateleiras, seja porque são comprados com mais frequência, seja porque alguns varejistas evitem sua reposição antes da remarcação de preço para evitar prejuízo.

Massa disse que se reunirá com empresas de consumo para estabelecer um novo programa, que se chamará “Preços Justos”, em que os valores dos produtos serão válidos por um período maior do que os atuais “Preços cuidados” e serão impressos nos produtos para que o consumidor tenha garantias do que é cobrado.

“É fundamental que façamos isso com base em que todos entendam que estamos em um momento em que todos temos que ceder um pouco”, disse o ministro à rádio Rivadavia, em Buenos Aires.

Segundo o governo, apesar de a inflação anual cada vez mais se aproximar dos 100%, a variação mensal dos preços mostrou uma desaceleração. A taxa de 6,2% em setembro foi menor que os índices mensais de julho e agosto, de 7,4% e 7%, quando a desvalorização do peso frente ao dólar no câmbio paralelo ganhou força.

Vendedora espera clientes em um clube de troca de Lujan, arredores de Buenos Aires Foto: Agustin Marcarian/Reuters

“Temos de combater a inflação. É um problema que não começou conosco e vem acontecendo há muitos anos. Hoje soubemos que a inflação está diminuindo gradativamente”, comentou o presidente Alberto Fernández na sexta-feira, 14, quando foram publicados os dados do Indec.

No mesmo dia, Fernández, garantiu que o país alcançará “três anos consecutivos de crescimento”, durante seu discurso de encerramento do tradicional colóquio empresarial IDEA, na cidade de Mar del Plata, na província de Buenos Aires.

“As exportações chegaram a quase US$ 60 bilhões no meio do ano e vamos encerrar o ano exportando cerca de US$ 90 bilhões”, previu o presidente argentino no evento que reuniu empresários de diversos setores que ratificaram seu compromisso com o investimento na Argentina apesar das crises recorrentes, graves dificuldades macroeconômicas e aumentos inflacionários mensais. Nesse sentido, Fernández assegurou que “a Argentina alcançará três anos consecutivos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)” e projeta um aumento de 4% e mais de 2% até 2023. /Com informações da EFE

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