Biden espera alterar a trajetória da guerra conforme os reféns forem libertados


A pedido do presidente dos EUA, a trégua temporária entre Israel e o Hamas foi prorrogada por mais dois dias. O desafio é o que vem pela frente

Por Peter Baker

Depois de sete semanas combatendo uma crise sem soluções fáceis, o presidente Joe Biden teve um certo alívio no fim de semana com a libertação de uma menina de 4 anos cujos pais foram mortos no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Por mais gratificante, contudo, que tenha sido garantir a libertação de Avigail Idan de seus sequestradores do Hamas, no domingo, o desafio de Biden daqui adiante não é apenas libertar o restante dos americanos reféns, mas também usar o sucesso dos dias recentes para alterar a trajetória da guerra que consome Gaza.

Em breves comentário em Nantucket, a ilha em Massachusetts onde ele passou o Dia de Ação de Graças, Biden declarou no domingo que é “meu objetivo, nosso objetivo” estender a pausa temporária na guerra entre Israel e Hamas, que está marcada para expirar após um novo grupo de reféns ser libertado nesta segunda-feira, para a libertação de mais reféns e o envio de mais ajuda humanitária para Gaza. Israel já indicou disposição para fazer isso, e o Hamas agora fez o mesmo.

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Reféns que foram sequestrados por homens armados do Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro são entregues por militantes do Hamas a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 27 de novembro de 2023. Foto: Ala militar do Hamas via Reuters

O presidente americano passou parte do fim de semana tentando transformar essa disposição em realidade, telefonando para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no domingo, um dia depois de consultar o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujo governo permite a presença no país de representantes do Hamas e tem servido de intermediário nas negociações com o grupo.

“Ele (Biden) continua a trabalhar continuamente para conseguirmos assegurar aqueles dias adicionais de pausa e o retorno às suas famílias daqueles reféns adicionais”, afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente, Jake Sullivan, no programa “Meet the Press”, da NBC, em uma das várias entrevistas que ele concedeu a emissoras de TV no domingo.

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Ao buscar estender a pausa e ampliar a libertação dos reféns, Biden tem a considerar interesses dos Estados Unidos tanto quanto de Israel. Entre os 240 sequestrados pelo Hamas, acredita-se que 10 sejam americanos. Entre os reféns libertados sob o acordo intermediado por Biden na semana passada pela soltura de 50 sequestrados, a única americana foi Avigail, que tem dupla cidadania americana e israelense e cujo nome foi com frequência grafado como Abigail pelos meios de comunicação dos EUA.

Duas mulheres americanas deverão estar entre os reféns libertados nesta segunda-feira, no estágio final de soltura desse grupo segundo o acordo estabelecido entre Israel e o Hamas — sete homens americanos continuarão em cativeiro. Biden espera que uma ampliação na pausa em troca da libertação de mais reféns possa resultar na soltura dos demais americanos. Israel afirmou que ampliará em um dia a pausa a cada dez reféns adicionais libertados.

“Nós continuaremos pessoalmente engajados em assegurar que esse acordo seja implementado completamente e também trabalhando para ampliar o acordo”, disse Biden a repórteres.

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Mas ninguém disse o que poderá acontecer se o Hamas, após libertar todos os reféns, estiver disposto a desistir e a trégua temporária expirar oficialmente. Netanyahu deixou claro que pretende retomar as operações militares para destruir o Hamas em resposta ao ataque terrorista que deixou estimados 1,2 mil mortos.

Manifestantes agitam bandeiras da oposição palestina e síria durante a manifestação em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, na cidade de Atme, controlada pelos rebeldes, na província de Idlib, no noroeste da Síria, em 18 de outubro de 2023. Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, junta-se ao primeiro-ministro de Israel para o início da reunião do gabinete de guerra israelense, em Tel Aviv, em 18 de outubro de 2023. Foto: MIRIAM ALSTER / AFP

Biden apoiou publicamente o direito de Israel de se defender, mas parece esperar que, se for retomada, a guerra possa ser recalibrada para poupar mais civis e permitir que a crise humanitária seja abrandada em Gaza.

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Ao ser questionado sobre esse assunto no domingo, Biden foi vago. “Nós estamos buscando uma maneira de pôr um fim nisso, para que os reféns sejam libertados e o Hamas — como posso dizer? — não esteja mais em controle de nenhuma porção de Gaza”, afirmou ele. Questionado a respeito de quanto tempo deveria ter a trégua temporária, ele disse, “Eu gostaria de ver a pausa vigorar enquanto os reféns continuarem sendo libertados”.

Sullivan notou que Israel pretende retomar seu ataque contra Gaza naquele ponto. “Em última instância, Israel vai querer continuar a conduzir operações militares contra o Hamas, particularmente os líderes do Hamas, que foram os arquitetos desse massacre brutal e sangrento, o pior massacre do povo judeu desde o Holocausto”, disse ele no programa “State of the Union”, da CNN. “E o Hamas representa uma ameaça constante a Israel.”

Sullivan também reconheceu que o Hamas se beneficiou do acordo de libertação de reféns. “Eu não posso negar que o Hamas obteve alguns benefícios deste acordo”, afirmou Sullivan. “Um deles é a capacidade de se reagrupar e reaparelhar dentro de Gaza. Outro é tentar usar as redes sociais e outros formatos para gerar propaganda sobre isso.” Mas ele acrescentou que a contrapartida é dúzias de “pessoas inocentes saindo de Gaza para reunir-se com suas famílias”.

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Os republicanos ofereceram respostas ambíguas a respeito do acordo de libertação de reféns, evitando desafiar a decisão de Netanyahu de trocar não apenas uma trégua temporária, mas três presos palestinos para cada refém libertado sob o acordo intermediado pelos enviados de Biden.

“Estou grato por esses reféns terem sido devolvidos para suas famílias”, disse à CNN o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um dos pré-candidatos republicanos à presidência. “É uma coisa extraordinariamente importante e humana a se fazer. Então eu acho que o presidente Biden merece crédito por isso.”

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“Onde eu acho que ele está começando a se enganar”, acrescentou Christie, é ao “dizer que espera que isso continue, que a trégua continue. Na minha visão, ele não pode fazer esse tipo de coisa publicamente.”

O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, expressou uma posição mais dura no “Fox News Sunday”. Apesar de afirmar que não quer “dizer ao governo israelense o que fazer”, Cotton não pareceu incomodado em dizer a Biden o que fazer, acusando-o de não apoiar Israel o suficiente.

Os palestinos fazem seu caminho do norte da Faixa de Gaza para o sul de Gaza ao longo da estrada Salah Al Din, em 27 de novembro de 2023.  Foto: MOHAMMED SABER / EFE

“Eu tenho de dizer que parece que o presidente Biden coloca mais pressão sobre Israel do que sobre o Hamas e seus anfitriões no Catar”, afirmou Cotton. “O governo Biden insistiu consistentemente nos bastidores para o governo de Israel dar passos que claramente não atendem ao interesse israelense”, acrescentou ele, citando a entrega de combustível a Gaza, o que, afirmou ele, não ajuda apenas os civis, mas também o Hamas.

Ainda assim, a pausa nos confrontos aliviou parte das críticas que Biden vinha recebendo da da ala à esquerda de seu partido, que o atacou por, em sua visão, apoiar Israel exageradamente. A campanha militar de Israel matou milhares de civis em Gaza mesmo tendo foco em destruir o Hamas, que é designado como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

A libertação de Avigail deu a Biden uma pequena mas poderosa vitória emocional em meio ao tumulto na região. Sequestrada depois de seus pais serem mortos a tiros em sua frente, Avigail passou sete semanas em cativeiro e fez 4 anos na sexta-feira, refém do Hamas. Seu caso gerou ondas de preocupações e condenações internacionais.

“Ela sofreu um trauma terrível”, afirmou Biden. “É impensável o que ela passou.” Mas o presidente festejou sua libertação. “Graças a Deus ela está em casa”, afirmou ele. “Eu queria estar lá para lhe dar um abraço.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Depois de sete semanas combatendo uma crise sem soluções fáceis, o presidente Joe Biden teve um certo alívio no fim de semana com a libertação de uma menina de 4 anos cujos pais foram mortos no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Por mais gratificante, contudo, que tenha sido garantir a libertação de Avigail Idan de seus sequestradores do Hamas, no domingo, o desafio de Biden daqui adiante não é apenas libertar o restante dos americanos reféns, mas também usar o sucesso dos dias recentes para alterar a trajetória da guerra que consome Gaza.

Em breves comentário em Nantucket, a ilha em Massachusetts onde ele passou o Dia de Ação de Graças, Biden declarou no domingo que é “meu objetivo, nosso objetivo” estender a pausa temporária na guerra entre Israel e Hamas, que está marcada para expirar após um novo grupo de reféns ser libertado nesta segunda-feira, para a libertação de mais reféns e o envio de mais ajuda humanitária para Gaza. Israel já indicou disposição para fazer isso, e o Hamas agora fez o mesmo.

Reféns que foram sequestrados por homens armados do Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro são entregues por militantes do Hamas a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 27 de novembro de 2023. Foto: Ala militar do Hamas via Reuters

O presidente americano passou parte do fim de semana tentando transformar essa disposição em realidade, telefonando para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no domingo, um dia depois de consultar o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujo governo permite a presença no país de representantes do Hamas e tem servido de intermediário nas negociações com o grupo.

“Ele (Biden) continua a trabalhar continuamente para conseguirmos assegurar aqueles dias adicionais de pausa e o retorno às suas famílias daqueles reféns adicionais”, afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente, Jake Sullivan, no programa “Meet the Press”, da NBC, em uma das várias entrevistas que ele concedeu a emissoras de TV no domingo.

Ao buscar estender a pausa e ampliar a libertação dos reféns, Biden tem a considerar interesses dos Estados Unidos tanto quanto de Israel. Entre os 240 sequestrados pelo Hamas, acredita-se que 10 sejam americanos. Entre os reféns libertados sob o acordo intermediado por Biden na semana passada pela soltura de 50 sequestrados, a única americana foi Avigail, que tem dupla cidadania americana e israelense e cujo nome foi com frequência grafado como Abigail pelos meios de comunicação dos EUA.

Duas mulheres americanas deverão estar entre os reféns libertados nesta segunda-feira, no estágio final de soltura desse grupo segundo o acordo estabelecido entre Israel e o Hamas — sete homens americanos continuarão em cativeiro. Biden espera que uma ampliação na pausa em troca da libertação de mais reféns possa resultar na soltura dos demais americanos. Israel afirmou que ampliará em um dia a pausa a cada dez reféns adicionais libertados.

“Nós continuaremos pessoalmente engajados em assegurar que esse acordo seja implementado completamente e também trabalhando para ampliar o acordo”, disse Biden a repórteres.

Mas ninguém disse o que poderá acontecer se o Hamas, após libertar todos os reféns, estiver disposto a desistir e a trégua temporária expirar oficialmente. Netanyahu deixou claro que pretende retomar as operações militares para destruir o Hamas em resposta ao ataque terrorista que deixou estimados 1,2 mil mortos.

Manifestantes agitam bandeiras da oposição palestina e síria durante a manifestação em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, na cidade de Atme, controlada pelos rebeldes, na província de Idlib, no noroeste da Síria, em 18 de outubro de 2023. Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, junta-se ao primeiro-ministro de Israel para o início da reunião do gabinete de guerra israelense, em Tel Aviv, em 18 de outubro de 2023. Foto: MIRIAM ALSTER / AFP

Biden apoiou publicamente o direito de Israel de se defender, mas parece esperar que, se for retomada, a guerra possa ser recalibrada para poupar mais civis e permitir que a crise humanitária seja abrandada em Gaza.

Ao ser questionado sobre esse assunto no domingo, Biden foi vago. “Nós estamos buscando uma maneira de pôr um fim nisso, para que os reféns sejam libertados e o Hamas — como posso dizer? — não esteja mais em controle de nenhuma porção de Gaza”, afirmou ele. Questionado a respeito de quanto tempo deveria ter a trégua temporária, ele disse, “Eu gostaria de ver a pausa vigorar enquanto os reféns continuarem sendo libertados”.

Sullivan notou que Israel pretende retomar seu ataque contra Gaza naquele ponto. “Em última instância, Israel vai querer continuar a conduzir operações militares contra o Hamas, particularmente os líderes do Hamas, que foram os arquitetos desse massacre brutal e sangrento, o pior massacre do povo judeu desde o Holocausto”, disse ele no programa “State of the Union”, da CNN. “E o Hamas representa uma ameaça constante a Israel.”

Sullivan também reconheceu que o Hamas se beneficiou do acordo de libertação de reféns. “Eu não posso negar que o Hamas obteve alguns benefícios deste acordo”, afirmou Sullivan. “Um deles é a capacidade de se reagrupar e reaparelhar dentro de Gaza. Outro é tentar usar as redes sociais e outros formatos para gerar propaganda sobre isso.” Mas ele acrescentou que a contrapartida é dúzias de “pessoas inocentes saindo de Gaza para reunir-se com suas famílias”.

Os republicanos ofereceram respostas ambíguas a respeito do acordo de libertação de reféns, evitando desafiar a decisão de Netanyahu de trocar não apenas uma trégua temporária, mas três presos palestinos para cada refém libertado sob o acordo intermediado pelos enviados de Biden.

“Estou grato por esses reféns terem sido devolvidos para suas famílias”, disse à CNN o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um dos pré-candidatos republicanos à presidência. “É uma coisa extraordinariamente importante e humana a se fazer. Então eu acho que o presidente Biden merece crédito por isso.”

“Onde eu acho que ele está começando a se enganar”, acrescentou Christie, é ao “dizer que espera que isso continue, que a trégua continue. Na minha visão, ele não pode fazer esse tipo de coisa publicamente.”

O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, expressou uma posição mais dura no “Fox News Sunday”. Apesar de afirmar que não quer “dizer ao governo israelense o que fazer”, Cotton não pareceu incomodado em dizer a Biden o que fazer, acusando-o de não apoiar Israel o suficiente.

Os palestinos fazem seu caminho do norte da Faixa de Gaza para o sul de Gaza ao longo da estrada Salah Al Din, em 27 de novembro de 2023.  Foto: MOHAMMED SABER / EFE

“Eu tenho de dizer que parece que o presidente Biden coloca mais pressão sobre Israel do que sobre o Hamas e seus anfitriões no Catar”, afirmou Cotton. “O governo Biden insistiu consistentemente nos bastidores para o governo de Israel dar passos que claramente não atendem ao interesse israelense”, acrescentou ele, citando a entrega de combustível a Gaza, o que, afirmou ele, não ajuda apenas os civis, mas também o Hamas.

Ainda assim, a pausa nos confrontos aliviou parte das críticas que Biden vinha recebendo da da ala à esquerda de seu partido, que o atacou por, em sua visão, apoiar Israel exageradamente. A campanha militar de Israel matou milhares de civis em Gaza mesmo tendo foco em destruir o Hamas, que é designado como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

A libertação de Avigail deu a Biden uma pequena mas poderosa vitória emocional em meio ao tumulto na região. Sequestrada depois de seus pais serem mortos a tiros em sua frente, Avigail passou sete semanas em cativeiro e fez 4 anos na sexta-feira, refém do Hamas. Seu caso gerou ondas de preocupações e condenações internacionais.

“Ela sofreu um trauma terrível”, afirmou Biden. “É impensável o que ela passou.” Mas o presidente festejou sua libertação. “Graças a Deus ela está em casa”, afirmou ele. “Eu queria estar lá para lhe dar um abraço.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Depois de sete semanas combatendo uma crise sem soluções fáceis, o presidente Joe Biden teve um certo alívio no fim de semana com a libertação de uma menina de 4 anos cujos pais foram mortos no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Por mais gratificante, contudo, que tenha sido garantir a libertação de Avigail Idan de seus sequestradores do Hamas, no domingo, o desafio de Biden daqui adiante não é apenas libertar o restante dos americanos reféns, mas também usar o sucesso dos dias recentes para alterar a trajetória da guerra que consome Gaza.

Em breves comentário em Nantucket, a ilha em Massachusetts onde ele passou o Dia de Ação de Graças, Biden declarou no domingo que é “meu objetivo, nosso objetivo” estender a pausa temporária na guerra entre Israel e Hamas, que está marcada para expirar após um novo grupo de reféns ser libertado nesta segunda-feira, para a libertação de mais reféns e o envio de mais ajuda humanitária para Gaza. Israel já indicou disposição para fazer isso, e o Hamas agora fez o mesmo.

Reféns que foram sequestrados por homens armados do Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro são entregues por militantes do Hamas a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 27 de novembro de 2023. Foto: Ala militar do Hamas via Reuters

O presidente americano passou parte do fim de semana tentando transformar essa disposição em realidade, telefonando para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no domingo, um dia depois de consultar o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujo governo permite a presença no país de representantes do Hamas e tem servido de intermediário nas negociações com o grupo.

“Ele (Biden) continua a trabalhar continuamente para conseguirmos assegurar aqueles dias adicionais de pausa e o retorno às suas famílias daqueles reféns adicionais”, afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente, Jake Sullivan, no programa “Meet the Press”, da NBC, em uma das várias entrevistas que ele concedeu a emissoras de TV no domingo.

Ao buscar estender a pausa e ampliar a libertação dos reféns, Biden tem a considerar interesses dos Estados Unidos tanto quanto de Israel. Entre os 240 sequestrados pelo Hamas, acredita-se que 10 sejam americanos. Entre os reféns libertados sob o acordo intermediado por Biden na semana passada pela soltura de 50 sequestrados, a única americana foi Avigail, que tem dupla cidadania americana e israelense e cujo nome foi com frequência grafado como Abigail pelos meios de comunicação dos EUA.

Duas mulheres americanas deverão estar entre os reféns libertados nesta segunda-feira, no estágio final de soltura desse grupo segundo o acordo estabelecido entre Israel e o Hamas — sete homens americanos continuarão em cativeiro. Biden espera que uma ampliação na pausa em troca da libertação de mais reféns possa resultar na soltura dos demais americanos. Israel afirmou que ampliará em um dia a pausa a cada dez reféns adicionais libertados.

“Nós continuaremos pessoalmente engajados em assegurar que esse acordo seja implementado completamente e também trabalhando para ampliar o acordo”, disse Biden a repórteres.

Mas ninguém disse o que poderá acontecer se o Hamas, após libertar todos os reféns, estiver disposto a desistir e a trégua temporária expirar oficialmente. Netanyahu deixou claro que pretende retomar as operações militares para destruir o Hamas em resposta ao ataque terrorista que deixou estimados 1,2 mil mortos.

Manifestantes agitam bandeiras da oposição palestina e síria durante a manifestação em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, na cidade de Atme, controlada pelos rebeldes, na província de Idlib, no noroeste da Síria, em 18 de outubro de 2023. Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, junta-se ao primeiro-ministro de Israel para o início da reunião do gabinete de guerra israelense, em Tel Aviv, em 18 de outubro de 2023. Foto: MIRIAM ALSTER / AFP

Biden apoiou publicamente o direito de Israel de se defender, mas parece esperar que, se for retomada, a guerra possa ser recalibrada para poupar mais civis e permitir que a crise humanitária seja abrandada em Gaza.

Ao ser questionado sobre esse assunto no domingo, Biden foi vago. “Nós estamos buscando uma maneira de pôr um fim nisso, para que os reféns sejam libertados e o Hamas — como posso dizer? — não esteja mais em controle de nenhuma porção de Gaza”, afirmou ele. Questionado a respeito de quanto tempo deveria ter a trégua temporária, ele disse, “Eu gostaria de ver a pausa vigorar enquanto os reféns continuarem sendo libertados”.

Sullivan notou que Israel pretende retomar seu ataque contra Gaza naquele ponto. “Em última instância, Israel vai querer continuar a conduzir operações militares contra o Hamas, particularmente os líderes do Hamas, que foram os arquitetos desse massacre brutal e sangrento, o pior massacre do povo judeu desde o Holocausto”, disse ele no programa “State of the Union”, da CNN. “E o Hamas representa uma ameaça constante a Israel.”

Sullivan também reconheceu que o Hamas se beneficiou do acordo de libertação de reféns. “Eu não posso negar que o Hamas obteve alguns benefícios deste acordo”, afirmou Sullivan. “Um deles é a capacidade de se reagrupar e reaparelhar dentro de Gaza. Outro é tentar usar as redes sociais e outros formatos para gerar propaganda sobre isso.” Mas ele acrescentou que a contrapartida é dúzias de “pessoas inocentes saindo de Gaza para reunir-se com suas famílias”.

Os republicanos ofereceram respostas ambíguas a respeito do acordo de libertação de reféns, evitando desafiar a decisão de Netanyahu de trocar não apenas uma trégua temporária, mas três presos palestinos para cada refém libertado sob o acordo intermediado pelos enviados de Biden.

“Estou grato por esses reféns terem sido devolvidos para suas famílias”, disse à CNN o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um dos pré-candidatos republicanos à presidência. “É uma coisa extraordinariamente importante e humana a se fazer. Então eu acho que o presidente Biden merece crédito por isso.”

“Onde eu acho que ele está começando a se enganar”, acrescentou Christie, é ao “dizer que espera que isso continue, que a trégua continue. Na minha visão, ele não pode fazer esse tipo de coisa publicamente.”

O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, expressou uma posição mais dura no “Fox News Sunday”. Apesar de afirmar que não quer “dizer ao governo israelense o que fazer”, Cotton não pareceu incomodado em dizer a Biden o que fazer, acusando-o de não apoiar Israel o suficiente.

Os palestinos fazem seu caminho do norte da Faixa de Gaza para o sul de Gaza ao longo da estrada Salah Al Din, em 27 de novembro de 2023.  Foto: MOHAMMED SABER / EFE

“Eu tenho de dizer que parece que o presidente Biden coloca mais pressão sobre Israel do que sobre o Hamas e seus anfitriões no Catar”, afirmou Cotton. “O governo Biden insistiu consistentemente nos bastidores para o governo de Israel dar passos que claramente não atendem ao interesse israelense”, acrescentou ele, citando a entrega de combustível a Gaza, o que, afirmou ele, não ajuda apenas os civis, mas também o Hamas.

Ainda assim, a pausa nos confrontos aliviou parte das críticas que Biden vinha recebendo da da ala à esquerda de seu partido, que o atacou por, em sua visão, apoiar Israel exageradamente. A campanha militar de Israel matou milhares de civis em Gaza mesmo tendo foco em destruir o Hamas, que é designado como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

A libertação de Avigail deu a Biden uma pequena mas poderosa vitória emocional em meio ao tumulto na região. Sequestrada depois de seus pais serem mortos a tiros em sua frente, Avigail passou sete semanas em cativeiro e fez 4 anos na sexta-feira, refém do Hamas. Seu caso gerou ondas de preocupações e condenações internacionais.

“Ela sofreu um trauma terrível”, afirmou Biden. “É impensável o que ela passou.” Mas o presidente festejou sua libertação. “Graças a Deus ela está em casa”, afirmou ele. “Eu queria estar lá para lhe dar um abraço.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Depois de sete semanas combatendo uma crise sem soluções fáceis, o presidente Joe Biden teve um certo alívio no fim de semana com a libertação de uma menina de 4 anos cujos pais foram mortos no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Por mais gratificante, contudo, que tenha sido garantir a libertação de Avigail Idan de seus sequestradores do Hamas, no domingo, o desafio de Biden daqui adiante não é apenas libertar o restante dos americanos reféns, mas também usar o sucesso dos dias recentes para alterar a trajetória da guerra que consome Gaza.

Em breves comentário em Nantucket, a ilha em Massachusetts onde ele passou o Dia de Ação de Graças, Biden declarou no domingo que é “meu objetivo, nosso objetivo” estender a pausa temporária na guerra entre Israel e Hamas, que está marcada para expirar após um novo grupo de reféns ser libertado nesta segunda-feira, para a libertação de mais reféns e o envio de mais ajuda humanitária para Gaza. Israel já indicou disposição para fazer isso, e o Hamas agora fez o mesmo.

Reféns que foram sequestrados por homens armados do Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro são entregues por militantes do Hamas a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 27 de novembro de 2023. Foto: Ala militar do Hamas via Reuters

O presidente americano passou parte do fim de semana tentando transformar essa disposição em realidade, telefonando para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no domingo, um dia depois de consultar o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujo governo permite a presença no país de representantes do Hamas e tem servido de intermediário nas negociações com o grupo.

“Ele (Biden) continua a trabalhar continuamente para conseguirmos assegurar aqueles dias adicionais de pausa e o retorno às suas famílias daqueles reféns adicionais”, afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente, Jake Sullivan, no programa “Meet the Press”, da NBC, em uma das várias entrevistas que ele concedeu a emissoras de TV no domingo.

Ao buscar estender a pausa e ampliar a libertação dos reféns, Biden tem a considerar interesses dos Estados Unidos tanto quanto de Israel. Entre os 240 sequestrados pelo Hamas, acredita-se que 10 sejam americanos. Entre os reféns libertados sob o acordo intermediado por Biden na semana passada pela soltura de 50 sequestrados, a única americana foi Avigail, que tem dupla cidadania americana e israelense e cujo nome foi com frequência grafado como Abigail pelos meios de comunicação dos EUA.

Duas mulheres americanas deverão estar entre os reféns libertados nesta segunda-feira, no estágio final de soltura desse grupo segundo o acordo estabelecido entre Israel e o Hamas — sete homens americanos continuarão em cativeiro. Biden espera que uma ampliação na pausa em troca da libertação de mais reféns possa resultar na soltura dos demais americanos. Israel afirmou que ampliará em um dia a pausa a cada dez reféns adicionais libertados.

“Nós continuaremos pessoalmente engajados em assegurar que esse acordo seja implementado completamente e também trabalhando para ampliar o acordo”, disse Biden a repórteres.

Mas ninguém disse o que poderá acontecer se o Hamas, após libertar todos os reféns, estiver disposto a desistir e a trégua temporária expirar oficialmente. Netanyahu deixou claro que pretende retomar as operações militares para destruir o Hamas em resposta ao ataque terrorista que deixou estimados 1,2 mil mortos.

Manifestantes agitam bandeiras da oposição palestina e síria durante a manifestação em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, na cidade de Atme, controlada pelos rebeldes, na província de Idlib, no noroeste da Síria, em 18 de outubro de 2023. Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, junta-se ao primeiro-ministro de Israel para o início da reunião do gabinete de guerra israelense, em Tel Aviv, em 18 de outubro de 2023. Foto: MIRIAM ALSTER / AFP

Biden apoiou publicamente o direito de Israel de se defender, mas parece esperar que, se for retomada, a guerra possa ser recalibrada para poupar mais civis e permitir que a crise humanitária seja abrandada em Gaza.

Ao ser questionado sobre esse assunto no domingo, Biden foi vago. “Nós estamos buscando uma maneira de pôr um fim nisso, para que os reféns sejam libertados e o Hamas — como posso dizer? — não esteja mais em controle de nenhuma porção de Gaza”, afirmou ele. Questionado a respeito de quanto tempo deveria ter a trégua temporária, ele disse, “Eu gostaria de ver a pausa vigorar enquanto os reféns continuarem sendo libertados”.

Sullivan notou que Israel pretende retomar seu ataque contra Gaza naquele ponto. “Em última instância, Israel vai querer continuar a conduzir operações militares contra o Hamas, particularmente os líderes do Hamas, que foram os arquitetos desse massacre brutal e sangrento, o pior massacre do povo judeu desde o Holocausto”, disse ele no programa “State of the Union”, da CNN. “E o Hamas representa uma ameaça constante a Israel.”

Sullivan também reconheceu que o Hamas se beneficiou do acordo de libertação de reféns. “Eu não posso negar que o Hamas obteve alguns benefícios deste acordo”, afirmou Sullivan. “Um deles é a capacidade de se reagrupar e reaparelhar dentro de Gaza. Outro é tentar usar as redes sociais e outros formatos para gerar propaganda sobre isso.” Mas ele acrescentou que a contrapartida é dúzias de “pessoas inocentes saindo de Gaza para reunir-se com suas famílias”.

Os republicanos ofereceram respostas ambíguas a respeito do acordo de libertação de reféns, evitando desafiar a decisão de Netanyahu de trocar não apenas uma trégua temporária, mas três presos palestinos para cada refém libertado sob o acordo intermediado pelos enviados de Biden.

“Estou grato por esses reféns terem sido devolvidos para suas famílias”, disse à CNN o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um dos pré-candidatos republicanos à presidência. “É uma coisa extraordinariamente importante e humana a se fazer. Então eu acho que o presidente Biden merece crédito por isso.”

“Onde eu acho que ele está começando a se enganar”, acrescentou Christie, é ao “dizer que espera que isso continue, que a trégua continue. Na minha visão, ele não pode fazer esse tipo de coisa publicamente.”

O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, expressou uma posição mais dura no “Fox News Sunday”. Apesar de afirmar que não quer “dizer ao governo israelense o que fazer”, Cotton não pareceu incomodado em dizer a Biden o que fazer, acusando-o de não apoiar Israel o suficiente.

Os palestinos fazem seu caminho do norte da Faixa de Gaza para o sul de Gaza ao longo da estrada Salah Al Din, em 27 de novembro de 2023.  Foto: MOHAMMED SABER / EFE

“Eu tenho de dizer que parece que o presidente Biden coloca mais pressão sobre Israel do que sobre o Hamas e seus anfitriões no Catar”, afirmou Cotton. “O governo Biden insistiu consistentemente nos bastidores para o governo de Israel dar passos que claramente não atendem ao interesse israelense”, acrescentou ele, citando a entrega de combustível a Gaza, o que, afirmou ele, não ajuda apenas os civis, mas também o Hamas.

Ainda assim, a pausa nos confrontos aliviou parte das críticas que Biden vinha recebendo da da ala à esquerda de seu partido, que o atacou por, em sua visão, apoiar Israel exageradamente. A campanha militar de Israel matou milhares de civis em Gaza mesmo tendo foco em destruir o Hamas, que é designado como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

A libertação de Avigail deu a Biden uma pequena mas poderosa vitória emocional em meio ao tumulto na região. Sequestrada depois de seus pais serem mortos a tiros em sua frente, Avigail passou sete semanas em cativeiro e fez 4 anos na sexta-feira, refém do Hamas. Seu caso gerou ondas de preocupações e condenações internacionais.

“Ela sofreu um trauma terrível”, afirmou Biden. “É impensável o que ela passou.” Mas o presidente festejou sua libertação. “Graças a Deus ela está em casa”, afirmou ele. “Eu queria estar lá para lhe dar um abraço.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Depois de sete semanas combatendo uma crise sem soluções fáceis, o presidente Joe Biden teve um certo alívio no fim de semana com a libertação de uma menina de 4 anos cujos pais foram mortos no ataque terrorista de 7 de outubro em Israel.

Por mais gratificante, contudo, que tenha sido garantir a libertação de Avigail Idan de seus sequestradores do Hamas, no domingo, o desafio de Biden daqui adiante não é apenas libertar o restante dos americanos reféns, mas também usar o sucesso dos dias recentes para alterar a trajetória da guerra que consome Gaza.

Em breves comentário em Nantucket, a ilha em Massachusetts onde ele passou o Dia de Ação de Graças, Biden declarou no domingo que é “meu objetivo, nosso objetivo” estender a pausa temporária na guerra entre Israel e Hamas, que está marcada para expirar após um novo grupo de reféns ser libertado nesta segunda-feira, para a libertação de mais reféns e o envio de mais ajuda humanitária para Gaza. Israel já indicou disposição para fazer isso, e o Hamas agora fez o mesmo.

Reféns que foram sequestrados por homens armados do Hamas durante o ataque a Israel em 7 de outubro são entregues por militantes do Hamas a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em 27 de novembro de 2023. Foto: Ala militar do Hamas via Reuters

O presidente americano passou parte do fim de semana tentando transformar essa disposição em realidade, telefonando para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no domingo, um dia depois de consultar o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, cujo governo permite a presença no país de representantes do Hamas e tem servido de intermediário nas negociações com o grupo.

“Ele (Biden) continua a trabalhar continuamente para conseguirmos assegurar aqueles dias adicionais de pausa e o retorno às suas famílias daqueles reféns adicionais”, afirmou o conselheiro de segurança nacional do presidente, Jake Sullivan, no programa “Meet the Press”, da NBC, em uma das várias entrevistas que ele concedeu a emissoras de TV no domingo.

Ao buscar estender a pausa e ampliar a libertação dos reféns, Biden tem a considerar interesses dos Estados Unidos tanto quanto de Israel. Entre os 240 sequestrados pelo Hamas, acredita-se que 10 sejam americanos. Entre os reféns libertados sob o acordo intermediado por Biden na semana passada pela soltura de 50 sequestrados, a única americana foi Avigail, que tem dupla cidadania americana e israelense e cujo nome foi com frequência grafado como Abigail pelos meios de comunicação dos EUA.

Duas mulheres americanas deverão estar entre os reféns libertados nesta segunda-feira, no estágio final de soltura desse grupo segundo o acordo estabelecido entre Israel e o Hamas — sete homens americanos continuarão em cativeiro. Biden espera que uma ampliação na pausa em troca da libertação de mais reféns possa resultar na soltura dos demais americanos. Israel afirmou que ampliará em um dia a pausa a cada dez reféns adicionais libertados.

“Nós continuaremos pessoalmente engajados em assegurar que esse acordo seja implementado completamente e também trabalhando para ampliar o acordo”, disse Biden a repórteres.

Mas ninguém disse o que poderá acontecer se o Hamas, após libertar todos os reféns, estiver disposto a desistir e a trégua temporária expirar oficialmente. Netanyahu deixou claro que pretende retomar as operações militares para destruir o Hamas em resposta ao ataque terrorista que deixou estimados 1,2 mil mortos.

Manifestantes agitam bandeiras da oposição palestina e síria durante a manifestação em apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, na cidade de Atme, controlada pelos rebeldes, na província de Idlib, no noroeste da Síria, em 18 de outubro de 2023. Foto: OMAR HAJ KADOUR / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, junta-se ao primeiro-ministro de Israel para o início da reunião do gabinete de guerra israelense, em Tel Aviv, em 18 de outubro de 2023. Foto: MIRIAM ALSTER / AFP

Biden apoiou publicamente o direito de Israel de se defender, mas parece esperar que, se for retomada, a guerra possa ser recalibrada para poupar mais civis e permitir que a crise humanitária seja abrandada em Gaza.

Ao ser questionado sobre esse assunto no domingo, Biden foi vago. “Nós estamos buscando uma maneira de pôr um fim nisso, para que os reféns sejam libertados e o Hamas — como posso dizer? — não esteja mais em controle de nenhuma porção de Gaza”, afirmou ele. Questionado a respeito de quanto tempo deveria ter a trégua temporária, ele disse, “Eu gostaria de ver a pausa vigorar enquanto os reféns continuarem sendo libertados”.

Sullivan notou que Israel pretende retomar seu ataque contra Gaza naquele ponto. “Em última instância, Israel vai querer continuar a conduzir operações militares contra o Hamas, particularmente os líderes do Hamas, que foram os arquitetos desse massacre brutal e sangrento, o pior massacre do povo judeu desde o Holocausto”, disse ele no programa “State of the Union”, da CNN. “E o Hamas representa uma ameaça constante a Israel.”

Sullivan também reconheceu que o Hamas se beneficiou do acordo de libertação de reféns. “Eu não posso negar que o Hamas obteve alguns benefícios deste acordo”, afirmou Sullivan. “Um deles é a capacidade de se reagrupar e reaparelhar dentro de Gaza. Outro é tentar usar as redes sociais e outros formatos para gerar propaganda sobre isso.” Mas ele acrescentou que a contrapartida é dúzias de “pessoas inocentes saindo de Gaza para reunir-se com suas famílias”.

Os republicanos ofereceram respostas ambíguas a respeito do acordo de libertação de reféns, evitando desafiar a decisão de Netanyahu de trocar não apenas uma trégua temporária, mas três presos palestinos para cada refém libertado sob o acordo intermediado pelos enviados de Biden.

“Estou grato por esses reféns terem sido devolvidos para suas famílias”, disse à CNN o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie, um dos pré-candidatos republicanos à presidência. “É uma coisa extraordinariamente importante e humana a se fazer. Então eu acho que o presidente Biden merece crédito por isso.”

“Onde eu acho que ele está começando a se enganar”, acrescentou Christie, é ao “dizer que espera que isso continue, que a trégua continue. Na minha visão, ele não pode fazer esse tipo de coisa publicamente.”

O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, expressou uma posição mais dura no “Fox News Sunday”. Apesar de afirmar que não quer “dizer ao governo israelense o que fazer”, Cotton não pareceu incomodado em dizer a Biden o que fazer, acusando-o de não apoiar Israel o suficiente.

Os palestinos fazem seu caminho do norte da Faixa de Gaza para o sul de Gaza ao longo da estrada Salah Al Din, em 27 de novembro de 2023.  Foto: MOHAMMED SABER / EFE

“Eu tenho de dizer que parece que o presidente Biden coloca mais pressão sobre Israel do que sobre o Hamas e seus anfitriões no Catar”, afirmou Cotton. “O governo Biden insistiu consistentemente nos bastidores para o governo de Israel dar passos que claramente não atendem ao interesse israelense”, acrescentou ele, citando a entrega de combustível a Gaza, o que, afirmou ele, não ajuda apenas os civis, mas também o Hamas.

Ainda assim, a pausa nos confrontos aliviou parte das críticas que Biden vinha recebendo da da ala à esquerda de seu partido, que o atacou por, em sua visão, apoiar Israel exageradamente. A campanha militar de Israel matou milhares de civis em Gaza mesmo tendo foco em destruir o Hamas, que é designado como uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

A libertação de Avigail deu a Biden uma pequena mas poderosa vitória emocional em meio ao tumulto na região. Sequestrada depois de seus pais serem mortos a tiros em sua frente, Avigail passou sete semanas em cativeiro e fez 4 anos na sexta-feira, refém do Hamas. Seu caso gerou ondas de preocupações e condenações internacionais.

“Ela sofreu um trauma terrível”, afirmou Biden. “É impensável o que ela passou.” Mas o presidente festejou sua libertação. “Graças a Deus ela está em casa”, afirmou ele. “Eu queria estar lá para lhe dar um abraço.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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