Agências de notícias russas e ocidentais informaram nesta sexta-feira, 16, a morte do líder da oposição russa Alexei Navalni na prisão. Navalni estava preso em uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, e pouco se sabia sobre o seu exato estado de saúde.
A porta-voz de Navalni ainda não confirmou a morte do ativista. O governo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que não tem nenhuma informação sobre o motivo da morte de Navalni. O principal opositor de Putin foi detido pelas forças de segurança de Moscou em janeiro de 2021 depois de retornar da Alemanha, onde havia se recuperado de uma tentativa de envenenamento enquanto voava da Sibéria para Moscou.
O opositor sobreviveu e os testes feitos em um hospital na Alemanha identificaram que a presença do agente nervoso da era soviética, Novichok, o que elevou o tom das suspeitas contra o Kremlin.
Mas Navalni está longe de ser o primeiro inimigo de Putin a morrer de forma misteriosa. A lista de alegados suicídios, atentados e envenenamentos é extensa e começou já nos primeiros anos do governo Putin.
Ievgeni Prigozhin
O chefe do grupo Wagner Ievgeni Prigozhin morreu em 23 de agosto após a queda do avião de pequeno porte em que estava ao norte de Moscou. Prigozhin era líder do grupo mercenário que contribuiu para avanços importantes das forças russas na guerra da Ucrânia. Mas, insatisfeito com o Kremlin, o líder promoveu um motim contra o governo russo, que foi impedido no último momento.
Depois do levante, Prigozhin desapareceu por dois meses, aparecendo esporadicamente em vídeos. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram um avião em queda livre antes de pegar fogo. Putin negou que o avião havia sido derrubado e afirmou que restos de granada foram encontrados dentro da aeronave, sugerindo que a queda havia sido causada por uma explosão acidental da granada.
Ravil Maganov
Em setembro de 2022, Ravil Maganov, presidente gigante petrolífera Lukoil caiu do sexto andar de um hospital em Moscou e não resistiu. Na época, a agência estatal Tass afirmou que o executivo de 67 anos estava internado depois de sofrer um ataque cardíaco e teria tirado a própria vida. Pessoas próximas Maganov, no entanto, disseram não acreditar na versão de suicídio.
A Lukoil, havia adotado uma postura incomum entre as grandes empresas russas ao criticar a guerra na Ucrânia. “Expressamos nossa sincera empatia a todas as pessoas afetadas por essa tragédia”, disse o conselho administrativo liderado por Maganov logo no início do conflito em uma nota que pedia pelo cessar-fogo.
A posição da empresa e o fato de outros magnatas russos terem morrido em circunstâncias misteriosas em meio à guerra na Ucrânia alimentou as suspeitas sobre o caso Maganov.
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Boris Nemtsov
Em 2015, o político de oposição Boris Nemtsov foi baleado quatro vezes nas costas por um atirador desconhecido. Na década de 1990, Nemtsov era uma estrela política e foi visto por muito tempo como um possível nome para a presidência. Quando Putin sucedeu ao Boris Yeltsin, ele chegou a apoiar a escolha, mas se tornou cada vez mais crítico aos Kremlin. Uma década depois, liderou os protestos contra os resultados das eleições parlamentares. Horas antes de ser assassinado, convocou marchas contra a o envolvimento militar da Rússia na Ucrânia.
Boris Berezovski
Em 2013, o magnata Boris Berezovski foi encontrado morto no banheiro de casa, no Reino Unido, onde vivia em autoexílio desde que começou a ter desentendimentos com Putin. Ele estava com uma corda no pescoço, o que indicava suicídio, mas os legistas não conseguiram determinar a causa da morte.
Alexander Litvinenko, Anna Politkovskaya e Sergei Iushenkov
Também no Reino Unido, o ex-agente da KGB Alexander Litvinenko foi envenenado em 2006 pelos agentes russos Andrei Lugovoi e Dmitri Kovtun, apontou o inquérito britânico. A suspeita é de que eles teriam recebido uma ordem aprovada por Vladimir Putin. Depois de deixar o serviço secreto russo, Litvinenko passou a ser um forte crítico e acusou o serviço secreto de orquestrar a série de atentados em apartamentos que deixaram centenas de mortos na Rússia, em 1999.
O ex-agente também acusava Putin de ter ordenado o assassinato da jornalista Anna Politkovskaya. A repórter que criticou o presidente no livro a “A Rússia de Putin” foi baleada à queima-roupa no elevador do prédio onde morava. Cinco homens foram condenados pelo assassinato, mas o juiz concluiu que o crime teria sido encomendado. Putin negou qualquer envolvimento do Kremlin na morte da jornalistas.
Ainda nos primeiros anos da era Putin, o ex-coronel Sergei Iushenkov foi baleado na porta de casa em 2003 em Moscou. Assim como o ex-agente da KGB, ele também acreditava que o governo Putin estaria por trás dos ataques do final da década de 90 na Rússia e estava reunindo evidências que provariam essa tese./NYT e W.POST