Biden cria força-tarefa para tentar unir famílias separadas de imigrantes


Presidente americano disse que iria resolver a questão dos menores afastados de seus parentes em razão da política de imigração nos EUA, uma promessa que tenta cumprir com ordens executivas assinadas nesta terça-feira 

Por Beatriz Bulla e Correspondente 

WASHINGTON - O governo americano prometeu encontrar as famílias de centenas de crianças que foram separadas de seus parentes ao chegarem aos Estados Unidos pela fronteira com o México. Nesta terça-feira, 2, o presidente Joe Biden assinou ordens executivas que mudam a política de imigração imposta pelo antecessor Donald Trump, entre elas, uma que cria uma força-tarefa para unir parentes separados por agentes de imigração. 

A separação de famílias em larga escala se tornou um escândalo durante o início do governo Trump, com a política de "tolerância zero" à imigração irregular. Durante a campanha eleitoral, Biden disse que iria resolver a questão dos menores afastados de seus parentes em razão da política de imigração nos EUA, uma promessa que tenta cumprir com as ordens executivas assinadas hoje.  

“Vamos trabalhar para desfazer a vergonha moral e nacional do governo anterior que, literalmente, não figurativamente, tirou as crianças dos braços de suas famílias”, disse Biden, que acusou o governo Trump de ter feito a separação de famílias sem “absolutamente nenhum plano de reunificação”. 

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Centro de imigração da Polícia de Fronteira de McAllen, Texas; maioria é da América Central Foto: Washington Post photo by Carolyn Van Houten

A força-tarefa anunciada pelo governo americano tem a missão de encontrar os parentes de cerca de 600 crianças que continuam separadas de suas famílias. "Cada geração de imigrantes tornou nossa nação mais forte - nossa diversidade é uma das nossas maiores fortalezas." 

No início do governo Trump, mais de 5,5 mil famílias foram separadas pelos agentes de imigração. Em 2018, a justiça proibiu a separação nas fronteiras, mas há cerca de 600 crianças que ainda não foram unidas a suas famílias. 

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Pais das crianças muitas vezes não falam inglês e não têm acesso aos canais formais de interlocução com os EUA, por terem sido deportados aos seus países de origem ou permanecerem em situação irregular no país. A maioria das famílias separadas migra do México ou de países da América Central.

A tentativa de encontrar os parentes das crianças era feita por associações que cuidam de imigrantes. Agora, esse trabalho será feito pelo governo. Associações pediam que o governo concedesse uma permissão de permanência nos EUA às famílias, mas o governo Biden afirmou que analisará a concessão de uma autorização ou visto caso a caso.

A força-tarefa será liderada pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. Ele foi confirmado nesta terça-feira pelo Senado para assumir o posto e será o primeiro imigrante e latino a dirigir o departamento que trata da política imigratória.

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"Hoje, eu vou tomar medidas para reconstruir e fortalecer o nosso sistema imigratório", anunciou Biden no Twitter, pouco antes de assinar as ordens executivas. Durante a campanha, Biden prometeu trabalhar por um processo de imigração "moral e humano". As deportações de imigrantes aumentaram durante o governo Obama, no qual Biden ocupava o posto de vice-presidente, e crianças chegaram a ficar detidas em abrigos após chegarem nos EUA pela fronteira. 

Observado pelo novo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, Joe Biden assina medidas executivas sobre imigração Foto: Evan Vucci/AP

Durante o mandato de Trump, no entanto, a separação de famílias passou a ser feita de forma sistemática e os números explodiram, em razão da adoção da chamada política de "tolerância zero". A estratégia do governo Trump previa que todos os que cruzavam a fronteira de maneira ilegal seriam processados criminalmente. Antes, imigrantes sem antecedentes criminais normalmente respondiam a um processo de deportação e respondiam ao processo de deportação em liberdade.

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O discurso anti-imigração foi uma das principais plataformas eleitorais de Donald Trump em 2016, quando ele venceu a eleição. Trump argumentava que os imigrantes retiraram postos de trabalho de americanos, prometeu construir um muro na fronteira dos EUA com o México e associou mexicanos a estupradores. Como presidente, Trump adotou políticas que dificultaram a imigração aos EUA -- seja para os que entraram no país de maneira irregular, seja para os que migraram de forma legal. Biden busca, com as medidas assinadas nesta terça-feira, rever a malha de determinações e regulamentações criada pelo governo Trump para restringir a imigração.

Essa é a segunda leva de medidas ligadas a imigração adotadas pelo presidente americano desde que assumiu a Casa Branca. No dia que tomou posse, ele tomou medidas relacionadas à imigração com forte componente simbólico: reverteu a proibição estabelecida por Trump de imigração de países de maioria muçulmana e ordenou a paralisação da tentativa de construção de um muro na fronteira com o México. Ainda no dia 20 de janeiro, ele enviou ao Congresso uma proposta de reforma imigratória, para criar um caminho para obtenção de cidadania aos 11 milhões de imigrantes em situação ilegal que vivem no país. 

Mas a reforma mais abrangente depende do Congresso - onde há resistência entre republicanos - e as ordens executivas assinadas hoje sinalizam que a mudança não acontecerá imediatamente. Em comunicado sobre a medida, a Casa Branca afirma que a política de Trump na fronteira causou "caos, crueldade e confusão". "A situação na fronteira não se transformará da noite para o dia, em grande parte devido aos estragos feitos nos últimos quatro anos. Mas o presidente está comprometido com uma abordagem que mantenha nosso país seguro, forte e próspero e que também se alinhe com nossos valores", informou a Casa Branca em comunicado sobre as medidas.

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Plano para melhorar acesso à solicitação de asilo

Em uma das ordens executivas, o governo criou um plano para melhorar o acesso à solicitação de asilo, limitada no governo Trump, e abordar causas da migração junto a outros países. O plano também prevê que o Departamento de Segurança Interna "reveja" a medida que forçou imigrantes que fizeram pedido de asilo a esperarem no México pela decisão da Justiça americana, mas associações ligadas à área queriam uma resposta imediata aos que aguardam no país vizinho a definição legal nos EUA.

A porta-voz do governo, Jen Psaki, foi questionada por jornalistas sobre a opção de Biden por reavaliar as políticas imigratórias de Trump - e não reverter muitas delas imediatamente. "Parte do nosso esforço é avaliar o dano que foi feito. Queremos agir prontamente, mas também queremos ter certeza de que faremos isso em um processo estratégico", disse  Psaki.

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No caso da unificação das famílias, Psaki afirmou que um relatório sobre o avanço nos trabalhos será divulgado dentro de 120 dias."Nós temos que identificar primeiro onde essas crianças estão e onde esses pais estão", afirmou a porta-voz. 

WASHINGTON - O governo americano prometeu encontrar as famílias de centenas de crianças que foram separadas de seus parentes ao chegarem aos Estados Unidos pela fronteira com o México. Nesta terça-feira, 2, o presidente Joe Biden assinou ordens executivas que mudam a política de imigração imposta pelo antecessor Donald Trump, entre elas, uma que cria uma força-tarefa para unir parentes separados por agentes de imigração. 

A separação de famílias em larga escala se tornou um escândalo durante o início do governo Trump, com a política de "tolerância zero" à imigração irregular. Durante a campanha eleitoral, Biden disse que iria resolver a questão dos menores afastados de seus parentes em razão da política de imigração nos EUA, uma promessa que tenta cumprir com as ordens executivas assinadas hoje.  

“Vamos trabalhar para desfazer a vergonha moral e nacional do governo anterior que, literalmente, não figurativamente, tirou as crianças dos braços de suas famílias”, disse Biden, que acusou o governo Trump de ter feito a separação de famílias sem “absolutamente nenhum plano de reunificação”. 

Centro de imigração da Polícia de Fronteira de McAllen, Texas; maioria é da América Central Foto: Washington Post photo by Carolyn Van Houten

A força-tarefa anunciada pelo governo americano tem a missão de encontrar os parentes de cerca de 600 crianças que continuam separadas de suas famílias. "Cada geração de imigrantes tornou nossa nação mais forte - nossa diversidade é uma das nossas maiores fortalezas." 

No início do governo Trump, mais de 5,5 mil famílias foram separadas pelos agentes de imigração. Em 2018, a justiça proibiu a separação nas fronteiras, mas há cerca de 600 crianças que ainda não foram unidas a suas famílias. 

Pais das crianças muitas vezes não falam inglês e não têm acesso aos canais formais de interlocução com os EUA, por terem sido deportados aos seus países de origem ou permanecerem em situação irregular no país. A maioria das famílias separadas migra do México ou de países da América Central.

A tentativa de encontrar os parentes das crianças era feita por associações que cuidam de imigrantes. Agora, esse trabalho será feito pelo governo. Associações pediam que o governo concedesse uma permissão de permanência nos EUA às famílias, mas o governo Biden afirmou que analisará a concessão de uma autorização ou visto caso a caso.

A força-tarefa será liderada pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. Ele foi confirmado nesta terça-feira pelo Senado para assumir o posto e será o primeiro imigrante e latino a dirigir o departamento que trata da política imigratória.

"Hoje, eu vou tomar medidas para reconstruir e fortalecer o nosso sistema imigratório", anunciou Biden no Twitter, pouco antes de assinar as ordens executivas. Durante a campanha, Biden prometeu trabalhar por um processo de imigração "moral e humano". As deportações de imigrantes aumentaram durante o governo Obama, no qual Biden ocupava o posto de vice-presidente, e crianças chegaram a ficar detidas em abrigos após chegarem nos EUA pela fronteira. 

Observado pelo novo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, Joe Biden assina medidas executivas sobre imigração Foto: Evan Vucci/AP

Durante o mandato de Trump, no entanto, a separação de famílias passou a ser feita de forma sistemática e os números explodiram, em razão da adoção da chamada política de "tolerância zero". A estratégia do governo Trump previa que todos os que cruzavam a fronteira de maneira ilegal seriam processados criminalmente. Antes, imigrantes sem antecedentes criminais normalmente respondiam a um processo de deportação e respondiam ao processo de deportação em liberdade.

O discurso anti-imigração foi uma das principais plataformas eleitorais de Donald Trump em 2016, quando ele venceu a eleição. Trump argumentava que os imigrantes retiraram postos de trabalho de americanos, prometeu construir um muro na fronteira dos EUA com o México e associou mexicanos a estupradores. Como presidente, Trump adotou políticas que dificultaram a imigração aos EUA -- seja para os que entraram no país de maneira irregular, seja para os que migraram de forma legal. Biden busca, com as medidas assinadas nesta terça-feira, rever a malha de determinações e regulamentações criada pelo governo Trump para restringir a imigração.

Essa é a segunda leva de medidas ligadas a imigração adotadas pelo presidente americano desde que assumiu a Casa Branca. No dia que tomou posse, ele tomou medidas relacionadas à imigração com forte componente simbólico: reverteu a proibição estabelecida por Trump de imigração de países de maioria muçulmana e ordenou a paralisação da tentativa de construção de um muro na fronteira com o México. Ainda no dia 20 de janeiro, ele enviou ao Congresso uma proposta de reforma imigratória, para criar um caminho para obtenção de cidadania aos 11 milhões de imigrantes em situação ilegal que vivem no país. 

Mas a reforma mais abrangente depende do Congresso - onde há resistência entre republicanos - e as ordens executivas assinadas hoje sinalizam que a mudança não acontecerá imediatamente. Em comunicado sobre a medida, a Casa Branca afirma que a política de Trump na fronteira causou "caos, crueldade e confusão". "A situação na fronteira não se transformará da noite para o dia, em grande parte devido aos estragos feitos nos últimos quatro anos. Mas o presidente está comprometido com uma abordagem que mantenha nosso país seguro, forte e próspero e que também se alinhe com nossos valores", informou a Casa Branca em comunicado sobre as medidas.

Plano para melhorar acesso à solicitação de asilo

Em uma das ordens executivas, o governo criou um plano para melhorar o acesso à solicitação de asilo, limitada no governo Trump, e abordar causas da migração junto a outros países. O plano também prevê que o Departamento de Segurança Interna "reveja" a medida que forçou imigrantes que fizeram pedido de asilo a esperarem no México pela decisão da Justiça americana, mas associações ligadas à área queriam uma resposta imediata aos que aguardam no país vizinho a definição legal nos EUA.

A porta-voz do governo, Jen Psaki, foi questionada por jornalistas sobre a opção de Biden por reavaliar as políticas imigratórias de Trump - e não reverter muitas delas imediatamente. "Parte do nosso esforço é avaliar o dano que foi feito. Queremos agir prontamente, mas também queremos ter certeza de que faremos isso em um processo estratégico", disse  Psaki.

No caso da unificação das famílias, Psaki afirmou que um relatório sobre o avanço nos trabalhos será divulgado dentro de 120 dias."Nós temos que identificar primeiro onde essas crianças estão e onde esses pais estão", afirmou a porta-voz. 

WASHINGTON - O governo americano prometeu encontrar as famílias de centenas de crianças que foram separadas de seus parentes ao chegarem aos Estados Unidos pela fronteira com o México. Nesta terça-feira, 2, o presidente Joe Biden assinou ordens executivas que mudam a política de imigração imposta pelo antecessor Donald Trump, entre elas, uma que cria uma força-tarefa para unir parentes separados por agentes de imigração. 

A separação de famílias em larga escala se tornou um escândalo durante o início do governo Trump, com a política de "tolerância zero" à imigração irregular. Durante a campanha eleitoral, Biden disse que iria resolver a questão dos menores afastados de seus parentes em razão da política de imigração nos EUA, uma promessa que tenta cumprir com as ordens executivas assinadas hoje.  

“Vamos trabalhar para desfazer a vergonha moral e nacional do governo anterior que, literalmente, não figurativamente, tirou as crianças dos braços de suas famílias”, disse Biden, que acusou o governo Trump de ter feito a separação de famílias sem “absolutamente nenhum plano de reunificação”. 

Centro de imigração da Polícia de Fronteira de McAllen, Texas; maioria é da América Central Foto: Washington Post photo by Carolyn Van Houten

A força-tarefa anunciada pelo governo americano tem a missão de encontrar os parentes de cerca de 600 crianças que continuam separadas de suas famílias. "Cada geração de imigrantes tornou nossa nação mais forte - nossa diversidade é uma das nossas maiores fortalezas." 

No início do governo Trump, mais de 5,5 mil famílias foram separadas pelos agentes de imigração. Em 2018, a justiça proibiu a separação nas fronteiras, mas há cerca de 600 crianças que ainda não foram unidas a suas famílias. 

Pais das crianças muitas vezes não falam inglês e não têm acesso aos canais formais de interlocução com os EUA, por terem sido deportados aos seus países de origem ou permanecerem em situação irregular no país. A maioria das famílias separadas migra do México ou de países da América Central.

A tentativa de encontrar os parentes das crianças era feita por associações que cuidam de imigrantes. Agora, esse trabalho será feito pelo governo. Associações pediam que o governo concedesse uma permissão de permanência nos EUA às famílias, mas o governo Biden afirmou que analisará a concessão de uma autorização ou visto caso a caso.

A força-tarefa será liderada pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. Ele foi confirmado nesta terça-feira pelo Senado para assumir o posto e será o primeiro imigrante e latino a dirigir o departamento que trata da política imigratória.

"Hoje, eu vou tomar medidas para reconstruir e fortalecer o nosso sistema imigratório", anunciou Biden no Twitter, pouco antes de assinar as ordens executivas. Durante a campanha, Biden prometeu trabalhar por um processo de imigração "moral e humano". As deportações de imigrantes aumentaram durante o governo Obama, no qual Biden ocupava o posto de vice-presidente, e crianças chegaram a ficar detidas em abrigos após chegarem nos EUA pela fronteira. 

Observado pelo novo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, Joe Biden assina medidas executivas sobre imigração Foto: Evan Vucci/AP

Durante o mandato de Trump, no entanto, a separação de famílias passou a ser feita de forma sistemática e os números explodiram, em razão da adoção da chamada política de "tolerância zero". A estratégia do governo Trump previa que todos os que cruzavam a fronteira de maneira ilegal seriam processados criminalmente. Antes, imigrantes sem antecedentes criminais normalmente respondiam a um processo de deportação e respondiam ao processo de deportação em liberdade.

O discurso anti-imigração foi uma das principais plataformas eleitorais de Donald Trump em 2016, quando ele venceu a eleição. Trump argumentava que os imigrantes retiraram postos de trabalho de americanos, prometeu construir um muro na fronteira dos EUA com o México e associou mexicanos a estupradores. Como presidente, Trump adotou políticas que dificultaram a imigração aos EUA -- seja para os que entraram no país de maneira irregular, seja para os que migraram de forma legal. Biden busca, com as medidas assinadas nesta terça-feira, rever a malha de determinações e regulamentações criada pelo governo Trump para restringir a imigração.

Essa é a segunda leva de medidas ligadas a imigração adotadas pelo presidente americano desde que assumiu a Casa Branca. No dia que tomou posse, ele tomou medidas relacionadas à imigração com forte componente simbólico: reverteu a proibição estabelecida por Trump de imigração de países de maioria muçulmana e ordenou a paralisação da tentativa de construção de um muro na fronteira com o México. Ainda no dia 20 de janeiro, ele enviou ao Congresso uma proposta de reforma imigratória, para criar um caminho para obtenção de cidadania aos 11 milhões de imigrantes em situação ilegal que vivem no país. 

Mas a reforma mais abrangente depende do Congresso - onde há resistência entre republicanos - e as ordens executivas assinadas hoje sinalizam que a mudança não acontecerá imediatamente. Em comunicado sobre a medida, a Casa Branca afirma que a política de Trump na fronteira causou "caos, crueldade e confusão". "A situação na fronteira não se transformará da noite para o dia, em grande parte devido aos estragos feitos nos últimos quatro anos. Mas o presidente está comprometido com uma abordagem que mantenha nosso país seguro, forte e próspero e que também se alinhe com nossos valores", informou a Casa Branca em comunicado sobre as medidas.

Plano para melhorar acesso à solicitação de asilo

Em uma das ordens executivas, o governo criou um plano para melhorar o acesso à solicitação de asilo, limitada no governo Trump, e abordar causas da migração junto a outros países. O plano também prevê que o Departamento de Segurança Interna "reveja" a medida que forçou imigrantes que fizeram pedido de asilo a esperarem no México pela decisão da Justiça americana, mas associações ligadas à área queriam uma resposta imediata aos que aguardam no país vizinho a definição legal nos EUA.

A porta-voz do governo, Jen Psaki, foi questionada por jornalistas sobre a opção de Biden por reavaliar as políticas imigratórias de Trump - e não reverter muitas delas imediatamente. "Parte do nosso esforço é avaliar o dano que foi feito. Queremos agir prontamente, mas também queremos ter certeza de que faremos isso em um processo estratégico", disse  Psaki.

No caso da unificação das famílias, Psaki afirmou que um relatório sobre o avanço nos trabalhos será divulgado dentro de 120 dias."Nós temos que identificar primeiro onde essas crianças estão e onde esses pais estão", afirmou a porta-voz. 

WASHINGTON - O governo americano prometeu encontrar as famílias de centenas de crianças que foram separadas de seus parentes ao chegarem aos Estados Unidos pela fronteira com o México. Nesta terça-feira, 2, o presidente Joe Biden assinou ordens executivas que mudam a política de imigração imposta pelo antecessor Donald Trump, entre elas, uma que cria uma força-tarefa para unir parentes separados por agentes de imigração. 

A separação de famílias em larga escala se tornou um escândalo durante o início do governo Trump, com a política de "tolerância zero" à imigração irregular. Durante a campanha eleitoral, Biden disse que iria resolver a questão dos menores afastados de seus parentes em razão da política de imigração nos EUA, uma promessa que tenta cumprir com as ordens executivas assinadas hoje.  

“Vamos trabalhar para desfazer a vergonha moral e nacional do governo anterior que, literalmente, não figurativamente, tirou as crianças dos braços de suas famílias”, disse Biden, que acusou o governo Trump de ter feito a separação de famílias sem “absolutamente nenhum plano de reunificação”. 

Centro de imigração da Polícia de Fronteira de McAllen, Texas; maioria é da América Central Foto: Washington Post photo by Carolyn Van Houten

A força-tarefa anunciada pelo governo americano tem a missão de encontrar os parentes de cerca de 600 crianças que continuam separadas de suas famílias. "Cada geração de imigrantes tornou nossa nação mais forte - nossa diversidade é uma das nossas maiores fortalezas." 

No início do governo Trump, mais de 5,5 mil famílias foram separadas pelos agentes de imigração. Em 2018, a justiça proibiu a separação nas fronteiras, mas há cerca de 600 crianças que ainda não foram unidas a suas famílias. 

Pais das crianças muitas vezes não falam inglês e não têm acesso aos canais formais de interlocução com os EUA, por terem sido deportados aos seus países de origem ou permanecerem em situação irregular no país. A maioria das famílias separadas migra do México ou de países da América Central.

A tentativa de encontrar os parentes das crianças era feita por associações que cuidam de imigrantes. Agora, esse trabalho será feito pelo governo. Associações pediam que o governo concedesse uma permissão de permanência nos EUA às famílias, mas o governo Biden afirmou que analisará a concessão de uma autorização ou visto caso a caso.

A força-tarefa será liderada pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas. Ele foi confirmado nesta terça-feira pelo Senado para assumir o posto e será o primeiro imigrante e latino a dirigir o departamento que trata da política imigratória.

"Hoje, eu vou tomar medidas para reconstruir e fortalecer o nosso sistema imigratório", anunciou Biden no Twitter, pouco antes de assinar as ordens executivas. Durante a campanha, Biden prometeu trabalhar por um processo de imigração "moral e humano". As deportações de imigrantes aumentaram durante o governo Obama, no qual Biden ocupava o posto de vice-presidente, e crianças chegaram a ficar detidas em abrigos após chegarem nos EUA pela fronteira. 

Observado pelo novo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, Joe Biden assina medidas executivas sobre imigração Foto: Evan Vucci/AP

Durante o mandato de Trump, no entanto, a separação de famílias passou a ser feita de forma sistemática e os números explodiram, em razão da adoção da chamada política de "tolerância zero". A estratégia do governo Trump previa que todos os que cruzavam a fronteira de maneira ilegal seriam processados criminalmente. Antes, imigrantes sem antecedentes criminais normalmente respondiam a um processo de deportação e respondiam ao processo de deportação em liberdade.

O discurso anti-imigração foi uma das principais plataformas eleitorais de Donald Trump em 2016, quando ele venceu a eleição. Trump argumentava que os imigrantes retiraram postos de trabalho de americanos, prometeu construir um muro na fronteira dos EUA com o México e associou mexicanos a estupradores. Como presidente, Trump adotou políticas que dificultaram a imigração aos EUA -- seja para os que entraram no país de maneira irregular, seja para os que migraram de forma legal. Biden busca, com as medidas assinadas nesta terça-feira, rever a malha de determinações e regulamentações criada pelo governo Trump para restringir a imigração.

Essa é a segunda leva de medidas ligadas a imigração adotadas pelo presidente americano desde que assumiu a Casa Branca. No dia que tomou posse, ele tomou medidas relacionadas à imigração com forte componente simbólico: reverteu a proibição estabelecida por Trump de imigração de países de maioria muçulmana e ordenou a paralisação da tentativa de construção de um muro na fronteira com o México. Ainda no dia 20 de janeiro, ele enviou ao Congresso uma proposta de reforma imigratória, para criar um caminho para obtenção de cidadania aos 11 milhões de imigrantes em situação ilegal que vivem no país. 

Mas a reforma mais abrangente depende do Congresso - onde há resistência entre republicanos - e as ordens executivas assinadas hoje sinalizam que a mudança não acontecerá imediatamente. Em comunicado sobre a medida, a Casa Branca afirma que a política de Trump na fronteira causou "caos, crueldade e confusão". "A situação na fronteira não se transformará da noite para o dia, em grande parte devido aos estragos feitos nos últimos quatro anos. Mas o presidente está comprometido com uma abordagem que mantenha nosso país seguro, forte e próspero e que também se alinhe com nossos valores", informou a Casa Branca em comunicado sobre as medidas.

Plano para melhorar acesso à solicitação de asilo

Em uma das ordens executivas, o governo criou um plano para melhorar o acesso à solicitação de asilo, limitada no governo Trump, e abordar causas da migração junto a outros países. O plano também prevê que o Departamento de Segurança Interna "reveja" a medida que forçou imigrantes que fizeram pedido de asilo a esperarem no México pela decisão da Justiça americana, mas associações ligadas à área queriam uma resposta imediata aos que aguardam no país vizinho a definição legal nos EUA.

A porta-voz do governo, Jen Psaki, foi questionada por jornalistas sobre a opção de Biden por reavaliar as políticas imigratórias de Trump - e não reverter muitas delas imediatamente. "Parte do nosso esforço é avaliar o dano que foi feito. Queremos agir prontamente, mas também queremos ter certeza de que faremos isso em um processo estratégico", disse  Psaki.

No caso da unificação das famílias, Psaki afirmou que um relatório sobre o avanço nos trabalhos será divulgado dentro de 120 dias."Nós temos que identificar primeiro onde essas crianças estão e onde esses pais estão", afirmou a porta-voz. 

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