WASHINGTON - O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, viajará para a China neste final de semana como parte do esforço do governo Biden para melhorar as relações entre Washington e Pequim e manter as linhas de comunicação abertas entre os dois países, informou o Departamento de Estado nesta quarta-feira, 14.
Blinken será a autoridade mais importante dos EUA a visitar a China desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo. Sua visita havia sido inicialmente planejada para o início deste ano, mas foi adiada indefinidamente após a descoberta de balões espiões chineses sobre território americano.
Os dois países vivem um cenário de hostilidade, que analistas batizaram de Nova Guerra Fria. Essas tensões envolvem a crise em Taiwan, exercícios militares de americanos e chineses no Mar do Sul da China, a recusa da China em condenar a Rússia por sua guerra contra a Ucrânia e alegações de Washington de que Pequim está tentando aumentar sua capacidade de vigilância mundial, inclusive em Cuba.
Blinken conversou com seu chanceler chinês, Qin Gang, na noite de terça-feira, 13, para confirmar sua viagem, que começará no domingo, 18. “Enquanto estiver em Pequim, o secretário Blinken se reunirá com autoridades superiores da República Popular da China (RPC), onde discutirá a importância de manter linhas abertas de comunicação para gerenciar com responsabilidade o relacionamento entre os EUA e a RPC”, disse o órgão. “Ele também abordará questões bilaterais de interesse, assuntos globais e regionais e cooperação potencial em desafios transnacionais compartilhados.”
Apesar do degelo, autoridades americanas são céticas quanto a perspectivas de qualquer avanço significativo na relação entre chineses americanos. Em vez disso, eles disseram que o objetivo era restaurar um senso de calma e normalidade na relação bilateral.
“Essa é uma série de compromissos realmente críticos que teremos em Pequim em um momento crucial do relacionamento que, mais uma vez, esperamos que, no mínimo, reduza o risco de erro de cálculo para que não entremos em um possível conflito”, disse Daniel Kritenbrink, o principal diplomata dos EUA para o Leste Asiático e o Pacífico.
“Não estamos indo a Pequim com a intenção de fazer algum tipo de avanço ou transformação na maneira como lidamos uns com os outros”, disse ele. “Estamos indo a Pequim com uma abordagem realista e confiante e um desejo sincero de administrar nossa concorrência da maneira mais responsável possível.”
Um ator importante
Para Kurt Campbell, o principal especialista em Ásia do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, os esforços para moldar ou reformar a China ao longo de várias décadas fracassaram e a estratégia americana em relação a Pequim deve incluir o país como um ator importante no cenário mundial.
“À medida que a competição continua, a China tomará medidas provocativas – do Estreito de Taiwan a Cuba – e nós reagiremos”, disse Campbell. “Mas a concorrência intensa exige uma diplomacia intensa se quisermos controlar as tensões. Essa é a única maneira de esclarecer percepções errôneas, sinalizar, comunicar e trabalhar juntos onde e quando nossos interesses se alinharem.”
Respeito sobre Taiwan
Em sua leitura da ligação telefônica entre Blinken e Qin, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que Qin pediu aos Estados Unidos que respeitassem as principais preocupações da China, como a questão da autonomia de Taiwan, parassem de interferir nos assuntos internos da China e parassem de prejudicar a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China em nome da concorrência.
Qin observou que os laços entre a China e os EUA encontraram novas dificuldades e desafios desde o início do ano, e a responsabilidade dos dois lados é trabalhar em conjunto para gerenciar adequadamente as diferenças e estabilizar as relações, disse.
Blinken, que será o primeiro secretário de Estado a visitar a China desde 2018, espera se reunir com Qin no domingo, bem como com o principal diplomata da China, Wang Yi, e possivelmente com o presidente chinês Xi Jinping na segunda-feira, 19, de acordo com autoridades americanas.