Aumento da violência na região Sul amplia pressão por renúncia da presidente do Peru


Dina Boluarte assumiu em dezembro após a destituição de Castillo e vê em pouco mais de um mês de mandato uma cifra de 40 mortos em manifestações contra seu governo

Por Fernanda Simas

Há 35 dias no cargo, a presidente peruana, Dina Boluarte, enfrenta uma crise política, embates com o Congresso e assiste a manifestações diárias que pedem novas eleições. Até agora, são 40 mortos e o rápido aumento de violência pressiona a líder do Executivo a renunciar.

A única saída para a crise neste momento, segundo analistas, é a renúncia. Desde a deposição de Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de estado e acabou preso, os protestos no Peru não pararam. O Ministério Público abriu uma investigação por genocídio em razão do alto número de mortos nos protestos e as tentativas de antecipar as eleições fracassaram.

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“Mesmo tendo verbalizado que seu governo será de transição, a presidente parece não ter consciência disso e age como um governo regular, de cinco anos. O voto de confiança do Congresso é um exemplo disso. Ela parece não entender a sensibilidade para dimensionar o que está realmente acontecendo no país”, explica o analista político peruano José Carlos Requena.

Peru tem 40 mortos em um mês de protestos; em Juliarca, tentativa de tomar o aeroporto acabou em violência  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

No mesmo dia em que as manchetes dos jornais peruanos estampavam 17 mortos na região de Puno, no sul do país, em razão dos confrontos entre manifestantes e policiais, o MP abria a investigação contra Boluarte e seu governo pedia um voto de confiança ao Congresso para ter legitimidade.

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“O voto de confiança foi aprovado”, disse o presidente do Parlamento, José Williams, após a votação que rendeu 73 votos a favor, 43 contra e seis abstenções. Em caso de rejeição, o gabinete deveria renunciar, mas a crise não diminuiu, pelo contrário.

A região sul do país continua vivendo bloqueios de estradas, paralisações, manifestações e confrontos. Mas a presidente Boluarte segue sem falar em renúncia. “Não acho que ela vá mudar de posição e isso a condena a uma instabilidade muito difícil de lidar”, afirma Requena.

O Sul e o apoio a Castillo

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Em Puno, atual epicentro dos protestos e na fronteira com a Bolívia, as demandas vão da renúncia de Boluarte à volta de Castillo. Na segunda-feira, milhares de manifestantes tomaram as ruas da região e os confrontos com a polícia começaram após um grupo deles tentar tomar o aeroporto na cidade de Juliarca.

Cenas de violência, saques e ataques a viaturas policiais marcaram o dia, que terminou com 18 mortos. As vítimas apresentavam no corpo impactos de projéteis e um policial foi queimado dentro de uma viatura. Na terça-feira, um toque de recolher de três meses entrou em vigor e vale para o período de 20h às 4h.

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A região vive uma greve há uma semana, com comércios fechados, e tem bloqueios em rodovias. Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas são outras regiões com piquetes nas estradas.

Nos últimos anos, o apoio a uma esquerda mais radical tem sido constante em Puno. É nessa região que Evo Morales - ex-presidente boliviano - convoca peruanos a participar de atos a favor de Castillo.

O temor agora é em razão do aumento de regiões onde ocorrem os protestos. As autoridades peruanas registraram manifestações ou paralisações em 31 províncias do país e 10 estradas nacionais afetadas. Na capital Lima, novos protestos foram convocados.

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“Tivemos um pico de violência, mas vemos que os protestos estão aumentando em termos geográficos. É preciso acompanhar as reações do governo. Se houver uma repressão que implique em mais perdas de vidas, a situação pode piorar muito”, diz Requena.

A Igreja Católica, religião da maioria dos peruanos, qualificou como “situação de guerra” o que está acontecendo no sul do país. Uma nova missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi enviada ao Peru nesta quarta-feira, 11, para investigar a resposta policial às manifestações.

Os Estados Unidos pediram, também nesta quarta-feira, “moderação” e a redução do uso da força contra as manifestações ao “mínimo”. Também apoiaram a abertura de uma investigação sobre a repressão que causou dezenas de mortes.

Há 35 dias no cargo, a presidente peruana, Dina Boluarte, enfrenta uma crise política, embates com o Congresso e assiste a manifestações diárias que pedem novas eleições. Até agora, são 40 mortos e o rápido aumento de violência pressiona a líder do Executivo a renunciar.

A única saída para a crise neste momento, segundo analistas, é a renúncia. Desde a deposição de Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de estado e acabou preso, os protestos no Peru não pararam. O Ministério Público abriu uma investigação por genocídio em razão do alto número de mortos nos protestos e as tentativas de antecipar as eleições fracassaram.

“Mesmo tendo verbalizado que seu governo será de transição, a presidente parece não ter consciência disso e age como um governo regular, de cinco anos. O voto de confiança do Congresso é um exemplo disso. Ela parece não entender a sensibilidade para dimensionar o que está realmente acontecendo no país”, explica o analista político peruano José Carlos Requena.

Peru tem 40 mortos em um mês de protestos; em Juliarca, tentativa de tomar o aeroporto acabou em violência  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

No mesmo dia em que as manchetes dos jornais peruanos estampavam 17 mortos na região de Puno, no sul do país, em razão dos confrontos entre manifestantes e policiais, o MP abria a investigação contra Boluarte e seu governo pedia um voto de confiança ao Congresso para ter legitimidade.

“O voto de confiança foi aprovado”, disse o presidente do Parlamento, José Williams, após a votação que rendeu 73 votos a favor, 43 contra e seis abstenções. Em caso de rejeição, o gabinete deveria renunciar, mas a crise não diminuiu, pelo contrário.

A região sul do país continua vivendo bloqueios de estradas, paralisações, manifestações e confrontos. Mas a presidente Boluarte segue sem falar em renúncia. “Não acho que ela vá mudar de posição e isso a condena a uma instabilidade muito difícil de lidar”, afirma Requena.

O Sul e o apoio a Castillo

Em Puno, atual epicentro dos protestos e na fronteira com a Bolívia, as demandas vão da renúncia de Boluarte à volta de Castillo. Na segunda-feira, milhares de manifestantes tomaram as ruas da região e os confrontos com a polícia começaram após um grupo deles tentar tomar o aeroporto na cidade de Juliarca.

Cenas de violência, saques e ataques a viaturas policiais marcaram o dia, que terminou com 18 mortos. As vítimas apresentavam no corpo impactos de projéteis e um policial foi queimado dentro de uma viatura. Na terça-feira, um toque de recolher de três meses entrou em vigor e vale para o período de 20h às 4h.

A região vive uma greve há uma semana, com comércios fechados, e tem bloqueios em rodovias. Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas são outras regiões com piquetes nas estradas.

Nos últimos anos, o apoio a uma esquerda mais radical tem sido constante em Puno. É nessa região que Evo Morales - ex-presidente boliviano - convoca peruanos a participar de atos a favor de Castillo.

O temor agora é em razão do aumento de regiões onde ocorrem os protestos. As autoridades peruanas registraram manifestações ou paralisações em 31 províncias do país e 10 estradas nacionais afetadas. Na capital Lima, novos protestos foram convocados.

“Tivemos um pico de violência, mas vemos que os protestos estão aumentando em termos geográficos. É preciso acompanhar as reações do governo. Se houver uma repressão que implique em mais perdas de vidas, a situação pode piorar muito”, diz Requena.

A Igreja Católica, religião da maioria dos peruanos, qualificou como “situação de guerra” o que está acontecendo no sul do país. Uma nova missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi enviada ao Peru nesta quarta-feira, 11, para investigar a resposta policial às manifestações.

Os Estados Unidos pediram, também nesta quarta-feira, “moderação” e a redução do uso da força contra as manifestações ao “mínimo”. Também apoiaram a abertura de uma investigação sobre a repressão que causou dezenas de mortes.

Há 35 dias no cargo, a presidente peruana, Dina Boluarte, enfrenta uma crise política, embates com o Congresso e assiste a manifestações diárias que pedem novas eleições. Até agora, são 40 mortos e o rápido aumento de violência pressiona a líder do Executivo a renunciar.

A única saída para a crise neste momento, segundo analistas, é a renúncia. Desde a deposição de Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de estado e acabou preso, os protestos no Peru não pararam. O Ministério Público abriu uma investigação por genocídio em razão do alto número de mortos nos protestos e as tentativas de antecipar as eleições fracassaram.

“Mesmo tendo verbalizado que seu governo será de transição, a presidente parece não ter consciência disso e age como um governo regular, de cinco anos. O voto de confiança do Congresso é um exemplo disso. Ela parece não entender a sensibilidade para dimensionar o que está realmente acontecendo no país”, explica o analista político peruano José Carlos Requena.

Peru tem 40 mortos em um mês de protestos; em Juliarca, tentativa de tomar o aeroporto acabou em violência  Foto: Juan Carlos CISNEROS / AFP

No mesmo dia em que as manchetes dos jornais peruanos estampavam 17 mortos na região de Puno, no sul do país, em razão dos confrontos entre manifestantes e policiais, o MP abria a investigação contra Boluarte e seu governo pedia um voto de confiança ao Congresso para ter legitimidade.

“O voto de confiança foi aprovado”, disse o presidente do Parlamento, José Williams, após a votação que rendeu 73 votos a favor, 43 contra e seis abstenções. Em caso de rejeição, o gabinete deveria renunciar, mas a crise não diminuiu, pelo contrário.

A região sul do país continua vivendo bloqueios de estradas, paralisações, manifestações e confrontos. Mas a presidente Boluarte segue sem falar em renúncia. “Não acho que ela vá mudar de posição e isso a condena a uma instabilidade muito difícil de lidar”, afirma Requena.

O Sul e o apoio a Castillo

Em Puno, atual epicentro dos protestos e na fronteira com a Bolívia, as demandas vão da renúncia de Boluarte à volta de Castillo. Na segunda-feira, milhares de manifestantes tomaram as ruas da região e os confrontos com a polícia começaram após um grupo deles tentar tomar o aeroporto na cidade de Juliarca.

Cenas de violência, saques e ataques a viaturas policiais marcaram o dia, que terminou com 18 mortos. As vítimas apresentavam no corpo impactos de projéteis e um policial foi queimado dentro de uma viatura. Na terça-feira, um toque de recolher de três meses entrou em vigor e vale para o período de 20h às 4h.

A região vive uma greve há uma semana, com comércios fechados, e tem bloqueios em rodovias. Cusco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas são outras regiões com piquetes nas estradas.

Nos últimos anos, o apoio a uma esquerda mais radical tem sido constante em Puno. É nessa região que Evo Morales - ex-presidente boliviano - convoca peruanos a participar de atos a favor de Castillo.

O temor agora é em razão do aumento de regiões onde ocorrem os protestos. As autoridades peruanas registraram manifestações ou paralisações em 31 províncias do país e 10 estradas nacionais afetadas. Na capital Lima, novos protestos foram convocados.

“Tivemos um pico de violência, mas vemos que os protestos estão aumentando em termos geográficos. É preciso acompanhar as reações do governo. Se houver uma repressão que implique em mais perdas de vidas, a situação pode piorar muito”, diz Requena.

A Igreja Católica, religião da maioria dos peruanos, qualificou como “situação de guerra” o que está acontecendo no sul do país. Uma nova missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) foi enviada ao Peru nesta quarta-feira, 11, para investigar a resposta policial às manifestações.

Os Estados Unidos pediram, também nesta quarta-feira, “moderação” e a redução do uso da força contra as manifestações ao “mínimo”. Também apoiaram a abertura de uma investigação sobre a repressão que causou dezenas de mortes.

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