WASHINGTON - O presidente americano, Joe Biden, disse nesta quinta-feira, 4, que a guerra no Iêmen deve acabar, prometendo abandonar o apoio de Washington à ofensiva da Arábia Saudita contra os rebeldes houtis e a venda de armas ao reino saudita.
A ofensiva militar de cinco anos liderada pelos sauditas agravou a crise humanitária no país mais pobre da Península Arábica. A medida cumpre uma promessa de campanha de Biden, cujo governo planeja buscar a diplomacia para encerrar o conflito geral no Iêmen.
"Essa guerra deve acabar", disse Biden em seu primeiro grande discurso sobre política externa, feito no Departamento de Estado. "Para ressaltar nosso compromisso, estamos encerrando todo o apoio dos Estados Unidos às operações ofensivas na guerra no Iêmen, incluindo a venda de armas."
A Arábia Saudita iniciou a ofensiva em 2015 para conter uma facção houti iemenita que havia tomado território no Iêmen e estava lançando mísseis transfronteiriços contra o reino. Uma campanha aérea liderada pelos sauditas desde então matou vários civis iemenitas. Os Estados Unidos deram assistência ao comando e controle do Exército saudita alegando que o objetivo era minimizar as vítimas civis na campanha de bombardeio.
O governo Obama inicialmente deu luz verde à ofensiva liderada pelos sauditas. Alguns dos funcionários dos Estados Unidos envolvidos, desde então, disseram que lamentam essa decisão e agora estão no governo Biden, que se propõe a impedir o envolvimento do país e encerrar o conflito multipartidário.
Os sobreviventes exibem fragmentos mostrando as bombas de fabricação americana. O conflito também agravou a fome e a pobreza no Iêmen, e especialistas em direitos internacionais dizem que tanto os países do Golfo quanto os houtis cometeram graves abusos.
O líder da diplomacia americana, Antony Blinken, já havia prometido anteriormente encerrar o apoio de Washington à coalizão militar liderada pelos sauditas que intervinha junto ao governo iemenita contra os rebeldes.
Refugiados
O presidente também anunciou a intenção de multiplicar por oito o número de refugiados que poderão ser admitidos nos Estados Unidos com base no mínimo histórico imposto por Donald Trump ao final do seu mandato. Segundo uma promessa de campanha, Biden estabeleceu a cota anual de refugiados que poderão ser admitidos no programa de reassentamento em 125 mil, em comparação com os 15 mil no atual ano fiscal.
Oposição ao autoritarismo
Durante seu primeiro grande discurso de política externa, Biden prometeu se opor ao "autoritarismo" tanto da China quanto da Rússia, insistindo em seu desejo de romper com a posição de Trump em relação a Moscou.
Os EUA devem "estar aí frente ao avanço do autoritarismo, em particular às crescentes ambições da China e ao desejo da Rússia de debilitar a nossa democracia", afirmou. "Deixei claro ao presidente (Vladimir) Putin, de uma forma muito diferente à do meu antecessor, que a época em que os Estados Unidos se submeteram aos atos agressivos da Rússia (...) acabou", acrescentou./AP, AFP e W. Post