WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou em conversa com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a necessidade de criação de um Estado palestino no pós-guerra. O telefonema desta sexta-feira, 19, foi a primeira comunicação direta entre eles em cerca de um mês.
Biden disse a Netanyahu que a solução de dois Estados com garantias de segurança para Israel deve ser um elemento central nas discussões sobre o que acontecerá depois da guerra. O relato do lado americano foi feito por John Kirby, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
“O presidente mantém sua crença na promessa e na possibilidade de uma solução de dois Estados. Ele reconhece que isso exigirá esforço e liderança e está pronto para contribuir com seu trabalho para que esse resultado seja alcançado”, disse o porta-voz em entrevista coletiva.
Na véspera, Netanyahu havia rejeitado mais uma vez a solução de dois Estados defendida pela Casa Branca. Ele disse que só concordará com um acordo que conceda ao governo israelense o controle total da segurança de todo o território a oeste do Rio Jordão – uma referência à área que inclui a Cisjordânia, região que os palestinos esperam transformar em Estado independente. “Isso entra em conflito com a ideia de soberania. Mas o que podemos fazer?”, declarou.
A Casa Branca, no entanto, negou que o telefonema tivesse relação com a fala do primeiro-ministro.
Washington se mantém como um dos principais aliados de Tel-Aviv, mas as discordâncias sobre o futuro de Gaza são públicas. No mês passado, Netanyahu reconheceu o desacordo ao deixar claro que é contra ceder o controle do enclave para Autoridade Palestina.
“Eu gostaria de ser claro: Israel não repetirá os erros dos Acordos de Oslo”, disse Netanyahu em vídeo publicado na época. “Após o grande sacrifício de nossos civis e soldados, não permitirei a entrada em Gaza daqueles que educam para o terrorismo, apoiam o terrorismo e financiam o terrorismo Gaza não será nem ‘Hamastão’ nem o ‘Fatahstão’”, concluiu em referência ao Fatah, grupo político que controla a Autoridade Palestina desde os acordos de Oslo, em 1993. Rival do Hamas, foi expulso de Gaza em 2007, mas ainda administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel.
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Logo em seguida, Biden criticou a coalizão de Netanyahu alertou que o governo israelense estava começando a “perder apoio”.
Israel prometeu “aniquilar” o Hamas em resposta ao ataque do grupo terrorista, que matou 1.200 pessoas e levou mais 240 como reféns. Cerca de 100 foram libertados. Dos 132 reféns restantes, 27 teriam morrido. Em Gaza, o número de mortos passa de 24 mil, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo Hamas./EFE