Brasil é a terra das soluções para nós, diz ministro de Estado alemão


Em entrevista ao Estadão, Tobias Gotthardt defendeu a realização do acordo Mercosul-UE e afirmou que relação entre Brasil e Alemanha pode crescer no setor de hidrogênio verde

Por Daniel Gateno
Atualização:
Foto: Ruy Hizatugu/Câmara Brasil-Alemanha
Entrevista comTobias GotthardtSecretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera

O Brasil é a terra das soluções para a Alemanha. Essa é a opinião de Tobias Gotthardt, Secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, o maior Estado da Alemanha.

“O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul, é a terra das soluções, especialmente no setor de hidrogênio verde e combustível verde”, afirmou Gotthardt, em entrevista ao Estadão no hotel Pullman Ibirapuera na quinta-feira, 10, durante o evento Hydrogen Dialogue Latam 2024, que promove uma maior parceria no tema entre empresários brasileiros e alemães.

Gotthardt também se mostrou a favor da realização de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). “Acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia. Acredito que podemos ter uma solução muito rápida em relação ao Mercosul, temos poucos pontos de discordância. Espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia”.

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Confira trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Baviera?

A melhor coisa é olhar para os números. O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul. O Brasil é a terra das soluções para nós, especialmente no setor de hidrogênio verde e também em combustível verde. Então podemos trabalhar juntos em muitos setores para explorar novas soluções.

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O segmento da biotecnologia é muito importante para nós. Vimos em São Paulo um nível muito alto de desenvolvimento do engajamento no trabalho industrial e queremos ter uma relação ainda mais benéfica para ambos os lados.

Como o senhor enxerga a relação da Baviera com o Estado de São Paulo?

Nós temos um escritório em São Paulo, a nossa representação é muito forte. Além da economia, existem outros laços que nos unem. Temos um diálogo muito próximo com universidades, instituições de pesquisa, temos laços culturais. Existem projetos de jovens de São Paulo que vão até a Baviera estudar. Eu acredito que estamos muito presentes em São Paulo.

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Tobias Gotthardt, secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, participou de uma série de eventos em São Paulo  Foto: Bastian Brummer/ Bayerisches Staatsministerium für Wirtschaft, Landesentwicklung und Energie

Brasil e Alemanha tem uma relação próxima. Quais são os setores em que os dois países podem trabalhar juntos?

É necessário que os dois países trabalhem juntos para combater o aquecimento global para que tenhamos uma indústria livre de carbono. Para que isso aconteça, precisamos de uma rápida e ambiciosa transformação do setor industrial, com um foco na competitividade.

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Precisamos também de uma nova forma de multilateralismo político. Não é possível trabalhar com apenas três atores, é preciso abranger mais. O Brasil é um grande parceiro para nós neste processo.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de um evento em uma base aérea em Guarulhos após a repatriação de brasileiros que moram no Líbano  Foto: Nelson Almeida/AFP

Qual é a sua avaliação sobre o acordo Mercosul-União Europeia? Políticos como Emmanuel Macron sinalizaram que são contra o acordo

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Às vezes decisões políticas não são tomadas com base em fatos, podem ser tomadas com base em razões nacionais ou em campanhas eleitorais. Do nosso ponto de vista, Baviera sempre disse que acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia.

Não podemos construir um novo mercado diversificado para a União Europeia se não colocarmos mais ênfase nos acordos comerciais em geral.

Em relação ao acordo com o Mercosul, eu acredito que podemos ter uma solução muito rápida. Temos poucos pontos de discordância em relação aos termos do acordo. Para os franceses a oposição vem do setor do agro, mas penso que se olharmos os números é possível encontrar uma solução para o problema.

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Eu espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia.

O presidente da França, Emmanuel Macron, já afirmou publicamente que é contra o acordo Mercosul-União Europeia nos moldes atuais  Foto: Sarah Meyssonnier/AFP

Por que a extrema direita está crescendo na Europa?

Precisamos entender que os contextos são diferentes. Não podemos comparar a extrema direita na Hungria e Polônia com a extrema direita na Dinamarca e na Alemanha, por exemplo.

Mas é fato que a política está ficando cada vez mais complexa de explicar e as pessoas estão buscando cada vez mais respostas rápidas e simples. Precisamos criar uma ponte para tentar preencher este buraco entre os desafios políticos complexos e as respostas que o público quer receber.

Acho que talvez a política não tenha entregado os resultados que deveria durante os últimos cinco ou dez anos e isso inclui a questão da transformação verde. Se quisermos um pacto ecológico europeu, temos que explicá-lo às pessoas. É preciso fazer funcionar, não só no papel. A primeira coisa que devemos alcançar é competitividade, porque sem competitividade não temos impostos e sem impostos não temos, não temos padrões sociais.

Como o senhor enxerga o novo Parlamento Europeu? Vai ser possível entregar os resultados que o senhor mencionou?

Esta questão está relacionada aos detalhes. Nós temos uma comissão que será eleita por uma maioria do partido PPE, de centro direita, pelos Verdes e pela esquerda. Existe uma nova cooperação no meio do Parlamento entre o PPE, o Renovar a Europa e os Reformistas e Conservadores europeus. Esta cooperação vai fazer com que os trabalhos funcionem, não precisamos da extrema direita.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participa de uma coletiva de imprensa em Berlim, Alemanha  Foto: Michael Kappeler/AP

Depois de dois anos a guerra na Ucrânia continua e a Alemanha tem apoiado Kiev desde o inicio. Esta será a política de qualquer partido alemão no poder? Este apoio tem data de validade?

É do interesse do mundo todo apoiar a Ucrânia. Isso é fundamental. Ao defender a Ucrânia nós também estamos defendendo os direitos fundamentais europeus.

Guerra nunca é a melhor solução, mas se temos uma guerra, vamos lidar com ela. A Alemanha e a União Europeia escolheram apoiar Kiev e se colocaram contra a agressão russa.

Por outro lado, queremos sempre tentar encontrar uma solução pacífica para o fim do conflito. Mas paz significa liberdade para a Ucrânia.

O avanço de Vladimir Putin no Leste Europeu é uma ameaça a segurança europeia?

Nós queremos manter o nosso estilo de vida europeu. Queremos manter a nossa liberdade e os nossos valores. É um risco se um vizinho está invadindo países que querem entrar na UE, não só a Ucrânia, mas também a Geórgia e a Moldávia.

Precisamos pensar em alternativas e respostas para os europeus.

Na sua avaliação, a Europa precisa estar pronta militarmente para um possível confronto com a Rússia?

Eu diria que todas as regiões do mundo precisam de resiliência militar para manter a paz, é uma questão de equilíbrio e estabilidade. As nações europeias precisam fazer muito mais, nós concordamos em um novo tipo de cooperação entre exércitos nacionais na Europa e também pudemos ver mais investimento dos países europeus em infraestrutura militar.

Precisamos manter este investimento para poder responder a qualquer tipo de ameaça militar nos próximos 20 anos.

O Brasil é a terra das soluções para a Alemanha. Essa é a opinião de Tobias Gotthardt, Secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, o maior Estado da Alemanha.

“O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul, é a terra das soluções, especialmente no setor de hidrogênio verde e combustível verde”, afirmou Gotthardt, em entrevista ao Estadão no hotel Pullman Ibirapuera na quinta-feira, 10, durante o evento Hydrogen Dialogue Latam 2024, que promove uma maior parceria no tema entre empresários brasileiros e alemães.

Gotthardt também se mostrou a favor da realização de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). “Acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia. Acredito que podemos ter uma solução muito rápida em relação ao Mercosul, temos poucos pontos de discordância. Espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia”.

Confira trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Baviera?

A melhor coisa é olhar para os números. O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul. O Brasil é a terra das soluções para nós, especialmente no setor de hidrogênio verde e também em combustível verde. Então podemos trabalhar juntos em muitos setores para explorar novas soluções.

O segmento da biotecnologia é muito importante para nós. Vimos em São Paulo um nível muito alto de desenvolvimento do engajamento no trabalho industrial e queremos ter uma relação ainda mais benéfica para ambos os lados.

Como o senhor enxerga a relação da Baviera com o Estado de São Paulo?

Nós temos um escritório em São Paulo, a nossa representação é muito forte. Além da economia, existem outros laços que nos unem. Temos um diálogo muito próximo com universidades, instituições de pesquisa, temos laços culturais. Existem projetos de jovens de São Paulo que vão até a Baviera estudar. Eu acredito que estamos muito presentes em São Paulo.

Tobias Gotthardt, secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, participou de uma série de eventos em São Paulo  Foto: Bastian Brummer/ Bayerisches Staatsministerium für Wirtschaft, Landesentwicklung und Energie

Brasil e Alemanha tem uma relação próxima. Quais são os setores em que os dois países podem trabalhar juntos?

É necessário que os dois países trabalhem juntos para combater o aquecimento global para que tenhamos uma indústria livre de carbono. Para que isso aconteça, precisamos de uma rápida e ambiciosa transformação do setor industrial, com um foco na competitividade.

Precisamos também de uma nova forma de multilateralismo político. Não é possível trabalhar com apenas três atores, é preciso abranger mais. O Brasil é um grande parceiro para nós neste processo.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de um evento em uma base aérea em Guarulhos após a repatriação de brasileiros que moram no Líbano  Foto: Nelson Almeida/AFP

Qual é a sua avaliação sobre o acordo Mercosul-União Europeia? Políticos como Emmanuel Macron sinalizaram que são contra o acordo

Às vezes decisões políticas não são tomadas com base em fatos, podem ser tomadas com base em razões nacionais ou em campanhas eleitorais. Do nosso ponto de vista, Baviera sempre disse que acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia.

Não podemos construir um novo mercado diversificado para a União Europeia se não colocarmos mais ênfase nos acordos comerciais em geral.

Em relação ao acordo com o Mercosul, eu acredito que podemos ter uma solução muito rápida. Temos poucos pontos de discordância em relação aos termos do acordo. Para os franceses a oposição vem do setor do agro, mas penso que se olharmos os números é possível encontrar uma solução para o problema.

Eu espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia.

O presidente da França, Emmanuel Macron, já afirmou publicamente que é contra o acordo Mercosul-União Europeia nos moldes atuais  Foto: Sarah Meyssonnier/AFP

Por que a extrema direita está crescendo na Europa?

Precisamos entender que os contextos são diferentes. Não podemos comparar a extrema direita na Hungria e Polônia com a extrema direita na Dinamarca e na Alemanha, por exemplo.

Mas é fato que a política está ficando cada vez mais complexa de explicar e as pessoas estão buscando cada vez mais respostas rápidas e simples. Precisamos criar uma ponte para tentar preencher este buraco entre os desafios políticos complexos e as respostas que o público quer receber.

Acho que talvez a política não tenha entregado os resultados que deveria durante os últimos cinco ou dez anos e isso inclui a questão da transformação verde. Se quisermos um pacto ecológico europeu, temos que explicá-lo às pessoas. É preciso fazer funcionar, não só no papel. A primeira coisa que devemos alcançar é competitividade, porque sem competitividade não temos impostos e sem impostos não temos, não temos padrões sociais.

Como o senhor enxerga o novo Parlamento Europeu? Vai ser possível entregar os resultados que o senhor mencionou?

Esta questão está relacionada aos detalhes. Nós temos uma comissão que será eleita por uma maioria do partido PPE, de centro direita, pelos Verdes e pela esquerda. Existe uma nova cooperação no meio do Parlamento entre o PPE, o Renovar a Europa e os Reformistas e Conservadores europeus. Esta cooperação vai fazer com que os trabalhos funcionem, não precisamos da extrema direita.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participa de uma coletiva de imprensa em Berlim, Alemanha  Foto: Michael Kappeler/AP

Depois de dois anos a guerra na Ucrânia continua e a Alemanha tem apoiado Kiev desde o inicio. Esta será a política de qualquer partido alemão no poder? Este apoio tem data de validade?

É do interesse do mundo todo apoiar a Ucrânia. Isso é fundamental. Ao defender a Ucrânia nós também estamos defendendo os direitos fundamentais europeus.

Guerra nunca é a melhor solução, mas se temos uma guerra, vamos lidar com ela. A Alemanha e a União Europeia escolheram apoiar Kiev e se colocaram contra a agressão russa.

Por outro lado, queremos sempre tentar encontrar uma solução pacífica para o fim do conflito. Mas paz significa liberdade para a Ucrânia.

O avanço de Vladimir Putin no Leste Europeu é uma ameaça a segurança europeia?

Nós queremos manter o nosso estilo de vida europeu. Queremos manter a nossa liberdade e os nossos valores. É um risco se um vizinho está invadindo países que querem entrar na UE, não só a Ucrânia, mas também a Geórgia e a Moldávia.

Precisamos pensar em alternativas e respostas para os europeus.

Na sua avaliação, a Europa precisa estar pronta militarmente para um possível confronto com a Rússia?

Eu diria que todas as regiões do mundo precisam de resiliência militar para manter a paz, é uma questão de equilíbrio e estabilidade. As nações europeias precisam fazer muito mais, nós concordamos em um novo tipo de cooperação entre exércitos nacionais na Europa e também pudemos ver mais investimento dos países europeus em infraestrutura militar.

Precisamos manter este investimento para poder responder a qualquer tipo de ameaça militar nos próximos 20 anos.

O Brasil é a terra das soluções para a Alemanha. Essa é a opinião de Tobias Gotthardt, Secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, o maior Estado da Alemanha.

“O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul, é a terra das soluções, especialmente no setor de hidrogênio verde e combustível verde”, afirmou Gotthardt, em entrevista ao Estadão no hotel Pullman Ibirapuera na quinta-feira, 10, durante o evento Hydrogen Dialogue Latam 2024, que promove uma maior parceria no tema entre empresários brasileiros e alemães.

Gotthardt também se mostrou a favor da realização de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). “Acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia. Acredito que podemos ter uma solução muito rápida em relação ao Mercosul, temos poucos pontos de discordância. Espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia”.

Confira trechos da entrevista:

Qual é a importância do Brasil para a Baviera?

A melhor coisa é olhar para os números. O Brasil é o maior parceiro comercial da Baviera na América do Sul. O Brasil é a terra das soluções para nós, especialmente no setor de hidrogênio verde e também em combustível verde. Então podemos trabalhar juntos em muitos setores para explorar novas soluções.

O segmento da biotecnologia é muito importante para nós. Vimos em São Paulo um nível muito alto de desenvolvimento do engajamento no trabalho industrial e queremos ter uma relação ainda mais benéfica para ambos os lados.

Como o senhor enxerga a relação da Baviera com o Estado de São Paulo?

Nós temos um escritório em São Paulo, a nossa representação é muito forte. Além da economia, existem outros laços que nos unem. Temos um diálogo muito próximo com universidades, instituições de pesquisa, temos laços culturais. Existem projetos de jovens de São Paulo que vão até a Baviera estudar. Eu acredito que estamos muito presentes em São Paulo.

Tobias Gotthardt, secretário de Estado para Economia, Desenvolvimento Regional e Energia da Baviera, participou de uma série de eventos em São Paulo  Foto: Bastian Brummer/ Bayerisches Staatsministerium für Wirtschaft, Landesentwicklung und Energie

Brasil e Alemanha tem uma relação próxima. Quais são os setores em que os dois países podem trabalhar juntos?

É necessário que os dois países trabalhem juntos para combater o aquecimento global para que tenhamos uma indústria livre de carbono. Para que isso aconteça, precisamos de uma rápida e ambiciosa transformação do setor industrial, com um foco na competitividade.

Precisamos também de uma nova forma de multilateralismo político. Não é possível trabalhar com apenas três atores, é preciso abranger mais. O Brasil é um grande parceiro para nós neste processo.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de um evento em uma base aérea em Guarulhos após a repatriação de brasileiros que moram no Líbano  Foto: Nelson Almeida/AFP

Qual é a sua avaliação sobre o acordo Mercosul-União Europeia? Políticos como Emmanuel Macron sinalizaram que são contra o acordo

Às vezes decisões políticas não são tomadas com base em fatos, podem ser tomadas com base em razões nacionais ou em campanhas eleitorais. Do nosso ponto de vista, Baviera sempre disse que acordos de livre-comércio são essenciais para a União Europeia.

Não podemos construir um novo mercado diversificado para a União Europeia se não colocarmos mais ênfase nos acordos comerciais em geral.

Em relação ao acordo com o Mercosul, eu acredito que podemos ter uma solução muito rápida. Temos poucos pontos de discordância em relação aos termos do acordo. Para os franceses a oposição vem do setor do agro, mas penso que se olharmos os números é possível encontrar uma solução para o problema.

Eu espero que seja possível encontrar esta solução com a nova Comissão Europeia.

O presidente da França, Emmanuel Macron, já afirmou publicamente que é contra o acordo Mercosul-União Europeia nos moldes atuais  Foto: Sarah Meyssonnier/AFP

Por que a extrema direita está crescendo na Europa?

Precisamos entender que os contextos são diferentes. Não podemos comparar a extrema direita na Hungria e Polônia com a extrema direita na Dinamarca e na Alemanha, por exemplo.

Mas é fato que a política está ficando cada vez mais complexa de explicar e as pessoas estão buscando cada vez mais respostas rápidas e simples. Precisamos criar uma ponte para tentar preencher este buraco entre os desafios políticos complexos e as respostas que o público quer receber.

Acho que talvez a política não tenha entregado os resultados que deveria durante os últimos cinco ou dez anos e isso inclui a questão da transformação verde. Se quisermos um pacto ecológico europeu, temos que explicá-lo às pessoas. É preciso fazer funcionar, não só no papel. A primeira coisa que devemos alcançar é competitividade, porque sem competitividade não temos impostos e sem impostos não temos, não temos padrões sociais.

Como o senhor enxerga o novo Parlamento Europeu? Vai ser possível entregar os resultados que o senhor mencionou?

Esta questão está relacionada aos detalhes. Nós temos uma comissão que será eleita por uma maioria do partido PPE, de centro direita, pelos Verdes e pela esquerda. Existe uma nova cooperação no meio do Parlamento entre o PPE, o Renovar a Europa e os Reformistas e Conservadores europeus. Esta cooperação vai fazer com que os trabalhos funcionem, não precisamos da extrema direita.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participa de uma coletiva de imprensa em Berlim, Alemanha  Foto: Michael Kappeler/AP

Depois de dois anos a guerra na Ucrânia continua e a Alemanha tem apoiado Kiev desde o inicio. Esta será a política de qualquer partido alemão no poder? Este apoio tem data de validade?

É do interesse do mundo todo apoiar a Ucrânia. Isso é fundamental. Ao defender a Ucrânia nós também estamos defendendo os direitos fundamentais europeus.

Guerra nunca é a melhor solução, mas se temos uma guerra, vamos lidar com ela. A Alemanha e a União Europeia escolheram apoiar Kiev e se colocaram contra a agressão russa.

Por outro lado, queremos sempre tentar encontrar uma solução pacífica para o fim do conflito. Mas paz significa liberdade para a Ucrânia.

O avanço de Vladimir Putin no Leste Europeu é uma ameaça a segurança europeia?

Nós queremos manter o nosso estilo de vida europeu. Queremos manter a nossa liberdade e os nossos valores. É um risco se um vizinho está invadindo países que querem entrar na UE, não só a Ucrânia, mas também a Geórgia e a Moldávia.

Precisamos pensar em alternativas e respostas para os europeus.

Na sua avaliação, a Europa precisa estar pronta militarmente para um possível confronto com a Rússia?

Eu diria que todas as regiões do mundo precisam de resiliência militar para manter a paz, é uma questão de equilíbrio e estabilidade. As nações europeias precisam fazer muito mais, nós concordamos em um novo tipo de cooperação entre exércitos nacionais na Europa e também pudemos ver mais investimento dos países europeus em infraestrutura militar.

Precisamos manter este investimento para poder responder a qualquer tipo de ameaça militar nos próximos 20 anos.

Entrevista por Daniel Gateno

Repórter da editoria de internacional do Estadão

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