Atentado facilitará possibilidade de vitória de Trump? Veja a opinião de colunistas do ‘Estadão’


Candidato Republicano foi alvo de tiros durante comício na Pensilvânia, sacudindo a eleição norte-americana

Por Redação
Atualização:

O atentado cometido contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, tende a dominar as atenções na disputa eleitoral nos Estados Unidos. O episódio ocorreu em Butler, na Pensilvânia, quando um atirador abriu fogo contra o palco, atingindo Trump na orelha, matando um espectador e ferindo outros dois. Thomas Matthew Crooks teria agido sozinho e foi morto pelo Serviço Secreto após efetuar os disparos. Ao deixar o palco, com o rosto ensanguentado, Trump ergueu o punho e tentou mostrar força para a disputa de novembro. O ataque acontece a dias da convenção republicana que confirmará o nome dele como candidato, marcada para esta semana em Wisconsin.

A análise geral é de que o caso tende a dificultar a tarefa dos democratas, que já enfrentavam dificuldades por conta dos questionamentos sobre as condições de saúde do presidente Joe Biden. Há dúvidas, porém, sobre quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos de agora em diante, com o fato novo da corrida eleitoral.

Atentado a Trump tem potencial de mexer com a eleição norte-americana, cuja ida às urnas acontece em novembro Foto: Rebecca Droke/AFP
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Confira a avaliação os colunistas do Estadão Lourival Sant’Anna, Diogo Schelp, Fábio Alves e Ricardo Corrêa:

Lourival Sant’Anna: Atentado contra Trump é combustível para papel de vítima e herói que ex-presidente adota desde 2020

O atentado contra Donald Trump representa um impulso formidável para a jornada do ex-presidente de volta à Casa Branca. A tentativa de assassinato de um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos a menos de quatro meses das eleições reforça também a percepção de desfuncionalidade da democracia americana, fartamente utilizada pelos adversários do país.

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Do ponto de vista eleitoral, não é uma mudança de rumo: é um combustível potente e inesperado para o papel de vítima e de herói que Trump já havia adotado desde a campanha de 2020, que coincidiu com a pandemia de covid.

O ataque, cuja autenticidade e gravidade são inquestionáveis, dá materialidade à ideia de uma conspiração nacional e internacional para impedir que o bilionário empresário salve os americanos da esquerda, do establishment e da China, e “faça a América grande de novo”. Leia a coluna completa.

Diogo Schelp: Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump

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O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Há dúvidas sobre como os democratas vão lidar com um adversário vítima de violência política Foto: Susan Walsh/AP Photo
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Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar. Leia a coluna completa.

Fábio Alves: O tiro em Trump atinge a estratégia dos Democratas

A reação de vários analistas e investidores ao longo do fim de semana, após a notícia da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi a de que, entre outras afirmações, o ataque praticamente consolidou a vitória do candidato republicano à eleição presidencial americana em novembro. Sem falar na disparada na probabilidade da vitória de Trump nas casas de apostas.

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É prematuro achar que a eleição já está ganha. É natural haver um aumento de apoio em momentos tão dramáticos como esse. Mas até novembro, parece que há ainda uma eternidade, diante do que já aconteceu na campanha eleitoral tanto de Trump quanto de Joe Biden nas últimas semanas.

Que o ataque consolida a base de apoio de Trump ninguém duvida.

Que a postura de Trump logo após o disparo dos tiros, com ele de punho em riste, gritando “fight, fight” (“lute, lute”) para uma multidão enlouquecida, somente reforçou a postura de força dele ante a imagem de fraqueza física e mental de Biden, especialmente após aquele desastroso debate.

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Mas o que realmente interessa neste momento é como o atentado a Trump no fim de semana vai alterar a estratégia de campanha dos democratas. Leia a coluna completa.

Ricardo Corrêa: Ataque a Trump tem cenário diferente do de Bolsonaro em 2018 e é cedo para conclusões sobre eleição

É bastante cedo para a conclusão taxativa de que o ataque a Donald Trump em um comício na Pensilvânia tende a gerar a mesma consequência do atentado contra Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2018. É fato que a situação traz um novo desafio aos democratas de como lidar com um adversário apresentado como vítima da violência política. Porém, por diversos aspectos, o cenário eleitoral é bastante diferente daquele experimentado no Brasil, o que torna impossível, já imediatamente, decretar que Trump está eleito. Ele já era favorito, continua favorito, talvez um pouco mais no cenário imediato, mas a eleição ainda não acabou.

O ex-presidente Donald Trump após sofrer o atentado na Pensilvânia (à esquerda) e o ex-presidente Jair Bolsonaro após ser esfaqueado em Juiz de Fora (à direita) Foto: Gene J. Puskar/AFP e Fabio Motta/Estadão

Um primeiro ponto fundamental que difere os dois cenários é o tempo até a eleição. Quando Bolsonaro foi alvo de uma facada na rua Halfeld, em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018, restava um mês para as eleições daquele ano. A pauta do atentado rendeu por semanas, alcançando o dia da votação do primeiro turno. Nos Estados Unidos, restam ainda quatro meses até a ida às urnas e o assunto dificilmente se manterá no mesmo patamar até lá.

Além disso, o estado de saúde de Bolsonaro era bastante mais grave do que o de Trump. O então candidato do PSL foi internado, sofreu intervenções cirúrgicas, precisou abdicar de toda a campanha e, debilitado, foi poupado por seus adversários. Também deixou de ir aos debates, ocasiões que eram esperança de desconstrução por parte de seus rivais. Trump, apesar do susto, deixou o palco em boas condições e poderá seguir sua campanha após alguns dias apesar da gravidade do ato praticado contra ele. O fato de ter deixado o palco erguendo o punho e dizendo que lutará só reforça isso. Leia a coluna completa.

O atentado cometido contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, tende a dominar as atenções na disputa eleitoral nos Estados Unidos. O episódio ocorreu em Butler, na Pensilvânia, quando um atirador abriu fogo contra o palco, atingindo Trump na orelha, matando um espectador e ferindo outros dois. Thomas Matthew Crooks teria agido sozinho e foi morto pelo Serviço Secreto após efetuar os disparos. Ao deixar o palco, com o rosto ensanguentado, Trump ergueu o punho e tentou mostrar força para a disputa de novembro. O ataque acontece a dias da convenção republicana que confirmará o nome dele como candidato, marcada para esta semana em Wisconsin.

A análise geral é de que o caso tende a dificultar a tarefa dos democratas, que já enfrentavam dificuldades por conta dos questionamentos sobre as condições de saúde do presidente Joe Biden. Há dúvidas, porém, sobre quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos de agora em diante, com o fato novo da corrida eleitoral.

Atentado a Trump tem potencial de mexer com a eleição norte-americana, cuja ida às urnas acontece em novembro Foto: Rebecca Droke/AFP

Confira a avaliação os colunistas do Estadão Lourival Sant’Anna, Diogo Schelp, Fábio Alves e Ricardo Corrêa:

Lourival Sant’Anna: Atentado contra Trump é combustível para papel de vítima e herói que ex-presidente adota desde 2020

O atentado contra Donald Trump representa um impulso formidável para a jornada do ex-presidente de volta à Casa Branca. A tentativa de assassinato de um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos a menos de quatro meses das eleições reforça também a percepção de desfuncionalidade da democracia americana, fartamente utilizada pelos adversários do país.

Do ponto de vista eleitoral, não é uma mudança de rumo: é um combustível potente e inesperado para o papel de vítima e de herói que Trump já havia adotado desde a campanha de 2020, que coincidiu com a pandemia de covid.

O ataque, cuja autenticidade e gravidade são inquestionáveis, dá materialidade à ideia de uma conspiração nacional e internacional para impedir que o bilionário empresário salve os americanos da esquerda, do establishment e da China, e “faça a América grande de novo”. Leia a coluna completa.

Diogo Schelp: Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Há dúvidas sobre como os democratas vão lidar com um adversário vítima de violência política Foto: Susan Walsh/AP Photo

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar. Leia a coluna completa.

Fábio Alves: O tiro em Trump atinge a estratégia dos Democratas

A reação de vários analistas e investidores ao longo do fim de semana, após a notícia da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi a de que, entre outras afirmações, o ataque praticamente consolidou a vitória do candidato republicano à eleição presidencial americana em novembro. Sem falar na disparada na probabilidade da vitória de Trump nas casas de apostas.

É prematuro achar que a eleição já está ganha. É natural haver um aumento de apoio em momentos tão dramáticos como esse. Mas até novembro, parece que há ainda uma eternidade, diante do que já aconteceu na campanha eleitoral tanto de Trump quanto de Joe Biden nas últimas semanas.

Que o ataque consolida a base de apoio de Trump ninguém duvida.

Que a postura de Trump logo após o disparo dos tiros, com ele de punho em riste, gritando “fight, fight” (“lute, lute”) para uma multidão enlouquecida, somente reforçou a postura de força dele ante a imagem de fraqueza física e mental de Biden, especialmente após aquele desastroso debate.

Mas o que realmente interessa neste momento é como o atentado a Trump no fim de semana vai alterar a estratégia de campanha dos democratas. Leia a coluna completa.

Ricardo Corrêa: Ataque a Trump tem cenário diferente do de Bolsonaro em 2018 e é cedo para conclusões sobre eleição

É bastante cedo para a conclusão taxativa de que o ataque a Donald Trump em um comício na Pensilvânia tende a gerar a mesma consequência do atentado contra Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2018. É fato que a situação traz um novo desafio aos democratas de como lidar com um adversário apresentado como vítima da violência política. Porém, por diversos aspectos, o cenário eleitoral é bastante diferente daquele experimentado no Brasil, o que torna impossível, já imediatamente, decretar que Trump está eleito. Ele já era favorito, continua favorito, talvez um pouco mais no cenário imediato, mas a eleição ainda não acabou.

O ex-presidente Donald Trump após sofrer o atentado na Pensilvânia (à esquerda) e o ex-presidente Jair Bolsonaro após ser esfaqueado em Juiz de Fora (à direita) Foto: Gene J. Puskar/AFP e Fabio Motta/Estadão

Um primeiro ponto fundamental que difere os dois cenários é o tempo até a eleição. Quando Bolsonaro foi alvo de uma facada na rua Halfeld, em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018, restava um mês para as eleições daquele ano. A pauta do atentado rendeu por semanas, alcançando o dia da votação do primeiro turno. Nos Estados Unidos, restam ainda quatro meses até a ida às urnas e o assunto dificilmente se manterá no mesmo patamar até lá.

Além disso, o estado de saúde de Bolsonaro era bastante mais grave do que o de Trump. O então candidato do PSL foi internado, sofreu intervenções cirúrgicas, precisou abdicar de toda a campanha e, debilitado, foi poupado por seus adversários. Também deixou de ir aos debates, ocasiões que eram esperança de desconstrução por parte de seus rivais. Trump, apesar do susto, deixou o palco em boas condições e poderá seguir sua campanha após alguns dias apesar da gravidade do ato praticado contra ele. O fato de ter deixado o palco erguendo o punho e dizendo que lutará só reforça isso. Leia a coluna completa.

O atentado cometido contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, tende a dominar as atenções na disputa eleitoral nos Estados Unidos. O episódio ocorreu em Butler, na Pensilvânia, quando um atirador abriu fogo contra o palco, atingindo Trump na orelha, matando um espectador e ferindo outros dois. Thomas Matthew Crooks teria agido sozinho e foi morto pelo Serviço Secreto após efetuar os disparos. Ao deixar o palco, com o rosto ensanguentado, Trump ergueu o punho e tentou mostrar força para a disputa de novembro. O ataque acontece a dias da convenção republicana que confirmará o nome dele como candidato, marcada para esta semana em Wisconsin.

A análise geral é de que o caso tende a dificultar a tarefa dos democratas, que já enfrentavam dificuldades por conta dos questionamentos sobre as condições de saúde do presidente Joe Biden. Há dúvidas, porém, sobre quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos de agora em diante, com o fato novo da corrida eleitoral.

Atentado a Trump tem potencial de mexer com a eleição norte-americana, cuja ida às urnas acontece em novembro Foto: Rebecca Droke/AFP

Confira a avaliação os colunistas do Estadão Lourival Sant’Anna, Diogo Schelp, Fábio Alves e Ricardo Corrêa:

Lourival Sant’Anna: Atentado contra Trump é combustível para papel de vítima e herói que ex-presidente adota desde 2020

O atentado contra Donald Trump representa um impulso formidável para a jornada do ex-presidente de volta à Casa Branca. A tentativa de assassinato de um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos a menos de quatro meses das eleições reforça também a percepção de desfuncionalidade da democracia americana, fartamente utilizada pelos adversários do país.

Do ponto de vista eleitoral, não é uma mudança de rumo: é um combustível potente e inesperado para o papel de vítima e de herói que Trump já havia adotado desde a campanha de 2020, que coincidiu com a pandemia de covid.

O ataque, cuja autenticidade e gravidade são inquestionáveis, dá materialidade à ideia de uma conspiração nacional e internacional para impedir que o bilionário empresário salve os americanos da esquerda, do establishment e da China, e “faça a América grande de novo”. Leia a coluna completa.

Diogo Schelp: Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Há dúvidas sobre como os democratas vão lidar com um adversário vítima de violência política Foto: Susan Walsh/AP Photo

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar. Leia a coluna completa.

Fábio Alves: O tiro em Trump atinge a estratégia dos Democratas

A reação de vários analistas e investidores ao longo do fim de semana, após a notícia da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi a de que, entre outras afirmações, o ataque praticamente consolidou a vitória do candidato republicano à eleição presidencial americana em novembro. Sem falar na disparada na probabilidade da vitória de Trump nas casas de apostas.

É prematuro achar que a eleição já está ganha. É natural haver um aumento de apoio em momentos tão dramáticos como esse. Mas até novembro, parece que há ainda uma eternidade, diante do que já aconteceu na campanha eleitoral tanto de Trump quanto de Joe Biden nas últimas semanas.

Que o ataque consolida a base de apoio de Trump ninguém duvida.

Que a postura de Trump logo após o disparo dos tiros, com ele de punho em riste, gritando “fight, fight” (“lute, lute”) para uma multidão enlouquecida, somente reforçou a postura de força dele ante a imagem de fraqueza física e mental de Biden, especialmente após aquele desastroso debate.

Mas o que realmente interessa neste momento é como o atentado a Trump no fim de semana vai alterar a estratégia de campanha dos democratas. Leia a coluna completa.

Ricardo Corrêa: Ataque a Trump tem cenário diferente do de Bolsonaro em 2018 e é cedo para conclusões sobre eleição

É bastante cedo para a conclusão taxativa de que o ataque a Donald Trump em um comício na Pensilvânia tende a gerar a mesma consequência do atentado contra Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2018. É fato que a situação traz um novo desafio aos democratas de como lidar com um adversário apresentado como vítima da violência política. Porém, por diversos aspectos, o cenário eleitoral é bastante diferente daquele experimentado no Brasil, o que torna impossível, já imediatamente, decretar que Trump está eleito. Ele já era favorito, continua favorito, talvez um pouco mais no cenário imediato, mas a eleição ainda não acabou.

O ex-presidente Donald Trump após sofrer o atentado na Pensilvânia (à esquerda) e o ex-presidente Jair Bolsonaro após ser esfaqueado em Juiz de Fora (à direita) Foto: Gene J. Puskar/AFP e Fabio Motta/Estadão

Um primeiro ponto fundamental que difere os dois cenários é o tempo até a eleição. Quando Bolsonaro foi alvo de uma facada na rua Halfeld, em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018, restava um mês para as eleições daquele ano. A pauta do atentado rendeu por semanas, alcançando o dia da votação do primeiro turno. Nos Estados Unidos, restam ainda quatro meses até a ida às urnas e o assunto dificilmente se manterá no mesmo patamar até lá.

Além disso, o estado de saúde de Bolsonaro era bastante mais grave do que o de Trump. O então candidato do PSL foi internado, sofreu intervenções cirúrgicas, precisou abdicar de toda a campanha e, debilitado, foi poupado por seus adversários. Também deixou de ir aos debates, ocasiões que eram esperança de desconstrução por parte de seus rivais. Trump, apesar do susto, deixou o palco em boas condições e poderá seguir sua campanha após alguns dias apesar da gravidade do ato praticado contra ele. O fato de ter deixado o palco erguendo o punho e dizendo que lutará só reforça isso. Leia a coluna completa.

O atentado cometido contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, tende a dominar as atenções na disputa eleitoral nos Estados Unidos. O episódio ocorreu em Butler, na Pensilvânia, quando um atirador abriu fogo contra o palco, atingindo Trump na orelha, matando um espectador e ferindo outros dois. Thomas Matthew Crooks teria agido sozinho e foi morto pelo Serviço Secreto após efetuar os disparos. Ao deixar o palco, com o rosto ensanguentado, Trump ergueu o punho e tentou mostrar força para a disputa de novembro. O ataque acontece a dias da convenção republicana que confirmará o nome dele como candidato, marcada para esta semana em Wisconsin.

A análise geral é de que o caso tende a dificultar a tarefa dos democratas, que já enfrentavam dificuldades por conta dos questionamentos sobre as condições de saúde do presidente Joe Biden. Há dúvidas, porém, sobre quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos de agora em diante, com o fato novo da corrida eleitoral.

Atentado a Trump tem potencial de mexer com a eleição norte-americana, cuja ida às urnas acontece em novembro Foto: Rebecca Droke/AFP

Confira a avaliação os colunistas do Estadão Lourival Sant’Anna, Diogo Schelp, Fábio Alves e Ricardo Corrêa:

Lourival Sant’Anna: Atentado contra Trump é combustível para papel de vítima e herói que ex-presidente adota desde 2020

O atentado contra Donald Trump representa um impulso formidável para a jornada do ex-presidente de volta à Casa Branca. A tentativa de assassinato de um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos a menos de quatro meses das eleições reforça também a percepção de desfuncionalidade da democracia americana, fartamente utilizada pelos adversários do país.

Do ponto de vista eleitoral, não é uma mudança de rumo: é um combustível potente e inesperado para o papel de vítima e de herói que Trump já havia adotado desde a campanha de 2020, que coincidiu com a pandemia de covid.

O ataque, cuja autenticidade e gravidade são inquestionáveis, dá materialidade à ideia de uma conspiração nacional e internacional para impedir que o bilionário empresário salve os americanos da esquerda, do establishment e da China, e “faça a América grande de novo”. Leia a coluna completa.

Diogo Schelp: Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Há dúvidas sobre como os democratas vão lidar com um adversário vítima de violência política Foto: Susan Walsh/AP Photo

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar. Leia a coluna completa.

Fábio Alves: O tiro em Trump atinge a estratégia dos Democratas

A reação de vários analistas e investidores ao longo do fim de semana, após a notícia da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi a de que, entre outras afirmações, o ataque praticamente consolidou a vitória do candidato republicano à eleição presidencial americana em novembro. Sem falar na disparada na probabilidade da vitória de Trump nas casas de apostas.

É prematuro achar que a eleição já está ganha. É natural haver um aumento de apoio em momentos tão dramáticos como esse. Mas até novembro, parece que há ainda uma eternidade, diante do que já aconteceu na campanha eleitoral tanto de Trump quanto de Joe Biden nas últimas semanas.

Que o ataque consolida a base de apoio de Trump ninguém duvida.

Que a postura de Trump logo após o disparo dos tiros, com ele de punho em riste, gritando “fight, fight” (“lute, lute”) para uma multidão enlouquecida, somente reforçou a postura de força dele ante a imagem de fraqueza física e mental de Biden, especialmente após aquele desastroso debate.

Mas o que realmente interessa neste momento é como o atentado a Trump no fim de semana vai alterar a estratégia de campanha dos democratas. Leia a coluna completa.

Ricardo Corrêa: Ataque a Trump tem cenário diferente do de Bolsonaro em 2018 e é cedo para conclusões sobre eleição

É bastante cedo para a conclusão taxativa de que o ataque a Donald Trump em um comício na Pensilvânia tende a gerar a mesma consequência do atentado contra Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2018. É fato que a situação traz um novo desafio aos democratas de como lidar com um adversário apresentado como vítima da violência política. Porém, por diversos aspectos, o cenário eleitoral é bastante diferente daquele experimentado no Brasil, o que torna impossível, já imediatamente, decretar que Trump está eleito. Ele já era favorito, continua favorito, talvez um pouco mais no cenário imediato, mas a eleição ainda não acabou.

O ex-presidente Donald Trump após sofrer o atentado na Pensilvânia (à esquerda) e o ex-presidente Jair Bolsonaro após ser esfaqueado em Juiz de Fora (à direita) Foto: Gene J. Puskar/AFP e Fabio Motta/Estadão

Um primeiro ponto fundamental que difere os dois cenários é o tempo até a eleição. Quando Bolsonaro foi alvo de uma facada na rua Halfeld, em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018, restava um mês para as eleições daquele ano. A pauta do atentado rendeu por semanas, alcançando o dia da votação do primeiro turno. Nos Estados Unidos, restam ainda quatro meses até a ida às urnas e o assunto dificilmente se manterá no mesmo patamar até lá.

Além disso, o estado de saúde de Bolsonaro era bastante mais grave do que o de Trump. O então candidato do PSL foi internado, sofreu intervenções cirúrgicas, precisou abdicar de toda a campanha e, debilitado, foi poupado por seus adversários. Também deixou de ir aos debates, ocasiões que eram esperança de desconstrução por parte de seus rivais. Trump, apesar do susto, deixou o palco em boas condições e poderá seguir sua campanha após alguns dias apesar da gravidade do ato praticado contra ele. O fato de ter deixado o palco erguendo o punho e dizendo que lutará só reforça isso. Leia a coluna completa.

O atentado cometido contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca, tende a dominar as atenções na disputa eleitoral nos Estados Unidos. O episódio ocorreu em Butler, na Pensilvânia, quando um atirador abriu fogo contra o palco, atingindo Trump na orelha, matando um espectador e ferindo outros dois. Thomas Matthew Crooks teria agido sozinho e foi morto pelo Serviço Secreto após efetuar os disparos. Ao deixar o palco, com o rosto ensanguentado, Trump ergueu o punho e tentou mostrar força para a disputa de novembro. O ataque acontece a dias da convenção republicana que confirmará o nome dele como candidato, marcada para esta semana em Wisconsin.

A análise geral é de que o caso tende a dificultar a tarefa dos democratas, que já enfrentavam dificuldades por conta dos questionamentos sobre as condições de saúde do presidente Joe Biden. Há dúvidas, porém, sobre quais serão as estratégias utilizadas pelos dois candidatos de agora em diante, com o fato novo da corrida eleitoral.

Atentado a Trump tem potencial de mexer com a eleição norte-americana, cuja ida às urnas acontece em novembro Foto: Rebecca Droke/AFP

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Lourival Sant’Anna: Atentado contra Trump é combustível para papel de vítima e herói que ex-presidente adota desde 2020

O atentado contra Donald Trump representa um impulso formidável para a jornada do ex-presidente de volta à Casa Branca. A tentativa de assassinato de um dos principais candidatos a presidente dos Estados Unidos a menos de quatro meses das eleições reforça também a percepção de desfuncionalidade da democracia americana, fartamente utilizada pelos adversários do país.

Do ponto de vista eleitoral, não é uma mudança de rumo: é um combustível potente e inesperado para o papel de vítima e de herói que Trump já havia adotado desde a campanha de 2020, que coincidiu com a pandemia de covid.

O ataque, cuja autenticidade e gravidade são inquestionáveis, dá materialidade à ideia de uma conspiração nacional e internacional para impedir que o bilionário empresário salve os americanos da esquerda, do establishment e da China, e “faça a América grande de novo”. Leia a coluna completa.

Diogo Schelp: Com atentado frustrado e fragilização de Biden, só um milagre tira eleição de Trump

O poder eleitoral da martirização é inegável. Jair Bolsonaro sobreviveu a um grave atentado a faca em 2018 e isso contribuiu para sua vitória eleitoral por pelo menos três motivos. Primeiro, porque serviu à narrativa de que ele enfrentava interesses obscuros e poderosos e estava disposto a se sacrificar por essa luta. Segundo, por colocá-lo no centro das atenções da campanha. Terceiro, por eximí-lo da obrigação de participar de debates. Os dois últimos pontos não se aplicam ao americano Donald Trump, que escapou por um triz de ser assassinado durante um comício eleitoral no sábado (13). Mas o primeiro, o da martirização, tem tudo para ser decisivo para a volta do ex-presidente à Casa Branca.

O atentado frustrado contra Trump, no contexto do bipartidarismo americano, obviamente não vai fazer com que eleitores democratas se sensibilizem e mudem de voto em massa. Mas a imagem do republicano com o rosto ensanguentado e com o punho erguido, impassível e desafiador, pode ter impacto sobre um elemento fundamental e muitas vezes esquecido no processo eleitoral americano: a taxa de comparecimento nas urnas.

Há dúvidas sobre como os democratas vão lidar com um adversário vítima de violência política Foto: Susan Walsh/AP Photo

Nos Estados Unidos, ao contrário do Brasil, o voto não é obrigatório. Com isso, enquanto por aqui cerca de 80% dos eleitores aparecem para votar, nas eleições presidenciais americanas a taxa de comparecimento fica em torno de 60%, uma das mais baixas em países democráticos. Uma menor abstenção beneficia de forma diferente candidatos democratas e republicanos. Tudo depende de quem decide votar. Leia a coluna completa.

Fábio Alves: O tiro em Trump atinge a estratégia dos Democratas

A reação de vários analistas e investidores ao longo do fim de semana, após a notícia da tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump foi a de que, entre outras afirmações, o ataque praticamente consolidou a vitória do candidato republicano à eleição presidencial americana em novembro. Sem falar na disparada na probabilidade da vitória de Trump nas casas de apostas.

É prematuro achar que a eleição já está ganha. É natural haver um aumento de apoio em momentos tão dramáticos como esse. Mas até novembro, parece que há ainda uma eternidade, diante do que já aconteceu na campanha eleitoral tanto de Trump quanto de Joe Biden nas últimas semanas.

Que o ataque consolida a base de apoio de Trump ninguém duvida.

Que a postura de Trump logo após o disparo dos tiros, com ele de punho em riste, gritando “fight, fight” (“lute, lute”) para uma multidão enlouquecida, somente reforçou a postura de força dele ante a imagem de fraqueza física e mental de Biden, especialmente após aquele desastroso debate.

Mas o que realmente interessa neste momento é como o atentado a Trump no fim de semana vai alterar a estratégia de campanha dos democratas. Leia a coluna completa.

Ricardo Corrêa: Ataque a Trump tem cenário diferente do de Bolsonaro em 2018 e é cedo para conclusões sobre eleição

É bastante cedo para a conclusão taxativa de que o ataque a Donald Trump em um comício na Pensilvânia tende a gerar a mesma consequência do atentado contra Jair Bolsonaro (PL) no Brasil em 2018. É fato que a situação traz um novo desafio aos democratas de como lidar com um adversário apresentado como vítima da violência política. Porém, por diversos aspectos, o cenário eleitoral é bastante diferente daquele experimentado no Brasil, o que torna impossível, já imediatamente, decretar que Trump está eleito. Ele já era favorito, continua favorito, talvez um pouco mais no cenário imediato, mas a eleição ainda não acabou.

O ex-presidente Donald Trump após sofrer o atentado na Pensilvânia (à esquerda) e o ex-presidente Jair Bolsonaro após ser esfaqueado em Juiz de Fora (à direita) Foto: Gene J. Puskar/AFP e Fabio Motta/Estadão

Um primeiro ponto fundamental que difere os dois cenários é o tempo até a eleição. Quando Bolsonaro foi alvo de uma facada na rua Halfeld, em Juiz de Fora, em 6 de setembro de 2018, restava um mês para as eleições daquele ano. A pauta do atentado rendeu por semanas, alcançando o dia da votação do primeiro turno. Nos Estados Unidos, restam ainda quatro meses até a ida às urnas e o assunto dificilmente se manterá no mesmo patamar até lá.

Além disso, o estado de saúde de Bolsonaro era bastante mais grave do que o de Trump. O então candidato do PSL foi internado, sofreu intervenções cirúrgicas, precisou abdicar de toda a campanha e, debilitado, foi poupado por seus adversários. Também deixou de ir aos debates, ocasiões que eram esperança de desconstrução por parte de seus rivais. Trump, apesar do susto, deixou o palco em boas condições e poderá seguir sua campanha após alguns dias apesar da gravidade do ato praticado contra ele. O fato de ter deixado o palco erguendo o punho e dizendo que lutará só reforça isso. Leia a coluna completa.

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