Boris Johnson ganha força em tentativa de voltar ao poder no Reino Unido


Ex-premiê ainda não se pronunciou sobre candidatura, mas popularidade com a base do partido e apoios importantes no Parlamento podem conduzi-lo de volta a Downing Steet

Por Redação

LONDRES — Pouco depois da renúncia da primeira-ministra Liz Truss na quinta-feira, 20, um nome familiar surgiu quase que imediatamente como um dos principais cotados para assumir a liderança do Partido Conservador britânico. Menos de quatro meses após pedir demissão do cargo, o ex-premiê Boris Johnson tem a preferência de importantes líderes conservadores e da base do partido para retornar ao N°10 de Downing Street.

De férias no Caribe, o ex-premiê não fez nenhuma declaração sobre uma possível candidatura ou sobre negociações para retomar seu antigo emprego. Mas a perspectiva de uma “parte dois” do governo Johnson repercutiu entre parlamentares e ministros conservadores, encantando alguns, afastando outros e dominando as manchetes de alguns dos principais jornais britânicos, como The Times e The Daily Telegraph.

Ejetado do governo após uma série de crises, envolvendo desde o descumprimento das regras de lockdown durante a pandemia, até denúncias de que ele sabia sobre um caso de importunação sexual envolvendo um membro de seu gabinete e o manteve no cargo, Johnson nunca deixou de ser uma figura popular internamente. Estimativas de organizações que consultam as intenções de votos dos parlamentares apontam que ele já teria o apoio de 52 deputados, um pouco atrás de seu ex-secretário do Tesouro, Rishi Sunak ― cujo pedido de demissão contribuiu para a queda de Johnson.

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Boris Johnson discursa pela última vez antes de deixar o governo; ex-premiê surge como forte candidato a voltar ao poder após renúncia de Truss. Foto: Toby Melville/ Reuters

A base de apoio pró-Johnson no Parlamento inclui nomes importantes do partido, como o secretário de negócios Jacob Rees-Mogg, e o presidente da COP-26, endossaram a candidatura de Johnson nesta sexta-feira, 21. Em um movimento visto por analistas como um possível caminho para uma declaração de apoio, o popular secretário de Defesa, Ben Wallace, anunciou que não será candidato.

Embora a oposição tenha aumentado a pressão pela convocação de eleições gerais antecipadas após a renúncia de Truss, o Partido Conservador atualmente com maioria no Parlamento não precisa convocar eleições antes de 2024. De acordo com Graham Brady, chefe do comitê 1922 (que cuida das eleições do Partido Conservador), o novo premiê será escolhido durante um processo interno, até no máximo dia 28.

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Os parlamentares terão até a segunda-feira, 24, para indicarem seus candidatos, que precisarão de ao menos 100 indicações para terem uma chance pela liderança. Se apenas um parlamentar chegar ao número, ele será o novo premiê. Se houver mais de um candidato, a escolha será feita em uma eleição virtual, aberta aos filiados do partido.

Caso consiga reunir o apoio mínimo no Parlamento — há 357 parlamentares conservadores, o que significa que até três candidatos podem chegar à segunda etapa —, Johnson entra na fase final da disputa com uma vantagem expressiva por sua popularidade junto à base do partido. Segundo uma pesquisa feita pelo YouGov com membros do Partido Conservador na última terça-feira, 18, 63% achavam que Johnson seria um bom substituto para Truss, com 32% colocando-o como seu principal candidato. Sunak apareceu em 2° lugar, com 23%.

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“Uma pessoa foi eleita pelo público britânico com um manifesto e um mandato até 25 de janeiro”, escreveu Nadine Dorries, ex-ministra de Johnson e uma de suas mais ferrenhas defensoras em uma publicação no Twitter na quinta-feira, 20.

Ao passo que apoiadores do ex-premiê tentam arquitetar sua volta ao gabinete, a resistência interna no partido contra Johnson é igualmente forte e também reúne figuras importantes na política nacional. O jornal britânico Financial Times escreveu que muitos parlamentares conservadores estão horrorizados com a ideia de Johnson voltar após o desembarque massivo de ministros de seu governo em julho.

“Somente uma nação dominada pelo desespero pessimista e que não acredita mais que possa haver uma resposta séria às tragédias que se desenrolam gostaria de se refugiar na liderança de um palhaço”, disse Rory Stewart, que concorreu sem sucesso contra Johnson em 2019, em uma publicação nas redes sociais nesta sexta.

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Corrida por Downing Street

Embora Boris Johnson tenha tomado todos os holofotes sem dizer uma única palavra, outros parlamentares britânicos entraram na disputa pelo apoio dos correligionários na disputa. A líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, foi a primeira a lançar sua candidatura. Ex-secretária de Defesa e reservista da da Marinha Real, a conservadora de 49 anos iniciou a campanha tentando se apresentar como um “novo começo” para o partido.

Mais votado na eleição para escolher o sucessor de Boris Johnson na etapa entre os parlamentares, Rishi Sunak parece liderar também este pleito. Embora tenha sido derrotado por Liz Truss na votação popular, o ex-secretário do Tesouro carrega consigo o mérito de ter antecipado que os planos econômicos da adversária não tinham sustentação — o pacote de medidas para a economia apresentado pela premiê foi o começo do fim de seu breve governo.

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Rishi Sunak começa a corrida por Downing Street novamente como favorito. Foto: Chris Ratcliffe/ Bloomberg

Sunak também carrega apoios importantes dentro do partido, como o ex-secretário de Saúde Sajid Javid, outro que desembarcou do gabinete de Johnson na crise de julho, e o ex-chanceler Dominic Raab, que declararam apoio a ele nesta sexta.

Obstáculos na volta ao gabinete

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A resistência interna por setores do partido e a concorrência não são os únicos obstáculos para que um retorno de Boris Johnson se concretize.

O ex-premiê está sob investigação de um comitê parlamentar sobre festas realizadas em Downing Street que violaram as regras da pandemia - e sobre se teria enganado a Câmara dos Comuns sobre o tema. Esse processo pode acabar com uma recomendação de expulsão ou suspensão de Johnson do Parlamento.

Somado a isso, apesar de todo o seu carisma, também não está claro se ele mantém o mesmo poder de atrair eleitores que tinha três anos atrás. Os escândalos que o derrubaram corroeram sua popularidade com muitos britânicos, e foi sob sua supervisão que as pesquisas começaram a se inclinar fortemente para o Partido Trabalhista, após 12 anos de governo conservador — e o partido é famoso por só manter na liderança campeões de votos.

Há também a questão de saber se Johnson está realmente pronto para retornar. Em seu discurso de despedida ao Parlamento, ele encerrou com a frase “Hasta la vista, baby”, a famosa fala de Arnold Schwarzenegger no filme “Exterminador do Futuro 2″. Mais tarde, ele se comparou a Cincinato, um político romano do século V que salvou o Estado de uma invasão, retirou-se para sua fazenda e depois retornou a Roma como líder.

No entanto, como um ex-primeiro-ministro altamente visível, Johnson está na fila para receber milhões de dólares no circuito de palestras. Espera-se que ele escreva outra coluna de jornal, um trabalho que pode lhe render várias centenas de milhares de libras por ano. Com dois filhos pequenos com sua esposa, Carrie, e vários outros filhos de sua ex-esposa, Marina, pessoas que conhecem Johnson dizem que ele deseja ganhar muito dinheiro - algo que ele não pode fazer como primeiro-ministro em exercício, mesmo que o cargo vem com moradia e um salário de £ 164.080 (cerca de R$ 954 mil por ano)./ NYT e AP

LONDRES — Pouco depois da renúncia da primeira-ministra Liz Truss na quinta-feira, 20, um nome familiar surgiu quase que imediatamente como um dos principais cotados para assumir a liderança do Partido Conservador britânico. Menos de quatro meses após pedir demissão do cargo, o ex-premiê Boris Johnson tem a preferência de importantes líderes conservadores e da base do partido para retornar ao N°10 de Downing Street.

De férias no Caribe, o ex-premiê não fez nenhuma declaração sobre uma possível candidatura ou sobre negociações para retomar seu antigo emprego. Mas a perspectiva de uma “parte dois” do governo Johnson repercutiu entre parlamentares e ministros conservadores, encantando alguns, afastando outros e dominando as manchetes de alguns dos principais jornais britânicos, como The Times e The Daily Telegraph.

Ejetado do governo após uma série de crises, envolvendo desde o descumprimento das regras de lockdown durante a pandemia, até denúncias de que ele sabia sobre um caso de importunação sexual envolvendo um membro de seu gabinete e o manteve no cargo, Johnson nunca deixou de ser uma figura popular internamente. Estimativas de organizações que consultam as intenções de votos dos parlamentares apontam que ele já teria o apoio de 52 deputados, um pouco atrás de seu ex-secretário do Tesouro, Rishi Sunak ― cujo pedido de demissão contribuiu para a queda de Johnson.

Boris Johnson discursa pela última vez antes de deixar o governo; ex-premiê surge como forte candidato a voltar ao poder após renúncia de Truss. Foto: Toby Melville/ Reuters

A base de apoio pró-Johnson no Parlamento inclui nomes importantes do partido, como o secretário de negócios Jacob Rees-Mogg, e o presidente da COP-26, endossaram a candidatura de Johnson nesta sexta-feira, 21. Em um movimento visto por analistas como um possível caminho para uma declaração de apoio, o popular secretário de Defesa, Ben Wallace, anunciou que não será candidato.

Embora a oposição tenha aumentado a pressão pela convocação de eleições gerais antecipadas após a renúncia de Truss, o Partido Conservador atualmente com maioria no Parlamento não precisa convocar eleições antes de 2024. De acordo com Graham Brady, chefe do comitê 1922 (que cuida das eleições do Partido Conservador), o novo premiê será escolhido durante um processo interno, até no máximo dia 28.

Os parlamentares terão até a segunda-feira, 24, para indicarem seus candidatos, que precisarão de ao menos 100 indicações para terem uma chance pela liderança. Se apenas um parlamentar chegar ao número, ele será o novo premiê. Se houver mais de um candidato, a escolha será feita em uma eleição virtual, aberta aos filiados do partido.

Caso consiga reunir o apoio mínimo no Parlamento — há 357 parlamentares conservadores, o que significa que até três candidatos podem chegar à segunda etapa —, Johnson entra na fase final da disputa com uma vantagem expressiva por sua popularidade junto à base do partido. Segundo uma pesquisa feita pelo YouGov com membros do Partido Conservador na última terça-feira, 18, 63% achavam que Johnson seria um bom substituto para Truss, com 32% colocando-o como seu principal candidato. Sunak apareceu em 2° lugar, com 23%.

“Uma pessoa foi eleita pelo público britânico com um manifesto e um mandato até 25 de janeiro”, escreveu Nadine Dorries, ex-ministra de Johnson e uma de suas mais ferrenhas defensoras em uma publicação no Twitter na quinta-feira, 20.

Ao passo que apoiadores do ex-premiê tentam arquitetar sua volta ao gabinete, a resistência interna no partido contra Johnson é igualmente forte e também reúne figuras importantes na política nacional. O jornal britânico Financial Times escreveu que muitos parlamentares conservadores estão horrorizados com a ideia de Johnson voltar após o desembarque massivo de ministros de seu governo em julho.

“Somente uma nação dominada pelo desespero pessimista e que não acredita mais que possa haver uma resposta séria às tragédias que se desenrolam gostaria de se refugiar na liderança de um palhaço”, disse Rory Stewart, que concorreu sem sucesso contra Johnson em 2019, em uma publicação nas redes sociais nesta sexta.

Corrida por Downing Street

Embora Boris Johnson tenha tomado todos os holofotes sem dizer uma única palavra, outros parlamentares britânicos entraram na disputa pelo apoio dos correligionários na disputa. A líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, foi a primeira a lançar sua candidatura. Ex-secretária de Defesa e reservista da da Marinha Real, a conservadora de 49 anos iniciou a campanha tentando se apresentar como um “novo começo” para o partido.

Mais votado na eleição para escolher o sucessor de Boris Johnson na etapa entre os parlamentares, Rishi Sunak parece liderar também este pleito. Embora tenha sido derrotado por Liz Truss na votação popular, o ex-secretário do Tesouro carrega consigo o mérito de ter antecipado que os planos econômicos da adversária não tinham sustentação — o pacote de medidas para a economia apresentado pela premiê foi o começo do fim de seu breve governo.

Rishi Sunak começa a corrida por Downing Street novamente como favorito. Foto: Chris Ratcliffe/ Bloomberg

Sunak também carrega apoios importantes dentro do partido, como o ex-secretário de Saúde Sajid Javid, outro que desembarcou do gabinete de Johnson na crise de julho, e o ex-chanceler Dominic Raab, que declararam apoio a ele nesta sexta.

Obstáculos na volta ao gabinete

A resistência interna por setores do partido e a concorrência não são os únicos obstáculos para que um retorno de Boris Johnson se concretize.

O ex-premiê está sob investigação de um comitê parlamentar sobre festas realizadas em Downing Street que violaram as regras da pandemia - e sobre se teria enganado a Câmara dos Comuns sobre o tema. Esse processo pode acabar com uma recomendação de expulsão ou suspensão de Johnson do Parlamento.

Somado a isso, apesar de todo o seu carisma, também não está claro se ele mantém o mesmo poder de atrair eleitores que tinha três anos atrás. Os escândalos que o derrubaram corroeram sua popularidade com muitos britânicos, e foi sob sua supervisão que as pesquisas começaram a se inclinar fortemente para o Partido Trabalhista, após 12 anos de governo conservador — e o partido é famoso por só manter na liderança campeões de votos.

Há também a questão de saber se Johnson está realmente pronto para retornar. Em seu discurso de despedida ao Parlamento, ele encerrou com a frase “Hasta la vista, baby”, a famosa fala de Arnold Schwarzenegger no filme “Exterminador do Futuro 2″. Mais tarde, ele se comparou a Cincinato, um político romano do século V que salvou o Estado de uma invasão, retirou-se para sua fazenda e depois retornou a Roma como líder.

No entanto, como um ex-primeiro-ministro altamente visível, Johnson está na fila para receber milhões de dólares no circuito de palestras. Espera-se que ele escreva outra coluna de jornal, um trabalho que pode lhe render várias centenas de milhares de libras por ano. Com dois filhos pequenos com sua esposa, Carrie, e vários outros filhos de sua ex-esposa, Marina, pessoas que conhecem Johnson dizem que ele deseja ganhar muito dinheiro - algo que ele não pode fazer como primeiro-ministro em exercício, mesmo que o cargo vem com moradia e um salário de £ 164.080 (cerca de R$ 954 mil por ano)./ NYT e AP

LONDRES — Pouco depois da renúncia da primeira-ministra Liz Truss na quinta-feira, 20, um nome familiar surgiu quase que imediatamente como um dos principais cotados para assumir a liderança do Partido Conservador britânico. Menos de quatro meses após pedir demissão do cargo, o ex-premiê Boris Johnson tem a preferência de importantes líderes conservadores e da base do partido para retornar ao N°10 de Downing Street.

De férias no Caribe, o ex-premiê não fez nenhuma declaração sobre uma possível candidatura ou sobre negociações para retomar seu antigo emprego. Mas a perspectiva de uma “parte dois” do governo Johnson repercutiu entre parlamentares e ministros conservadores, encantando alguns, afastando outros e dominando as manchetes de alguns dos principais jornais britânicos, como The Times e The Daily Telegraph.

Ejetado do governo após uma série de crises, envolvendo desde o descumprimento das regras de lockdown durante a pandemia, até denúncias de que ele sabia sobre um caso de importunação sexual envolvendo um membro de seu gabinete e o manteve no cargo, Johnson nunca deixou de ser uma figura popular internamente. Estimativas de organizações que consultam as intenções de votos dos parlamentares apontam que ele já teria o apoio de 52 deputados, um pouco atrás de seu ex-secretário do Tesouro, Rishi Sunak ― cujo pedido de demissão contribuiu para a queda de Johnson.

Boris Johnson discursa pela última vez antes de deixar o governo; ex-premiê surge como forte candidato a voltar ao poder após renúncia de Truss. Foto: Toby Melville/ Reuters

A base de apoio pró-Johnson no Parlamento inclui nomes importantes do partido, como o secretário de negócios Jacob Rees-Mogg, e o presidente da COP-26, endossaram a candidatura de Johnson nesta sexta-feira, 21. Em um movimento visto por analistas como um possível caminho para uma declaração de apoio, o popular secretário de Defesa, Ben Wallace, anunciou que não será candidato.

Embora a oposição tenha aumentado a pressão pela convocação de eleições gerais antecipadas após a renúncia de Truss, o Partido Conservador atualmente com maioria no Parlamento não precisa convocar eleições antes de 2024. De acordo com Graham Brady, chefe do comitê 1922 (que cuida das eleições do Partido Conservador), o novo premiê será escolhido durante um processo interno, até no máximo dia 28.

Os parlamentares terão até a segunda-feira, 24, para indicarem seus candidatos, que precisarão de ao menos 100 indicações para terem uma chance pela liderança. Se apenas um parlamentar chegar ao número, ele será o novo premiê. Se houver mais de um candidato, a escolha será feita em uma eleição virtual, aberta aos filiados do partido.

Caso consiga reunir o apoio mínimo no Parlamento — há 357 parlamentares conservadores, o que significa que até três candidatos podem chegar à segunda etapa —, Johnson entra na fase final da disputa com uma vantagem expressiva por sua popularidade junto à base do partido. Segundo uma pesquisa feita pelo YouGov com membros do Partido Conservador na última terça-feira, 18, 63% achavam que Johnson seria um bom substituto para Truss, com 32% colocando-o como seu principal candidato. Sunak apareceu em 2° lugar, com 23%.

“Uma pessoa foi eleita pelo público britânico com um manifesto e um mandato até 25 de janeiro”, escreveu Nadine Dorries, ex-ministra de Johnson e uma de suas mais ferrenhas defensoras em uma publicação no Twitter na quinta-feira, 20.

Ao passo que apoiadores do ex-premiê tentam arquitetar sua volta ao gabinete, a resistência interna no partido contra Johnson é igualmente forte e também reúne figuras importantes na política nacional. O jornal britânico Financial Times escreveu que muitos parlamentares conservadores estão horrorizados com a ideia de Johnson voltar após o desembarque massivo de ministros de seu governo em julho.

“Somente uma nação dominada pelo desespero pessimista e que não acredita mais que possa haver uma resposta séria às tragédias que se desenrolam gostaria de se refugiar na liderança de um palhaço”, disse Rory Stewart, que concorreu sem sucesso contra Johnson em 2019, em uma publicação nas redes sociais nesta sexta.

Corrida por Downing Street

Embora Boris Johnson tenha tomado todos os holofotes sem dizer uma única palavra, outros parlamentares britânicos entraram na disputa pelo apoio dos correligionários na disputa. A líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, foi a primeira a lançar sua candidatura. Ex-secretária de Defesa e reservista da da Marinha Real, a conservadora de 49 anos iniciou a campanha tentando se apresentar como um “novo começo” para o partido.

Mais votado na eleição para escolher o sucessor de Boris Johnson na etapa entre os parlamentares, Rishi Sunak parece liderar também este pleito. Embora tenha sido derrotado por Liz Truss na votação popular, o ex-secretário do Tesouro carrega consigo o mérito de ter antecipado que os planos econômicos da adversária não tinham sustentação — o pacote de medidas para a economia apresentado pela premiê foi o começo do fim de seu breve governo.

Rishi Sunak começa a corrida por Downing Street novamente como favorito. Foto: Chris Ratcliffe/ Bloomberg

Sunak também carrega apoios importantes dentro do partido, como o ex-secretário de Saúde Sajid Javid, outro que desembarcou do gabinete de Johnson na crise de julho, e o ex-chanceler Dominic Raab, que declararam apoio a ele nesta sexta.

Obstáculos na volta ao gabinete

A resistência interna por setores do partido e a concorrência não são os únicos obstáculos para que um retorno de Boris Johnson se concretize.

O ex-premiê está sob investigação de um comitê parlamentar sobre festas realizadas em Downing Street que violaram as regras da pandemia - e sobre se teria enganado a Câmara dos Comuns sobre o tema. Esse processo pode acabar com uma recomendação de expulsão ou suspensão de Johnson do Parlamento.

Somado a isso, apesar de todo o seu carisma, também não está claro se ele mantém o mesmo poder de atrair eleitores que tinha três anos atrás. Os escândalos que o derrubaram corroeram sua popularidade com muitos britânicos, e foi sob sua supervisão que as pesquisas começaram a se inclinar fortemente para o Partido Trabalhista, após 12 anos de governo conservador — e o partido é famoso por só manter na liderança campeões de votos.

Há também a questão de saber se Johnson está realmente pronto para retornar. Em seu discurso de despedida ao Parlamento, ele encerrou com a frase “Hasta la vista, baby”, a famosa fala de Arnold Schwarzenegger no filme “Exterminador do Futuro 2″. Mais tarde, ele se comparou a Cincinato, um político romano do século V que salvou o Estado de uma invasão, retirou-se para sua fazenda e depois retornou a Roma como líder.

No entanto, como um ex-primeiro-ministro altamente visível, Johnson está na fila para receber milhões de dólares no circuito de palestras. Espera-se que ele escreva outra coluna de jornal, um trabalho que pode lhe render várias centenas de milhares de libras por ano. Com dois filhos pequenos com sua esposa, Carrie, e vários outros filhos de sua ex-esposa, Marina, pessoas que conhecem Johnson dizem que ele deseja ganhar muito dinheiro - algo que ele não pode fazer como primeiro-ministro em exercício, mesmo que o cargo vem com moradia e um salário de £ 164.080 (cerca de R$ 954 mil por ano)./ NYT e AP

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