Os assassinos confessos do promotor paraguaio Marcelo Pecci rastrearam sua localização por meio das publicações de sua mulher nas redes sociais, em um complô planejado durante dias na Colômbia, de acordo com detalhes da investigação revelados na terça-feira, 7.
As pessoas que participaram do ataque, a maioria delas detidas na sexta-feira, se reuniram para combinar o crime com diferentes funções dentro da operação desde 5 de maio na cidade de Medellín, disse o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, em entrevista coletiva.
Aos 45 anos, Pecci foi executado a tiros em 10 de maio na ilha de Barú, próxima de Cartagena, onde passava lua de mel. Ele e a mulher, Claudia Aguilera, se casaram no dia 30 de abril. Ela está grávida.
Cinco dos envolvidos no crime foram detidos na sexta-feira em Medellín e quatro deles se declararam culpados, acrescentou Barbosa. Um sexto responsável continua foragido e estaria na Venezuela.
A “estrutura criminosa” era liderada por Francisco Correa, que entrou em contato com o pistoleiro que atirou contra Pecci do mar, em um jet ski, na frente de sua mulher.
Outros dois envolvidos, identificados pelo procurador como Cristian González e Marisol Londoño, estavam encarregados de “acompanhar e localizar” o casal.
“Os criminosos disseram que, em muitas ocasiões, perderam a pista do casal. Porém, graças às redes sociais, obtiveram a localização” do promotor paraguaio, até assassiná-lo em um hotel, acrescentou Barbosa.
Autores intelectuais
Imagens das câmeras de segurança compartilhadas pelo Ministério Público mostram Pecci e sua mulher tomando sol em espreguiçadeiras de praia quando surge o pistoleiro junto com o condutor do veículo. Após um corte na sequência das imagens, ambos empreendem fuga.
As autoridades ainda não determinaram quem foram os autores intelectuais do homicídio.
Segundo o Ministério Público da Colômbia, os criminosos dividiram uma recompensa de aproximadamente US$ 530 mil (cerca de R$ 2,5 milhões).
Por sua vez, o diretor da polícia colombiana, general Jorge Luis Vargas, disse ter informações de um antigo plano da organização criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) para que um atentado contra Pecci “fosse cometido” no Paraguai, mas que acabou não sendo realizado.
Pecci, especializado em crime organizado, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, havia investigado grupos criminosos brasileiros e também libaneses que atuam com lavagem de dinheiro na Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina.
Pecci também esteve à frente de casos de grande repercussão midiática como o sequestro e assassinato da filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas (1998-1999), em 2005, e do julgamento envolvendo o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, detido em Assunção por falsificação de documentos./AFP