Brasil quer apoio chinês para entrar no Conselho de Segurança da ONU em troca de expansão do Brics


Exigência foi apresentada por diplomatas com aval de Lula e ação articulada com a Índia e a África do Sul

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Principal entrave à expansão do Brics, o governo brasileiro colocou na mesa de negociação uma exigência para destravar a adesão de novos países no bloco. O Brasil quer como contrapartida o apoio da China à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma declaração clara, por parte dos chineses, de suporte ao pleito brasileiro para ter um assento permanente no órgão.

A moeda de troca foi combinada em ação conjunta com a Índia e a África do Sul. Ingressar no Conselho de Segurança da ONU é um desejo antigo dos três países, agora articulado para convencer Pequim.

Pressionada pela China, que patrocinou seu ingresso no Brics em 2011, a África do Sul já declarou ser a favor da expansão perseguida por Pequim para ampliar influência global e projetar sua economia e poder geopolítico, além de aumentar o peso econômico do Brics e o perfil político antagônico a potências ocidentais, como os Estados Unidos e o G7. No entanto, o Brasil espera manter o apoio sul-africano na estratégia de negociar em trio porque o país tem como objetivo ser o representante da África no Conselho de Segurança.

continua após a publicidade
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Pequim, em abril deste ano, ao lado de Xi Jinping, presidente chinês  Foto: Ken Ishii/via Reuters

A Índia, por sua vez, cedeu à pressão nos últimos meses, interessada no ingresso de parceiros como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país não quer perder influência para a China, com quem possui disputas geopolíticas. Mas, assim como o Brasil, os indianos desejam adotar critérios para autorizar a expansão do Brics, e perseguem uma vaga no Conselho. O Brasil já deixou claro que estaria disposto a destravar o processo se a China, principal patrocinadora da entrada de novos membros no bloco, assim como os postulantes, manifestassem em declaração assinada em Johannesburgo serem a favor da pretensão histórica brasileira – e também de indianos e sul-africanos.

São cinco os postulantes com mais chances: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Todos têm o apoio de Pequim.

continua após a publicidade

Apesar de insistentes pedidos anteriores, a China nunca manifestou claramente que apoia o ingresso do Brasil. Outro integrante do Brics no Conselho, a Rússia já declarou antes seu apoio à candidatura brasileira.

Os brasileiros argumentam que a troca seria razoável porque na prática estariam entregando prestígio e acesso ao Brics em troca de uma mera declaração, um compromisso que poderiam exigir depois dos chineses.

continua após a publicidade

A expectativa de negociadores, porém, é que Pequim dificilmente fará essa concessão em favor da postulação brasileira. Isso porque a China trabalha nos bastidores contra a ampliação na prática dos membros permanentes do Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira dama, Janja, são recebidos com cerimônia típica sul-africana na chegada a capital do país para a Cúpula do Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embaixadores brasileiros consideram uma incoerência a China patrocinar o ingresso de novos membros no Brics e bloquear processo semelhante no órgão mais poderoso das Nações Unidas.

continua após a publicidade

Nos dois casos, uma das justificativas é dar mais representatividade aos organismos multilaterais e equilibrar poderes de decisão na governança global, dando aos órgãos uma composição mais próxima do atual cenário do mundo, com presença de países em desenvolvimento e do chamado Sul Global.

Nos últimos quatro dias, a diplomacia chinesa pressionou durante as reuniões de sherpas do Brics – os diplomatas que conduzem as negociações técnicas - para que os termos da expansão fossem acertados antes do retiro dos líderes. A ideia era garantir que o Brasil cedesse, além da Índia, e poupar Xi Jinping de concessões.

Diplomatas que participam das tratativas dizem que o Brasil vai segurar o quanto puder a negociação para que a questão seja tratada no nível político mais alto, pelos chefes de Estado e de governo. A decisão então caberá aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e ao primeiro-ministro Narendra Modi (Índia).

continua após a publicidade

Os negociadores já concluíram a fase de negociação do texto da declaração final de Johannesburgo. Agora, eles fazem a segunda leitura, para retirar propostas que não alcançaram consenso dos cinco membros. Resta pendente ainda o caderno de regras e critérios para a expansão do Brics, que deverá ser finalizado após o retiro dos líderes e incluído na declaração final da 15ª Cúpula do Brics.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Principal entrave à expansão do Brics, o governo brasileiro colocou na mesa de negociação uma exigência para destravar a adesão de novos países no bloco. O Brasil quer como contrapartida o apoio da China à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma declaração clara, por parte dos chineses, de suporte ao pleito brasileiro para ter um assento permanente no órgão.

A moeda de troca foi combinada em ação conjunta com a Índia e a África do Sul. Ingressar no Conselho de Segurança da ONU é um desejo antigo dos três países, agora articulado para convencer Pequim.

Pressionada pela China, que patrocinou seu ingresso no Brics em 2011, a África do Sul já declarou ser a favor da expansão perseguida por Pequim para ampliar influência global e projetar sua economia e poder geopolítico, além de aumentar o peso econômico do Brics e o perfil político antagônico a potências ocidentais, como os Estados Unidos e o G7. No entanto, o Brasil espera manter o apoio sul-africano na estratégia de negociar em trio porque o país tem como objetivo ser o representante da África no Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Pequim, em abril deste ano, ao lado de Xi Jinping, presidente chinês  Foto: Ken Ishii/via Reuters

A Índia, por sua vez, cedeu à pressão nos últimos meses, interessada no ingresso de parceiros como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país não quer perder influência para a China, com quem possui disputas geopolíticas. Mas, assim como o Brasil, os indianos desejam adotar critérios para autorizar a expansão do Brics, e perseguem uma vaga no Conselho. O Brasil já deixou claro que estaria disposto a destravar o processo se a China, principal patrocinadora da entrada de novos membros no bloco, assim como os postulantes, manifestassem em declaração assinada em Johannesburgo serem a favor da pretensão histórica brasileira – e também de indianos e sul-africanos.

São cinco os postulantes com mais chances: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Todos têm o apoio de Pequim.

Apesar de insistentes pedidos anteriores, a China nunca manifestou claramente que apoia o ingresso do Brasil. Outro integrante do Brics no Conselho, a Rússia já declarou antes seu apoio à candidatura brasileira.

Os brasileiros argumentam que a troca seria razoável porque na prática estariam entregando prestígio e acesso ao Brics em troca de uma mera declaração, um compromisso que poderiam exigir depois dos chineses.

A expectativa de negociadores, porém, é que Pequim dificilmente fará essa concessão em favor da postulação brasileira. Isso porque a China trabalha nos bastidores contra a ampliação na prática dos membros permanentes do Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira dama, Janja, são recebidos com cerimônia típica sul-africana na chegada a capital do país para a Cúpula do Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embaixadores brasileiros consideram uma incoerência a China patrocinar o ingresso de novos membros no Brics e bloquear processo semelhante no órgão mais poderoso das Nações Unidas.

Nos dois casos, uma das justificativas é dar mais representatividade aos organismos multilaterais e equilibrar poderes de decisão na governança global, dando aos órgãos uma composição mais próxima do atual cenário do mundo, com presença de países em desenvolvimento e do chamado Sul Global.

Nos últimos quatro dias, a diplomacia chinesa pressionou durante as reuniões de sherpas do Brics – os diplomatas que conduzem as negociações técnicas - para que os termos da expansão fossem acertados antes do retiro dos líderes. A ideia era garantir que o Brasil cedesse, além da Índia, e poupar Xi Jinping de concessões.

Diplomatas que participam das tratativas dizem que o Brasil vai segurar o quanto puder a negociação para que a questão seja tratada no nível político mais alto, pelos chefes de Estado e de governo. A decisão então caberá aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e ao primeiro-ministro Narendra Modi (Índia).

Os negociadores já concluíram a fase de negociação do texto da declaração final de Johannesburgo. Agora, eles fazem a segunda leitura, para retirar propostas que não alcançaram consenso dos cinco membros. Resta pendente ainda o caderno de regras e critérios para a expansão do Brics, que deverá ser finalizado após o retiro dos líderes e incluído na declaração final da 15ª Cúpula do Brics.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Principal entrave à expansão do Brics, o governo brasileiro colocou na mesa de negociação uma exigência para destravar a adesão de novos países no bloco. O Brasil quer como contrapartida o apoio da China à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma declaração clara, por parte dos chineses, de suporte ao pleito brasileiro para ter um assento permanente no órgão.

A moeda de troca foi combinada em ação conjunta com a Índia e a África do Sul. Ingressar no Conselho de Segurança da ONU é um desejo antigo dos três países, agora articulado para convencer Pequim.

Pressionada pela China, que patrocinou seu ingresso no Brics em 2011, a África do Sul já declarou ser a favor da expansão perseguida por Pequim para ampliar influência global e projetar sua economia e poder geopolítico, além de aumentar o peso econômico do Brics e o perfil político antagônico a potências ocidentais, como os Estados Unidos e o G7. No entanto, o Brasil espera manter o apoio sul-africano na estratégia de negociar em trio porque o país tem como objetivo ser o representante da África no Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Pequim, em abril deste ano, ao lado de Xi Jinping, presidente chinês  Foto: Ken Ishii/via Reuters

A Índia, por sua vez, cedeu à pressão nos últimos meses, interessada no ingresso de parceiros como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país não quer perder influência para a China, com quem possui disputas geopolíticas. Mas, assim como o Brasil, os indianos desejam adotar critérios para autorizar a expansão do Brics, e perseguem uma vaga no Conselho. O Brasil já deixou claro que estaria disposto a destravar o processo se a China, principal patrocinadora da entrada de novos membros no bloco, assim como os postulantes, manifestassem em declaração assinada em Johannesburgo serem a favor da pretensão histórica brasileira – e também de indianos e sul-africanos.

São cinco os postulantes com mais chances: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Todos têm o apoio de Pequim.

Apesar de insistentes pedidos anteriores, a China nunca manifestou claramente que apoia o ingresso do Brasil. Outro integrante do Brics no Conselho, a Rússia já declarou antes seu apoio à candidatura brasileira.

Os brasileiros argumentam que a troca seria razoável porque na prática estariam entregando prestígio e acesso ao Brics em troca de uma mera declaração, um compromisso que poderiam exigir depois dos chineses.

A expectativa de negociadores, porém, é que Pequim dificilmente fará essa concessão em favor da postulação brasileira. Isso porque a China trabalha nos bastidores contra a ampliação na prática dos membros permanentes do Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira dama, Janja, são recebidos com cerimônia típica sul-africana na chegada a capital do país para a Cúpula do Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embaixadores brasileiros consideram uma incoerência a China patrocinar o ingresso de novos membros no Brics e bloquear processo semelhante no órgão mais poderoso das Nações Unidas.

Nos dois casos, uma das justificativas é dar mais representatividade aos organismos multilaterais e equilibrar poderes de decisão na governança global, dando aos órgãos uma composição mais próxima do atual cenário do mundo, com presença de países em desenvolvimento e do chamado Sul Global.

Nos últimos quatro dias, a diplomacia chinesa pressionou durante as reuniões de sherpas do Brics – os diplomatas que conduzem as negociações técnicas - para que os termos da expansão fossem acertados antes do retiro dos líderes. A ideia era garantir que o Brasil cedesse, além da Índia, e poupar Xi Jinping de concessões.

Diplomatas que participam das tratativas dizem que o Brasil vai segurar o quanto puder a negociação para que a questão seja tratada no nível político mais alto, pelos chefes de Estado e de governo. A decisão então caberá aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e ao primeiro-ministro Narendra Modi (Índia).

Os negociadores já concluíram a fase de negociação do texto da declaração final de Johannesburgo. Agora, eles fazem a segunda leitura, para retirar propostas que não alcançaram consenso dos cinco membros. Resta pendente ainda o caderno de regras e critérios para a expansão do Brics, que deverá ser finalizado após o retiro dos líderes e incluído na declaração final da 15ª Cúpula do Brics.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Principal entrave à expansão do Brics, o governo brasileiro colocou na mesa de negociação uma exigência para destravar a adesão de novos países no bloco. O Brasil quer como contrapartida o apoio da China à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma declaração clara, por parte dos chineses, de suporte ao pleito brasileiro para ter um assento permanente no órgão.

A moeda de troca foi combinada em ação conjunta com a Índia e a África do Sul. Ingressar no Conselho de Segurança da ONU é um desejo antigo dos três países, agora articulado para convencer Pequim.

Pressionada pela China, que patrocinou seu ingresso no Brics em 2011, a África do Sul já declarou ser a favor da expansão perseguida por Pequim para ampliar influência global e projetar sua economia e poder geopolítico, além de aumentar o peso econômico do Brics e o perfil político antagônico a potências ocidentais, como os Estados Unidos e o G7. No entanto, o Brasil espera manter o apoio sul-africano na estratégia de negociar em trio porque o país tem como objetivo ser o representante da África no Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Pequim, em abril deste ano, ao lado de Xi Jinping, presidente chinês  Foto: Ken Ishii/via Reuters

A Índia, por sua vez, cedeu à pressão nos últimos meses, interessada no ingresso de parceiros como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país não quer perder influência para a China, com quem possui disputas geopolíticas. Mas, assim como o Brasil, os indianos desejam adotar critérios para autorizar a expansão do Brics, e perseguem uma vaga no Conselho. O Brasil já deixou claro que estaria disposto a destravar o processo se a China, principal patrocinadora da entrada de novos membros no bloco, assim como os postulantes, manifestassem em declaração assinada em Johannesburgo serem a favor da pretensão histórica brasileira – e também de indianos e sul-africanos.

São cinco os postulantes com mais chances: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Todos têm o apoio de Pequim.

Apesar de insistentes pedidos anteriores, a China nunca manifestou claramente que apoia o ingresso do Brasil. Outro integrante do Brics no Conselho, a Rússia já declarou antes seu apoio à candidatura brasileira.

Os brasileiros argumentam que a troca seria razoável porque na prática estariam entregando prestígio e acesso ao Brics em troca de uma mera declaração, um compromisso que poderiam exigir depois dos chineses.

A expectativa de negociadores, porém, é que Pequim dificilmente fará essa concessão em favor da postulação brasileira. Isso porque a China trabalha nos bastidores contra a ampliação na prática dos membros permanentes do Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira dama, Janja, são recebidos com cerimônia típica sul-africana na chegada a capital do país para a Cúpula do Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embaixadores brasileiros consideram uma incoerência a China patrocinar o ingresso de novos membros no Brics e bloquear processo semelhante no órgão mais poderoso das Nações Unidas.

Nos dois casos, uma das justificativas é dar mais representatividade aos organismos multilaterais e equilibrar poderes de decisão na governança global, dando aos órgãos uma composição mais próxima do atual cenário do mundo, com presença de países em desenvolvimento e do chamado Sul Global.

Nos últimos quatro dias, a diplomacia chinesa pressionou durante as reuniões de sherpas do Brics – os diplomatas que conduzem as negociações técnicas - para que os termos da expansão fossem acertados antes do retiro dos líderes. A ideia era garantir que o Brasil cedesse, além da Índia, e poupar Xi Jinping de concessões.

Diplomatas que participam das tratativas dizem que o Brasil vai segurar o quanto puder a negociação para que a questão seja tratada no nível político mais alto, pelos chefes de Estado e de governo. A decisão então caberá aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e ao primeiro-ministro Narendra Modi (Índia).

Os negociadores já concluíram a fase de negociação do texto da declaração final de Johannesburgo. Agora, eles fazem a segunda leitura, para retirar propostas que não alcançaram consenso dos cinco membros. Resta pendente ainda o caderno de regras e critérios para a expansão do Brics, que deverá ser finalizado após o retiro dos líderes e incluído na declaração final da 15ª Cúpula do Brics.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Principal entrave à expansão do Brics, o governo brasileiro colocou na mesa de negociação uma exigência para destravar a adesão de novos países no bloco. O Brasil quer como contrapartida o apoio da China à reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com uma declaração clara, por parte dos chineses, de suporte ao pleito brasileiro para ter um assento permanente no órgão.

A moeda de troca foi combinada em ação conjunta com a Índia e a África do Sul. Ingressar no Conselho de Segurança da ONU é um desejo antigo dos três países, agora articulado para convencer Pequim.

Pressionada pela China, que patrocinou seu ingresso no Brics em 2011, a África do Sul já declarou ser a favor da expansão perseguida por Pequim para ampliar influência global e projetar sua economia e poder geopolítico, além de aumentar o peso econômico do Brics e o perfil político antagônico a potências ocidentais, como os Estados Unidos e o G7. No entanto, o Brasil espera manter o apoio sul-africano na estratégia de negociar em trio porque o país tem como objetivo ser o representante da África no Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em visita a Pequim, em abril deste ano, ao lado de Xi Jinping, presidente chinês  Foto: Ken Ishii/via Reuters

A Índia, por sua vez, cedeu à pressão nos últimos meses, interessada no ingresso de parceiros como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O país não quer perder influência para a China, com quem possui disputas geopolíticas. Mas, assim como o Brasil, os indianos desejam adotar critérios para autorizar a expansão do Brics, e perseguem uma vaga no Conselho. O Brasil já deixou claro que estaria disposto a destravar o processo se a China, principal patrocinadora da entrada de novos membros no bloco, assim como os postulantes, manifestassem em declaração assinada em Johannesburgo serem a favor da pretensão histórica brasileira – e também de indianos e sul-africanos.

São cinco os postulantes com mais chances: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Todos têm o apoio de Pequim.

Apesar de insistentes pedidos anteriores, a China nunca manifestou claramente que apoia o ingresso do Brasil. Outro integrante do Brics no Conselho, a Rússia já declarou antes seu apoio à candidatura brasileira.

Os brasileiros argumentam que a troca seria razoável porque na prática estariam entregando prestígio e acesso ao Brics em troca de uma mera declaração, um compromisso que poderiam exigir depois dos chineses.

A expectativa de negociadores, porém, é que Pequim dificilmente fará essa concessão em favor da postulação brasileira. Isso porque a China trabalha nos bastidores contra a ampliação na prática dos membros permanentes do Conselho de Segurança.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e a primeira dama, Janja, são recebidos com cerimônia típica sul-africana na chegada a capital do país para a Cúpula do Brics Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Embaixadores brasileiros consideram uma incoerência a China patrocinar o ingresso de novos membros no Brics e bloquear processo semelhante no órgão mais poderoso das Nações Unidas.

Nos dois casos, uma das justificativas é dar mais representatividade aos organismos multilaterais e equilibrar poderes de decisão na governança global, dando aos órgãos uma composição mais próxima do atual cenário do mundo, com presença de países em desenvolvimento e do chamado Sul Global.

Nos últimos quatro dias, a diplomacia chinesa pressionou durante as reuniões de sherpas do Brics – os diplomatas que conduzem as negociações técnicas - para que os termos da expansão fossem acertados antes do retiro dos líderes. A ideia era garantir que o Brasil cedesse, além da Índia, e poupar Xi Jinping de concessões.

Diplomatas que participam das tratativas dizem que o Brasil vai segurar o quanto puder a negociação para que a questão seja tratada no nível político mais alto, pelos chefes de Estado e de governo. A decisão então caberá aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping, Vladimir Putin (Rússia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e ao primeiro-ministro Narendra Modi (Índia).

Os negociadores já concluíram a fase de negociação do texto da declaração final de Johannesburgo. Agora, eles fazem a segunda leitura, para retirar propostas que não alcançaram consenso dos cinco membros. Resta pendente ainda o caderno de regras e critérios para a expansão do Brics, que deverá ser finalizado após o retiro dos líderes e incluído na declaração final da 15ª Cúpula do Brics.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.