Assassinato de Kennedy: milhares de arquivos são abertos após 6 décadas


Um dos memorandos divulgados cita esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina no Brasil em dezembro de 1963

Por Michael Levenson e Chris Cameron
Atualização:

O governo dos EUA divulgou na quinta-feira, 15, uma nova coleção de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, um ponto de virada na história americana e objeto de persistentes teorias da conspiração, apesar da conclusão oficial do governo de que Lee Harvey Oswald, agindo sozinho, planejou e atirou em JFK.

Os documentos liberados nesta semana incluem registros relacionados à viagem de Oswald à Cidade do México várias semanas antes do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963; a viagem de Oswald à Finlândia em 1959, ano em que desertou para a União Soviética; e imagens de seu pedido de visto cubano. Alguns dos documentos – incluindo um sobre a Operação Mangusto, uma campanha secreta do governo para livrar Cuba de Fidel Castro – incluíam trechos censurados.

Muitos dos documentos foram divulgados anteriormente, mas agora têm menos censuras ou nenhuma, disseram os pesquisadores, que estão tentando descobrir quais novas informações foram reveladas.

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Uma imagem de arquivo mostra o agente do FBI Robert Frazier na reconstrução da cena do assassinato de JFK perto da localização original dos disparos no prédio Texas School Book Depository, em Dallas Foto: Brendan Smialowski/AFP - 8/11/2013

Mark S. Zaid, um advogado de Washington que lidou com casos da Lei de Liberdade de Informação relacionados ao assassinato de Kennedy e pressionou para que mais documentos fossem divulgados, disse: “Não haverá nenhuma arma fumegante. Não haverá nada que empurre a história para um lado ou para o outro.”

“Para alguém que tem apenas interesse no assassinato de Kennedy, ouso dizer que não encontrará nada que os faça suspirar”, disse Zaid enquanto começava a examinar os registros. “O valor desses documentos será para os pesquisadores e acadêmicos obstinados que agora passarão meses digerindo cada página.”

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O Arquivo Nacional dos EUA disse que mais de 97% dos registros em sua coleção relacionados ao assassinato de Kennedy – aproximadamente 5 milhões de páginas – estavam agora disponíveis ao público.

O presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu no ano passado adiar a divulgação desta última leva até 15 de dezembro de 2022, dizendo que o arquivista nacional havia relatado que a pandemia estava tendo um “impacto significativo” nas agências que precisavam ser consultadas sobre eventuais trechos a serem retirados.

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Em imagem de arquivo, o então presidente americano John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, desembarcam do Air Force One em Dallas, no dia em que ele foi morto Foto: JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/File Photo via Reuters - 22/11/1963

Uma lei de 1992 exigia que o governo tornasse público o último dos documentos do assassinato de Kennedy até 26 de outubro de 2017, a menos que o presidente optasse por retê-los por motivos de segurança nacional. A administração Trump divulgou registros de assassinato de Kennedy no outono de 2017.

Mas depois de intenso lobby da C.I.A. e do F.B.I., o presidente Donald Trump concordou em reter um lote enquanto se aguardava uma revisão adicional para garantir que nada divulgado prejudique a segurança dos EUA. Trump disse às agências que quaisquer revisões deveriam ser extremamente raras.

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De acordo com a CIA, 95% de seus documentos na coleção foram liberados e nenhum documento foi totalmente editado, censurado ou retido. A CIA disse que sua coleção de registros inclui cerca de 87 mil documentos, aproximadamente 84 mil dos quais foram liberados na íntegra.

Em um memorando na quinta-feira, Biden disse que “a profunda tragédia nacional do assassinato do presidente Kennedy continua a ressoar na história americana e nas memórias de tantos americanos que estavam vivos naquele dia terrível; enquanto isso, a necessidade de proteger os registros relativos ao assassinato enfraqueceu com o passar do tempo.”

O corpo de JFK é colocado no Air Force One para ser levado de volta para Washington, após o assassinato em Dallas Foto: REUTERS/JFK Library/The White House/Cecil Stoughton
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“Portanto, é fundamental garantir que o governo dos Estados Unidos maximize a transparência, divulgando todas as informações nos registros sobre o assassinato, exceto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, disse Biden.

‘Algo de errado’

Os documentos divulgados na quinta-feira incluíam muitos que foram divulgados anteriormente com trechos editados ou censurados, disse Gerald Posner, jornalista investigativo e autor de Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK. Posner disse que o público sempre assumiu que a maioria dos documentos retidos pelo governo nunca foram vistos.

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Mas Posner alertou que qualquer um que acreditasse que o último lote poderia mudar a “conclusão fundamental” alcançada pela Comissão Warren em 1964 estava sendo “tolo”. Essa comissão, liderada pelo juiz Earl Warren, concluiu que Oswald estava agindo sozinho quando disparou três tiros do Texas School Book Depository em 22 de novembro de 1963, matando Kennedy e ferindo o governador John Connally Jr em uma limusine aberta que seguia pelo Dealey Plaza, em Dallas.

Ainda assim, disse Posner, “o próprio fato de estarmos falando 59 anos depois sobre quais documentos a CIA e outras agências estão resistindo a liberar totalmente alimenta a ideia do público de que há algo errado no assassinato de Kennedy”.

O então vice-presidente Lyndon Johnson faz juramento no Air Force One, no mesmo voo que levou o corpo de JFK para Washington; ele está ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o traje manchado com sangue do marido Foto: REUTERS/JFK Library/Cecil Stoughton/The White House/Handout - 22/11/1963

Pesquisas ao longo dos anos revelaram consistentemente que a maioria dos americanos acredita que outras pessoas estiveram envolvidas no assassinato. Uma comissão seleta da Câmara afirmou em um relatório de 1979 que havia evidências sugerindo a possibilidade de uma conspiração, mas não identificou quem poderiam ter sido esses conspiradores.

Brasil

Muitos dos documentos divulgados na quinta-feira detalhavam as investigações da CIA em operações secretas na América Latina nos anos anteriores e posteriores ao assassinato.

Por exemplo, um memorando datado de dezembro de 1963, um mês após o assassinato, discutiu os esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina — descrita como uma “assembleia de líderes sindicais de esquerda, socialistas e comunistas” — no Brasil.

JFK e Jackie Kennedy na carreata com o então governador do Texas John Connally (E) e sua mulher, em Dallas, momentos antes do assassinato do presidente americano  Foto: Victor Hugo King/Library of Congress/Reuters - 22/11/1963

Um documento delineava os esforços da CIA para enquadrar Cuba por contrabando de armas soviéticas para vários países latino-americanos, bem como operações planejadas para bombardear usinas elétricas, refinarias de petróleo e outros alvos industriais na ilha.

O governo dos EUA divulgou na quinta-feira, 15, uma nova coleção de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, um ponto de virada na história americana e objeto de persistentes teorias da conspiração, apesar da conclusão oficial do governo de que Lee Harvey Oswald, agindo sozinho, planejou e atirou em JFK.

Os documentos liberados nesta semana incluem registros relacionados à viagem de Oswald à Cidade do México várias semanas antes do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963; a viagem de Oswald à Finlândia em 1959, ano em que desertou para a União Soviética; e imagens de seu pedido de visto cubano. Alguns dos documentos – incluindo um sobre a Operação Mangusto, uma campanha secreta do governo para livrar Cuba de Fidel Castro – incluíam trechos censurados.

Muitos dos documentos foram divulgados anteriormente, mas agora têm menos censuras ou nenhuma, disseram os pesquisadores, que estão tentando descobrir quais novas informações foram reveladas.

Uma imagem de arquivo mostra o agente do FBI Robert Frazier na reconstrução da cena do assassinato de JFK perto da localização original dos disparos no prédio Texas School Book Depository, em Dallas Foto: Brendan Smialowski/AFP - 8/11/2013

Mark S. Zaid, um advogado de Washington que lidou com casos da Lei de Liberdade de Informação relacionados ao assassinato de Kennedy e pressionou para que mais documentos fossem divulgados, disse: “Não haverá nenhuma arma fumegante. Não haverá nada que empurre a história para um lado ou para o outro.”

“Para alguém que tem apenas interesse no assassinato de Kennedy, ouso dizer que não encontrará nada que os faça suspirar”, disse Zaid enquanto começava a examinar os registros. “O valor desses documentos será para os pesquisadores e acadêmicos obstinados que agora passarão meses digerindo cada página.”

O Arquivo Nacional dos EUA disse que mais de 97% dos registros em sua coleção relacionados ao assassinato de Kennedy – aproximadamente 5 milhões de páginas – estavam agora disponíveis ao público.

O presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu no ano passado adiar a divulgação desta última leva até 15 de dezembro de 2022, dizendo que o arquivista nacional havia relatado que a pandemia estava tendo um “impacto significativo” nas agências que precisavam ser consultadas sobre eventuais trechos a serem retirados.

Em imagem de arquivo, o então presidente americano John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, desembarcam do Air Force One em Dallas, no dia em que ele foi morto Foto: JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/File Photo via Reuters - 22/11/1963

Uma lei de 1992 exigia que o governo tornasse público o último dos documentos do assassinato de Kennedy até 26 de outubro de 2017, a menos que o presidente optasse por retê-los por motivos de segurança nacional. A administração Trump divulgou registros de assassinato de Kennedy no outono de 2017.

Mas depois de intenso lobby da C.I.A. e do F.B.I., o presidente Donald Trump concordou em reter um lote enquanto se aguardava uma revisão adicional para garantir que nada divulgado prejudique a segurança dos EUA. Trump disse às agências que quaisquer revisões deveriam ser extremamente raras.

De acordo com a CIA, 95% de seus documentos na coleção foram liberados e nenhum documento foi totalmente editado, censurado ou retido. A CIA disse que sua coleção de registros inclui cerca de 87 mil documentos, aproximadamente 84 mil dos quais foram liberados na íntegra.

Em um memorando na quinta-feira, Biden disse que “a profunda tragédia nacional do assassinato do presidente Kennedy continua a ressoar na história americana e nas memórias de tantos americanos que estavam vivos naquele dia terrível; enquanto isso, a necessidade de proteger os registros relativos ao assassinato enfraqueceu com o passar do tempo.”

O corpo de JFK é colocado no Air Force One para ser levado de volta para Washington, após o assassinato em Dallas Foto: REUTERS/JFK Library/The White House/Cecil Stoughton

“Portanto, é fundamental garantir que o governo dos Estados Unidos maximize a transparência, divulgando todas as informações nos registros sobre o assassinato, exceto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, disse Biden.

‘Algo de errado’

Os documentos divulgados na quinta-feira incluíam muitos que foram divulgados anteriormente com trechos editados ou censurados, disse Gerald Posner, jornalista investigativo e autor de Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK. Posner disse que o público sempre assumiu que a maioria dos documentos retidos pelo governo nunca foram vistos.

Mas Posner alertou que qualquer um que acreditasse que o último lote poderia mudar a “conclusão fundamental” alcançada pela Comissão Warren em 1964 estava sendo “tolo”. Essa comissão, liderada pelo juiz Earl Warren, concluiu que Oswald estava agindo sozinho quando disparou três tiros do Texas School Book Depository em 22 de novembro de 1963, matando Kennedy e ferindo o governador John Connally Jr em uma limusine aberta que seguia pelo Dealey Plaza, em Dallas.

Ainda assim, disse Posner, “o próprio fato de estarmos falando 59 anos depois sobre quais documentos a CIA e outras agências estão resistindo a liberar totalmente alimenta a ideia do público de que há algo errado no assassinato de Kennedy”.

O então vice-presidente Lyndon Johnson faz juramento no Air Force One, no mesmo voo que levou o corpo de JFK para Washington; ele está ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o traje manchado com sangue do marido Foto: REUTERS/JFK Library/Cecil Stoughton/The White House/Handout - 22/11/1963

Pesquisas ao longo dos anos revelaram consistentemente que a maioria dos americanos acredita que outras pessoas estiveram envolvidas no assassinato. Uma comissão seleta da Câmara afirmou em um relatório de 1979 que havia evidências sugerindo a possibilidade de uma conspiração, mas não identificou quem poderiam ter sido esses conspiradores.

Brasil

Muitos dos documentos divulgados na quinta-feira detalhavam as investigações da CIA em operações secretas na América Latina nos anos anteriores e posteriores ao assassinato.

Por exemplo, um memorando datado de dezembro de 1963, um mês após o assassinato, discutiu os esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina — descrita como uma “assembleia de líderes sindicais de esquerda, socialistas e comunistas” — no Brasil.

JFK e Jackie Kennedy na carreata com o então governador do Texas John Connally (E) e sua mulher, em Dallas, momentos antes do assassinato do presidente americano  Foto: Victor Hugo King/Library of Congress/Reuters - 22/11/1963

Um documento delineava os esforços da CIA para enquadrar Cuba por contrabando de armas soviéticas para vários países latino-americanos, bem como operações planejadas para bombardear usinas elétricas, refinarias de petróleo e outros alvos industriais na ilha.

O governo dos EUA divulgou na quinta-feira, 15, uma nova coleção de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, um ponto de virada na história americana e objeto de persistentes teorias da conspiração, apesar da conclusão oficial do governo de que Lee Harvey Oswald, agindo sozinho, planejou e atirou em JFK.

Os documentos liberados nesta semana incluem registros relacionados à viagem de Oswald à Cidade do México várias semanas antes do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963; a viagem de Oswald à Finlândia em 1959, ano em que desertou para a União Soviética; e imagens de seu pedido de visto cubano. Alguns dos documentos – incluindo um sobre a Operação Mangusto, uma campanha secreta do governo para livrar Cuba de Fidel Castro – incluíam trechos censurados.

Muitos dos documentos foram divulgados anteriormente, mas agora têm menos censuras ou nenhuma, disseram os pesquisadores, que estão tentando descobrir quais novas informações foram reveladas.

Uma imagem de arquivo mostra o agente do FBI Robert Frazier na reconstrução da cena do assassinato de JFK perto da localização original dos disparos no prédio Texas School Book Depository, em Dallas Foto: Brendan Smialowski/AFP - 8/11/2013

Mark S. Zaid, um advogado de Washington que lidou com casos da Lei de Liberdade de Informação relacionados ao assassinato de Kennedy e pressionou para que mais documentos fossem divulgados, disse: “Não haverá nenhuma arma fumegante. Não haverá nada que empurre a história para um lado ou para o outro.”

“Para alguém que tem apenas interesse no assassinato de Kennedy, ouso dizer que não encontrará nada que os faça suspirar”, disse Zaid enquanto começava a examinar os registros. “O valor desses documentos será para os pesquisadores e acadêmicos obstinados que agora passarão meses digerindo cada página.”

O Arquivo Nacional dos EUA disse que mais de 97% dos registros em sua coleção relacionados ao assassinato de Kennedy – aproximadamente 5 milhões de páginas – estavam agora disponíveis ao público.

O presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu no ano passado adiar a divulgação desta última leva até 15 de dezembro de 2022, dizendo que o arquivista nacional havia relatado que a pandemia estava tendo um “impacto significativo” nas agências que precisavam ser consultadas sobre eventuais trechos a serem retirados.

Em imagem de arquivo, o então presidente americano John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, desembarcam do Air Force One em Dallas, no dia em que ele foi morto Foto: JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/File Photo via Reuters - 22/11/1963

Uma lei de 1992 exigia que o governo tornasse público o último dos documentos do assassinato de Kennedy até 26 de outubro de 2017, a menos que o presidente optasse por retê-los por motivos de segurança nacional. A administração Trump divulgou registros de assassinato de Kennedy no outono de 2017.

Mas depois de intenso lobby da C.I.A. e do F.B.I., o presidente Donald Trump concordou em reter um lote enquanto se aguardava uma revisão adicional para garantir que nada divulgado prejudique a segurança dos EUA. Trump disse às agências que quaisquer revisões deveriam ser extremamente raras.

De acordo com a CIA, 95% de seus documentos na coleção foram liberados e nenhum documento foi totalmente editado, censurado ou retido. A CIA disse que sua coleção de registros inclui cerca de 87 mil documentos, aproximadamente 84 mil dos quais foram liberados na íntegra.

Em um memorando na quinta-feira, Biden disse que “a profunda tragédia nacional do assassinato do presidente Kennedy continua a ressoar na história americana e nas memórias de tantos americanos que estavam vivos naquele dia terrível; enquanto isso, a necessidade de proteger os registros relativos ao assassinato enfraqueceu com o passar do tempo.”

O corpo de JFK é colocado no Air Force One para ser levado de volta para Washington, após o assassinato em Dallas Foto: REUTERS/JFK Library/The White House/Cecil Stoughton

“Portanto, é fundamental garantir que o governo dos Estados Unidos maximize a transparência, divulgando todas as informações nos registros sobre o assassinato, exceto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, disse Biden.

‘Algo de errado’

Os documentos divulgados na quinta-feira incluíam muitos que foram divulgados anteriormente com trechos editados ou censurados, disse Gerald Posner, jornalista investigativo e autor de Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK. Posner disse que o público sempre assumiu que a maioria dos documentos retidos pelo governo nunca foram vistos.

Mas Posner alertou que qualquer um que acreditasse que o último lote poderia mudar a “conclusão fundamental” alcançada pela Comissão Warren em 1964 estava sendo “tolo”. Essa comissão, liderada pelo juiz Earl Warren, concluiu que Oswald estava agindo sozinho quando disparou três tiros do Texas School Book Depository em 22 de novembro de 1963, matando Kennedy e ferindo o governador John Connally Jr em uma limusine aberta que seguia pelo Dealey Plaza, em Dallas.

Ainda assim, disse Posner, “o próprio fato de estarmos falando 59 anos depois sobre quais documentos a CIA e outras agências estão resistindo a liberar totalmente alimenta a ideia do público de que há algo errado no assassinato de Kennedy”.

O então vice-presidente Lyndon Johnson faz juramento no Air Force One, no mesmo voo que levou o corpo de JFK para Washington; ele está ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o traje manchado com sangue do marido Foto: REUTERS/JFK Library/Cecil Stoughton/The White House/Handout - 22/11/1963

Pesquisas ao longo dos anos revelaram consistentemente que a maioria dos americanos acredita que outras pessoas estiveram envolvidas no assassinato. Uma comissão seleta da Câmara afirmou em um relatório de 1979 que havia evidências sugerindo a possibilidade de uma conspiração, mas não identificou quem poderiam ter sido esses conspiradores.

Brasil

Muitos dos documentos divulgados na quinta-feira detalhavam as investigações da CIA em operações secretas na América Latina nos anos anteriores e posteriores ao assassinato.

Por exemplo, um memorando datado de dezembro de 1963, um mês após o assassinato, discutiu os esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina — descrita como uma “assembleia de líderes sindicais de esquerda, socialistas e comunistas” — no Brasil.

JFK e Jackie Kennedy na carreata com o então governador do Texas John Connally (E) e sua mulher, em Dallas, momentos antes do assassinato do presidente americano  Foto: Victor Hugo King/Library of Congress/Reuters - 22/11/1963

Um documento delineava os esforços da CIA para enquadrar Cuba por contrabando de armas soviéticas para vários países latino-americanos, bem como operações planejadas para bombardear usinas elétricas, refinarias de petróleo e outros alvos industriais na ilha.

O governo dos EUA divulgou na quinta-feira, 15, uma nova coleção de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, um ponto de virada na história americana e objeto de persistentes teorias da conspiração, apesar da conclusão oficial do governo de que Lee Harvey Oswald, agindo sozinho, planejou e atirou em JFK.

Os documentos liberados nesta semana incluem registros relacionados à viagem de Oswald à Cidade do México várias semanas antes do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963; a viagem de Oswald à Finlândia em 1959, ano em que desertou para a União Soviética; e imagens de seu pedido de visto cubano. Alguns dos documentos – incluindo um sobre a Operação Mangusto, uma campanha secreta do governo para livrar Cuba de Fidel Castro – incluíam trechos censurados.

Muitos dos documentos foram divulgados anteriormente, mas agora têm menos censuras ou nenhuma, disseram os pesquisadores, que estão tentando descobrir quais novas informações foram reveladas.

Uma imagem de arquivo mostra o agente do FBI Robert Frazier na reconstrução da cena do assassinato de JFK perto da localização original dos disparos no prédio Texas School Book Depository, em Dallas Foto: Brendan Smialowski/AFP - 8/11/2013

Mark S. Zaid, um advogado de Washington que lidou com casos da Lei de Liberdade de Informação relacionados ao assassinato de Kennedy e pressionou para que mais documentos fossem divulgados, disse: “Não haverá nenhuma arma fumegante. Não haverá nada que empurre a história para um lado ou para o outro.”

“Para alguém que tem apenas interesse no assassinato de Kennedy, ouso dizer que não encontrará nada que os faça suspirar”, disse Zaid enquanto começava a examinar os registros. “O valor desses documentos será para os pesquisadores e acadêmicos obstinados que agora passarão meses digerindo cada página.”

O Arquivo Nacional dos EUA disse que mais de 97% dos registros em sua coleção relacionados ao assassinato de Kennedy – aproximadamente 5 milhões de páginas – estavam agora disponíveis ao público.

O presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu no ano passado adiar a divulgação desta última leva até 15 de dezembro de 2022, dizendo que o arquivista nacional havia relatado que a pandemia estava tendo um “impacto significativo” nas agências que precisavam ser consultadas sobre eventuais trechos a serem retirados.

Em imagem de arquivo, o então presidente americano John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, desembarcam do Air Force One em Dallas, no dia em que ele foi morto Foto: JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/File Photo via Reuters - 22/11/1963

Uma lei de 1992 exigia que o governo tornasse público o último dos documentos do assassinato de Kennedy até 26 de outubro de 2017, a menos que o presidente optasse por retê-los por motivos de segurança nacional. A administração Trump divulgou registros de assassinato de Kennedy no outono de 2017.

Mas depois de intenso lobby da C.I.A. e do F.B.I., o presidente Donald Trump concordou em reter um lote enquanto se aguardava uma revisão adicional para garantir que nada divulgado prejudique a segurança dos EUA. Trump disse às agências que quaisquer revisões deveriam ser extremamente raras.

De acordo com a CIA, 95% de seus documentos na coleção foram liberados e nenhum documento foi totalmente editado, censurado ou retido. A CIA disse que sua coleção de registros inclui cerca de 87 mil documentos, aproximadamente 84 mil dos quais foram liberados na íntegra.

Em um memorando na quinta-feira, Biden disse que “a profunda tragédia nacional do assassinato do presidente Kennedy continua a ressoar na história americana e nas memórias de tantos americanos que estavam vivos naquele dia terrível; enquanto isso, a necessidade de proteger os registros relativos ao assassinato enfraqueceu com o passar do tempo.”

O corpo de JFK é colocado no Air Force One para ser levado de volta para Washington, após o assassinato em Dallas Foto: REUTERS/JFK Library/The White House/Cecil Stoughton

“Portanto, é fundamental garantir que o governo dos Estados Unidos maximize a transparência, divulgando todas as informações nos registros sobre o assassinato, exceto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, disse Biden.

‘Algo de errado’

Os documentos divulgados na quinta-feira incluíam muitos que foram divulgados anteriormente com trechos editados ou censurados, disse Gerald Posner, jornalista investigativo e autor de Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK. Posner disse que o público sempre assumiu que a maioria dos documentos retidos pelo governo nunca foram vistos.

Mas Posner alertou que qualquer um que acreditasse que o último lote poderia mudar a “conclusão fundamental” alcançada pela Comissão Warren em 1964 estava sendo “tolo”. Essa comissão, liderada pelo juiz Earl Warren, concluiu que Oswald estava agindo sozinho quando disparou três tiros do Texas School Book Depository em 22 de novembro de 1963, matando Kennedy e ferindo o governador John Connally Jr em uma limusine aberta que seguia pelo Dealey Plaza, em Dallas.

Ainda assim, disse Posner, “o próprio fato de estarmos falando 59 anos depois sobre quais documentos a CIA e outras agências estão resistindo a liberar totalmente alimenta a ideia do público de que há algo errado no assassinato de Kennedy”.

O então vice-presidente Lyndon Johnson faz juramento no Air Force One, no mesmo voo que levou o corpo de JFK para Washington; ele está ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o traje manchado com sangue do marido Foto: REUTERS/JFK Library/Cecil Stoughton/The White House/Handout - 22/11/1963

Pesquisas ao longo dos anos revelaram consistentemente que a maioria dos americanos acredita que outras pessoas estiveram envolvidas no assassinato. Uma comissão seleta da Câmara afirmou em um relatório de 1979 que havia evidências sugerindo a possibilidade de uma conspiração, mas não identificou quem poderiam ter sido esses conspiradores.

Brasil

Muitos dos documentos divulgados na quinta-feira detalhavam as investigações da CIA em operações secretas na América Latina nos anos anteriores e posteriores ao assassinato.

Por exemplo, um memorando datado de dezembro de 1963, um mês após o assassinato, discutiu os esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina — descrita como uma “assembleia de líderes sindicais de esquerda, socialistas e comunistas” — no Brasil.

JFK e Jackie Kennedy na carreata com o então governador do Texas John Connally (E) e sua mulher, em Dallas, momentos antes do assassinato do presidente americano  Foto: Victor Hugo King/Library of Congress/Reuters - 22/11/1963

Um documento delineava os esforços da CIA para enquadrar Cuba por contrabando de armas soviéticas para vários países latino-americanos, bem como operações planejadas para bombardear usinas elétricas, refinarias de petróleo e outros alvos industriais na ilha.

O governo dos EUA divulgou na quinta-feira, 15, uma nova coleção de documentos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, um ponto de virada na história americana e objeto de persistentes teorias da conspiração, apesar da conclusão oficial do governo de que Lee Harvey Oswald, agindo sozinho, planejou e atirou em JFK.

Os documentos liberados nesta semana incluem registros relacionados à viagem de Oswald à Cidade do México várias semanas antes do assassinato de Kennedy, em novembro de 1963; a viagem de Oswald à Finlândia em 1959, ano em que desertou para a União Soviética; e imagens de seu pedido de visto cubano. Alguns dos documentos – incluindo um sobre a Operação Mangusto, uma campanha secreta do governo para livrar Cuba de Fidel Castro – incluíam trechos censurados.

Muitos dos documentos foram divulgados anteriormente, mas agora têm menos censuras ou nenhuma, disseram os pesquisadores, que estão tentando descobrir quais novas informações foram reveladas.

Uma imagem de arquivo mostra o agente do FBI Robert Frazier na reconstrução da cena do assassinato de JFK perto da localização original dos disparos no prédio Texas School Book Depository, em Dallas Foto: Brendan Smialowski/AFP - 8/11/2013

Mark S. Zaid, um advogado de Washington que lidou com casos da Lei de Liberdade de Informação relacionados ao assassinato de Kennedy e pressionou para que mais documentos fossem divulgados, disse: “Não haverá nenhuma arma fumegante. Não haverá nada que empurre a história para um lado ou para o outro.”

“Para alguém que tem apenas interesse no assassinato de Kennedy, ouso dizer que não encontrará nada que os faça suspirar”, disse Zaid enquanto começava a examinar os registros. “O valor desses documentos será para os pesquisadores e acadêmicos obstinados que agora passarão meses digerindo cada página.”

O Arquivo Nacional dos EUA disse que mais de 97% dos registros em sua coleção relacionados ao assassinato de Kennedy – aproximadamente 5 milhões de páginas – estavam agora disponíveis ao público.

O presidente dos EUA, Joe Biden, decidiu no ano passado adiar a divulgação desta última leva até 15 de dezembro de 2022, dizendo que o arquivista nacional havia relatado que a pandemia estava tendo um “impacto significativo” nas agências que precisavam ser consultadas sobre eventuais trechos a serem retirados.

Em imagem de arquivo, o então presidente americano John F. Kennedy e a primeira-dama, Jacqueline Kennedy, desembarcam do Air Force One em Dallas, no dia em que ele foi morto Foto: JFK Library/The White House/Cecil Stoughton/File Photo via Reuters - 22/11/1963

Uma lei de 1992 exigia que o governo tornasse público o último dos documentos do assassinato de Kennedy até 26 de outubro de 2017, a menos que o presidente optasse por retê-los por motivos de segurança nacional. A administração Trump divulgou registros de assassinato de Kennedy no outono de 2017.

Mas depois de intenso lobby da C.I.A. e do F.B.I., o presidente Donald Trump concordou em reter um lote enquanto se aguardava uma revisão adicional para garantir que nada divulgado prejudique a segurança dos EUA. Trump disse às agências que quaisquer revisões deveriam ser extremamente raras.

De acordo com a CIA, 95% de seus documentos na coleção foram liberados e nenhum documento foi totalmente editado, censurado ou retido. A CIA disse que sua coleção de registros inclui cerca de 87 mil documentos, aproximadamente 84 mil dos quais foram liberados na íntegra.

Em um memorando na quinta-feira, Biden disse que “a profunda tragédia nacional do assassinato do presidente Kennedy continua a ressoar na história americana e nas memórias de tantos americanos que estavam vivos naquele dia terrível; enquanto isso, a necessidade de proteger os registros relativos ao assassinato enfraqueceu com o passar do tempo.”

O corpo de JFK é colocado no Air Force One para ser levado de volta para Washington, após o assassinato em Dallas Foto: REUTERS/JFK Library/The White House/Cecil Stoughton

“Portanto, é fundamental garantir que o governo dos Estados Unidos maximize a transparência, divulgando todas as informações nos registros sobre o assassinato, exceto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, disse Biden.

‘Algo de errado’

Os documentos divulgados na quinta-feira incluíam muitos que foram divulgados anteriormente com trechos editados ou censurados, disse Gerald Posner, jornalista investigativo e autor de Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK. Posner disse que o público sempre assumiu que a maioria dos documentos retidos pelo governo nunca foram vistos.

Mas Posner alertou que qualquer um que acreditasse que o último lote poderia mudar a “conclusão fundamental” alcançada pela Comissão Warren em 1964 estava sendo “tolo”. Essa comissão, liderada pelo juiz Earl Warren, concluiu que Oswald estava agindo sozinho quando disparou três tiros do Texas School Book Depository em 22 de novembro de 1963, matando Kennedy e ferindo o governador John Connally Jr em uma limusine aberta que seguia pelo Dealey Plaza, em Dallas.

Ainda assim, disse Posner, “o próprio fato de estarmos falando 59 anos depois sobre quais documentos a CIA e outras agências estão resistindo a liberar totalmente alimenta a ideia do público de que há algo errado no assassinato de Kennedy”.

O então vice-presidente Lyndon Johnson faz juramento no Air Force One, no mesmo voo que levou o corpo de JFK para Washington; ele está ao lado da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o traje manchado com sangue do marido Foto: REUTERS/JFK Library/Cecil Stoughton/The White House/Handout - 22/11/1963

Pesquisas ao longo dos anos revelaram consistentemente que a maioria dos americanos acredita que outras pessoas estiveram envolvidas no assassinato. Uma comissão seleta da Câmara afirmou em um relatório de 1979 que havia evidências sugerindo a possibilidade de uma conspiração, mas não identificou quem poderiam ter sido esses conspiradores.

Brasil

Muitos dos documentos divulgados na quinta-feira detalhavam as investigações da CIA em operações secretas na América Latina nos anos anteriores e posteriores ao assassinato.

Por exemplo, um memorando datado de dezembro de 1963, um mês após o assassinato, discutiu os esforços para interromper uma reunião da Federação Única dos Trabalhadores para a América Latina — descrita como uma “assembleia de líderes sindicais de esquerda, socialistas e comunistas” — no Brasil.

JFK e Jackie Kennedy na carreata com o então governador do Texas John Connally (E) e sua mulher, em Dallas, momentos antes do assassinato do presidente americano  Foto: Victor Hugo King/Library of Congress/Reuters - 22/11/1963

Um documento delineava os esforços da CIA para enquadrar Cuba por contrabando de armas soviéticas para vários países latino-americanos, bem como operações planejadas para bombardear usinas elétricas, refinarias de petróleo e outros alvos industriais na ilha.

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