As concessões nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia podem ser apenas táticas, dizem analistas


Sinais de recuo não significam que a Rússia esteja pronta para negociações sérias sobre o fim da guerra

Por Steven Erlanger*
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - As negociações entre Rússia e Ucrânia na Turquia desta terça-feira, 29, mostraram uma Rússia mais realista sobre o curso de sua guerra, mas sem pressa em encerrá-la, segundo diplomatas e analistas.

O vice-ministro da Defesa da Rússia, Aleksandr Fomin, apresentou a decisão de “reduzir drasticamente” a atividade militar em torno da capital, Kiev, e da cidade de Chernihiv, no norte, como um gesto “para aumentar a confiança mútua em futuras negociações”.

Mas o avanço russo no norte já havia estagnado, com as tropas russas ao redor de Kiev assumindo posições defensivas diante dos contra-ataques ucranianos tanto lá quanto perto da cidade de Sumy, a cerca de 320 quilômetros de Kiev, onde a Rússia tem tido problemas para cercar os principais Exército ucraniano a leste do rio Dnieper.

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Ucranianos que moram na Turquia protestam em meio a nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul Foto: Dilara Senkaya/REUTERS

“A desescalada é um eufemismo para recuo”, disse Lawrence Freedman, professor emérito de Estudos de Guerra no King’s College London.

“A Rússia está ajustando seus objetivos à realidade, porque a guerra é bastante empírica”, disse ele. “Não é um ardil dizer que eles estão se concentrando no Donbas, porque na realidade isso é tudo o que eles podem fazer.”

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Mas recuar dificilmente é rendição, e alguns alertaram que o progresso não significa que a Rússia esteja pronta para negociações sérias sobre o fim da guerra. Isso exigiria um resultado melhor para o presidente Vladimir Putin da Rússia vender em casa como uma vitória.

Alguns analistas dizem que tal acordo permitiria, no mínimo, o controle russo de Mariupol, a cidade portuária sitiada que de alguma forma ainda resiste, para criar uma rota terrestre segura entre duas áreas ocupadas pela Rússia: a Crimeia, a oeste, e Donbas, a o leste. E também teria, dizem eles, que ceder o controle sobre duas regiões administrativas em Donbas, Luhansk e Donetsk, que Putin já declarou serem repúblicas independentes.

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Washington chegou à conclusão de que o exército russo cometeu ‘crimes de guerra na Ucrânia’.

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“A Rússia não está em condições de negociar seriamente, porque eles precisam se sair melhor na guerra”, disse François Heisbourg, analista de defesa da Fundação para Pesquisa Estratégica, um grupo analítico francês. “Esta é uma chance para os russos se consolidarem, se reagruparem, se retirarem de lugares fora de alcance logisticamente, onde já ficaram sem comida e munição.”

Alguns altos funcionários ocidentais concordaram, dizendo que as forças russas precisavam muito de projéteis de artilharia e outras munições.

Nem Putin acabará facilmente com a guerra, disse Heisbourg. Se ele tomar a área a leste do Dnipro, disse ele, “isso pode ser suficiente por enquanto, mas ele reconstruirá seu exército e continuará”.

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Para ambos os lados, disse Robin Niblett, diretor da Chatham House, instituição de pesquisa de Londres, “as negociações não são sérias, no sentido de que as negociações agora para ambos os lados são uma continuação da guerra, não uma solução”. E como a Rússia se concentra no leste, disse ele, a Ucrânia pode achar difícil passar de sua defesa ágil para contra-ataques sérios.

“E Putin não se esqueceu de Kiev”, disse Niblett.

*Steven Erlanger é o principal correspondente do The New York Times na Europa

THE NEW YORK TIMES - As negociações entre Rússia e Ucrânia na Turquia desta terça-feira, 29, mostraram uma Rússia mais realista sobre o curso de sua guerra, mas sem pressa em encerrá-la, segundo diplomatas e analistas.

O vice-ministro da Defesa da Rússia, Aleksandr Fomin, apresentou a decisão de “reduzir drasticamente” a atividade militar em torno da capital, Kiev, e da cidade de Chernihiv, no norte, como um gesto “para aumentar a confiança mútua em futuras negociações”.

Mas o avanço russo no norte já havia estagnado, com as tropas russas ao redor de Kiev assumindo posições defensivas diante dos contra-ataques ucranianos tanto lá quanto perto da cidade de Sumy, a cerca de 320 quilômetros de Kiev, onde a Rússia tem tido problemas para cercar os principais Exército ucraniano a leste do rio Dnieper.

Ucranianos que moram na Turquia protestam em meio a nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul Foto: Dilara Senkaya/REUTERS

“A desescalada é um eufemismo para recuo”, disse Lawrence Freedman, professor emérito de Estudos de Guerra no King’s College London.

“A Rússia está ajustando seus objetivos à realidade, porque a guerra é bastante empírica”, disse ele. “Não é um ardil dizer que eles estão se concentrando no Donbas, porque na realidade isso é tudo o que eles podem fazer.”

Mas recuar dificilmente é rendição, e alguns alertaram que o progresso não significa que a Rússia esteja pronta para negociações sérias sobre o fim da guerra. Isso exigiria um resultado melhor para o presidente Vladimir Putin da Rússia vender em casa como uma vitória.

Alguns analistas dizem que tal acordo permitiria, no mínimo, o controle russo de Mariupol, a cidade portuária sitiada que de alguma forma ainda resiste, para criar uma rota terrestre segura entre duas áreas ocupadas pela Rússia: a Crimeia, a oeste, e Donbas, a o leste. E também teria, dizem eles, que ceder o controle sobre duas regiões administrativas em Donbas, Luhansk e Donetsk, que Putin já declarou serem repúblicas independentes.

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Washington chegou à conclusão de que o exército russo cometeu ‘crimes de guerra na Ucrânia’.

“A Rússia não está em condições de negociar seriamente, porque eles precisam se sair melhor na guerra”, disse François Heisbourg, analista de defesa da Fundação para Pesquisa Estratégica, um grupo analítico francês. “Esta é uma chance para os russos se consolidarem, se reagruparem, se retirarem de lugares fora de alcance logisticamente, onde já ficaram sem comida e munição.”

Alguns altos funcionários ocidentais concordaram, dizendo que as forças russas precisavam muito de projéteis de artilharia e outras munições.

Nem Putin acabará facilmente com a guerra, disse Heisbourg. Se ele tomar a área a leste do Dnipro, disse ele, “isso pode ser suficiente por enquanto, mas ele reconstruirá seu exército e continuará”.

Para ambos os lados, disse Robin Niblett, diretor da Chatham House, instituição de pesquisa de Londres, “as negociações não são sérias, no sentido de que as negociações agora para ambos os lados são uma continuação da guerra, não uma solução”. E como a Rússia se concentra no leste, disse ele, a Ucrânia pode achar difícil passar de sua defesa ágil para contra-ataques sérios.

“E Putin não se esqueceu de Kiev”, disse Niblett.

*Steven Erlanger é o principal correspondente do The New York Times na Europa

THE NEW YORK TIMES - As negociações entre Rússia e Ucrânia na Turquia desta terça-feira, 29, mostraram uma Rússia mais realista sobre o curso de sua guerra, mas sem pressa em encerrá-la, segundo diplomatas e analistas.

O vice-ministro da Defesa da Rússia, Aleksandr Fomin, apresentou a decisão de “reduzir drasticamente” a atividade militar em torno da capital, Kiev, e da cidade de Chernihiv, no norte, como um gesto “para aumentar a confiança mútua em futuras negociações”.

Mas o avanço russo no norte já havia estagnado, com as tropas russas ao redor de Kiev assumindo posições defensivas diante dos contra-ataques ucranianos tanto lá quanto perto da cidade de Sumy, a cerca de 320 quilômetros de Kiev, onde a Rússia tem tido problemas para cercar os principais Exército ucraniano a leste do rio Dnieper.

Ucranianos que moram na Turquia protestam em meio a nova rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia em Istambul Foto: Dilara Senkaya/REUTERS

“A desescalada é um eufemismo para recuo”, disse Lawrence Freedman, professor emérito de Estudos de Guerra no King’s College London.

“A Rússia está ajustando seus objetivos à realidade, porque a guerra é bastante empírica”, disse ele. “Não é um ardil dizer que eles estão se concentrando no Donbas, porque na realidade isso é tudo o que eles podem fazer.”

Mas recuar dificilmente é rendição, e alguns alertaram que o progresso não significa que a Rússia esteja pronta para negociações sérias sobre o fim da guerra. Isso exigiria um resultado melhor para o presidente Vladimir Putin da Rússia vender em casa como uma vitória.

Alguns analistas dizem que tal acordo permitiria, no mínimo, o controle russo de Mariupol, a cidade portuária sitiada que de alguma forma ainda resiste, para criar uma rota terrestre segura entre duas áreas ocupadas pela Rússia: a Crimeia, a oeste, e Donbas, a o leste. E também teria, dizem eles, que ceder o controle sobre duas regiões administrativas em Donbas, Luhansk e Donetsk, que Putin já declarou serem repúblicas independentes.

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que Washington chegou à conclusão de que o exército russo cometeu ‘crimes de guerra na Ucrânia’.

“A Rússia não está em condições de negociar seriamente, porque eles precisam se sair melhor na guerra”, disse François Heisbourg, analista de defesa da Fundação para Pesquisa Estratégica, um grupo analítico francês. “Esta é uma chance para os russos se consolidarem, se reagruparem, se retirarem de lugares fora de alcance logisticamente, onde já ficaram sem comida e munição.”

Alguns altos funcionários ocidentais concordaram, dizendo que as forças russas precisavam muito de projéteis de artilharia e outras munições.

Nem Putin acabará facilmente com a guerra, disse Heisbourg. Se ele tomar a área a leste do Dnipro, disse ele, “isso pode ser suficiente por enquanto, mas ele reconstruirá seu exército e continuará”.

Para ambos os lados, disse Robin Niblett, diretor da Chatham House, instituição de pesquisa de Londres, “as negociações não são sérias, no sentido de que as negociações agora para ambos os lados são uma continuação da guerra, não uma solução”. E como a Rússia se concentra no leste, disse ele, a Ucrânia pode achar difícil passar de sua defesa ágil para contra-ataques sérios.

“E Putin não se esqueceu de Kiev”, disse Niblett.

*Steven Erlanger é o principal correspondente do The New York Times na Europa

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