ROMA - Imagens de anotações de Silvio Berlusconi que classificam de “prepotente” e “arrogante” a futura primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, foram divulgadas nesta sexta-feira, 14, pelos meios de comunicação do país e revelam as fortes divisões na coalizão de direita que saiu vencedora das eleições gerais de setembro.
“Giorgia Meloni. Comportamento: obstinado, prepotente, arrogante, ofensivo. Sem vontade de mudança. É alguém com quem você não pode chegar a um acordo”, escreveu o magnata e ex-chefe de governo em suas anotações, segundo uma fotografia ampliada e divulgada pela imprensa italiana.
As anotações foram feitas pouco antes do início da votação de quinta-feira para a presidência do Senado.
Apesar de Meloni, do partido pós-fascista Irmãos da Itália, contar com ampla maioria nas duas câmaras do Parlamento após as eleições de 25 de setembro, ela não terá facilidade para governar.
Um de seus principais aliados, o conservador Berlusconi, de 86 anos, que tem ampla experiência como ex-primeiro-ministro, não se conforma com um papel secundário na formação do novo Executivo, que deverá receber o voto de confiança do Parlamento no fim deste mês.
Segundo a mídia italiana, Berlusconi não digeriu que as presidências do Parlamento foram distribuídas entre os Irmãos da Itália e a Liga, assim como não aceitou a rejeição à sua indicação, Licia Ronzulli, como ministra. O jornal italiano La Repubblica publicou as fotos das anotações no Instagram:
De acordo com a mídia, Meloni planeja atribuir o mesmo número de ministérios à Liga, que teve 8,9%, e o Força Itália, de Berlusconi, que ficou com 8,6. %, deixando a presidência de uma Câmara para a Liga, o que enfureceu Berlusconi.
Apesar de os senadores do partido Força Itália não terem participado, como gesto de protesto, da votação para a presidência do Senado, o candidato da direita radical, Ignazio La Russa, homem de confiança de Meloni, foi eleito sem dificuldades.
Contudo, a indignação do bilionário, que retornou ao Senado depois de nove anos, após sua expulsão por problemas judiciais, poderia afetar a distribuição dos ministérios./AFP e EFE