Bolsonaro usa lema fascista e chama Viktor Orbán de 'irmão'


Presidente brasileiro viajou para Budapeste nesta quinta-feira, 17, e disse se afinar 'em praticamente tudo' com o premiê de extrema direita, responsável pela guinada autoritária no país europeu

Por Eduardo Gayer

BUDAPESTE - Em sua última parada pelo Leste Europeu durante agenda internacional, o presidente Jair Bolsonaro chamou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán - um dos principais expoentes da extrema direita mundial e principal responsável pela guinada autoritária vivida pelo país europeu - de "irmão". A declaração de Bolsonaro, que também destacou a comunhão de valores entre seu governo e o de Orbán, foi feita em um pronunciamento conjunto, ao término de uma reunião entre os dois na manhã desta quinta-feira, 17.

"Acredito no Orbán, que trato como irmão, dadas as afinidades que temos", disse Bolsonaro. Ao destacar a "comunhão de valores" entre ele e o premiê húngaro, o presidente voltou a usar uma versão ampliada do lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento fascista nacional que teve força na política nacional principalmente na década de 1930, "Deus, pátria, família e liberdade" -- acrescentando o liberdade. Bolsonaro utilizou o lema anteriormente em outras oportunidades.

Considerado um líder autoritário e responsável pela escalada autoritária no país, Orbán fez declarações em tom xenofóbico ao lado do presidente brasileiro. “Gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração na verdade não colabora muito para essa questão, de manter essas raízes estabelecidas”, disse à imprensa.

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O presidente Jair Bolsonaro e o premiê húngaro, Viktor Orbán, reuniram-se em Budapeste; Bolsonaro chamou líder de extrema direita de 'irmão'. Foto: EFE/EPA/Vivien Cher Benko

O líder húngaro também repetiu o discurso conservador de Bolsonaro, com quem disse ter muitas "convergências", e falou em "ataques às famílias". "Faremos o possível que pudermos para manter esta instituição [família] de modo sólido e bem protegido". E acrescentou: "Bolsonaro concorda conosco nessas questões, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do nosso cidadão".

Orbán também lembrou de sua presença na posse de Bolsonaro em 2019 e disse esperar repetir a visita em um eventual segundo mandato do presidente, que deve concorrer à reeleição em outubro. “Espero poder visitá-lo novamente em breve para este mesmo tipo de ocasião”, declarou o premiê, que também será candidato nas eleições húngaras. “Espero que seja uma celebração dupla e que ambos possamos comemorar conjuntamente”.

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Orbán é um dos símbolos da chamada "democracia iliberal", termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto. Ele chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes. O líder ultraconservador costuma ser elogiado por bolsonaristas, em especial pelo filho "Zero Três" do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP).

Afirmando ver a Hungria como um "pequeno grande irmão" do Brasil, Bolsonaro ainda disse que ele e Orbán se "afinam" em "praticamente todos os aspectos", e que esse bom relacionamento cria algo ímpar na relação bilateral entre os países, apesar de nenhuma medida prática ter sido anunciada -- apenas dois memorandos, ainda não detalhados, foram assinados: um em cooperação em matéria de defesa; outro, em matéria de ações humanitárias.

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Antes do pronunciamento do presidente, o governo brasileiro já havia divulgado uma nota oficial a jornalistas que acompanham Bolsonaro em Budapeste, na qual afirma ter "afinidade de visões de mundo" com a Hungria. O Ministério das Relações Exteriores falou em aproximação com o país de Orbán.

"A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas", diz o texto.

O presidente desembarcou na manhã desta quinta-feira, 17, em Budapeste, vindo de Moscou, onde se encontrou com Putin na quarta-feira, 16. Bolsonaro foi recebido pelo presidente húngaro, János Áder, na Praça em frente ao Palácio Sándor.

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Bolsonaro encerra ainda hoje a agenda na Hungria, depois de um encontro com o presidente da Assembleia Nacional do país, László Köver, e retorna ao Brasil. O presidente pretende sobrevoar a região de Petrópolis na sexta-feira, 18, após a catástrofe que resultou na morte de centenas de pessoas.

Presidente da República Jair Bolsonaro, cumprimenta o vice-primeiro-ministro e ministro do interior da Hungria, Sándor Pintér. Foto: Isac Nóbrega/ PR
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Crise na Ucrânia

Ao contrário do encontro com Vladimir Putin em Moscou, quando evitou falar de maneira direta sobre as tensões na Ucrânia, limitando-se a se dizer solidário aos países que se empenham pela paz, Bolsonaro disse ter "trocado informações" sobre a crise na Ucrânia com o líder húngaro.

"Trocamos informações sobre a possibilidade ou não de guerra de Rússia e Ucrânia", disse o presidente brasileiro, após ter afirmado que o encontro com o líder de extrema direita europeu foi "bastante útil". Bolsonaro acrescentou: "Todos os países perdem com guerra, em especial a vizinhança".

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Conversas sobre a Amazônia

Antes do encontro com Orbán, Bolsonaro se reuniu com o presidente húngaro, János Áder, no Palácio Sándor. De acordo com o presidente brasileiro, a conversa com o chefe de Estado europeu teve como foco a questão ambiental - em que ele voltou a negar os dados oficiais dos órgãos fiscalizadores brasileiros sobre o avanço da devastação da floresta.

Jair Bolsonaro é acompanhado pelo presidente da Hungria, János Áder, em Budapeste. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Bolsonaro afirmou que as notícias sobre a alta no desmatamento da Amazônia em seu governo são "distorcidas".

"Ele focou muito mais na questão ambiental. Eu tive oportunidade de falar para ele o que representa a Amazônia para o Brasil e para o mundo. Muitas vezes as informações sobre essa região chegam fora do Brasil bastante distorcidas, como se fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe", disse o presidente, relatando a conversa com Áder, durante o pronunciamento conjunto com Orbán.

Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil se preocupa com o reflorestamento - "o que não vejo em países da Europa", disse.

BUDAPESTE - Em sua última parada pelo Leste Europeu durante agenda internacional, o presidente Jair Bolsonaro chamou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán - um dos principais expoentes da extrema direita mundial e principal responsável pela guinada autoritária vivida pelo país europeu - de "irmão". A declaração de Bolsonaro, que também destacou a comunhão de valores entre seu governo e o de Orbán, foi feita em um pronunciamento conjunto, ao término de uma reunião entre os dois na manhã desta quinta-feira, 17.

"Acredito no Orbán, que trato como irmão, dadas as afinidades que temos", disse Bolsonaro. Ao destacar a "comunhão de valores" entre ele e o premiê húngaro, o presidente voltou a usar uma versão ampliada do lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento fascista nacional que teve força na política nacional principalmente na década de 1930, "Deus, pátria, família e liberdade" -- acrescentando o liberdade. Bolsonaro utilizou o lema anteriormente em outras oportunidades.

Considerado um líder autoritário e responsável pela escalada autoritária no país, Orbán fez declarações em tom xenofóbico ao lado do presidente brasileiro. “Gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração na verdade não colabora muito para essa questão, de manter essas raízes estabelecidas”, disse à imprensa.

O presidente Jair Bolsonaro e o premiê húngaro, Viktor Orbán, reuniram-se em Budapeste; Bolsonaro chamou líder de extrema direita de 'irmão'. Foto: EFE/EPA/Vivien Cher Benko

O líder húngaro também repetiu o discurso conservador de Bolsonaro, com quem disse ter muitas "convergências", e falou em "ataques às famílias". "Faremos o possível que pudermos para manter esta instituição [família] de modo sólido e bem protegido". E acrescentou: "Bolsonaro concorda conosco nessas questões, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do nosso cidadão".

Orbán também lembrou de sua presença na posse de Bolsonaro em 2019 e disse esperar repetir a visita em um eventual segundo mandato do presidente, que deve concorrer à reeleição em outubro. “Espero poder visitá-lo novamente em breve para este mesmo tipo de ocasião”, declarou o premiê, que também será candidato nas eleições húngaras. “Espero que seja uma celebração dupla e que ambos possamos comemorar conjuntamente”.

Orbán é um dos símbolos da chamada "democracia iliberal", termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto. Ele chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes. O líder ultraconservador costuma ser elogiado por bolsonaristas, em especial pelo filho "Zero Três" do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP).

Afirmando ver a Hungria como um "pequeno grande irmão" do Brasil, Bolsonaro ainda disse que ele e Orbán se "afinam" em "praticamente todos os aspectos", e que esse bom relacionamento cria algo ímpar na relação bilateral entre os países, apesar de nenhuma medida prática ter sido anunciada -- apenas dois memorandos, ainda não detalhados, foram assinados: um em cooperação em matéria de defesa; outro, em matéria de ações humanitárias.

Antes do pronunciamento do presidente, o governo brasileiro já havia divulgado uma nota oficial a jornalistas que acompanham Bolsonaro em Budapeste, na qual afirma ter "afinidade de visões de mundo" com a Hungria. O Ministério das Relações Exteriores falou em aproximação com o país de Orbán.

"A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas", diz o texto.

O presidente desembarcou na manhã desta quinta-feira, 17, em Budapeste, vindo de Moscou, onde se encontrou com Putin na quarta-feira, 16. Bolsonaro foi recebido pelo presidente húngaro, János Áder, na Praça em frente ao Palácio Sándor.

Bolsonaro encerra ainda hoje a agenda na Hungria, depois de um encontro com o presidente da Assembleia Nacional do país, László Köver, e retorna ao Brasil. O presidente pretende sobrevoar a região de Petrópolis na sexta-feira, 18, após a catástrofe que resultou na morte de centenas de pessoas.

Presidente da República Jair Bolsonaro, cumprimenta o vice-primeiro-ministro e ministro do interior da Hungria, Sándor Pintér. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Crise na Ucrânia

Ao contrário do encontro com Vladimir Putin em Moscou, quando evitou falar de maneira direta sobre as tensões na Ucrânia, limitando-se a se dizer solidário aos países que se empenham pela paz, Bolsonaro disse ter "trocado informações" sobre a crise na Ucrânia com o líder húngaro.

"Trocamos informações sobre a possibilidade ou não de guerra de Rússia e Ucrânia", disse o presidente brasileiro, após ter afirmado que o encontro com o líder de extrema direita europeu foi "bastante útil". Bolsonaro acrescentou: "Todos os países perdem com guerra, em especial a vizinhança".

Conversas sobre a Amazônia

Antes do encontro com Orbán, Bolsonaro se reuniu com o presidente húngaro, János Áder, no Palácio Sándor. De acordo com o presidente brasileiro, a conversa com o chefe de Estado europeu teve como foco a questão ambiental - em que ele voltou a negar os dados oficiais dos órgãos fiscalizadores brasileiros sobre o avanço da devastação da floresta.

Jair Bolsonaro é acompanhado pelo presidente da Hungria, János Áder, em Budapeste. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Bolsonaro afirmou que as notícias sobre a alta no desmatamento da Amazônia em seu governo são "distorcidas".

"Ele focou muito mais na questão ambiental. Eu tive oportunidade de falar para ele o que representa a Amazônia para o Brasil e para o mundo. Muitas vezes as informações sobre essa região chegam fora do Brasil bastante distorcidas, como se fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe", disse o presidente, relatando a conversa com Áder, durante o pronunciamento conjunto com Orbán.

Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil se preocupa com o reflorestamento - "o que não vejo em países da Europa", disse.

BUDAPESTE - Em sua última parada pelo Leste Europeu durante agenda internacional, o presidente Jair Bolsonaro chamou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán - um dos principais expoentes da extrema direita mundial e principal responsável pela guinada autoritária vivida pelo país europeu - de "irmão". A declaração de Bolsonaro, que também destacou a comunhão de valores entre seu governo e o de Orbán, foi feita em um pronunciamento conjunto, ao término de uma reunião entre os dois na manhã desta quinta-feira, 17.

"Acredito no Orbán, que trato como irmão, dadas as afinidades que temos", disse Bolsonaro. Ao destacar a "comunhão de valores" entre ele e o premiê húngaro, o presidente voltou a usar uma versão ampliada do lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento fascista nacional que teve força na política nacional principalmente na década de 1930, "Deus, pátria, família e liberdade" -- acrescentando o liberdade. Bolsonaro utilizou o lema anteriormente em outras oportunidades.

Considerado um líder autoritário e responsável pela escalada autoritária no país, Orbán fez declarações em tom xenofóbico ao lado do presidente brasileiro. “Gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração na verdade não colabora muito para essa questão, de manter essas raízes estabelecidas”, disse à imprensa.

O presidente Jair Bolsonaro e o premiê húngaro, Viktor Orbán, reuniram-se em Budapeste; Bolsonaro chamou líder de extrema direita de 'irmão'. Foto: EFE/EPA/Vivien Cher Benko

O líder húngaro também repetiu o discurso conservador de Bolsonaro, com quem disse ter muitas "convergências", e falou em "ataques às famílias". "Faremos o possível que pudermos para manter esta instituição [família] de modo sólido e bem protegido". E acrescentou: "Bolsonaro concorda conosco nessas questões, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do nosso cidadão".

Orbán também lembrou de sua presença na posse de Bolsonaro em 2019 e disse esperar repetir a visita em um eventual segundo mandato do presidente, que deve concorrer à reeleição em outubro. “Espero poder visitá-lo novamente em breve para este mesmo tipo de ocasião”, declarou o premiê, que também será candidato nas eleições húngaras. “Espero que seja uma celebração dupla e que ambos possamos comemorar conjuntamente”.

Orbán é um dos símbolos da chamada "democracia iliberal", termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto. Ele chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes. O líder ultraconservador costuma ser elogiado por bolsonaristas, em especial pelo filho "Zero Três" do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP).

Afirmando ver a Hungria como um "pequeno grande irmão" do Brasil, Bolsonaro ainda disse que ele e Orbán se "afinam" em "praticamente todos os aspectos", e que esse bom relacionamento cria algo ímpar na relação bilateral entre os países, apesar de nenhuma medida prática ter sido anunciada -- apenas dois memorandos, ainda não detalhados, foram assinados: um em cooperação em matéria de defesa; outro, em matéria de ações humanitárias.

Antes do pronunciamento do presidente, o governo brasileiro já havia divulgado uma nota oficial a jornalistas que acompanham Bolsonaro em Budapeste, na qual afirma ter "afinidade de visões de mundo" com a Hungria. O Ministério das Relações Exteriores falou em aproximação com o país de Orbán.

"A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas", diz o texto.

O presidente desembarcou na manhã desta quinta-feira, 17, em Budapeste, vindo de Moscou, onde se encontrou com Putin na quarta-feira, 16. Bolsonaro foi recebido pelo presidente húngaro, János Áder, na Praça em frente ao Palácio Sándor.

Bolsonaro encerra ainda hoje a agenda na Hungria, depois de um encontro com o presidente da Assembleia Nacional do país, László Köver, e retorna ao Brasil. O presidente pretende sobrevoar a região de Petrópolis na sexta-feira, 18, após a catástrofe que resultou na morte de centenas de pessoas.

Presidente da República Jair Bolsonaro, cumprimenta o vice-primeiro-ministro e ministro do interior da Hungria, Sándor Pintér. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Crise na Ucrânia

Ao contrário do encontro com Vladimir Putin em Moscou, quando evitou falar de maneira direta sobre as tensões na Ucrânia, limitando-se a se dizer solidário aos países que se empenham pela paz, Bolsonaro disse ter "trocado informações" sobre a crise na Ucrânia com o líder húngaro.

"Trocamos informações sobre a possibilidade ou não de guerra de Rússia e Ucrânia", disse o presidente brasileiro, após ter afirmado que o encontro com o líder de extrema direita europeu foi "bastante útil". Bolsonaro acrescentou: "Todos os países perdem com guerra, em especial a vizinhança".

Conversas sobre a Amazônia

Antes do encontro com Orbán, Bolsonaro se reuniu com o presidente húngaro, János Áder, no Palácio Sándor. De acordo com o presidente brasileiro, a conversa com o chefe de Estado europeu teve como foco a questão ambiental - em que ele voltou a negar os dados oficiais dos órgãos fiscalizadores brasileiros sobre o avanço da devastação da floresta.

Jair Bolsonaro é acompanhado pelo presidente da Hungria, János Áder, em Budapeste. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Bolsonaro afirmou que as notícias sobre a alta no desmatamento da Amazônia em seu governo são "distorcidas".

"Ele focou muito mais na questão ambiental. Eu tive oportunidade de falar para ele o que representa a Amazônia para o Brasil e para o mundo. Muitas vezes as informações sobre essa região chegam fora do Brasil bastante distorcidas, como se fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe", disse o presidente, relatando a conversa com Áder, durante o pronunciamento conjunto com Orbán.

Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil se preocupa com o reflorestamento - "o que não vejo em países da Europa", disse.

BUDAPESTE - Em sua última parada pelo Leste Europeu durante agenda internacional, o presidente Jair Bolsonaro chamou o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán - um dos principais expoentes da extrema direita mundial e principal responsável pela guinada autoritária vivida pelo país europeu - de "irmão". A declaração de Bolsonaro, que também destacou a comunhão de valores entre seu governo e o de Orbán, foi feita em um pronunciamento conjunto, ao término de uma reunião entre os dois na manhã desta quinta-feira, 17.

"Acredito no Orbán, que trato como irmão, dadas as afinidades que temos", disse Bolsonaro. Ao destacar a "comunhão de valores" entre ele e o premiê húngaro, o presidente voltou a usar uma versão ampliada do lema da Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento fascista nacional que teve força na política nacional principalmente na década de 1930, "Deus, pátria, família e liberdade" -- acrescentando o liberdade. Bolsonaro utilizou o lema anteriormente em outras oportunidades.

Considerado um líder autoritário e responsável pela escalada autoritária no país, Orbán fez declarações em tom xenofóbico ao lado do presidente brasileiro. “Gostaríamos muito de preservar nossas raízes, e a imigração na verdade não colabora muito para essa questão, de manter essas raízes estabelecidas”, disse à imprensa.

O presidente Jair Bolsonaro e o premiê húngaro, Viktor Orbán, reuniram-se em Budapeste; Bolsonaro chamou líder de extrema direita de 'irmão'. Foto: EFE/EPA/Vivien Cher Benko

O líder húngaro também repetiu o discurso conservador de Bolsonaro, com quem disse ter muitas "convergências", e falou em "ataques às famílias". "Faremos o possível que pudermos para manter esta instituição [família] de modo sólido e bem protegido". E acrescentou: "Bolsonaro concorda conosco nessas questões, que dizem respeito à melhoria da qualidade de vida do nosso cidadão".

Orbán também lembrou de sua presença na posse de Bolsonaro em 2019 e disse esperar repetir a visita em um eventual segundo mandato do presidente, que deve concorrer à reeleição em outubro. “Espero poder visitá-lo novamente em breve para este mesmo tipo de ocasião”, declarou o premiê, que também será candidato nas eleições húngaras. “Espero que seja uma celebração dupla e que ambos possamos comemorar conjuntamente”.

Orbán é um dos símbolos da chamada "democracia iliberal", termo cunhado para designar guinadas autoritárias por meio do voto. Ele chegou ao poder em 2010 e, desde então, promove uma escalada autoritária no país, com enfrentamentos ao sistema judiciário e perseguições a minorias, como a comunidade LGBTQIAP+ e imigrantes. O líder ultraconservador costuma ser elogiado por bolsonaristas, em especial pelo filho "Zero Três" do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP).

Afirmando ver a Hungria como um "pequeno grande irmão" do Brasil, Bolsonaro ainda disse que ele e Orbán se "afinam" em "praticamente todos os aspectos", e que esse bom relacionamento cria algo ímpar na relação bilateral entre os países, apesar de nenhuma medida prática ter sido anunciada -- apenas dois memorandos, ainda não detalhados, foram assinados: um em cooperação em matéria de defesa; outro, em matéria de ações humanitárias.

Antes do pronunciamento do presidente, o governo brasileiro já havia divulgado uma nota oficial a jornalistas que acompanham Bolsonaro em Budapeste, na qual afirma ter "afinidade de visões de mundo" com a Hungria. O Ministério das Relações Exteriores falou em aproximação com o país de Orbán.

"A aproximação com a Hungria, país com o qual o Brasil mantém afinidade de visões de mundo, tem propiciado convergências na relação bilateral e em posicionamentos no plano internacional, com base em valores comuns e na cooperação em diversas áreas", diz o texto.

O presidente desembarcou na manhã desta quinta-feira, 17, em Budapeste, vindo de Moscou, onde se encontrou com Putin na quarta-feira, 16. Bolsonaro foi recebido pelo presidente húngaro, János Áder, na Praça em frente ao Palácio Sándor.

Bolsonaro encerra ainda hoje a agenda na Hungria, depois de um encontro com o presidente da Assembleia Nacional do país, László Köver, e retorna ao Brasil. O presidente pretende sobrevoar a região de Petrópolis na sexta-feira, 18, após a catástrofe que resultou na morte de centenas de pessoas.

Presidente da República Jair Bolsonaro, cumprimenta o vice-primeiro-ministro e ministro do interior da Hungria, Sándor Pintér. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Crise na Ucrânia

Ao contrário do encontro com Vladimir Putin em Moscou, quando evitou falar de maneira direta sobre as tensões na Ucrânia, limitando-se a se dizer solidário aos países que se empenham pela paz, Bolsonaro disse ter "trocado informações" sobre a crise na Ucrânia com o líder húngaro.

"Trocamos informações sobre a possibilidade ou não de guerra de Rússia e Ucrânia", disse o presidente brasileiro, após ter afirmado que o encontro com o líder de extrema direita europeu foi "bastante útil". Bolsonaro acrescentou: "Todos os países perdem com guerra, em especial a vizinhança".

Conversas sobre a Amazônia

Antes do encontro com Orbán, Bolsonaro se reuniu com o presidente húngaro, János Áder, no Palácio Sándor. De acordo com o presidente brasileiro, a conversa com o chefe de Estado europeu teve como foco a questão ambiental - em que ele voltou a negar os dados oficiais dos órgãos fiscalizadores brasileiros sobre o avanço da devastação da floresta.

Jair Bolsonaro é acompanhado pelo presidente da Hungria, János Áder, em Budapeste. Foto: Isac Nóbrega/ PR

Bolsonaro afirmou que as notícias sobre a alta no desmatamento da Amazônia em seu governo são "distorcidas".

"Ele focou muito mais na questão ambiental. Eu tive oportunidade de falar para ele o que representa a Amazônia para o Brasil e para o mundo. Muitas vezes as informações sobre essa região chegam fora do Brasil bastante distorcidas, como se fôssemos os grandes vilões no que se leva em conta a preservação da floresta e sua destruição, coisa que não existe", disse o presidente, relatando a conversa com Áder, durante o pronunciamento conjunto com Orbán.

Bolsonaro ainda afirmou que o Brasil se preocupa com o reflorestamento - "o que não vejo em países da Europa", disse.

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