Artigo: Explosões em Beirute deixam Líbano à beira do precipício


Tragédia no porto da capital se soma ao sofrimento e à tensão que assombram os libaneses

Por Salem Nasser

Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.

Explosão atingiu área portuária da capital libanesa, mas causou destruição em várias partes da cidade Foto: Wael Hamzeh/EFE

As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.

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Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.

A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.

A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.

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O Líbano sofre hoje imensa pressão, sobretudo dos Estados Unidos, para tentar alijar a resistência libanesa do sistema de poder, para cortar ligações com Irã e Síria, para não redirecionar sua economia em direção ao Oriente e para ceder nas disputas que opõe o país a Israel, inclusive no que respeita a recursos naturais. O último lance americano, que fará muito mal ao Líbano, é a Lei César, de sanções à Síria.

Além da crise econômica e de saúde, a tensão dos últimos dias emerge de outros elementos. Um primeiro fator dessa intensificação foi a morte de um membro do Hezbollah em ataque israelense à Síria. Uma resposta é apenas uma questão de tempo e a fronteira está em alerta. Nos próximos dias, os libaneses comemoram sua vitória relativa na guerra de 2006 contra Israel e uma manifestação do secretário-geral do Hezbollah deve ocorrer na próxima semana. A pergunta que todos faziam era se a resposta aos israelenses se daria antes ou depois do discurso.

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Não bastasse isso, o Tribunal Internacional Especial para o Líbano, montado para julgar o assassinato do antigo Primeiro Ministro Rafic Hariri, resolveu emitir sua sentença no próximo dia 07. Esse tribunal, altamente polêmico e problemático, inclusive do ponto de vista do direito internacional, deve condenar, com base em provas frágeis, membros do Hezbollah pelo crime. Num ambiente conflagrado de profunda divisão política, essa pode ser a senha para um desmoronar que nos aproximar da guerra civil. Qualquer que seja a explicação final para as explosões, é certo que, ou destino ou um outro alguém, quis acelerar uma descida do país ao inferno.

* É professor de Direito Internacional da FGV-Direito SP

Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.

Explosão atingiu área portuária da capital libanesa, mas causou destruição em várias partes da cidade Foto: Wael Hamzeh/EFE

As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.

Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.

A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.

A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.

O Líbano sofre hoje imensa pressão, sobretudo dos Estados Unidos, para tentar alijar a resistência libanesa do sistema de poder, para cortar ligações com Irã e Síria, para não redirecionar sua economia em direção ao Oriente e para ceder nas disputas que opõe o país a Israel, inclusive no que respeita a recursos naturais. O último lance americano, que fará muito mal ao Líbano, é a Lei César, de sanções à Síria.

Além da crise econômica e de saúde, a tensão dos últimos dias emerge de outros elementos. Um primeiro fator dessa intensificação foi a morte de um membro do Hezbollah em ataque israelense à Síria. Uma resposta é apenas uma questão de tempo e a fronteira está em alerta. Nos próximos dias, os libaneses comemoram sua vitória relativa na guerra de 2006 contra Israel e uma manifestação do secretário-geral do Hezbollah deve ocorrer na próxima semana. A pergunta que todos faziam era se a resposta aos israelenses se daria antes ou depois do discurso.

Não bastasse isso, o Tribunal Internacional Especial para o Líbano, montado para julgar o assassinato do antigo Primeiro Ministro Rafic Hariri, resolveu emitir sua sentença no próximo dia 07. Esse tribunal, altamente polêmico e problemático, inclusive do ponto de vista do direito internacional, deve condenar, com base em provas frágeis, membros do Hezbollah pelo crime. Num ambiente conflagrado de profunda divisão política, essa pode ser a senha para um desmoronar que nos aproximar da guerra civil. Qualquer que seja a explicação final para as explosões, é certo que, ou destino ou um outro alguém, quis acelerar uma descida do país ao inferno.

* É professor de Direito Internacional da FGV-Direito SP

Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.

Explosão atingiu área portuária da capital libanesa, mas causou destruição em várias partes da cidade Foto: Wael Hamzeh/EFE

As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.

Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.

A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.

A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.

O Líbano sofre hoje imensa pressão, sobretudo dos Estados Unidos, para tentar alijar a resistência libanesa do sistema de poder, para cortar ligações com Irã e Síria, para não redirecionar sua economia em direção ao Oriente e para ceder nas disputas que opõe o país a Israel, inclusive no que respeita a recursos naturais. O último lance americano, que fará muito mal ao Líbano, é a Lei César, de sanções à Síria.

Além da crise econômica e de saúde, a tensão dos últimos dias emerge de outros elementos. Um primeiro fator dessa intensificação foi a morte de um membro do Hezbollah em ataque israelense à Síria. Uma resposta é apenas uma questão de tempo e a fronteira está em alerta. Nos próximos dias, os libaneses comemoram sua vitória relativa na guerra de 2006 contra Israel e uma manifestação do secretário-geral do Hezbollah deve ocorrer na próxima semana. A pergunta que todos faziam era se a resposta aos israelenses se daria antes ou depois do discurso.

Não bastasse isso, o Tribunal Internacional Especial para o Líbano, montado para julgar o assassinato do antigo Primeiro Ministro Rafic Hariri, resolveu emitir sua sentença no próximo dia 07. Esse tribunal, altamente polêmico e problemático, inclusive do ponto de vista do direito internacional, deve condenar, com base em provas frágeis, membros do Hezbollah pelo crime. Num ambiente conflagrado de profunda divisão política, essa pode ser a senha para um desmoronar que nos aproximar da guerra civil. Qualquer que seja a explicação final para as explosões, é certo que, ou destino ou um outro alguém, quis acelerar uma descida do país ao inferno.

* É professor de Direito Internacional da FGV-Direito SP

Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.

Explosão atingiu área portuária da capital libanesa, mas causou destruição em várias partes da cidade Foto: Wael Hamzeh/EFE

As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.

Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.

A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.

A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.

O Líbano sofre hoje imensa pressão, sobretudo dos Estados Unidos, para tentar alijar a resistência libanesa do sistema de poder, para cortar ligações com Irã e Síria, para não redirecionar sua economia em direção ao Oriente e para ceder nas disputas que opõe o país a Israel, inclusive no que respeita a recursos naturais. O último lance americano, que fará muito mal ao Líbano, é a Lei César, de sanções à Síria.

Além da crise econômica e de saúde, a tensão dos últimos dias emerge de outros elementos. Um primeiro fator dessa intensificação foi a morte de um membro do Hezbollah em ataque israelense à Síria. Uma resposta é apenas uma questão de tempo e a fronteira está em alerta. Nos próximos dias, os libaneses comemoram sua vitória relativa na guerra de 2006 contra Israel e uma manifestação do secretário-geral do Hezbollah deve ocorrer na próxima semana. A pergunta que todos faziam era se a resposta aos israelenses se daria antes ou depois do discurso.

Não bastasse isso, o Tribunal Internacional Especial para o Líbano, montado para julgar o assassinato do antigo Primeiro Ministro Rafic Hariri, resolveu emitir sua sentença no próximo dia 07. Esse tribunal, altamente polêmico e problemático, inclusive do ponto de vista do direito internacional, deve condenar, com base em provas frágeis, membros do Hezbollah pelo crime. Num ambiente conflagrado de profunda divisão política, essa pode ser a senha para um desmoronar que nos aproximar da guerra civil. Qualquer que seja a explicação final para as explosões, é certo que, ou destino ou um outro alguém, quis acelerar uma descida do país ao inferno.

* É professor de Direito Internacional da FGV-Direito SP

Uma tragédia de enorme dimensão veio se somar ao sofrimento e à tensão que têm assombrado o Líbano e os libaneses. Tudo somado, o país parece estar à beira do precipício.

Explosão atingiu área portuária da capital libanesa, mas causou destruição em várias partes da cidade Foto: Wael Hamzeh/EFE

As explosões no porto de Beirute destruíram tudo que havia no entorno, atingiram bairros distantes e fizeram vítimas que ainda serão contadas. Jornalistas calejados por muitas guerras dizem nunca ter visto cenário parecido. Desespero e choque tomaram conta de todos.

Desde o primeiro momento, entram em competição teses diversas sobre o que teria acontecido. A verdade só será sabida com algum tempo, mas algumas das versões têm o objetivo, ou o efeito, de aprofundar as divisões na sociedade e na política libanesas.

A divisão é uma constante num país mergulhado em grave crise econômica, forçado a restituir um lockdown por conta da Covid-19, sempre à beira da próxima confrontação militar com Israel e ocupando uma posição singular na disputa entre os grandes projetos políticos que disputam a primazia no Oriente Médio.

A crise econômica é o resultado de um longo processo que combinou corrupção e irresponsabilidade fiscal ao longo de pelo menos trinta anos, com a complacência do Ocidente, que aceitava alimentar a drenagem de recursos. Isso, retrospectivamente, tinha por objetivo justamente a manutenção do Líbano prisioneiro de certas orientações políticas. Hoje, com inflação explodindo, descontrole do câmbio, restrição de moeda e um confisco extraoficial dos depósitos bancários, o Ocidente só parece disposto a agravar a situação.

O Líbano sofre hoje imensa pressão, sobretudo dos Estados Unidos, para tentar alijar a resistência libanesa do sistema de poder, para cortar ligações com Irã e Síria, para não redirecionar sua economia em direção ao Oriente e para ceder nas disputas que opõe o país a Israel, inclusive no que respeita a recursos naturais. O último lance americano, que fará muito mal ao Líbano, é a Lei César, de sanções à Síria.

Além da crise econômica e de saúde, a tensão dos últimos dias emerge de outros elementos. Um primeiro fator dessa intensificação foi a morte de um membro do Hezbollah em ataque israelense à Síria. Uma resposta é apenas uma questão de tempo e a fronteira está em alerta. Nos próximos dias, os libaneses comemoram sua vitória relativa na guerra de 2006 contra Israel e uma manifestação do secretário-geral do Hezbollah deve ocorrer na próxima semana. A pergunta que todos faziam era se a resposta aos israelenses se daria antes ou depois do discurso.

Não bastasse isso, o Tribunal Internacional Especial para o Líbano, montado para julgar o assassinato do antigo Primeiro Ministro Rafic Hariri, resolveu emitir sua sentença no próximo dia 07. Esse tribunal, altamente polêmico e problemático, inclusive do ponto de vista do direito internacional, deve condenar, com base em provas frágeis, membros do Hezbollah pelo crime. Num ambiente conflagrado de profunda divisão política, essa pode ser a senha para um desmoronar que nos aproximar da guerra civil. Qualquer que seja a explicação final para as explosões, é certo que, ou destino ou um outro alguém, quis acelerar uma descida do país ao inferno.

* É professor de Direito Internacional da FGV-Direito SP

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