Os parentes das vítimas americanas do atentado a bomba de 21 de dezembro de 1988, que destruiu um avião da Pan Am nos céus de Lockerbie, na Escócia, matando 270 pessoas, decidiram hoje processar o governo da Líbia e exigir indenização de, pelo menos, US$ 10 bilhões. O advogado das famílias, Jim Kreindler, disse que a condenação à prisão perpétua do líbio Abdel Basset al-Megrahi, responsabilizado pela explosão do Boeing, abre caminho para uma ação judicial. "A sentença é sumamente explícita e detalhada, apontando Megrahi como agente e funcionário da Organização de Segurança Jamahariya (OSJ - serviço secreto líbio)," argumentou o advogado novaiorquino. "Portanto, estamos em posição de responsabilizar o governo líbio como chefe e patrocinador de Megrahi." Al-Amin Khalifa Fahima, suposto comparsa de Megrahi, foi inocentado pelo tribunal. Ele havia sido apontado há dez anos pelo FBI (a polícia federal americana) como co-autor do atentado. Passou cerca de dois anos numa prisão holandesa - entre seu desembarque em Haia, em princípios de 1999, e o fim do julgamento, em dezembro. Recebido na quinta-feira, em Trípoli, como herói pelos líbios, ele anunciou hoje em entrevista à televisão estatal líbia intenção de processar os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, exigindo uma compensação financeira. "Dez anos de sofrimento e tensão tiveram efeitos profundamente negativos em mim e em minha família."