As polêmicas de Berlusconi: ex-líder italiano foi amigo de Putin e fã de ‘bunga-bunga’


Ex-primeiro ministro da Itália foi foi condenado à prisão por fraude fiscal; no mundo dos negócios, foi dono do time de futebol Milan e das três maiores redes privadas de TV do país

Por Redação
Atualização:

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 86 anos, foi uma figura marcante na política da Itália, embora os motivos deste crédito divirjam a depender do público. Para os admiradores, o ex-primeiro-ministro era um estadista carismático que buscava elevar a Itália no cenário mundial. Para os críticos, ele era um populista que ameaçava minar a democracia ao usar o poder político como uma ferramenta para enriquecer a si mesmo e a seus negócios.

Para além da controvérsia política, a vida pública de Berlusconi foi repleta de polêmicas. Festas “bunga bunga” envolvendo mulheres jovens e menores, ou seus negócios, que incluíam o time de futebol Milan, as três maiores redes privadas de TV do país, revistas e um jornal diário e empresas de publicidade e cinema aparecem na extensa lista de episódios que marcaram o ex-primeiro ministro italiano.

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Vida de magnata e acusação de fraude

Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936, filho de um banqueiro de classe média. Ele se formou em direito, escrevendo sua tese sobre publicidade. Ele abriu uma construtora aos 25 anos e construiu complexos de apartamentos para famílias de classe média nos arredores de Milão, parte de um boom do pós-guerra. Mas sua riqueza astronômica veio da mídia.

No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e sua Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006. Berlusconi usou suas redes de televisão e sua imensa riqueza para lançar sua longa carreira política, inspirando lealdade e ódio.

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Como milhões de italianos, ele tinha paixão pelo futebol e costumava estar nas arquibancadas do Milan, clube que presidiu por 31 anos antes de vendê-lo em 2017 para investidores chineses.

Foto de 2007 mostra Berlusconi levantando o troféu ao lado do time do AC Milan, depois de vencer o Liverpool por 2 a 1 para vencer a final da Liga dos Campeões entre AC Milan e Liverpool. Foto: AP Photo/Luca Bruno, Arquivo

Em 2013, foi condenado por fraude fiscal, que resultou em uma sentença de prisão de quatro anos. O processo foi decorrente de uma venda de direitos de filmes em seu império empresarial. A condenação foi mantida em 2013 pelo principal tribunal criminal da Itália, mas foi poupado da prisão por causa de sua idade, 76 anos, e condenado a prestar serviços comunitários ajudando pacientes com Alzheimer. Ele ainda foi destituído de sua cadeira no Senado e proibido de concorrer ou ocupar cargos públicos por seis anos, sob as leis anticorrupção.

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As festas “bunga-bunga”

À medida que Berlusconi envelheceu, foi virando alvo de piadas sobre seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas, que moravam com ele, décadas mais jovens - o que foi um dos pilares de sua vida polêmica. Em 2013, os convidados de uma de suas festas incluíam uma dançarina marroquina menor de idade, a Ruby, com quem os promotores alegaram ter feito sexo com Berlusconi em troca de dinheiro e joias.

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Após um julgamento temperado por detalhes chocantes, um tribunal de Milão inicialmente condenou Berlusconi de pagar por sexo com uma menor e usar seu escritório para tentar encobrir o caso. Ambos negaram ter feito sexo um com o outro e ele acabou sendo absolvido. A Igreja Católica, às vezes simpatizante de sua política conservadora, ficou escandalizada com suas ações, e sua esposa de quase 20 anos se divorciou dele, mas Berlusconi não se desculpou, declarando: “Não sou santo”.

Em outra festa, os jornais italianos noticiaram que as mulheres estavam vestidas como “pequenos Papais Noéis”. Em outro, as fotos mostravam mulheres de topless e um homem nu descansando à beira da piscina. “Eu amo a vida! Eu amo mulheres!”, declarou Berlusconi, que ocasionalmente selecionava estrelas da TV para aparecer em suas festas. “Se eu não fosse casado, casaria com você imediatamente”, Berlusconi teria dito em 2007 a Mara Carfagna, que mais tarde se tornou uma ministra do Gabinete. A então esposa de Berlusconi exigiu publicamente um pedido de desculpas.

À media que Berlusconi envelheceu, alguns ridicularizaram seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas que moravam com ele décadas mais jovens. Foto: AP Foto/Alessandra Tarantino, Arquivo
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Berlusconi ainda foi apelidado de “Papi” - ou “Papai” - por uma aspirante a modelo cuja festa de aniversário de 18 anos ele compareceu, também para irritação de sua esposa. Mais tarde, a autodenominada acompanhante Patrizia D’Addario disse que passou a noite com ele na noite em que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2008.

Amigo de Putin

O ex-primeiro ministro ainda mantinha um forte laço de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin. A proximidade entre ambos chegou a colocar Berlusconi contra Giorgia Meloni, uma firme defensor da Ucrânia.

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Putin chegou a defender a gestão de seu amigo italiano e também criticou os processos judiciais contra ele, os quais relacionou ao fato de gostar muito de mulheres .”Se fosse homossexual, ninguém encostaria um dedo nele”, declarou Putin em 2013. Em seu aniversário de 86 anos, enquanto a guerra se alastrava, Putin enviou os melhores votos de Berlusconi e vodca, e o italiano se gabou de retribuir o favor enviando de volta vinho italiano.

O presidente russo, Vladimir Putin ao lado do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em Roma, Itália, em julho de 2019. Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / SPUTNIK / KREMLIN POOL

Por sua parte, Berlusconi não hesitou em visitar a anexa da península ucraniana da Crimeia, o que fez com que fosse declarado persona non grata por Kiev. Além disso, no último mês de fevereiro, culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra e pediu sua rendição. “Teria bastado que deixasse de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. É por isso que julgo o comportamento deste homem de forma muito negativa”,declarou. No entanto, em abril de 2022, Berlusconi se mostrou “profundamente desapontado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito grave perante o mundo inteiro”.”Estamos enfrentando uma agressão sem precedentes contra um país neutro que luta por sua liberdade”, afirmou durante um ato.

O presidente da Rússia lamentou publicamente a morte do ex-primeiro-ministro, afirmando que era uma “pessoa magnífica” e um “grande amigo do povo russo”.

Declarações polêmicas

Berlusconi se dizia salvador da Itália do que descreveu como a ameaça comunista - anos após a queda do Muro de Berlim. Desde o início de sua carreira política, em 1994, ele se apresentou como alvo de um Judiciário que descreveu como repleto de simpatizantes da esquerda.

Quando primeiro-ministro, por vezes desrespeitava a etiqueta política. Ele usava uma bandana ao receber o primeiro-ministro britânico Tony Blair em sua propriedade na Costa Esmeralda da Sardenha, e mais tarde foi revelado que estava escondendo transplantes de cabelo. Ele posou para fotos em cúpulas internacionais fazendo um gesto italiano – que pode ser ofensivo ou supersticioso, dependendo das circunstâncias – em que os dedos indicador e mindinho se estendem como chifres.

Ele também provocou raiva após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ao afirmar que a civilização ocidental era superior ao Islã.

Quando criticado em 2003 no Parlamento Europeu por um legislador alemão, Berlusconi comparou seu adversário a um guarda de campo de concentração. Anos depois, ele ficou indignado quando comparou os problemas legais de sua família com os que os judeus devem ter enfrentado na Alemanha nazista./AP

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 86 anos, foi uma figura marcante na política da Itália, embora os motivos deste crédito divirjam a depender do público. Para os admiradores, o ex-primeiro-ministro era um estadista carismático que buscava elevar a Itália no cenário mundial. Para os críticos, ele era um populista que ameaçava minar a democracia ao usar o poder político como uma ferramenta para enriquecer a si mesmo e a seus negócios.

Para além da controvérsia política, a vida pública de Berlusconi foi repleta de polêmicas. Festas “bunga bunga” envolvendo mulheres jovens e menores, ou seus negócios, que incluíam o time de futebol Milan, as três maiores redes privadas de TV do país, revistas e um jornal diário e empresas de publicidade e cinema aparecem na extensa lista de episódios que marcaram o ex-primeiro ministro italiano.

Vida de magnata e acusação de fraude

Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936, filho de um banqueiro de classe média. Ele se formou em direito, escrevendo sua tese sobre publicidade. Ele abriu uma construtora aos 25 anos e construiu complexos de apartamentos para famílias de classe média nos arredores de Milão, parte de um boom do pós-guerra. Mas sua riqueza astronômica veio da mídia.

No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e sua Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006. Berlusconi usou suas redes de televisão e sua imensa riqueza para lançar sua longa carreira política, inspirando lealdade e ódio.

Como milhões de italianos, ele tinha paixão pelo futebol e costumava estar nas arquibancadas do Milan, clube que presidiu por 31 anos antes de vendê-lo em 2017 para investidores chineses.

Foto de 2007 mostra Berlusconi levantando o troféu ao lado do time do AC Milan, depois de vencer o Liverpool por 2 a 1 para vencer a final da Liga dos Campeões entre AC Milan e Liverpool. Foto: AP Photo/Luca Bruno, Arquivo

Em 2013, foi condenado por fraude fiscal, que resultou em uma sentença de prisão de quatro anos. O processo foi decorrente de uma venda de direitos de filmes em seu império empresarial. A condenação foi mantida em 2013 pelo principal tribunal criminal da Itália, mas foi poupado da prisão por causa de sua idade, 76 anos, e condenado a prestar serviços comunitários ajudando pacientes com Alzheimer. Ele ainda foi destituído de sua cadeira no Senado e proibido de concorrer ou ocupar cargos públicos por seis anos, sob as leis anticorrupção.

As festas “bunga-bunga”

À medida que Berlusconi envelheceu, foi virando alvo de piadas sobre seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas, que moravam com ele, décadas mais jovens - o que foi um dos pilares de sua vida polêmica. Em 2013, os convidados de uma de suas festas incluíam uma dançarina marroquina menor de idade, a Ruby, com quem os promotores alegaram ter feito sexo com Berlusconi em troca de dinheiro e joias.

Após um julgamento temperado por detalhes chocantes, um tribunal de Milão inicialmente condenou Berlusconi de pagar por sexo com uma menor e usar seu escritório para tentar encobrir o caso. Ambos negaram ter feito sexo um com o outro e ele acabou sendo absolvido. A Igreja Católica, às vezes simpatizante de sua política conservadora, ficou escandalizada com suas ações, e sua esposa de quase 20 anos se divorciou dele, mas Berlusconi não se desculpou, declarando: “Não sou santo”.

Em outra festa, os jornais italianos noticiaram que as mulheres estavam vestidas como “pequenos Papais Noéis”. Em outro, as fotos mostravam mulheres de topless e um homem nu descansando à beira da piscina. “Eu amo a vida! Eu amo mulheres!”, declarou Berlusconi, que ocasionalmente selecionava estrelas da TV para aparecer em suas festas. “Se eu não fosse casado, casaria com você imediatamente”, Berlusconi teria dito em 2007 a Mara Carfagna, que mais tarde se tornou uma ministra do Gabinete. A então esposa de Berlusconi exigiu publicamente um pedido de desculpas.

À media que Berlusconi envelheceu, alguns ridicularizaram seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas que moravam com ele décadas mais jovens. Foto: AP Foto/Alessandra Tarantino, Arquivo

Berlusconi ainda foi apelidado de “Papi” - ou “Papai” - por uma aspirante a modelo cuja festa de aniversário de 18 anos ele compareceu, também para irritação de sua esposa. Mais tarde, a autodenominada acompanhante Patrizia D’Addario disse que passou a noite com ele na noite em que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2008.

Amigo de Putin

O ex-primeiro ministro ainda mantinha um forte laço de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin. A proximidade entre ambos chegou a colocar Berlusconi contra Giorgia Meloni, uma firme defensor da Ucrânia.

Putin chegou a defender a gestão de seu amigo italiano e também criticou os processos judiciais contra ele, os quais relacionou ao fato de gostar muito de mulheres .”Se fosse homossexual, ninguém encostaria um dedo nele”, declarou Putin em 2013. Em seu aniversário de 86 anos, enquanto a guerra se alastrava, Putin enviou os melhores votos de Berlusconi e vodca, e o italiano se gabou de retribuir o favor enviando de volta vinho italiano.

O presidente russo, Vladimir Putin ao lado do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em Roma, Itália, em julho de 2019. Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / SPUTNIK / KREMLIN POOL

Por sua parte, Berlusconi não hesitou em visitar a anexa da península ucraniana da Crimeia, o que fez com que fosse declarado persona non grata por Kiev. Além disso, no último mês de fevereiro, culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra e pediu sua rendição. “Teria bastado que deixasse de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. É por isso que julgo o comportamento deste homem de forma muito negativa”,declarou. No entanto, em abril de 2022, Berlusconi se mostrou “profundamente desapontado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito grave perante o mundo inteiro”.”Estamos enfrentando uma agressão sem precedentes contra um país neutro que luta por sua liberdade”, afirmou durante um ato.

O presidente da Rússia lamentou publicamente a morte do ex-primeiro-ministro, afirmando que era uma “pessoa magnífica” e um “grande amigo do povo russo”.

Declarações polêmicas

Berlusconi se dizia salvador da Itália do que descreveu como a ameaça comunista - anos após a queda do Muro de Berlim. Desde o início de sua carreira política, em 1994, ele se apresentou como alvo de um Judiciário que descreveu como repleto de simpatizantes da esquerda.

Quando primeiro-ministro, por vezes desrespeitava a etiqueta política. Ele usava uma bandana ao receber o primeiro-ministro britânico Tony Blair em sua propriedade na Costa Esmeralda da Sardenha, e mais tarde foi revelado que estava escondendo transplantes de cabelo. Ele posou para fotos em cúpulas internacionais fazendo um gesto italiano – que pode ser ofensivo ou supersticioso, dependendo das circunstâncias – em que os dedos indicador e mindinho se estendem como chifres.

Ele também provocou raiva após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ao afirmar que a civilização ocidental era superior ao Islã.

Quando criticado em 2003 no Parlamento Europeu por um legislador alemão, Berlusconi comparou seu adversário a um guarda de campo de concentração. Anos depois, ele ficou indignado quando comparou os problemas legais de sua família com os que os judeus devem ter enfrentado na Alemanha nazista./AP

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 86 anos, foi uma figura marcante na política da Itália, embora os motivos deste crédito divirjam a depender do público. Para os admiradores, o ex-primeiro-ministro era um estadista carismático que buscava elevar a Itália no cenário mundial. Para os críticos, ele era um populista que ameaçava minar a democracia ao usar o poder político como uma ferramenta para enriquecer a si mesmo e a seus negócios.

Para além da controvérsia política, a vida pública de Berlusconi foi repleta de polêmicas. Festas “bunga bunga” envolvendo mulheres jovens e menores, ou seus negócios, que incluíam o time de futebol Milan, as três maiores redes privadas de TV do país, revistas e um jornal diário e empresas de publicidade e cinema aparecem na extensa lista de episódios que marcaram o ex-primeiro ministro italiano.

Vida de magnata e acusação de fraude

Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936, filho de um banqueiro de classe média. Ele se formou em direito, escrevendo sua tese sobre publicidade. Ele abriu uma construtora aos 25 anos e construiu complexos de apartamentos para famílias de classe média nos arredores de Milão, parte de um boom do pós-guerra. Mas sua riqueza astronômica veio da mídia.

No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e sua Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006. Berlusconi usou suas redes de televisão e sua imensa riqueza para lançar sua longa carreira política, inspirando lealdade e ódio.

Como milhões de italianos, ele tinha paixão pelo futebol e costumava estar nas arquibancadas do Milan, clube que presidiu por 31 anos antes de vendê-lo em 2017 para investidores chineses.

Foto de 2007 mostra Berlusconi levantando o troféu ao lado do time do AC Milan, depois de vencer o Liverpool por 2 a 1 para vencer a final da Liga dos Campeões entre AC Milan e Liverpool. Foto: AP Photo/Luca Bruno, Arquivo

Em 2013, foi condenado por fraude fiscal, que resultou em uma sentença de prisão de quatro anos. O processo foi decorrente de uma venda de direitos de filmes em seu império empresarial. A condenação foi mantida em 2013 pelo principal tribunal criminal da Itália, mas foi poupado da prisão por causa de sua idade, 76 anos, e condenado a prestar serviços comunitários ajudando pacientes com Alzheimer. Ele ainda foi destituído de sua cadeira no Senado e proibido de concorrer ou ocupar cargos públicos por seis anos, sob as leis anticorrupção.

As festas “bunga-bunga”

À medida que Berlusconi envelheceu, foi virando alvo de piadas sobre seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas, que moravam com ele, décadas mais jovens - o que foi um dos pilares de sua vida polêmica. Em 2013, os convidados de uma de suas festas incluíam uma dançarina marroquina menor de idade, a Ruby, com quem os promotores alegaram ter feito sexo com Berlusconi em troca de dinheiro e joias.

Após um julgamento temperado por detalhes chocantes, um tribunal de Milão inicialmente condenou Berlusconi de pagar por sexo com uma menor e usar seu escritório para tentar encobrir o caso. Ambos negaram ter feito sexo um com o outro e ele acabou sendo absolvido. A Igreja Católica, às vezes simpatizante de sua política conservadora, ficou escandalizada com suas ações, e sua esposa de quase 20 anos se divorciou dele, mas Berlusconi não se desculpou, declarando: “Não sou santo”.

Em outra festa, os jornais italianos noticiaram que as mulheres estavam vestidas como “pequenos Papais Noéis”. Em outro, as fotos mostravam mulheres de topless e um homem nu descansando à beira da piscina. “Eu amo a vida! Eu amo mulheres!”, declarou Berlusconi, que ocasionalmente selecionava estrelas da TV para aparecer em suas festas. “Se eu não fosse casado, casaria com você imediatamente”, Berlusconi teria dito em 2007 a Mara Carfagna, que mais tarde se tornou uma ministra do Gabinete. A então esposa de Berlusconi exigiu publicamente um pedido de desculpas.

À media que Berlusconi envelheceu, alguns ridicularizaram seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas que moravam com ele décadas mais jovens. Foto: AP Foto/Alessandra Tarantino, Arquivo

Berlusconi ainda foi apelidado de “Papi” - ou “Papai” - por uma aspirante a modelo cuja festa de aniversário de 18 anos ele compareceu, também para irritação de sua esposa. Mais tarde, a autodenominada acompanhante Patrizia D’Addario disse que passou a noite com ele na noite em que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2008.

Amigo de Putin

O ex-primeiro ministro ainda mantinha um forte laço de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin. A proximidade entre ambos chegou a colocar Berlusconi contra Giorgia Meloni, uma firme defensor da Ucrânia.

Putin chegou a defender a gestão de seu amigo italiano e também criticou os processos judiciais contra ele, os quais relacionou ao fato de gostar muito de mulheres .”Se fosse homossexual, ninguém encostaria um dedo nele”, declarou Putin em 2013. Em seu aniversário de 86 anos, enquanto a guerra se alastrava, Putin enviou os melhores votos de Berlusconi e vodca, e o italiano se gabou de retribuir o favor enviando de volta vinho italiano.

O presidente russo, Vladimir Putin ao lado do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em Roma, Itália, em julho de 2019. Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / SPUTNIK / KREMLIN POOL

Por sua parte, Berlusconi não hesitou em visitar a anexa da península ucraniana da Crimeia, o que fez com que fosse declarado persona non grata por Kiev. Além disso, no último mês de fevereiro, culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra e pediu sua rendição. “Teria bastado que deixasse de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. É por isso que julgo o comportamento deste homem de forma muito negativa”,declarou. No entanto, em abril de 2022, Berlusconi se mostrou “profundamente desapontado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito grave perante o mundo inteiro”.”Estamos enfrentando uma agressão sem precedentes contra um país neutro que luta por sua liberdade”, afirmou durante um ato.

O presidente da Rússia lamentou publicamente a morte do ex-primeiro-ministro, afirmando que era uma “pessoa magnífica” e um “grande amigo do povo russo”.

Declarações polêmicas

Berlusconi se dizia salvador da Itália do que descreveu como a ameaça comunista - anos após a queda do Muro de Berlim. Desde o início de sua carreira política, em 1994, ele se apresentou como alvo de um Judiciário que descreveu como repleto de simpatizantes da esquerda.

Quando primeiro-ministro, por vezes desrespeitava a etiqueta política. Ele usava uma bandana ao receber o primeiro-ministro britânico Tony Blair em sua propriedade na Costa Esmeralda da Sardenha, e mais tarde foi revelado que estava escondendo transplantes de cabelo. Ele posou para fotos em cúpulas internacionais fazendo um gesto italiano – que pode ser ofensivo ou supersticioso, dependendo das circunstâncias – em que os dedos indicador e mindinho se estendem como chifres.

Ele também provocou raiva após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ao afirmar que a civilização ocidental era superior ao Islã.

Quando criticado em 2003 no Parlamento Europeu por um legislador alemão, Berlusconi comparou seu adversário a um guarda de campo de concentração. Anos depois, ele ficou indignado quando comparou os problemas legais de sua família com os que os judeus devem ter enfrentado na Alemanha nazista./AP

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 86 anos, foi uma figura marcante na política da Itália, embora os motivos deste crédito divirjam a depender do público. Para os admiradores, o ex-primeiro-ministro era um estadista carismático que buscava elevar a Itália no cenário mundial. Para os críticos, ele era um populista que ameaçava minar a democracia ao usar o poder político como uma ferramenta para enriquecer a si mesmo e a seus negócios.

Para além da controvérsia política, a vida pública de Berlusconi foi repleta de polêmicas. Festas “bunga bunga” envolvendo mulheres jovens e menores, ou seus negócios, que incluíam o time de futebol Milan, as três maiores redes privadas de TV do país, revistas e um jornal diário e empresas de publicidade e cinema aparecem na extensa lista de episódios que marcaram o ex-primeiro ministro italiano.

Vida de magnata e acusação de fraude

Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936, filho de um banqueiro de classe média. Ele se formou em direito, escrevendo sua tese sobre publicidade. Ele abriu uma construtora aos 25 anos e construiu complexos de apartamentos para famílias de classe média nos arredores de Milão, parte de um boom do pós-guerra. Mas sua riqueza astronômica veio da mídia.

No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e sua Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006. Berlusconi usou suas redes de televisão e sua imensa riqueza para lançar sua longa carreira política, inspirando lealdade e ódio.

Como milhões de italianos, ele tinha paixão pelo futebol e costumava estar nas arquibancadas do Milan, clube que presidiu por 31 anos antes de vendê-lo em 2017 para investidores chineses.

Foto de 2007 mostra Berlusconi levantando o troféu ao lado do time do AC Milan, depois de vencer o Liverpool por 2 a 1 para vencer a final da Liga dos Campeões entre AC Milan e Liverpool. Foto: AP Photo/Luca Bruno, Arquivo

Em 2013, foi condenado por fraude fiscal, que resultou em uma sentença de prisão de quatro anos. O processo foi decorrente de uma venda de direitos de filmes em seu império empresarial. A condenação foi mantida em 2013 pelo principal tribunal criminal da Itália, mas foi poupado da prisão por causa de sua idade, 76 anos, e condenado a prestar serviços comunitários ajudando pacientes com Alzheimer. Ele ainda foi destituído de sua cadeira no Senado e proibido de concorrer ou ocupar cargos públicos por seis anos, sob as leis anticorrupção.

As festas “bunga-bunga”

À medida que Berlusconi envelheceu, foi virando alvo de piadas sobre seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas, que moravam com ele, décadas mais jovens - o que foi um dos pilares de sua vida polêmica. Em 2013, os convidados de uma de suas festas incluíam uma dançarina marroquina menor de idade, a Ruby, com quem os promotores alegaram ter feito sexo com Berlusconi em troca de dinheiro e joias.

Após um julgamento temperado por detalhes chocantes, um tribunal de Milão inicialmente condenou Berlusconi de pagar por sexo com uma menor e usar seu escritório para tentar encobrir o caso. Ambos negaram ter feito sexo um com o outro e ele acabou sendo absolvido. A Igreja Católica, às vezes simpatizante de sua política conservadora, ficou escandalizada com suas ações, e sua esposa de quase 20 anos se divorciou dele, mas Berlusconi não se desculpou, declarando: “Não sou santo”.

Em outra festa, os jornais italianos noticiaram que as mulheres estavam vestidas como “pequenos Papais Noéis”. Em outro, as fotos mostravam mulheres de topless e um homem nu descansando à beira da piscina. “Eu amo a vida! Eu amo mulheres!”, declarou Berlusconi, que ocasionalmente selecionava estrelas da TV para aparecer em suas festas. “Se eu não fosse casado, casaria com você imediatamente”, Berlusconi teria dito em 2007 a Mara Carfagna, que mais tarde se tornou uma ministra do Gabinete. A então esposa de Berlusconi exigiu publicamente um pedido de desculpas.

À media que Berlusconi envelheceu, alguns ridicularizaram seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas que moravam com ele décadas mais jovens. Foto: AP Foto/Alessandra Tarantino, Arquivo

Berlusconi ainda foi apelidado de “Papi” - ou “Papai” - por uma aspirante a modelo cuja festa de aniversário de 18 anos ele compareceu, também para irritação de sua esposa. Mais tarde, a autodenominada acompanhante Patrizia D’Addario disse que passou a noite com ele na noite em que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2008.

Amigo de Putin

O ex-primeiro ministro ainda mantinha um forte laço de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin. A proximidade entre ambos chegou a colocar Berlusconi contra Giorgia Meloni, uma firme defensor da Ucrânia.

Putin chegou a defender a gestão de seu amigo italiano e também criticou os processos judiciais contra ele, os quais relacionou ao fato de gostar muito de mulheres .”Se fosse homossexual, ninguém encostaria um dedo nele”, declarou Putin em 2013. Em seu aniversário de 86 anos, enquanto a guerra se alastrava, Putin enviou os melhores votos de Berlusconi e vodca, e o italiano se gabou de retribuir o favor enviando de volta vinho italiano.

O presidente russo, Vladimir Putin ao lado do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em Roma, Itália, em julho de 2019. Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / SPUTNIK / KREMLIN POOL

Por sua parte, Berlusconi não hesitou em visitar a anexa da península ucraniana da Crimeia, o que fez com que fosse declarado persona non grata por Kiev. Além disso, no último mês de fevereiro, culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra e pediu sua rendição. “Teria bastado que deixasse de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. É por isso que julgo o comportamento deste homem de forma muito negativa”,declarou. No entanto, em abril de 2022, Berlusconi se mostrou “profundamente desapontado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito grave perante o mundo inteiro”.”Estamos enfrentando uma agressão sem precedentes contra um país neutro que luta por sua liberdade”, afirmou durante um ato.

O presidente da Rússia lamentou publicamente a morte do ex-primeiro-ministro, afirmando que era uma “pessoa magnífica” e um “grande amigo do povo russo”.

Declarações polêmicas

Berlusconi se dizia salvador da Itália do que descreveu como a ameaça comunista - anos após a queda do Muro de Berlim. Desde o início de sua carreira política, em 1994, ele se apresentou como alvo de um Judiciário que descreveu como repleto de simpatizantes da esquerda.

Quando primeiro-ministro, por vezes desrespeitava a etiqueta política. Ele usava uma bandana ao receber o primeiro-ministro britânico Tony Blair em sua propriedade na Costa Esmeralda da Sardenha, e mais tarde foi revelado que estava escondendo transplantes de cabelo. Ele posou para fotos em cúpulas internacionais fazendo um gesto italiano – que pode ser ofensivo ou supersticioso, dependendo das circunstâncias – em que os dedos indicador e mindinho se estendem como chifres.

Ele também provocou raiva após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ao afirmar que a civilização ocidental era superior ao Islã.

Quando criticado em 2003 no Parlamento Europeu por um legislador alemão, Berlusconi comparou seu adversário a um guarda de campo de concentração. Anos depois, ele ficou indignado quando comparou os problemas legais de sua família com os que os judeus devem ter enfrentado na Alemanha nazista./AP

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 86 anos, foi uma figura marcante na política da Itália, embora os motivos deste crédito divirjam a depender do público. Para os admiradores, o ex-primeiro-ministro era um estadista carismático que buscava elevar a Itália no cenário mundial. Para os críticos, ele era um populista que ameaçava minar a democracia ao usar o poder político como uma ferramenta para enriquecer a si mesmo e a seus negócios.

Para além da controvérsia política, a vida pública de Berlusconi foi repleta de polêmicas. Festas “bunga bunga” envolvendo mulheres jovens e menores, ou seus negócios, que incluíam o time de futebol Milan, as três maiores redes privadas de TV do país, revistas e um jornal diário e empresas de publicidade e cinema aparecem na extensa lista de episódios que marcaram o ex-primeiro ministro italiano.

Vida de magnata e acusação de fraude

Berlusconi nasceu em Milão em 29 de setembro de 1936, filho de um banqueiro de classe média. Ele se formou em direito, escrevendo sua tese sobre publicidade. Ele abriu uma construtora aos 25 anos e construiu complexos de apartamentos para famílias de classe média nos arredores de Milão, parte de um boom do pós-guerra. Mas sua riqueza astronômica veio da mídia.

No final dos anos 1970 e 1980, ele contornou o monopólio da TV estatal da Itália, RAI, criando uma rede na qual as estações locais exibiam a mesma programação. A RAI e sua Mediaset representavam cerca de 90% do mercado nacional em 2006. Berlusconi usou suas redes de televisão e sua imensa riqueza para lançar sua longa carreira política, inspirando lealdade e ódio.

Como milhões de italianos, ele tinha paixão pelo futebol e costumava estar nas arquibancadas do Milan, clube que presidiu por 31 anos antes de vendê-lo em 2017 para investidores chineses.

Foto de 2007 mostra Berlusconi levantando o troféu ao lado do time do AC Milan, depois de vencer o Liverpool por 2 a 1 para vencer a final da Liga dos Campeões entre AC Milan e Liverpool. Foto: AP Photo/Luca Bruno, Arquivo

Em 2013, foi condenado por fraude fiscal, que resultou em uma sentença de prisão de quatro anos. O processo foi decorrente de uma venda de direitos de filmes em seu império empresarial. A condenação foi mantida em 2013 pelo principal tribunal criminal da Itália, mas foi poupado da prisão por causa de sua idade, 76 anos, e condenado a prestar serviços comunitários ajudando pacientes com Alzheimer. Ele ainda foi destituído de sua cadeira no Senado e proibido de concorrer ou ocupar cargos públicos por seis anos, sob as leis anticorrupção.

As festas “bunga-bunga”

À medida que Berlusconi envelheceu, foi virando alvo de piadas sobre seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas, que moravam com ele, décadas mais jovens - o que foi um dos pilares de sua vida polêmica. Em 2013, os convidados de uma de suas festas incluíam uma dançarina marroquina menor de idade, a Ruby, com quem os promotores alegaram ter feito sexo com Berlusconi em troca de dinheiro e joias.

Após um julgamento temperado por detalhes chocantes, um tribunal de Milão inicialmente condenou Berlusconi de pagar por sexo com uma menor e usar seu escritório para tentar encobrir o caso. Ambos negaram ter feito sexo um com o outro e ele acabou sendo absolvido. A Igreja Católica, às vezes simpatizante de sua política conservadora, ficou escandalizada com suas ações, e sua esposa de quase 20 anos se divorciou dele, mas Berlusconi não se desculpou, declarando: “Não sou santo”.

Em outra festa, os jornais italianos noticiaram que as mulheres estavam vestidas como “pequenos Papais Noéis”. Em outro, as fotos mostravam mulheres de topless e um homem nu descansando à beira da piscina. “Eu amo a vida! Eu amo mulheres!”, declarou Berlusconi, que ocasionalmente selecionava estrelas da TV para aparecer em suas festas. “Se eu não fosse casado, casaria com você imediatamente”, Berlusconi teria dito em 2007 a Mara Carfagna, que mais tarde se tornou uma ministra do Gabinete. A então esposa de Berlusconi exigiu publicamente um pedido de desculpas.

À media que Berlusconi envelheceu, alguns ridicularizaram seu bronzeado perpétuo, transplantes de cabelo e namoradas que moravam com ele décadas mais jovens. Foto: AP Foto/Alessandra Tarantino, Arquivo

Berlusconi ainda foi apelidado de “Papi” - ou “Papai” - por uma aspirante a modelo cuja festa de aniversário de 18 anos ele compareceu, também para irritação de sua esposa. Mais tarde, a autodenominada acompanhante Patrizia D’Addario disse que passou a noite com ele na noite em que Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2008.

Amigo de Putin

O ex-primeiro ministro ainda mantinha um forte laço de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin. A proximidade entre ambos chegou a colocar Berlusconi contra Giorgia Meloni, uma firme defensor da Ucrânia.

Putin chegou a defender a gestão de seu amigo italiano e também criticou os processos judiciais contra ele, os quais relacionou ao fato de gostar muito de mulheres .”Se fosse homossexual, ninguém encostaria um dedo nele”, declarou Putin em 2013. Em seu aniversário de 86 anos, enquanto a guerra se alastrava, Putin enviou os melhores votos de Berlusconi e vodca, e o italiano se gabou de retribuir o favor enviando de volta vinho italiano.

O presidente russo, Vladimir Putin ao lado do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi em Roma, Itália, em julho de 2019. Foto: EFE/EPA/ALEXEI DRUZHININ / SPUTNIK / KREMLIN POOL

Por sua parte, Berlusconi não hesitou em visitar a anexa da península ucraniana da Crimeia, o que fez com que fosse declarado persona non grata por Kiev. Além disso, no último mês de fevereiro, culpou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra e pediu sua rendição. “Teria bastado que deixasse de atacar as duas repúblicas autônomas de Donbass e isso não teria acontecido. É por isso que julgo o comportamento deste homem de forma muito negativa”,declarou. No entanto, em abril de 2022, Berlusconi se mostrou “profundamente desapontado e magoado com o comportamento de Vladimir Putin, que assumiu uma responsabilidade muito grave perante o mundo inteiro”.”Estamos enfrentando uma agressão sem precedentes contra um país neutro que luta por sua liberdade”, afirmou durante um ato.

O presidente da Rússia lamentou publicamente a morte do ex-primeiro-ministro, afirmando que era uma “pessoa magnífica” e um “grande amigo do povo russo”.

Declarações polêmicas

Berlusconi se dizia salvador da Itália do que descreveu como a ameaça comunista - anos após a queda do Muro de Berlim. Desde o início de sua carreira política, em 1994, ele se apresentou como alvo de um Judiciário que descreveu como repleto de simpatizantes da esquerda.

Quando primeiro-ministro, por vezes desrespeitava a etiqueta política. Ele usava uma bandana ao receber o primeiro-ministro britânico Tony Blair em sua propriedade na Costa Esmeralda da Sardenha, e mais tarde foi revelado que estava escondendo transplantes de cabelo. Ele posou para fotos em cúpulas internacionais fazendo um gesto italiano – que pode ser ofensivo ou supersticioso, dependendo das circunstâncias – em que os dedos indicador e mindinho se estendem como chifres.

Ele também provocou raiva após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos ao afirmar que a civilização ocidental era superior ao Islã.

Quando criticado em 2003 no Parlamento Europeu por um legislador alemão, Berlusconi comparou seu adversário a um guarda de campo de concentração. Anos depois, ele ficou indignado quando comparou os problemas legais de sua família com os que os judeus devem ter enfrentado na Alemanha nazista./AP

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