O embate público entre os líderes de dois países que estão entre os mais próximos do mundo não tem precedente na história dos Estados Unidos e ocorreu a duas semanas das eleições legislativas israelenses, que definirão o futuro político de Netanyahu. Falando em uma sessão conjunta do Congresso americano, o primeiro-ministro lembrou a longa história de cooperação entre as duas nações, agradeceu aos congressistas pelo apoio incondicional à segurança de Israel e fez elogios a Obama, antes de partir para o ataque.
"O regime do Irã não é apenas um problema judaico, da mesma forma que o regime nazista não era apenas um problema judaico", declarou Netanyahu a um plenário com as galerias lotadas de convidados simpáticos às suas posições. Um grupo de parlamentares democratas boicotou o evento, mas a maioria compareceu e aplaudiu o discurso, nem sempre com o mesmo entusiasmo que seus colegas republicanos.
O premiê descreveu o Irã como um país comandado por um governo de aspiração hegemônica, que busca exportar sua revolução islâmica para o restante do Oriente Médio. Por sua natureza, será sempre um inimigo dos EUA, afirmou. "O regime do Irã está mais radical do que nunca, ele grita 'morte à América', a mesma América a que se refere como o 'grande satã'."
Em declarações na Casa Branca após o discurso, Obama disse que Netanyahu não apresentou "alternativas viáveis" à negociação. O presidente democrata ressaltou que a discussão não gira em torno da confiança no Irã ou de dúvidas em relação às suas ações desestabilizadoras no Oriente Médio. "A questão central é como podemos impedi-los de ter armas nucleares", afirmou, lembrando que esse é um dos principais objetivos da política externa de seu governo.
Obama disse que os termos negociados por seu governo asseguram que o Irã permaneça a uma distância de pelo menos um ano da obtenção da capacidade para construir bombas atômicas e submete o país a um dos mais vigorosos regimes de inspeção já adotados no mundo. "Tenho repetido que prefiro não ter um acordo a ter um acordo ruim. Mas se formos bem-sucedidos, esse será o melhor acordo possível para impedir o Irã de ter armas nucleares."
Netanyahu afirmou que o potencial pacto mantém intacta a infraestrutura nuclear do Irã, permitindo que o país enriqueça urânio, e tem um prazo de dez anos, ao fim dos quais as restrições ao programa seriam suspensas. "Nenhuma instalação nuclear seria demolida. Milhares de centrífugas usadas para enriquecer urânio continuariam a funcionar. Milhares de outras seriam temporariamente desconectadas, mas não destruídas." Para o premiê de Israel, o regime de supervisão dos compromissos previsto no acordo não é uma garantia de que o Irã vá honrá-los.