KIEV - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, chegou nesta sexta-feira, 17, a Kiev, em sua segunda visita surpresa à Ucrânia, onde se ofereceu para lançar um programa de treinamento militar para forças ucranianas. A visita ocorre um dia depois que quatro dirigentes da União Europeia estiveram no país e prometeram a adesão da Ucrânia ao bloco.
“Estou encantado de ver novamente em Kiev um grande amigo de nosso país”, escreveu o presidente ucraniano Volodmir Zelenski no Telegram. Johnson, que sobreviveu a um voto de desconfiança no início deste mês, postou uma foto sua com o presidente ucraniano no Twitter, com as palavras “Senhor presidente, Volodmir, é bom estar em Kiev novamente“.
“Os numerosos dias desta guerra demonstraram o apoio firme e determinado do Reino Unido à Ucrânia” escreveu Zelenski, antes de dar boas-vindas ao primeiro-ministro britânico.
Segundo um comunicado do escritório de Johnson, o primeiro-ministro britânico “se ofereceu para lançar um grande programa de formação das forças ucranianas, que poderia formar até 10.000 soldados a cada 120 dias”.
O novo programa de treinamento militar treinaria as forças ucranianas fora do país, disse o escritório de Johnson. Cada soldado passaria três semanas aprendendo habilidades de batalha para a linha de frente, bem como treinamento médico básico, segurança cibernética e táticas contra-explosivas, disse.
“Minha visita hoje, nas profundezas desta guerra, é enviar uma mensagem clara e simples ao povo ucraniano: o Reino Unido está com você e estaremos com você até que você finalmente vença”, disse Johnson.
“É por isso que ofereci ao presidente Zelenski um novo e importante programa de treinamento militar que pode mudar a equação desta guerra - aproveitando a mais poderosa das forças, a determinação ucraniana de vencer.”
Ele e Johnson discutiram a situação na linha de frente e a necessidade de aumentar o fornecimento de armas pesadas e construir defesas aéreas ucranianas, disse Zelenski em um breve comunicado entregue ao lado de Johnson. “Temos uma visão compartilhada de como avançar para a vitória porque é exatamente disso que a Ucrânia precisa - a vitória de nosso estado”, disse.
Johnson disse em seu comunicado: “Estamos aqui mais uma vez para sublinhar que estamos aqui com você para lhe dar a resistência estratégica que você precisará”. Ele disse que isso inclui ajudar a intensificar as sanções à Rússia e reunir apoio diplomático para a Ucrânia.
Johnson, que enfrenta pressão política em casa, cresceu em popularidade na Ucrânia à medida que o Reino Unido despejou apoio militar e político a Kiev durante a invasão russa. Johnson foi o primeiro líder de um país do G7 a visitar Kiev, em 9 de abril, apenas duas semanas depois que as tropas russas foram repelidas dos subúrbios da capital.
Um café em Kiev está vendendo uma sobremesa de maçã chamada Boris Dzhonsoniuk, uma versão ucraniana do nome do primeiro-ministro.
União Europeia
A visita desta sexta-feira do premiê britânico acontece horas depois de a União Europeia enviar uma forte mensagem de solidariedade a Kiev ao apoiar seu desejo de ser candidato a ingressar no bloco.
Os 27 países-membros da UE deverão dar luz verde de forma unânime. Mas os líderes das principais economias europeias - Alemanha, França e Itália - já expressaram seu apoio total em uma viagem à Ucrânia na quinta-feira, 16.
A Comissão Europeia emitiu nesta sexta uma decisão que recomenda a concessão à Ucrânia do status de candidata oficial ao ingresso na União Europeia.
É o primeiro passo de um processo que pode levar ao redor de uma década, mas dá momento à campanha de Zelenski para se tornar um país-membro e ao seus esforços frente à invasão russa, que está prestes a entrar em seu quinto mês.
O aval do Executivo da UE já era tido como inevitável desde sábado, quando Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, viajou pessoalmente a Kiev para discutir os detalhes do processo com Zelenski.
A decisão desta sexta, contudo, não dá automaticamente à Ucrânia o status de candidata oficial para se tornar o 28° país-membro do bloco europeu. O assunto agora será discutido na cúpula continental, marcada para os dias 23 e 24, e é necessário que haja aval unânime de todos os integrantes da UE.
É a partir do consenso entre os países-membros que começa o processo oficial de candidatura, com anos de negociações e reformas internas para que o país se adeque aos termos do bloco. Segundo Von der Leyen, Kiev já implementa cerca de 70% das regras, normas e padrões continentais, mas mudanças adicionais serão necessárias./AFP e REUTERS