O autor do maior massacre a tiros da história dos EUA planejou sua ação de maneira meticulosa e adotou medidas para que ela tivesse o efeito mais destruidor possível. Pelo menos um de seus fuzis semiautomáticos foi transformado em metralhadora com o uso de acessório que acelera a velocidade dos tiros.
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Fora de sua suíte no 32.º andar de um hotel de Las Vegas, ele instalou câmeras para monitorar a ação da polícia. Antes que pudesse ser preso, Stephen Paddock se suicidou. Foi encontrado um arsenal de 47 fuzis e revólveres no seu quarto de hotel, em sua casa em Mesquite e numa segunda residência em Reno. Todas as armas foram adquiridas de maneira legal, em quatro diferentes Estados americanos, ao longo de 20 anos.
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Dois dias depois do ataque, a polícia ainda não havia determinado as razões que levaram o aposentado de 64 anos a abrir fogo contra uma multidão de 22 mil pessoas reunidas em um festival de música country. Hoje, autoridades envolvidas na investigação revelaram que Paddock enviou US$ 100 mil para uma conta nas Filipinas, país de nascimento de sua namorada, Marilou Danley.
Na quinta-feira, o atirador se hospedou no hotel Mandalay Bay, em Las Vegas, de onde executou o ataque. No dia anterior, Danley havia embarcado para Hong Kong. Cidadã australiana, ela vivia com Paddock em um condomínio a 130 km de Las Vegas. O aposentado tinha uma situação financeira confortável, era dono de vários imóveis e jogava com frequência.
“Danley é uma pessoa de interesse para a investigação”, disse hoje o xerife do Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas, Joseph Lombardo. Sua chegada aos EUA é esperada para amanhã, quando deverá ser interrogada. O FBI afirmou que não há nenhuma indicação de vínculo de Paddock com grupos terroristas internacionais. “(O ataque) foi planejado de maneira extensiva e estou seguro que ele avaliou tudo o que fez em suas ações, o que é perturbador”, afirmou o xerife.
“O atirador usou armas de grosso calibre, o que potencializou o impacto dos disparos”, disse o chefe do setor de cirurgia do trauma do Hospital da Universidade de Las Vegas, Douglas Fraser. “Nós vemos ferimentos a bala todos os dias aqui, mas os ferimentos (de domingo) eram diferentes. Ferimentos associados a um calibre tão grande são devastadores”, observou Fraser, que atende aos feridos.
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O dispositivo que potencializa o efeito das armas semiautomáticas pode ser comprado sem restrições nos EUA por cerca de US$ 100. Rifles semiautomáticas exigem que o atirador aperte o gatilho repetidamente. Mas o chamado “bump-stock” modifica o gatilho e permite que vários tiros sejam disparados com apenas um movimento. Em razão do seu potencial destruidor, a venda de metralhadoras é estritamente regulada no país.
As vítimas do ataque a tiros em Las Vegas
Paddock usou martelos para abrir buracos em duas janelas de sua suíte, diante das quais posicionou rifles sustentados por tripés. De lá, com a ajuda de miras telescópicas, atirou de maneira indiscriminada na multidão, que estava a 500 metros de distância. Sem saber de onde os disparos vinham, muitos se atiraram no chão, o que os transformaram em alvos ainda mais expostos. Todo o ataque durou nove minutos e deixou 59 mortos e 527 feridos.
Os disparos sucessivos encheram o quarto de Paddock de fumaça, o que disparou o alarme de incêndio e ajudou a polícia a localizá-lo. Apesar de ele ter 23 armas e munição em 10 malas, nenhum funcionário do hotel considerou o comportamento do atirador suspeito.
Com exceção de luminosos que pediam doação de sangue, havia poucos sinais da tragédia na área turística de Las Vegas, onde estão concentrados os cassinos e hotéis com dezenas de milhares de quartos. No ano passado, a cidade recebeu 42 milhões de visitantes.
O impacto da tragédia foi sentido fora da área turística. Na região norte da cidade, que concentra alguns dos principais hospitais, a população se mobilizou para doar sangue, alimentos, água e conforto para os que enfrentavam a tragédia. O número de pessoas que compareceu aos bancos de sangue, na segunda-feira, foi tão grande que supriu a necessidade imediata dos centros de saúde.
Solidariedade
Funcionário de uma companhia de serviços médicos, Gilbert Quintal participava de um esforço coletivo de apoio a familiares de vítimas e doadores de sangue que iam ao Hospital da Universidade de Las Vegas, para onde foram enviadas 104 vítimas do ataque de domingo.
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Stephen Craig Paddock, o americano que matou dezenas de pessoas em Las Vegas, era um aposentado de 64 anos que morava perto de um tranquilo campo de golfe perto da capital do jogo, onde gostava de ir para apostar.
“Todos nós fomos afetados pela tragédia e é bom ser capaz de fazer algo pela comunidade”, disse Quintal, que coordenava os trabalhos em um local que oferecia água, café, bolos e apoio aos que iam ao hospital. A poucos metros, Aaliysh Ouzts, de 19 anos, aguardava para doar sangue – procedimento que passou a ser feito com hora marcada a partir de ontem.
Funcionária de um restaurante, ela disse que ainda tinha um sentimento de incredulidade em relação ao que ocorreu. “Como alguém pode fazer isso e atacar pessoas inocentes e indefesas?”, questionou. “Isso aconteceu muito perto de mim e quero fazer o que puder para ajudar.”
O presidente Donald Trump disse hoje que não sabe se Paddock estava ligado ao Estado Islâmico como reivindicou o grupo terrorista. Questionado por um repórter a bordo da Air Force One, na volta de sua viagem a Porto Rico, se ele acreditava que o atirador era um “soldado jihadista”, Trump foi seco. “Não tenho ideia.”