Atualizado às 15h05
ISMAÍLIA, EGITO - Um avião russo com 224 pessoas a bordo caiu neste sábado, 31, na Península do Sinai, no Egito. Autoridades egípcias confirmaram a morte dos 217 passageiros e 7 tripulantes, de nacionalidades russa, ucraniana e bielo-russa. Moscou determinou a abertura de uma investigação criminal.
O Airbus A321-200 (voo 7K-9268) da companhia russa Kogalymavia saiu do balneário egípcio de Sharm el-Sheikh para a cidade russa de São Petersburgo, quando caiu em uma remota região montanhosa no centro da Península do Sinai logo após o amanhecer, disse o Ministério da Aviação egípcio.
As caixas-pretas do avião foram encontradas ainda hoje. O ministro de Aviação russo, Hussam Kamal, disse que era prematuro determinar as causas da queda, mas a imprensa local apontava que uma falha técnica na aeronave pode ter causado a tragédia.
Segundo um oficial egípcio, o piloto da aeronave havia reportado dificuldades técnicas mais cedo e planejava um pouso de emergência no aeroporto mais próximo antes de perder contato com o tráfego aéreo do Egito. O procurador-geral egípcio, Nabil Ahmed Sadek, ordenou a abertura de “uma ampla e urgente investigação” para esclarecer as causas do incidente.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou hoje um dia de luto nacional. O Comitê de Investigação da Rússia abriu um processo criminal contra a companhia aérea. A agência de notícias RIA informou que o processo foi aberto sob um artigo de regulação a respeito de “violação das regras de voos e preparações”. Um grupo de investigadores e especialistas criminais iria para o Egito e o primeiro-ministro egípcio, Sherif Ismail, foi até o local.
Membros das equipes egípcias de busca e resgate já haviam retirado 150 corpos, incluindo os de 5 crianças, em meio aos destroços. O diretor da autoridade egípcia da aviação civil, Mahmud al-Zeinati, disse à agência France-Presse que havia 17 crianças no voo.
Acidentes aéreos da última década
Uma autoridade de segurança que foi até o local e preferiu não se identificar afirmou à agência à Reuters que as equipes de busca ouviram vozes em uma seção da aeronave.
“Vejo uma cena trágica. Um monte de mortos no chão e muitos morreram ainda atados a seus assentos”, afirmou o oficial. “O avião foi dividido em dois, uma parte pequena na extremidade da cauda que queimou e uma parte maior que colidiu com uma rocha”, acrescentou.
O avião decolou às 5h51 do horário local e desapareceu dos radares 23 minutos depois, afirmou o Ministério da Aviação, em comunicado. A aeronave estava a uma altitude de 31 mil pés (9,4 mil metros) quando sumiu da tela dos radares.
Uma emissora russa mostrou imagens de parentes e amigos desesperados em busca de informações no aeroporto de Pulkovo, em São Petersburgo.
O A321 está em serviço desde 1994 e existem mais de 1,1 mil em operação no mundo, com um histórico de segurança considerado bom. É uma aeronave altamente automatizada que usa computadores para ajudar os pilotos a conduzi-la. A Airbus informou que não tinha informações independentes sobre a queda e se negou a comentar o acidente.
Insurgência. Uma milícia afiliada ao grupo radical Estado Islâmico no Egito afirmou em um comunicado divulgado nas redes sociais que foi a responsável por derrubar o avião com os passageiros russos.
O Sinai é local de insurgência de militantes que apoiam o Estado Islâmico. Os rebeldes mataram centenas de soldados e policiais egípcios e também atacaram alvos ocidentais nos últimos meses. Ao mesmo tempo, a Rússia lançou recentemente ataques aéreos contra grupos de oposição síria, incluindo o Estado Islâmico.
No entanto, as forças de segurança egípcias disseram não ver indícios imediatos de que o Airbus tenha sido abatido ou que tenha explodido.
Repercussão. Líderes lamentaram a tragédia no Egito. “Meus pensamentos e orações estão com as famílias e amigos das vítimas”, afirmou o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron. O secretário de Estado americano, John Kerry, também se pronunciou. “Obviamente as primeiras informações são de uma grande tragédia e enviamos nossas condolências para as famílias.” / REUTERS, EFE, AFP e AP