Brasil, Colômbia e México articulam declaração conjunta para cobrar acesso a atas na Venezuela


Países se unem para cobrar a autoridade eleitoral da Venezuela a entregar boletins de urnas ao Centro Carter, observador internacional

Por Eduardo Gayer
Atualização:

BRASÍLIA - Diplomatas de Brasil, Colômbia e México articulam uma declaração conjunta para cobrar a Venezuela a divulgar as atas eleitorais da votação de ontem. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país vizinho, controlado pelo regime chavista, declarou o ditador Nicolás Maduro como vencedor da eleição sem apresentar os boletins de urnas. A oposição acusa o regime de fraude depois de uma série de indícios de abusos antes e depois da votação.

Segundo apurou o Estadão, haverá uma cobrança explícita para o CNE fornecer as atas ao Centro Carter, um dos poucos centros de observação eleitoral permitidos pela ditadura chavista a operar na Venezuela. Os termos da nota estão sendo discutidos e a previsão é que seja publicada ainda hoje.

Mais cedo, a ONG também cobrou acesso às atas para emitir seu relatório sobre a eleição. “A missão técnica do Centro Carter veio observar a eleição presidencial de 28 de julho a convite da CNE”, diz a nota do Centro Carter, fundado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter. “As informações contidas nos formulários de resultados das seções eleitorais, conforme transmitidas ao CNE, são fundamentais para nossa avaliação e importantes para todos os venezuelanos.”

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Será com base na análise das atas e na avaliação do Centro Carter que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — com subsídios do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do assessor especial enviado a Caracas, Celso Amorim — vai decidir se o Brasil reconhecerá ou não a reeleição de Maduro.

Em Washington, uma fonte do Departamento de Estado disse a um briefing com jornalistas que a Casa Branca conta com o apoio do Brasil e outros países da região para tentar obter dados sobre a apuração das urnas na Venezuela.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: AP Photo/Fernando Vergara
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No domingo, um grupo de países latino-americanos de centro-direita e direita, mais críticos a Maduro, criticaram mais duramente o regime e também pediram respeito à vontade das urnas e uma contagem de votos imparcial. O grupo é formado por Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, Equador, Panamá e Costa Rica.

A oposição disse ter tido acesso a 40% das atas e elas indicam uma vitória de Edmundo Gonzalez com 70% dos votos. Uma pesquisa de boca de urna realizada pelo instituto americano Edinson, contratada pela oposição, deu a González 65% dos votos contra 31% de Maduro. Após o fechamento das urnas, nenhuma parcial foi divulgada até a madrugada de segunda-feira, quando o CNE informou que Maduro teria tido 51% dos votos.

A eleição foi marcada por constantes mudanças de regras e movimentações fraudulentas por parte do chavismo nas semanas que antecederam. Também houve problema durante o processo de totalização e apuração dos votos, quando a oposição acusou o CNE de paralisar a transmissão dos resultados.

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O Brasil pediu publicamente a divulgação das atas e informou que esperaria o posicionamento do Centro Carter para se pronunciar de maneira mais assertiva sobre a votação. Chile e Argentina foram além e ameaçaram não reconhecer a eleição.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, expressou “grave preocupação” com a possibilidade de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Ele pediu uma apuração “justa e transparente” dos votos.

Proximidade com Caracas

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Num primeiro momento, o assessor do Planalto para assuntos internacionais, Celso Amorim, evitou cobrar medidas do regime chavista para comprovar a lisura das eleições, mas, nesta manhã, adotou uma posição similar à da diplomacia americana. Em Brasília, a chancelaria brasileira passou a coordenar a resposta com mexicanos e colombianos, ambos governados pela esquerda e próximos a Maduro.

Desde que voltou ao poder, há um ano e meio, o governo Lula tem adotado um tom moderado e passado a mão na cabeça da ditadura chavista apesar da contínua perseguição a opositores e ao cerceamento do direito de voto dos venezuelanos.

Apesar de o ditador Nicolás Maduro ser um aliado de décadas do presidente Lula, existe um incômodo no governo brasileiro com a falta de transparência no processo eleitoral da Venezuela.

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Histórico de proximidade

Com a volta do PT ao governo em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas. Nos anos de Jair Bolsonaro, o Itamaraty de Ernesto Araújo reconheceu o governo de Juan Guaidó como representante legítimo da Venezuela e rompeu completamente relações com o chavismo.

Sob Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para reconstruir pontes com Maduro e reestabelecer relações bilaterais, com o argumento de que empresas brasileiras tinham dívidas de cerca de US$ 1,27 bilhão com a ditadura chavista. O Brasil enviou a Caracas a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira e recebeu em Brasília o embaixador Manuel Vadell.

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Nos primeiros meses de governo, Lula também emprestou apoio diplomático e político a Maduro, a quem recebeu com honras de chefe de Estado no Planalto em maio do ano passado, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O respaldo foi mal visto por outros presidentes da região, principalmente o chileno Gabriel Boric, de centro-esquerda, e o uruguaio Luis Lacalle Pou, de centro-direita, que reclamaram publicamente da reabilitação dada pelo petista ao líder chavista.

BRASÍLIA - Diplomatas de Brasil, Colômbia e México articulam uma declaração conjunta para cobrar a Venezuela a divulgar as atas eleitorais da votação de ontem. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país vizinho, controlado pelo regime chavista, declarou o ditador Nicolás Maduro como vencedor da eleição sem apresentar os boletins de urnas. A oposição acusa o regime de fraude depois de uma série de indícios de abusos antes e depois da votação.

Segundo apurou o Estadão, haverá uma cobrança explícita para o CNE fornecer as atas ao Centro Carter, um dos poucos centros de observação eleitoral permitidos pela ditadura chavista a operar na Venezuela. Os termos da nota estão sendo discutidos e a previsão é que seja publicada ainda hoje.

Mais cedo, a ONG também cobrou acesso às atas para emitir seu relatório sobre a eleição. “A missão técnica do Centro Carter veio observar a eleição presidencial de 28 de julho a convite da CNE”, diz a nota do Centro Carter, fundado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter. “As informações contidas nos formulários de resultados das seções eleitorais, conforme transmitidas ao CNE, são fundamentais para nossa avaliação e importantes para todos os venezuelanos.”

Será com base na análise das atas e na avaliação do Centro Carter que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — com subsídios do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do assessor especial enviado a Caracas, Celso Amorim — vai decidir se o Brasil reconhecerá ou não a reeleição de Maduro.

Em Washington, uma fonte do Departamento de Estado disse a um briefing com jornalistas que a Casa Branca conta com o apoio do Brasil e outros países da região para tentar obter dados sobre a apuração das urnas na Venezuela.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: AP Photo/Fernando Vergara

No domingo, um grupo de países latino-americanos de centro-direita e direita, mais críticos a Maduro, criticaram mais duramente o regime e também pediram respeito à vontade das urnas e uma contagem de votos imparcial. O grupo é formado por Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, Equador, Panamá e Costa Rica.

A oposição disse ter tido acesso a 40% das atas e elas indicam uma vitória de Edmundo Gonzalez com 70% dos votos. Uma pesquisa de boca de urna realizada pelo instituto americano Edinson, contratada pela oposição, deu a González 65% dos votos contra 31% de Maduro. Após o fechamento das urnas, nenhuma parcial foi divulgada até a madrugada de segunda-feira, quando o CNE informou que Maduro teria tido 51% dos votos.

A eleição foi marcada por constantes mudanças de regras e movimentações fraudulentas por parte do chavismo nas semanas que antecederam. Também houve problema durante o processo de totalização e apuração dos votos, quando a oposição acusou o CNE de paralisar a transmissão dos resultados.

O Brasil pediu publicamente a divulgação das atas e informou que esperaria o posicionamento do Centro Carter para se pronunciar de maneira mais assertiva sobre a votação. Chile e Argentina foram além e ameaçaram não reconhecer a eleição.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, expressou “grave preocupação” com a possibilidade de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Ele pediu uma apuração “justa e transparente” dos votos.

Proximidade com Caracas

Num primeiro momento, o assessor do Planalto para assuntos internacionais, Celso Amorim, evitou cobrar medidas do regime chavista para comprovar a lisura das eleições, mas, nesta manhã, adotou uma posição similar à da diplomacia americana. Em Brasília, a chancelaria brasileira passou a coordenar a resposta com mexicanos e colombianos, ambos governados pela esquerda e próximos a Maduro.

Desde que voltou ao poder, há um ano e meio, o governo Lula tem adotado um tom moderado e passado a mão na cabeça da ditadura chavista apesar da contínua perseguição a opositores e ao cerceamento do direito de voto dos venezuelanos.

Apesar de o ditador Nicolás Maduro ser um aliado de décadas do presidente Lula, existe um incômodo no governo brasileiro com a falta de transparência no processo eleitoral da Venezuela.

Histórico de proximidade

Com a volta do PT ao governo em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas. Nos anos de Jair Bolsonaro, o Itamaraty de Ernesto Araújo reconheceu o governo de Juan Guaidó como representante legítimo da Venezuela e rompeu completamente relações com o chavismo.

Sob Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para reconstruir pontes com Maduro e reestabelecer relações bilaterais, com o argumento de que empresas brasileiras tinham dívidas de cerca de US$ 1,27 bilhão com a ditadura chavista. O Brasil enviou a Caracas a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira e recebeu em Brasília o embaixador Manuel Vadell.

Nos primeiros meses de governo, Lula também emprestou apoio diplomático e político a Maduro, a quem recebeu com honras de chefe de Estado no Planalto em maio do ano passado, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O respaldo foi mal visto por outros presidentes da região, principalmente o chileno Gabriel Boric, de centro-esquerda, e o uruguaio Luis Lacalle Pou, de centro-direita, que reclamaram publicamente da reabilitação dada pelo petista ao líder chavista.

BRASÍLIA - Diplomatas de Brasil, Colômbia e México articulam uma declaração conjunta para cobrar a Venezuela a divulgar as atas eleitorais da votação de ontem. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país vizinho, controlado pelo regime chavista, declarou o ditador Nicolás Maduro como vencedor da eleição sem apresentar os boletins de urnas. A oposição acusa o regime de fraude depois de uma série de indícios de abusos antes e depois da votação.

Segundo apurou o Estadão, haverá uma cobrança explícita para o CNE fornecer as atas ao Centro Carter, um dos poucos centros de observação eleitoral permitidos pela ditadura chavista a operar na Venezuela. Os termos da nota estão sendo discutidos e a previsão é que seja publicada ainda hoje.

Mais cedo, a ONG também cobrou acesso às atas para emitir seu relatório sobre a eleição. “A missão técnica do Centro Carter veio observar a eleição presidencial de 28 de julho a convite da CNE”, diz a nota do Centro Carter, fundado pelo ex-presidente americano Jimmy Carter. “As informações contidas nos formulários de resultados das seções eleitorais, conforme transmitidas ao CNE, são fundamentais para nossa avaliação e importantes para todos os venezuelanos.”

Será com base na análise das atas e na avaliação do Centro Carter que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — com subsídios do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do assessor especial enviado a Caracas, Celso Amorim — vai decidir se o Brasil reconhecerá ou não a reeleição de Maduro.

Em Washington, uma fonte do Departamento de Estado disse a um briefing com jornalistas que a Casa Branca conta com o apoio do Brasil e outros países da região para tentar obter dados sobre a apuração das urnas na Venezuela.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: AP Photo/Fernando Vergara

No domingo, um grupo de países latino-americanos de centro-direita e direita, mais críticos a Maduro, criticaram mais duramente o regime e também pediram respeito à vontade das urnas e uma contagem de votos imparcial. O grupo é formado por Argentina, Uruguai, Peru, Paraguai, Equador, Panamá e Costa Rica.

A oposição disse ter tido acesso a 40% das atas e elas indicam uma vitória de Edmundo Gonzalez com 70% dos votos. Uma pesquisa de boca de urna realizada pelo instituto americano Edinson, contratada pela oposição, deu a González 65% dos votos contra 31% de Maduro. Após o fechamento das urnas, nenhuma parcial foi divulgada até a madrugada de segunda-feira, quando o CNE informou que Maduro teria tido 51% dos votos.

A eleição foi marcada por constantes mudanças de regras e movimentações fraudulentas por parte do chavismo nas semanas que antecederam. Também houve problema durante o processo de totalização e apuração dos votos, quando a oposição acusou o CNE de paralisar a transmissão dos resultados.

O Brasil pediu publicamente a divulgação das atas e informou que esperaria o posicionamento do Centro Carter para se pronunciar de maneira mais assertiva sobre a votação. Chile e Argentina foram além e ameaçaram não reconhecer a eleição.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, expressou “grave preocupação” com a possibilidade de que o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não reflita a vontade do povo. Ele pediu uma apuração “justa e transparente” dos votos.

Proximidade com Caracas

Num primeiro momento, o assessor do Planalto para assuntos internacionais, Celso Amorim, evitou cobrar medidas do regime chavista para comprovar a lisura das eleições, mas, nesta manhã, adotou uma posição similar à da diplomacia americana. Em Brasília, a chancelaria brasileira passou a coordenar a resposta com mexicanos e colombianos, ambos governados pela esquerda e próximos a Maduro.

Desde que voltou ao poder, há um ano e meio, o governo Lula tem adotado um tom moderado e passado a mão na cabeça da ditadura chavista apesar da contínua perseguição a opositores e ao cerceamento do direito de voto dos venezuelanos.

Apesar de o ditador Nicolás Maduro ser um aliado de décadas do presidente Lula, existe um incômodo no governo brasileiro com a falta de transparência no processo eleitoral da Venezuela.

Histórico de proximidade

Com a volta do PT ao governo em 2023, as relações entre Brasil e Venezuela foram retomadas. Nos anos de Jair Bolsonaro, o Itamaraty de Ernesto Araújo reconheceu o governo de Juan Guaidó como representante legítimo da Venezuela e rompeu completamente relações com o chavismo.

Sob Mauro Vieira e Celso Amorim, a diplomacia brasileira trabalhou para reconstruir pontes com Maduro e reestabelecer relações bilaterais, com o argumento de que empresas brasileiras tinham dívidas de cerca de US$ 1,27 bilhão com a ditadura chavista. O Brasil enviou a Caracas a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira e recebeu em Brasília o embaixador Manuel Vadell.

Nos primeiros meses de governo, Lula também emprestou apoio diplomático e político a Maduro, a quem recebeu com honras de chefe de Estado no Planalto em maio do ano passado, durante uma reunião com chefes de Estado sul-americanos para relançar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). O respaldo foi mal visto por outros presidentes da região, principalmente o chileno Gabriel Boric, de centro-esquerda, e o uruguaio Luis Lacalle Pou, de centro-direita, que reclamaram publicamente da reabilitação dada pelo petista ao líder chavista.

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