O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realizou nesta quinta-feira, 19, um discurso apelando pelo apoio do Congresso nacional aos aliados nos conflitos de Israel e Ucrânia. A resposta do líder americano ocorre após voltar da sua visita a Israel, em meio ao combate israelense contra o grupo terrorista Hamas, que realizou ataques sem precedentes à nação no início deste mês.
No discurso, Biden defendeu ser “vital para a segurança” global e dos EUA ajudar Israel em sua resposta aos ataques terroristas do Hamas, bem como continuar ajudando a Ucrânia em sua luta contra a Rússia. Segundo afirmou ele, Hamas e o governo de Putin são duas forças que ameaçam a democracia.
“O Hamas e Putin representam tópicos diferentes, mas compartilham isso em comum: ambos querem aniquilar completamente uma democracia vizinha”, disse Biden, referindo-se aos terroristas que controlam atualmente a região da Faixa de Gaza e ao presidente russo.
Argumentando sobre a necessidade de apoiar estes países em tempos de guerra, Biden afirmou que “A história nos ensinou que quando os terroristas não pagam um preço por seu terror, quando os ditadores não pagam um preço por sua agressão, eles causam mais caos, dívidas e mais destruição”.
“Eles continuam agindo, e o custo e as ameaças aos Estados Unidos e ao mundo continuam aumentando”, continuou ele.
Em Tel Aviv, nesta quarta-feira, 18, o líder americano prometeu “apoio inabalável” a Israel, que está preparando uma complexa operação militar de retaliação em Gaza contra o Hamas. Israel tem isolado de forma extraordinária a região de Gaza nos últimos dias, bombardeando o enclave e causando mortes de militares terroristas e também de vários civis.
Em seus comentários após se reunir com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Biden disse: “Israel nasceu para ser um lugar seguro para o povo judeu no mundo”. Mas apesar de apoiar a missão militar Israelense, o presidente também defendeu que o primeiro-ministro e seu gabinete de guerra possam permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza pela fronteira com Egito.
Na sua viagem ao Oriente Médio, o presidente dos EUA também lamentou a perda de vidas palestinas no conflito, depois que um foguete explodiu em um hospital em Gaza, matando centenas de civis.
“O grupo terrorista Hamas desencadeou o mal puro e inadulterado no mundo”, disse Biden hoje em seu discurso. “Mas, infelizmente, o povo judeu sabe, talvez melhor do que ninguém, que não há limite para a depravação das pessoas quando elas querem infligir dor aos outros”, disse Biden.
“O Hamas não representa o povo palestino”, acrescentou.
O reconhecimento americano da magnitude da tragédia na região não impediu, no entanto, que milhares de cidadãos árabes se manifestassem em frente às embaixadas dos EUA e da França em Líbano, Jordânia, Tunísia, Turquia, Irã e na Cisjordânia na última quarta-feira, criticando o apoio ocidental a Israel.
Financiamento do Congresso
A equipe de Biden se prepara para enviar ao Congresso americano um grande pacote de ajuda externa. A proposta, ainda em andamento, pode chegar a US$ 100 bilhões, incluindo US$ 60 bilhões a mais para a Ucrânia, e pelo menos US$ 10 bilhões para Israel, que deve restaurar seu sistema de segurança antimísseis Domo de Ferro.
Além disso, o valor total do financiamento deve incluir também recursos direcionados para a defesa de Taiwan e para gerenciar o fluxo de migrantes na fronteira sul dos EUA com o México.
A expectativa da Casa Branca é que, ao combinar todas as propostas de financiamento estrangeiro em uma única peça legislativa, torne-se possível criar uma coalizão política efetiva para passar o decreto no Congresso.
Contudo, o presidente americano terá que lidar com diversos desafios em busca de votos suficientes para aprovar sua empreitada bilionária.
Por exemplo, embora haja um amplo apoio para o financiamento de Israel nos EUA, o Congresso tem ficado paralisado nas últimas semanas. A Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, está sem presidente há mais de duas semanas, o que impossibilita a aprovação de qualquer legislação.
Além disso, com a ascensão do conservadorismo pós-Trump, o partido republicano está sendo fortemente influenciado pelo grupo mais radical, que se opõe ao envio de armas para a Ucrânia. No mês anterior, Biden realizou um pedido de financiamento ao Congresso de US$ 24 bilhões para apoiar a Ucrânia nos próximos meses, mas este pedido foi negado.
Washington alertou recentemente que o tempo está se esgotando para evitar que a Ucrânia, que já resiste há mais de dois anos a invasão russa, perca terreno para o exército de Putin. As munições estão se tornando escassas no front ucraniano, e uma eventual perda de fôlego pode forçar as tropas aliadas a recuar.
Desde que o início da invasão russa, os EUA enviaram cerca de US$ 44 bilhões em ajuda de segurança para a Ucrânia, de acordo com o Departamento de Estado americano.
Do lado do partido Democrata, outrossim, também é esperada uma resistência à nova proposta de financiamento de Biden.
Com os bombardeios israelenses à Faixa de Gaza, os democratas têm ameaçado bloquear a assistência militar, acusando o exército israelense de matar civis indiscriminadamente e de cometer crimes de guerra — utilizando como exemplo o corte de suprimentos essenciais para os mais de 2 milhões de cidadãos de Gaza, que sofrem com falta de alimentos, água e combustível.
No seu discurso de hoje Joe Biden também criticou os ataques que muitos cidadãos inocentes passaram a sofrer no nos EUA e em outros países ocidentais com o escalamento das tensões entre Israel e Hamas. “Não podemos ficar parados e calados quando isso acontece”, disse ele. “Devemos denunciar o antissemitismo sem equívocos. Devemos também, sem equívocos, denunciar a islamofobia. E para todos vocês que estão sofrendo, quero que saibam que estou vendo vocês. Vocês pertencem ao grupo. E quero dizer isso a vocês: Vocês são todos americanos”.
Até o momento, o presidente americano só discursou para a nação em duas ocasiões desde que ocupou o cargo maior em Washington. A primeira vez foi em junho deste ano, quando discursou em apoio de um acordo bipartidário para evitar a inadimplência da dívida trilionária do país.
O discurso realizado por Biden na noite desta quinta-feira reafirma a continuidade dos EUA de uma política externa baseada na defesa logística e militar de seus aliados. “Nossas alianças são o que nos mantêm seguros, e nossos valores são o que nos tornam um parceiro com o qual outras nações querem trabalhar”, disse ele.