Atos para lembrar 108 anos do genocídio armênio têm tom político após guerra em Nagorno-Karabakh


Ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na capital teve até queima de bandeiras

Por Fernanda Simas
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL A EREVAN - A guerra de 44 dias entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e o sequente bloqueio que o governo azeri impõe à região de Nagorno-Karabakh impactaram o início dos atos pelo Dia da Memória do Genocídio Armênio na capital, Erevan. A marcha desta segunda-feira, 24, que lembrava os 1,5 milhão de armênios mortos no Império Turco-Otomano entre 1915 e 1923, contrastou com o discurso inflamado e a queima das bandeiras de Turquia e Azerbaijão um dia antes.

No domingo, o ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na Praça da República reuniu centenas de pessoas a partir das 19 horas e se transformou em uma manifestação política. Mulheres, crianças, jovens - muitos com as bandeiras da Armênia - se reuniram e presenciaram um discurso inflamado contra a Turquia e o Azerbaijão, mas também contra o atual primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.

Nesta segunda-feira, feriado no país, a manhã foi marcada pela caminhada de milhares de pessoas das ruas de Erevan até o memorial do genocídio, onde flores foram depositadas ao lado da “chama eterna”, que representa os armênios mortos. Homens, mulheres, crianças, soldados e policiais se juntavam e caminhavam carregando bandeiras da Armênia ou de alguma organização. Assírios, iranianos e representantes do Curdistão também se juntaram à marcha.

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Pessoas caminham até o memorial do genocídio em marcha pelos 108 anos do massacre Foto: Fernanda Simas/Estadão

Em silêncio, todos se dirigiam ao memorial. Cartazes com os dizeres “negar o genocídio resulta em novos genocídios” eram carregados perto da chama.

“A marcha até o monumento em memória as vítimas do genocídio é o símbolo da resistência e do espírito do povo armênio. Descendentes de armênios do mundo inteiro vão até Erevan para prestar homenagem aos seus antepassados e, especialmente neste ano, mostrar aos governos da Turquia e do Azerbaijão que a diáspora está unida contra a nova tentativa de genocídio em Artsakh”, afirma Rafael Balukian, presidente da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil, se referindo ao bloqueio em Nagorno-Karabakh.

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Após depositarem as flores no local, as pessoas davam a volta e a massa de manifestantes se dispersava pelas ruas fechadas aos veículos. “O genocídio é parte da identidade do povo armênio. Aqui tentamos mostrar a história do que aconteceu e porque aconteceu”, afirma o diretor do museu do genocídio, Harutyun Marutyan.

Oposição articula atos

O partido Federação Revolucionária da Armênia, que realizou o ato da noite de domingo, também abordou o sentimento de continuidade do genocídio que os armênios têm, principalmente depois de 2020, mas também afirmou que o atual governo era “traidor” e estava “atuando em conjunto com (o presidente da Turquia, Recep Tayyip) Erdogan”.

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Em diversos momentos, quando o líder do partido gritava “força” e discursava contra o atual governo, os manifestantes que estavam ali não seguiam o coro. Uma ou outra pessoa repetia os gestos do braço empunhado para cima.

O tom do ato surpreendeu muitos armênios no local. “Eu não esperava por isso, não concordo com a queima de bandeiras”, disse a estudante Natalia.

O chefe da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, lidera um serviço religioso no Memorial do Genocídio Armênio Tsitsernakaberd em Erevan Foto: KAREN MINASYAN / AFP
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Rafael Balukian condenou o ato. “O governo da Armênia declarou que condena os atos de vandalismo, assim como a Ugab Brasil, que é a favor da diplomacia e nunca incentivou este tipo de atitude.”

Antes das tochas serem acesas, um desfile com as bandeiras dos 31 países que reconhecem formalmente o genocídio armênio passou pela praça. O Brasil não reconhece formalmente o genocídio.

Embora não traga consequências legais, a designação dada por alguns países incomoda Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto argumenta que estava em uma guerra civil que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.

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Em seguida, as bandeiras da Turquia e do Azerbaijão foram queimadas, as tochas acesas e uma marcha começou em direção ao memorial do genocídio.

Entenda o que foi o genocídio armênio

Nesta segunda-feira, o massacre de armênios praticado pelo Império Otomano durante a 1ª Guerra, descrito pela maioria dos historiadores como genocídio, completa 108 anos. Segundo autoridades armênias, 1,5 milhão da população de 2,5 milhões foram mortos entre 1915 e 1923, sendo 1,2 milhão apenas entre 1915 e 1916.

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Bandeiras de países que reconhecem o genocídio armênio  Foto: Fernanda Simas/Estadão

O advogado polonês Raphael Lemkin (1900 - 1959) desenvolveu o conceito de genocídio como crime dentro do direito internacional com base, em parte, no que aconteceu aos armênios e, em parte, no holocausto de judeus, na 2ª. Guerra.

Em 2021, o presidente americano Joe Biden fez uma declaração reconhecendo o genocídio armênio.

* A repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil

ENVIADA ESPECIAL A EREVAN - A guerra de 44 dias entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e o sequente bloqueio que o governo azeri impõe à região de Nagorno-Karabakh impactaram o início dos atos pelo Dia da Memória do Genocídio Armênio na capital, Erevan. A marcha desta segunda-feira, 24, que lembrava os 1,5 milhão de armênios mortos no Império Turco-Otomano entre 1915 e 1923, contrastou com o discurso inflamado e a queima das bandeiras de Turquia e Azerbaijão um dia antes.

No domingo, o ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na Praça da República reuniu centenas de pessoas a partir das 19 horas e se transformou em uma manifestação política. Mulheres, crianças, jovens - muitos com as bandeiras da Armênia - se reuniram e presenciaram um discurso inflamado contra a Turquia e o Azerbaijão, mas também contra o atual primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.

Nesta segunda-feira, feriado no país, a manhã foi marcada pela caminhada de milhares de pessoas das ruas de Erevan até o memorial do genocídio, onde flores foram depositadas ao lado da “chama eterna”, que representa os armênios mortos. Homens, mulheres, crianças, soldados e policiais se juntavam e caminhavam carregando bandeiras da Armênia ou de alguma organização. Assírios, iranianos e representantes do Curdistão também se juntaram à marcha.

Pessoas caminham até o memorial do genocídio em marcha pelos 108 anos do massacre Foto: Fernanda Simas/Estadão

Em silêncio, todos se dirigiam ao memorial. Cartazes com os dizeres “negar o genocídio resulta em novos genocídios” eram carregados perto da chama.

“A marcha até o monumento em memória as vítimas do genocídio é o símbolo da resistência e do espírito do povo armênio. Descendentes de armênios do mundo inteiro vão até Erevan para prestar homenagem aos seus antepassados e, especialmente neste ano, mostrar aos governos da Turquia e do Azerbaijão que a diáspora está unida contra a nova tentativa de genocídio em Artsakh”, afirma Rafael Balukian, presidente da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil, se referindo ao bloqueio em Nagorno-Karabakh.

Após depositarem as flores no local, as pessoas davam a volta e a massa de manifestantes se dispersava pelas ruas fechadas aos veículos. “O genocídio é parte da identidade do povo armênio. Aqui tentamos mostrar a história do que aconteceu e porque aconteceu”, afirma o diretor do museu do genocídio, Harutyun Marutyan.

Oposição articula atos

O partido Federação Revolucionária da Armênia, que realizou o ato da noite de domingo, também abordou o sentimento de continuidade do genocídio que os armênios têm, principalmente depois de 2020, mas também afirmou que o atual governo era “traidor” e estava “atuando em conjunto com (o presidente da Turquia, Recep Tayyip) Erdogan”.

Em diversos momentos, quando o líder do partido gritava “força” e discursava contra o atual governo, os manifestantes que estavam ali não seguiam o coro. Uma ou outra pessoa repetia os gestos do braço empunhado para cima.

O tom do ato surpreendeu muitos armênios no local. “Eu não esperava por isso, não concordo com a queima de bandeiras”, disse a estudante Natalia.

O chefe da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, lidera um serviço religioso no Memorial do Genocídio Armênio Tsitsernakaberd em Erevan Foto: KAREN MINASYAN / AFP

Rafael Balukian condenou o ato. “O governo da Armênia declarou que condena os atos de vandalismo, assim como a Ugab Brasil, que é a favor da diplomacia e nunca incentivou este tipo de atitude.”

Antes das tochas serem acesas, um desfile com as bandeiras dos 31 países que reconhecem formalmente o genocídio armênio passou pela praça. O Brasil não reconhece formalmente o genocídio.

Embora não traga consequências legais, a designação dada por alguns países incomoda Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto argumenta que estava em uma guerra civil que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.

Em seguida, as bandeiras da Turquia e do Azerbaijão foram queimadas, as tochas acesas e uma marcha começou em direção ao memorial do genocídio.

Entenda o que foi o genocídio armênio

Nesta segunda-feira, o massacre de armênios praticado pelo Império Otomano durante a 1ª Guerra, descrito pela maioria dos historiadores como genocídio, completa 108 anos. Segundo autoridades armênias, 1,5 milhão da população de 2,5 milhões foram mortos entre 1915 e 1923, sendo 1,2 milhão apenas entre 1915 e 1916.

Bandeiras de países que reconhecem o genocídio armênio  Foto: Fernanda Simas/Estadão

O advogado polonês Raphael Lemkin (1900 - 1959) desenvolveu o conceito de genocídio como crime dentro do direito internacional com base, em parte, no que aconteceu aos armênios e, em parte, no holocausto de judeus, na 2ª. Guerra.

Em 2021, o presidente americano Joe Biden fez uma declaração reconhecendo o genocídio armênio.

* A repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil

ENVIADA ESPECIAL A EREVAN - A guerra de 44 dias entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e o sequente bloqueio que o governo azeri impõe à região de Nagorno-Karabakh impactaram o início dos atos pelo Dia da Memória do Genocídio Armênio na capital, Erevan. A marcha desta segunda-feira, 24, que lembrava os 1,5 milhão de armênios mortos no Império Turco-Otomano entre 1915 e 1923, contrastou com o discurso inflamado e a queima das bandeiras de Turquia e Azerbaijão um dia antes.

No domingo, o ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na Praça da República reuniu centenas de pessoas a partir das 19 horas e se transformou em uma manifestação política. Mulheres, crianças, jovens - muitos com as bandeiras da Armênia - se reuniram e presenciaram um discurso inflamado contra a Turquia e o Azerbaijão, mas também contra o atual primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.

Nesta segunda-feira, feriado no país, a manhã foi marcada pela caminhada de milhares de pessoas das ruas de Erevan até o memorial do genocídio, onde flores foram depositadas ao lado da “chama eterna”, que representa os armênios mortos. Homens, mulheres, crianças, soldados e policiais se juntavam e caminhavam carregando bandeiras da Armênia ou de alguma organização. Assírios, iranianos e representantes do Curdistão também se juntaram à marcha.

Pessoas caminham até o memorial do genocídio em marcha pelos 108 anos do massacre Foto: Fernanda Simas/Estadão

Em silêncio, todos se dirigiam ao memorial. Cartazes com os dizeres “negar o genocídio resulta em novos genocídios” eram carregados perto da chama.

“A marcha até o monumento em memória as vítimas do genocídio é o símbolo da resistência e do espírito do povo armênio. Descendentes de armênios do mundo inteiro vão até Erevan para prestar homenagem aos seus antepassados e, especialmente neste ano, mostrar aos governos da Turquia e do Azerbaijão que a diáspora está unida contra a nova tentativa de genocídio em Artsakh”, afirma Rafael Balukian, presidente da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil, se referindo ao bloqueio em Nagorno-Karabakh.

Após depositarem as flores no local, as pessoas davam a volta e a massa de manifestantes se dispersava pelas ruas fechadas aos veículos. “O genocídio é parte da identidade do povo armênio. Aqui tentamos mostrar a história do que aconteceu e porque aconteceu”, afirma o diretor do museu do genocídio, Harutyun Marutyan.

Oposição articula atos

O partido Federação Revolucionária da Armênia, que realizou o ato da noite de domingo, também abordou o sentimento de continuidade do genocídio que os armênios têm, principalmente depois de 2020, mas também afirmou que o atual governo era “traidor” e estava “atuando em conjunto com (o presidente da Turquia, Recep Tayyip) Erdogan”.

Em diversos momentos, quando o líder do partido gritava “força” e discursava contra o atual governo, os manifestantes que estavam ali não seguiam o coro. Uma ou outra pessoa repetia os gestos do braço empunhado para cima.

O tom do ato surpreendeu muitos armênios no local. “Eu não esperava por isso, não concordo com a queima de bandeiras”, disse a estudante Natalia.

O chefe da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, lidera um serviço religioso no Memorial do Genocídio Armênio Tsitsernakaberd em Erevan Foto: KAREN MINASYAN / AFP

Rafael Balukian condenou o ato. “O governo da Armênia declarou que condena os atos de vandalismo, assim como a Ugab Brasil, que é a favor da diplomacia e nunca incentivou este tipo de atitude.”

Antes das tochas serem acesas, um desfile com as bandeiras dos 31 países que reconhecem formalmente o genocídio armênio passou pela praça. O Brasil não reconhece formalmente o genocídio.

Embora não traga consequências legais, a designação dada por alguns países incomoda Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto argumenta que estava em uma guerra civil que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.

Em seguida, as bandeiras da Turquia e do Azerbaijão foram queimadas, as tochas acesas e uma marcha começou em direção ao memorial do genocídio.

Entenda o que foi o genocídio armênio

Nesta segunda-feira, o massacre de armênios praticado pelo Império Otomano durante a 1ª Guerra, descrito pela maioria dos historiadores como genocídio, completa 108 anos. Segundo autoridades armênias, 1,5 milhão da população de 2,5 milhões foram mortos entre 1915 e 1923, sendo 1,2 milhão apenas entre 1915 e 1916.

Bandeiras de países que reconhecem o genocídio armênio  Foto: Fernanda Simas/Estadão

O advogado polonês Raphael Lemkin (1900 - 1959) desenvolveu o conceito de genocídio como crime dentro do direito internacional com base, em parte, no que aconteceu aos armênios e, em parte, no holocausto de judeus, na 2ª. Guerra.

Em 2021, o presidente americano Joe Biden fez uma declaração reconhecendo o genocídio armênio.

* A repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil

ENVIADA ESPECIAL A EREVAN - A guerra de 44 dias entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e o sequente bloqueio que o governo azeri impõe à região de Nagorno-Karabakh impactaram o início dos atos pelo Dia da Memória do Genocídio Armênio na capital, Erevan. A marcha desta segunda-feira, 24, que lembrava os 1,5 milhão de armênios mortos no Império Turco-Otomano entre 1915 e 1923, contrastou com o discurso inflamado e a queima das bandeiras de Turquia e Azerbaijão um dia antes.

No domingo, o ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na Praça da República reuniu centenas de pessoas a partir das 19 horas e se transformou em uma manifestação política. Mulheres, crianças, jovens - muitos com as bandeiras da Armênia - se reuniram e presenciaram um discurso inflamado contra a Turquia e o Azerbaijão, mas também contra o atual primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.

Nesta segunda-feira, feriado no país, a manhã foi marcada pela caminhada de milhares de pessoas das ruas de Erevan até o memorial do genocídio, onde flores foram depositadas ao lado da “chama eterna”, que representa os armênios mortos. Homens, mulheres, crianças, soldados e policiais se juntavam e caminhavam carregando bandeiras da Armênia ou de alguma organização. Assírios, iranianos e representantes do Curdistão também se juntaram à marcha.

Pessoas caminham até o memorial do genocídio em marcha pelos 108 anos do massacre Foto: Fernanda Simas/Estadão

Em silêncio, todos se dirigiam ao memorial. Cartazes com os dizeres “negar o genocídio resulta em novos genocídios” eram carregados perto da chama.

“A marcha até o monumento em memória as vítimas do genocídio é o símbolo da resistência e do espírito do povo armênio. Descendentes de armênios do mundo inteiro vão até Erevan para prestar homenagem aos seus antepassados e, especialmente neste ano, mostrar aos governos da Turquia e do Azerbaijão que a diáspora está unida contra a nova tentativa de genocídio em Artsakh”, afirma Rafael Balukian, presidente da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil, se referindo ao bloqueio em Nagorno-Karabakh.

Após depositarem as flores no local, as pessoas davam a volta e a massa de manifestantes se dispersava pelas ruas fechadas aos veículos. “O genocídio é parte da identidade do povo armênio. Aqui tentamos mostrar a história do que aconteceu e porque aconteceu”, afirma o diretor do museu do genocídio, Harutyun Marutyan.

Oposição articula atos

O partido Federação Revolucionária da Armênia, que realizou o ato da noite de domingo, também abordou o sentimento de continuidade do genocídio que os armênios têm, principalmente depois de 2020, mas também afirmou que o atual governo era “traidor” e estava “atuando em conjunto com (o presidente da Turquia, Recep Tayyip) Erdogan”.

Em diversos momentos, quando o líder do partido gritava “força” e discursava contra o atual governo, os manifestantes que estavam ali não seguiam o coro. Uma ou outra pessoa repetia os gestos do braço empunhado para cima.

O tom do ato surpreendeu muitos armênios no local. “Eu não esperava por isso, não concordo com a queima de bandeiras”, disse a estudante Natalia.

O chefe da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, lidera um serviço religioso no Memorial do Genocídio Armênio Tsitsernakaberd em Erevan Foto: KAREN MINASYAN / AFP

Rafael Balukian condenou o ato. “O governo da Armênia declarou que condena os atos de vandalismo, assim como a Ugab Brasil, que é a favor da diplomacia e nunca incentivou este tipo de atitude.”

Antes das tochas serem acesas, um desfile com as bandeiras dos 31 países que reconhecem formalmente o genocídio armênio passou pela praça. O Brasil não reconhece formalmente o genocídio.

Embora não traga consequências legais, a designação dada por alguns países incomoda Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto argumenta que estava em uma guerra civil que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.

Em seguida, as bandeiras da Turquia e do Azerbaijão foram queimadas, as tochas acesas e uma marcha começou em direção ao memorial do genocídio.

Entenda o que foi o genocídio armênio

Nesta segunda-feira, o massacre de armênios praticado pelo Império Otomano durante a 1ª Guerra, descrito pela maioria dos historiadores como genocídio, completa 108 anos. Segundo autoridades armênias, 1,5 milhão da população de 2,5 milhões foram mortos entre 1915 e 1923, sendo 1,2 milhão apenas entre 1915 e 1916.

Bandeiras de países que reconhecem o genocídio armênio  Foto: Fernanda Simas/Estadão

O advogado polonês Raphael Lemkin (1900 - 1959) desenvolveu o conceito de genocídio como crime dentro do direito internacional com base, em parte, no que aconteceu aos armênios e, em parte, no holocausto de judeus, na 2ª. Guerra.

Em 2021, o presidente americano Joe Biden fez uma declaração reconhecendo o genocídio armênio.

* A repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil

ENVIADA ESPECIAL A EREVAN - A guerra de 44 dias entre Azerbaijão e Armênia em 2020 e o sequente bloqueio que o governo azeri impõe à região de Nagorno-Karabakh impactaram o início dos atos pelo Dia da Memória do Genocídio Armênio na capital, Erevan. A marcha desta segunda-feira, 24, que lembrava os 1,5 milhão de armênios mortos no Império Turco-Otomano entre 1915 e 1923, contrastou com o discurso inflamado e a queima das bandeiras de Turquia e Azerbaijão um dia antes.

No domingo, o ato convocado pelo partido nacionalista Federação Revolucionária da Armênia na Praça da República reuniu centenas de pessoas a partir das 19 horas e se transformou em uma manifestação política. Mulheres, crianças, jovens - muitos com as bandeiras da Armênia - se reuniram e presenciaram um discurso inflamado contra a Turquia e o Azerbaijão, mas também contra o atual primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.

Nesta segunda-feira, feriado no país, a manhã foi marcada pela caminhada de milhares de pessoas das ruas de Erevan até o memorial do genocídio, onde flores foram depositadas ao lado da “chama eterna”, que representa os armênios mortos. Homens, mulheres, crianças, soldados e policiais se juntavam e caminhavam carregando bandeiras da Armênia ou de alguma organização. Assírios, iranianos e representantes do Curdistão também se juntaram à marcha.

Pessoas caminham até o memorial do genocídio em marcha pelos 108 anos do massacre Foto: Fernanda Simas/Estadão

Em silêncio, todos se dirigiam ao memorial. Cartazes com os dizeres “negar o genocídio resulta em novos genocídios” eram carregados perto da chama.

“A marcha até o monumento em memória as vítimas do genocídio é o símbolo da resistência e do espírito do povo armênio. Descendentes de armênios do mundo inteiro vão até Erevan para prestar homenagem aos seus antepassados e, especialmente neste ano, mostrar aos governos da Turquia e do Azerbaijão que a diáspora está unida contra a nova tentativa de genocídio em Artsakh”, afirma Rafael Balukian, presidente da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil, se referindo ao bloqueio em Nagorno-Karabakh.

Após depositarem as flores no local, as pessoas davam a volta e a massa de manifestantes se dispersava pelas ruas fechadas aos veículos. “O genocídio é parte da identidade do povo armênio. Aqui tentamos mostrar a história do que aconteceu e porque aconteceu”, afirma o diretor do museu do genocídio, Harutyun Marutyan.

Oposição articula atos

O partido Federação Revolucionária da Armênia, que realizou o ato da noite de domingo, também abordou o sentimento de continuidade do genocídio que os armênios têm, principalmente depois de 2020, mas também afirmou que o atual governo era “traidor” e estava “atuando em conjunto com (o presidente da Turquia, Recep Tayyip) Erdogan”.

Em diversos momentos, quando o líder do partido gritava “força” e discursava contra o atual governo, os manifestantes que estavam ali não seguiam o coro. Uma ou outra pessoa repetia os gestos do braço empunhado para cima.

O tom do ato surpreendeu muitos armênios no local. “Eu não esperava por isso, não concordo com a queima de bandeiras”, disse a estudante Natalia.

O chefe da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, lidera um serviço religioso no Memorial do Genocídio Armênio Tsitsernakaberd em Erevan Foto: KAREN MINASYAN / AFP

Rafael Balukian condenou o ato. “O governo da Armênia declarou que condena os atos de vandalismo, assim como a Ugab Brasil, que é a favor da diplomacia e nunca incentivou este tipo de atitude.”

Antes das tochas serem acesas, um desfile com as bandeiras dos 31 países que reconhecem formalmente o genocídio armênio passou pela praça. O Brasil não reconhece formalmente o genocídio.

Embora não traga consequências legais, a designação dada por alguns países incomoda Ancara, que rejeita o termo “genocídio” e nega qualquer menção a extermínio, enquanto argumenta que estava em uma guerra civil que deixou centenas de milhares de mortos dos dois lados.

Em seguida, as bandeiras da Turquia e do Azerbaijão foram queimadas, as tochas acesas e uma marcha começou em direção ao memorial do genocídio.

Entenda o que foi o genocídio armênio

Nesta segunda-feira, o massacre de armênios praticado pelo Império Otomano durante a 1ª Guerra, descrito pela maioria dos historiadores como genocídio, completa 108 anos. Segundo autoridades armênias, 1,5 milhão da população de 2,5 milhões foram mortos entre 1915 e 1923, sendo 1,2 milhão apenas entre 1915 e 1916.

Bandeiras de países que reconhecem o genocídio armênio  Foto: Fernanda Simas/Estadão

O advogado polonês Raphael Lemkin (1900 - 1959) desenvolveu o conceito de genocídio como crime dentro do direito internacional com base, em parte, no que aconteceu aos armênios e, em parte, no holocausto de judeus, na 2ª. Guerra.

Em 2021, o presidente americano Joe Biden fez uma declaração reconhecendo o genocídio armênio.

* A repórter viajou a convite da União Geral Armênia de Beneficência do Brasil

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