O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quarta-feira, 9, que vai dialogar com todos os novos líderes eleitos para o Senado e a Câmara dos Deputados independente do partido e voltou a falar sobre reeleição em 2024. Com um discurso de conciliação após as eleições americanas de meio de mandato, Biden disse que convidaria tanto os líderes do Partido Democrata quanto os do Partido Republicano para debater os problemas do país, sobretudo na área econômica e na segurança nacional.
Segundo Biden, o resultado eleitoral – mais favorável aos democratas do que o esperado – mostrou que os eleitores americanos esperam que os republicanos estejam preparados para trabalhar com ele também na área da política externa. “Espero que [eles] continuem a abordagem bipartidária de enfrentar a agressão da Rússia na Ucrânia”, disse durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.
As projeções da eleição americana mostram que a esperada ‘onda republicana’, que daria amplo domínio na Câmara dos Deputados ao Partido Republicano e a maioria no Senado, não aconteceu. Os democratas devem continuar com a maior bancada do Senado; na Câmara, o partido perdeu, como esperado, mas conquistou vitórias importantes que devem diminuir o poder republicano.
Após os resultados parciais e as projeções, Biden descreveu a terça-feira de eleições como “um bom dia para a democracia” e o resultado como uma “mensagem clara e inconfundível” sobre o desejo dos americanos de preservarem as instituições democráticas. Na segunda-feira, ele havia pedido durante um comício aos eleitores que “defendessem a democracia”.
“Nossa democracia foi testada nos últimos anos, mas o povo americano falou através dos votos e provou mais uma vez que a democracia é a nossa essência”, declarou nesta terça.
Com o resultado mais positivo que o esperado, Biden acrescentou durante a coletiva de imprensa da Casa Branca que planeja concorrer à reeleição em 2024, mas que a decisão só será tomada no início do próximo ano.
Apesar do resultado positivo, nem todas as disputas eleitorais estão decididas, incluindo as vagas do Senado no Arizona e na Geórgia, consideradas chaves para determinar quem fica com a maioria na casa legislativa. Na Geórgia, o senador democrata Raphael Warnock e o republicano Herschel Walker irão a um segundo turno, a ser realizado em 6 de dezembro.
Eleições de meio de mandato
Os resultados otimistas dos democratas são provenientes das disputas na Pensilvânia, onde o democrata John Fetterman derrotou o médico republicano Mehmet Oz e recuperou uma vaga que até então pertencia aos republicanos, e em Estados onde antes se pensava que os democratas estavam vulneráveis. São os casos de Maggie Hassan, Michael Bennet e Patty Murray, senadores dados como vitoriosos nos Estados de New Hampshire, Colorado e Washington, respectivamente.
Biden observou que os democratas perderam o menor número de assentos na Câmara dos Deputados em uma eleição de meio de mandato dos últimos 40 anos, considerando os mandatos democratas neste período. Também foi o melhor resultado dos últimos 40 anos para governadores, acrescentou. Nos Estados Unidos, as eleições de meio de mandato contam com um histórico de vitória do partido oposto ao do presidente em exercício.
O presidente americano acrescentou que por mais que os republicanos tenham o controle da Câmara dos Deputados, não será com força suficiente para frear a agenda democrata – como aconteceu no governo de Barack Obama, na qual ele era vice-presidente. Segundo Biden, a margem entre republicanos e democratas desta vez é muito mais estreita. “Estavam falando sobre perdermos 30 a 50 lugares, e isso não vai acontecer. E sempre há pessoas do outro lado, seja democrata ou republicano, que o partido oposto pode fazer um apelo e conquistar o apoio”, declarou. /WASHINGTON POST, NEW YORK TIMES