BRUXELAS — O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, recebeu nesta terça-feira, 28, uma segunda promessa de US$ 1 bilhão em ajuda militar para a guerra contra a Rússia, durante uma viagem por países da União Europeia.
A promessa veio da Bélgica, que completou o dinheiro com o anúncio de doar 30 caças F-16 ao longo dos próximos quatro anos. De acordo com a ministra belga das Relações Exteriores, Hadja Lahbib, as primeiras entregas estão previstas para até o final do ano.
“Nossa tarefa é usar o primeiro F-16 em campo de batalha este ano e, desta forma, fortalecer nossas posições”, declarou Zelenski.
O presidente ucraniano anunciou no X que assinou um acordo bilateral de segurança e apoio a longo prazo com o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo. O documento assinado “inclui pelo menos 977 milhões de euros (aproximadamente R$ 5,5 bilhões) em ajuda militar belga à Ucrânia este ano, assim como o compromisso da Bélgica de fornecer apoio ao nosso país durante os dez anos de vigência do acordo”, indicou.
O documento menciona que a Bélgica fornecerá “veículos blindados modernos, equipamentos para satisfazer as necessidades da força aérea e a defesa aérea da Ucrânia, segurança naval, remoção de minas (...) e treinamento militar”.
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A Holanda juntou-se ao anúncio de ajuda à Ucrânia ao prometer montar rapidamente com os principais parceiros da União Europeia um sistema de defesa aérea Patriot, que Zelenski vê como fundamental para impedir que a Rússia atinja a rede elétrica e áreas civis do seu país, bem como alvos militares, com bombas planadoras devastadoras que causar ampla destruição.
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, saudou o movimento, mas insistiu que muito mais trabalho era necessário. “Nós temos visto algum progresso, mas mais progresso e mais sistemas de defesa aérea são urgentemente necessários na Ucrânia”, Stoltenberg disse enquanto comandava uma reunião com ministros da Defesa de países da União Europeia.
Um dia antes, Zelenski anunciou um acordo de segurança com a Espanha que aloca 1 bilhão de euros de ajuda militar para a Ucrânia em 2024, e 5 bilhões de euros até 2027.
6,5 bilhões de euros paralisados
A ajuda bilateral é essencial uma vez que o bloco de 27 países está novamente lutando para superar a resistência da Hungria em fornecer bilhões de euros em ajuda militar para Kiev, que está em seu terceiro ano de guerra desde a a invasão em larga escala da Rússia em 2022.
Estima-se que cerca de 6,5 bilhões de euros estejam paralisados pelo governo húngaro do primeiro-ministro Viktor Orban, que é considerado o mais fiel aliado da Rússia dentro da União Europeia. Os Estados-membros individuais têm amplos poderes de veto e a Hungria há muito tempo retém fundos destinados a aumentar os esforços de defesa da Ucrânia.
“O que é triste é que temos dinheiro, temos capacidade, mas ainda estamos aguardando decisões para implementar” decisões de ajuda para a Ucrânia, disse Josep Borell, chefe de política externa da UE.
Desde que a Rússia lançou uma ofensiva ao longo do leste de Kharkiv, Zelenski tem insistido que a Ucrânia precisa urgentemente mais sete sistemas de defesa aérea Patriot, produzidos pelos Estados Unidos.
A ministra da Defesa holandesa, Kajsa Ollongren, reunida com os seus colegas da UE, disse que tal sistema será construído “em um curto espaço de tempo”. A Holanda possui os componentes principais para um sistema Patriot e outras nações da UE contribuirão com outras peças e munições importantes. “A Ucrânia também está lutando a luta da Europa”, ela disse.
Zelenski deveria visitar a Bélgica e a Espanha mais cedo este mês, mas adiou a viagem após a Rússia lançar sua ofensiva na região de Kharkiv. A Ucrânia tem repetidamente tentado atacar além das linhas russas, frequentemente dronas, embora a resposta da Rússia à nova tecnologia utilizada em veículos não tripulados tenha melhorado nos últimos meses.
O ataque que se desenrola à medida que o tempo melhora trouxe o maior teste militar à Ucrânia desde o início da invasão em grande escala da Rússia. A lenta entrega de apoio por parte dos seus parceiros ocidentais, especialmente um longo atraso na ajuda militar dos EUA, deixou a Ucrânia à mercê do maior exército e força aérea da Rússia./Associated Press e AFP.