Artigo: Ataque químico dá lição de mundo real em Donald Trump


Ilusão ingênua do presidente americano sobre combates no Oriente Médio é confrontada com a barbárie da guerra na Síria

Por Thomas Friedman

A cada dia, o novo presidente dos EUA descobre que todos os grandes problemas com que se defronta são semelhantes ao Obamacare – se houvesse uma solução boa e fácil, já teria sido encontrada. E mesmo as soluções não tão boas vão além do que seu partido está disposto a bancar, ou o país esteja pronto a aceitar. Na terça-feira, tragicamente, Donald Trump recebeu uma lição de política exterior na forma de um sórdido ataque com gás a civis sírios, ao que se diz, perpetrado pelo regime assassino de Bashar Assad.

Governo americano condenou suposto ataque químico no norte da Síria Foto: AFP PHOTO / Omar haj kadour

Trump chegou ao poder com a ingênua visão de que poderia fazer do combate ao Estado Islâmico (EI) a chave de sua política para o Oriente Médio. Achou que simplesmente jogar mais bombas e despachar mais forças especiais do que fez o presidente Barack Obama provaria que com ele, Trump, a coisa é para valer.

continua após a publicidade

Foi uma ideia ingênua porque o EI não existe no vácuo – nem é o único bandido na região. O EI nasceu de uma reação dos muçulmanos sunitas à maciça intervenção iraniana no Iraque, onde milícias xiitas apoiadas por Teerã e forças governistas iraquianas de Nouri al-Maliki tentaram exterminar qualquer vestígio de poder sunita.

O ataque iraniano-xiita a sunitas iraquianos tem paralelos com o regime xiita-alauita de Assad na Síria, transformando o que começou com um movimento democrático multissectário na Síria em uma guerra entre sunitas e xiitas. Assad calculou que se metralhasse ou envenenasse com gás um número suficiente de sunitas poderia transformar os esforços democráticos desse grupo numa luta sectária contra seu regime xiita-aluita – e funcionou. 

Na semana passada, alguém chamado “Rex Tillerson” (que, descobri, é secretário de Estado dos EUA) declarou que “a situação do presidente Assad no longo prazo será decidida pelo povo sírio”. A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, deu uma declaração ainda mais covarde, dizendo que “a prioridade dos EUA não é mais a saída de Assad”. Não dá, pois, para estranhar que Assad tenha se sentido livre para cometer o que foi descrito como “um dos mais mortíferos ataques com armas químicas em anos na Síria”.

continua após a publicidade

Trump não criou o problema sírio e está certo quando se queixa de que foi jogado em seu colo pela equipe de Obama. Mas deixar simplesmente que Assad tente retomar o controle de toda a Síria significa aceitar a continuação de massacres. E uma solução com base em negociação de poder é impossível – não existe confiança. Uma derradeira (e má) solução seria uma partição da Síria e a criação de uma área predominantemente sunita protegida por uma força internacional. Tal medida, pelo menos, interromperia a matança.

Seu navegador não suporta esse video.

Um bombardeio aéreo que liberou um gás tóxico matou pelo menos 58 pessoas em Khan Shekhun, na Síria, nesta terça-feira. Em seguida, o hospital que atendia as vítimas foi bombardeado.

Não será um trabalho agradável ou fácil, mas, na Guerra Fria, os EUA puseram 400 mil soldados na Europa para manter uma paz sectária e conservar a Europa no caminho da democracia. Levar a Otan e a Liga Árabe a estabelecer uma zona de segurança na Síria com o mesmo propósito pode ser uma tentativa válida. E então, se Putin e o Irã quiserem manter o açougueiro Assad em Damasco, que façam bom proveito.

continua após a publicidade

É isso, presidente Trump, ou preparar-se para muitas outras terças-feiras. Como eu disse, todos os problemas são no mínimo do tamanho do Obamacare – nunca simples de resolver como o senhor imaginava. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

*É COLUNISTA

A cada dia, o novo presidente dos EUA descobre que todos os grandes problemas com que se defronta são semelhantes ao Obamacare – se houvesse uma solução boa e fácil, já teria sido encontrada. E mesmo as soluções não tão boas vão além do que seu partido está disposto a bancar, ou o país esteja pronto a aceitar. Na terça-feira, tragicamente, Donald Trump recebeu uma lição de política exterior na forma de um sórdido ataque com gás a civis sírios, ao que se diz, perpetrado pelo regime assassino de Bashar Assad.

Governo americano condenou suposto ataque químico no norte da Síria Foto: AFP PHOTO / Omar haj kadour

Trump chegou ao poder com a ingênua visão de que poderia fazer do combate ao Estado Islâmico (EI) a chave de sua política para o Oriente Médio. Achou que simplesmente jogar mais bombas e despachar mais forças especiais do que fez o presidente Barack Obama provaria que com ele, Trump, a coisa é para valer.

Foi uma ideia ingênua porque o EI não existe no vácuo – nem é o único bandido na região. O EI nasceu de uma reação dos muçulmanos sunitas à maciça intervenção iraniana no Iraque, onde milícias xiitas apoiadas por Teerã e forças governistas iraquianas de Nouri al-Maliki tentaram exterminar qualquer vestígio de poder sunita.

O ataque iraniano-xiita a sunitas iraquianos tem paralelos com o regime xiita-alauita de Assad na Síria, transformando o que começou com um movimento democrático multissectário na Síria em uma guerra entre sunitas e xiitas. Assad calculou que se metralhasse ou envenenasse com gás um número suficiente de sunitas poderia transformar os esforços democráticos desse grupo numa luta sectária contra seu regime xiita-aluita – e funcionou. 

Na semana passada, alguém chamado “Rex Tillerson” (que, descobri, é secretário de Estado dos EUA) declarou que “a situação do presidente Assad no longo prazo será decidida pelo povo sírio”. A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, deu uma declaração ainda mais covarde, dizendo que “a prioridade dos EUA não é mais a saída de Assad”. Não dá, pois, para estranhar que Assad tenha se sentido livre para cometer o que foi descrito como “um dos mais mortíferos ataques com armas químicas em anos na Síria”.

Trump não criou o problema sírio e está certo quando se queixa de que foi jogado em seu colo pela equipe de Obama. Mas deixar simplesmente que Assad tente retomar o controle de toda a Síria significa aceitar a continuação de massacres. E uma solução com base em negociação de poder é impossível – não existe confiança. Uma derradeira (e má) solução seria uma partição da Síria e a criação de uma área predominantemente sunita protegida por uma força internacional. Tal medida, pelo menos, interromperia a matança.

Seu navegador não suporta esse video.

Um bombardeio aéreo que liberou um gás tóxico matou pelo menos 58 pessoas em Khan Shekhun, na Síria, nesta terça-feira. Em seguida, o hospital que atendia as vítimas foi bombardeado.

Não será um trabalho agradável ou fácil, mas, na Guerra Fria, os EUA puseram 400 mil soldados na Europa para manter uma paz sectária e conservar a Europa no caminho da democracia. Levar a Otan e a Liga Árabe a estabelecer uma zona de segurança na Síria com o mesmo propósito pode ser uma tentativa válida. E então, se Putin e o Irã quiserem manter o açougueiro Assad em Damasco, que façam bom proveito.

É isso, presidente Trump, ou preparar-se para muitas outras terças-feiras. Como eu disse, todos os problemas são no mínimo do tamanho do Obamacare – nunca simples de resolver como o senhor imaginava. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

*É COLUNISTA

A cada dia, o novo presidente dos EUA descobre que todos os grandes problemas com que se defronta são semelhantes ao Obamacare – se houvesse uma solução boa e fácil, já teria sido encontrada. E mesmo as soluções não tão boas vão além do que seu partido está disposto a bancar, ou o país esteja pronto a aceitar. Na terça-feira, tragicamente, Donald Trump recebeu uma lição de política exterior na forma de um sórdido ataque com gás a civis sírios, ao que se diz, perpetrado pelo regime assassino de Bashar Assad.

Governo americano condenou suposto ataque químico no norte da Síria Foto: AFP PHOTO / Omar haj kadour

Trump chegou ao poder com a ingênua visão de que poderia fazer do combate ao Estado Islâmico (EI) a chave de sua política para o Oriente Médio. Achou que simplesmente jogar mais bombas e despachar mais forças especiais do que fez o presidente Barack Obama provaria que com ele, Trump, a coisa é para valer.

Foi uma ideia ingênua porque o EI não existe no vácuo – nem é o único bandido na região. O EI nasceu de uma reação dos muçulmanos sunitas à maciça intervenção iraniana no Iraque, onde milícias xiitas apoiadas por Teerã e forças governistas iraquianas de Nouri al-Maliki tentaram exterminar qualquer vestígio de poder sunita.

O ataque iraniano-xiita a sunitas iraquianos tem paralelos com o regime xiita-alauita de Assad na Síria, transformando o que começou com um movimento democrático multissectário na Síria em uma guerra entre sunitas e xiitas. Assad calculou que se metralhasse ou envenenasse com gás um número suficiente de sunitas poderia transformar os esforços democráticos desse grupo numa luta sectária contra seu regime xiita-aluita – e funcionou. 

Na semana passada, alguém chamado “Rex Tillerson” (que, descobri, é secretário de Estado dos EUA) declarou que “a situação do presidente Assad no longo prazo será decidida pelo povo sírio”. A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, deu uma declaração ainda mais covarde, dizendo que “a prioridade dos EUA não é mais a saída de Assad”. Não dá, pois, para estranhar que Assad tenha se sentido livre para cometer o que foi descrito como “um dos mais mortíferos ataques com armas químicas em anos na Síria”.

Trump não criou o problema sírio e está certo quando se queixa de que foi jogado em seu colo pela equipe de Obama. Mas deixar simplesmente que Assad tente retomar o controle de toda a Síria significa aceitar a continuação de massacres. E uma solução com base em negociação de poder é impossível – não existe confiança. Uma derradeira (e má) solução seria uma partição da Síria e a criação de uma área predominantemente sunita protegida por uma força internacional. Tal medida, pelo menos, interromperia a matança.

Seu navegador não suporta esse video.

Um bombardeio aéreo que liberou um gás tóxico matou pelo menos 58 pessoas em Khan Shekhun, na Síria, nesta terça-feira. Em seguida, o hospital que atendia as vítimas foi bombardeado.

Não será um trabalho agradável ou fácil, mas, na Guerra Fria, os EUA puseram 400 mil soldados na Europa para manter uma paz sectária e conservar a Europa no caminho da democracia. Levar a Otan e a Liga Árabe a estabelecer uma zona de segurança na Síria com o mesmo propósito pode ser uma tentativa válida. E então, se Putin e o Irã quiserem manter o açougueiro Assad em Damasco, que façam bom proveito.

É isso, presidente Trump, ou preparar-se para muitas outras terças-feiras. Como eu disse, todos os problemas são no mínimo do tamanho do Obamacare – nunca simples de resolver como o senhor imaginava. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

*É COLUNISTA

A cada dia, o novo presidente dos EUA descobre que todos os grandes problemas com que se defronta são semelhantes ao Obamacare – se houvesse uma solução boa e fácil, já teria sido encontrada. E mesmo as soluções não tão boas vão além do que seu partido está disposto a bancar, ou o país esteja pronto a aceitar. Na terça-feira, tragicamente, Donald Trump recebeu uma lição de política exterior na forma de um sórdido ataque com gás a civis sírios, ao que se diz, perpetrado pelo regime assassino de Bashar Assad.

Governo americano condenou suposto ataque químico no norte da Síria Foto: AFP PHOTO / Omar haj kadour

Trump chegou ao poder com a ingênua visão de que poderia fazer do combate ao Estado Islâmico (EI) a chave de sua política para o Oriente Médio. Achou que simplesmente jogar mais bombas e despachar mais forças especiais do que fez o presidente Barack Obama provaria que com ele, Trump, a coisa é para valer.

Foi uma ideia ingênua porque o EI não existe no vácuo – nem é o único bandido na região. O EI nasceu de uma reação dos muçulmanos sunitas à maciça intervenção iraniana no Iraque, onde milícias xiitas apoiadas por Teerã e forças governistas iraquianas de Nouri al-Maliki tentaram exterminar qualquer vestígio de poder sunita.

O ataque iraniano-xiita a sunitas iraquianos tem paralelos com o regime xiita-alauita de Assad na Síria, transformando o que começou com um movimento democrático multissectário na Síria em uma guerra entre sunitas e xiitas. Assad calculou que se metralhasse ou envenenasse com gás um número suficiente de sunitas poderia transformar os esforços democráticos desse grupo numa luta sectária contra seu regime xiita-aluita – e funcionou. 

Na semana passada, alguém chamado “Rex Tillerson” (que, descobri, é secretário de Estado dos EUA) declarou que “a situação do presidente Assad no longo prazo será decidida pelo povo sírio”. A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, deu uma declaração ainda mais covarde, dizendo que “a prioridade dos EUA não é mais a saída de Assad”. Não dá, pois, para estranhar que Assad tenha se sentido livre para cometer o que foi descrito como “um dos mais mortíferos ataques com armas químicas em anos na Síria”.

Trump não criou o problema sírio e está certo quando se queixa de que foi jogado em seu colo pela equipe de Obama. Mas deixar simplesmente que Assad tente retomar o controle de toda a Síria significa aceitar a continuação de massacres. E uma solução com base em negociação de poder é impossível – não existe confiança. Uma derradeira (e má) solução seria uma partição da Síria e a criação de uma área predominantemente sunita protegida por uma força internacional. Tal medida, pelo menos, interromperia a matança.

Seu navegador não suporta esse video.

Um bombardeio aéreo que liberou um gás tóxico matou pelo menos 58 pessoas em Khan Shekhun, na Síria, nesta terça-feira. Em seguida, o hospital que atendia as vítimas foi bombardeado.

Não será um trabalho agradável ou fácil, mas, na Guerra Fria, os EUA puseram 400 mil soldados na Europa para manter uma paz sectária e conservar a Europa no caminho da democracia. Levar a Otan e a Liga Árabe a estabelecer uma zona de segurança na Síria com o mesmo propósito pode ser uma tentativa válida. E então, se Putin e o Irã quiserem manter o açougueiro Assad em Damasco, que façam bom proveito.

É isso, presidente Trump, ou preparar-se para muitas outras terças-feiras. Como eu disse, todos os problemas são no mínimo do tamanho do Obamacare – nunca simples de resolver como o senhor imaginava. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

*É COLUNISTA

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.