Balão espião da China mostra os riscos da espionagem pública entre os países; leia a coluna


Incidente dos balões mostra que é melhor quando o mundo da espionagem se mantém invisível

Por Lourival Sant'Anna

O episódio do balão reúne todos os ingredientes da disputa por hegemonia entre EUA e China: a assimetria entre as capacidades militares e tecnológicas dos dois países; o conflito entre o interesse de distensionar e o receio de ceder publicamente; a interferência perversa da demagogia.

O balão chinês foi derrubado no dia 4, depois de ter sido visto pela população americana. Essa visualização levou os republicanos a acusar o presidente Joe Biden de ser “mole com a China”. Americanos assistiram ao disparo do míssil pelo caça F-22 na costa da Carolina do Sul e vibraram: “Essa é a minha Força Aérea”.

O incidente levou o governo americano a suspender o encontro, previsto para aquele fim de semana, em Pequim, entre o secretário de Estado americano Antony Blinken e o responsável do Partido Comunista pelas Relações Exteriores, Wang Yi.

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Incidente do balão chinês acirrou relações entre EUA e China  Foto: Petty Officer 1st Class Tyler Thompson / US NAVY / AFP

Mais três equipamentos foram abatidos sobre Canadá e EUA. Em represália, a China anunciou que ia derrubar um objeto voador não identificado. A China pode não ser uma democracia, mas também se preocupa com o fervor patriótico dos cidadãos. O país afirmou ter detectado mais de dez balões americanos no último ano, o que o Pentágono negou.

Passado o calor da pressão interna, Biden declarou na quinta-feira que “até o momento, nada sugere” que os três equipamentos derrubados depois do balão pertenciam à China ou eram de espionagem. E acrescentou que planejava falar com o presidente Xi Jinping.

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De acordo com a Union of Concerned Scientists, os EUA detêm 154 satélites militares; a Rússia, 71 e a China, 63. Nos últimos anos, os balões se tornaram alternativa mais barata. Depois de rever imagens, o governo americano identificou dois balões chineses durante o governo Biden e três no de Donald Trump. O Japão afirma ter detectado três balões, muito provavelmente chineses. A Força Aérea colombiana flagrou um balão chinês no dia 6. A Costa Rica, também.

Histórico

Os países sempre se espionaram, e responderam com contraespionagem, embaralhando sinais. Destruir um equipamento é contraproducente e perigoso: pelo seu valor estratégico, uma sequência de represálias pode levar a um conflito sério.

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Incidentes como esse são raros. Em 1960, a União Soviética derrubou um avião de reconhecimento americano U-2, obrigando seu piloto a confessar na TV ser espião. Em abril de 2001, uma aeronave EP-3E de captação de sinais da Marinha americana se chocou com um caça chinês J-8II. O piloto chinês morreu. O avião americano fez pouso de emergência na China, e seus 24 tripulantes foram interrogados e liberados.

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Anúncio de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território dos Estados Unidos teve ampla repercussão em Washington

O avião só foi devolvido três meses mais tarde, após os chineses o desmontarem e estudarem sua eletrônica. Foi a primeira crise internacional do recém-empossado presidente George W. Bush.

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É melhor quando o mundo da espionagem se mantém invisível aos olhos do público.

* É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O episódio do balão reúne todos os ingredientes da disputa por hegemonia entre EUA e China: a assimetria entre as capacidades militares e tecnológicas dos dois países; o conflito entre o interesse de distensionar e o receio de ceder publicamente; a interferência perversa da demagogia.

O balão chinês foi derrubado no dia 4, depois de ter sido visto pela população americana. Essa visualização levou os republicanos a acusar o presidente Joe Biden de ser “mole com a China”. Americanos assistiram ao disparo do míssil pelo caça F-22 na costa da Carolina do Sul e vibraram: “Essa é a minha Força Aérea”.

O incidente levou o governo americano a suspender o encontro, previsto para aquele fim de semana, em Pequim, entre o secretário de Estado americano Antony Blinken e o responsável do Partido Comunista pelas Relações Exteriores, Wang Yi.

Incidente do balão chinês acirrou relações entre EUA e China  Foto: Petty Officer 1st Class Tyler Thompson / US NAVY / AFP

Mais três equipamentos foram abatidos sobre Canadá e EUA. Em represália, a China anunciou que ia derrubar um objeto voador não identificado. A China pode não ser uma democracia, mas também se preocupa com o fervor patriótico dos cidadãos. O país afirmou ter detectado mais de dez balões americanos no último ano, o que o Pentágono negou.

Passado o calor da pressão interna, Biden declarou na quinta-feira que “até o momento, nada sugere” que os três equipamentos derrubados depois do balão pertenciam à China ou eram de espionagem. E acrescentou que planejava falar com o presidente Xi Jinping.

De acordo com a Union of Concerned Scientists, os EUA detêm 154 satélites militares; a Rússia, 71 e a China, 63. Nos últimos anos, os balões se tornaram alternativa mais barata. Depois de rever imagens, o governo americano identificou dois balões chineses durante o governo Biden e três no de Donald Trump. O Japão afirma ter detectado três balões, muito provavelmente chineses. A Força Aérea colombiana flagrou um balão chinês no dia 6. A Costa Rica, também.

Histórico

Os países sempre se espionaram, e responderam com contraespionagem, embaralhando sinais. Destruir um equipamento é contraproducente e perigoso: pelo seu valor estratégico, uma sequência de represálias pode levar a um conflito sério.

Incidentes como esse são raros. Em 1960, a União Soviética derrubou um avião de reconhecimento americano U-2, obrigando seu piloto a confessar na TV ser espião. Em abril de 2001, uma aeronave EP-3E de captação de sinais da Marinha americana se chocou com um caça chinês J-8II. O piloto chinês morreu. O avião americano fez pouso de emergência na China, e seus 24 tripulantes foram interrogados e liberados.

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O avião só foi devolvido três meses mais tarde, após os chineses o desmontarem e estudarem sua eletrônica. Foi a primeira crise internacional do recém-empossado presidente George W. Bush.

É melhor quando o mundo da espionagem se mantém invisível aos olhos do público.

* É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O episódio do balão reúne todos os ingredientes da disputa por hegemonia entre EUA e China: a assimetria entre as capacidades militares e tecnológicas dos dois países; o conflito entre o interesse de distensionar e o receio de ceder publicamente; a interferência perversa da demagogia.

O balão chinês foi derrubado no dia 4, depois de ter sido visto pela população americana. Essa visualização levou os republicanos a acusar o presidente Joe Biden de ser “mole com a China”. Americanos assistiram ao disparo do míssil pelo caça F-22 na costa da Carolina do Sul e vibraram: “Essa é a minha Força Aérea”.

O incidente levou o governo americano a suspender o encontro, previsto para aquele fim de semana, em Pequim, entre o secretário de Estado americano Antony Blinken e o responsável do Partido Comunista pelas Relações Exteriores, Wang Yi.

Incidente do balão chinês acirrou relações entre EUA e China  Foto: Petty Officer 1st Class Tyler Thompson / US NAVY / AFP

Mais três equipamentos foram abatidos sobre Canadá e EUA. Em represália, a China anunciou que ia derrubar um objeto voador não identificado. A China pode não ser uma democracia, mas também se preocupa com o fervor patriótico dos cidadãos. O país afirmou ter detectado mais de dez balões americanos no último ano, o que o Pentágono negou.

Passado o calor da pressão interna, Biden declarou na quinta-feira que “até o momento, nada sugere” que os três equipamentos derrubados depois do balão pertenciam à China ou eram de espionagem. E acrescentou que planejava falar com o presidente Xi Jinping.

De acordo com a Union of Concerned Scientists, os EUA detêm 154 satélites militares; a Rússia, 71 e a China, 63. Nos últimos anos, os balões se tornaram alternativa mais barata. Depois de rever imagens, o governo americano identificou dois balões chineses durante o governo Biden e três no de Donald Trump. O Japão afirma ter detectado três balões, muito provavelmente chineses. A Força Aérea colombiana flagrou um balão chinês no dia 6. A Costa Rica, também.

Histórico

Os países sempre se espionaram, e responderam com contraespionagem, embaralhando sinais. Destruir um equipamento é contraproducente e perigoso: pelo seu valor estratégico, uma sequência de represálias pode levar a um conflito sério.

Incidentes como esse são raros. Em 1960, a União Soviética derrubou um avião de reconhecimento americano U-2, obrigando seu piloto a confessar na TV ser espião. Em abril de 2001, uma aeronave EP-3E de captação de sinais da Marinha americana se chocou com um caça chinês J-8II. O piloto chinês morreu. O avião americano fez pouso de emergência na China, e seus 24 tripulantes foram interrogados e liberados.

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O avião só foi devolvido três meses mais tarde, após os chineses o desmontarem e estudarem sua eletrônica. Foi a primeira crise internacional do recém-empossado presidente George W. Bush.

É melhor quando o mundo da espionagem se mantém invisível aos olhos do público.

* É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

O episódio do balão reúne todos os ingredientes da disputa por hegemonia entre EUA e China: a assimetria entre as capacidades militares e tecnológicas dos dois países; o conflito entre o interesse de distensionar e o receio de ceder publicamente; a interferência perversa da demagogia.

O balão chinês foi derrubado no dia 4, depois de ter sido visto pela população americana. Essa visualização levou os republicanos a acusar o presidente Joe Biden de ser “mole com a China”. Americanos assistiram ao disparo do míssil pelo caça F-22 na costa da Carolina do Sul e vibraram: “Essa é a minha Força Aérea”.

O incidente levou o governo americano a suspender o encontro, previsto para aquele fim de semana, em Pequim, entre o secretário de Estado americano Antony Blinken e o responsável do Partido Comunista pelas Relações Exteriores, Wang Yi.

Incidente do balão chinês acirrou relações entre EUA e China  Foto: Petty Officer 1st Class Tyler Thompson / US NAVY / AFP

Mais três equipamentos foram abatidos sobre Canadá e EUA. Em represália, a China anunciou que ia derrubar um objeto voador não identificado. A China pode não ser uma democracia, mas também se preocupa com o fervor patriótico dos cidadãos. O país afirmou ter detectado mais de dez balões americanos no último ano, o que o Pentágono negou.

Passado o calor da pressão interna, Biden declarou na quinta-feira que “até o momento, nada sugere” que os três equipamentos derrubados depois do balão pertenciam à China ou eram de espionagem. E acrescentou que planejava falar com o presidente Xi Jinping.

De acordo com a Union of Concerned Scientists, os EUA detêm 154 satélites militares; a Rússia, 71 e a China, 63. Nos últimos anos, os balões se tornaram alternativa mais barata. Depois de rever imagens, o governo americano identificou dois balões chineses durante o governo Biden e três no de Donald Trump. O Japão afirma ter detectado três balões, muito provavelmente chineses. A Força Aérea colombiana flagrou um balão chinês no dia 6. A Costa Rica, também.

Histórico

Os países sempre se espionaram, e responderam com contraespionagem, embaralhando sinais. Destruir um equipamento é contraproducente e perigoso: pelo seu valor estratégico, uma sequência de represálias pode levar a um conflito sério.

Incidentes como esse são raros. Em 1960, a União Soviética derrubou um avião de reconhecimento americano U-2, obrigando seu piloto a confessar na TV ser espião. Em abril de 2001, uma aeronave EP-3E de captação de sinais da Marinha americana se chocou com um caça chinês J-8II. O piloto chinês morreu. O avião americano fez pouso de emergência na China, e seus 24 tripulantes foram interrogados e liberados.

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Anúncio de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território dos Estados Unidos teve ampla repercussão em Washington

O avião só foi devolvido três meses mais tarde, após os chineses o desmontarem e estudarem sua eletrônica. Foi a primeira crise internacional do recém-empossado presidente George W. Bush.

É melhor quando o mundo da espionagem se mantém invisível aos olhos do público.

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