Brasil tenta evitar declaração fraca sobre financiamento climático no G-20


País busca texto mais ambicioso e quer convencer os países desenvolvidos de que o G20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos; ‘Fator Trump’ complica cenário

Por Beatriz Bulla e Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADOS AO RIO — A fila de obstáculos para o Brasil conseguir progresso em um comunicado final do G-20 não é pequena. A falta de perspectiva para um consenso nos parágrafos geopolíticos que tratam das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio tem sido, certamente, o maior deles. Mas o “fator Trump” se somou ao complexo cenário mundial e tem esvaziado parte das pautas no Brasil, e também complicou a negociação sobre o financiamento climático.

Países ricos não estão dispostos a pagar a conta do processo de descarbonização global e têm cobrado países em desenvolvimento altamente poluentes, como Índia e Indonésia, a serem mais ambiciosos nas suas NDCs (sigla em inglês para meta nacional de redução de emissões de gases do efeito estufa). Eles exigem a entrada do Brasil e da China na lista de pagadores da conta. A cobrança sempre foi considerada pelo governo brasileiro inadmissível.

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Os países em desenvolvimento, por sua vez, não aceitam se comprometer com mais, sem antes ter contrapartida financeira dos desenvolvidos, que se comprometeram a pagar US$ 100 bilhões anuais desde 2015, no Acordo de Paris — mas nunca cumpriram. Diplomatas que lideram a negociação afirmam que o pleito é incoerente.

O debate não é novo. A eleição do americano Donald Trump em 6 de novembro, no entanto, entrou como complicador no cenário. A perspectiva de que o republicano irá retirar novamente os EUA do Acordo de Paris e se recusar a assumir compromissos ambientais, segundo negociadores, esvazia em parte o debate e faz com que a tendência seja a de ter um comunicado de chefes de Estado “anódino” quanto ao financiamento climático.

O Brasil ainda tenta um texto mais ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos — e que avançar na questão climática no último G-20 antes da posse de Trump é particularmente importante.

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Eles tentam convencer os europeus que a eleição de Trump gera urgência. A tendência, segundo essa linha de pensamento, é que outros países se tornem mais hostis à pauta, como Itália e Hungria a partir do ano que vem e que esta é a última chance antes disso para avançar no tema.

Lula fala durante encerramento do G-20 Social, no Rio de Janeiro. Brasil tenta texto ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos. Foto: Daniel RAMALHO / AFP

Segundo negociadores envolvidos nas conversas, os desenvolvidos têm pressionado, também no G-20, que os em desenvolvimento sejam submetidos às mesmas exigências e também cobram que a China compartilhe o compromisso de financiamento climático. É o que tem travado conversas em Baku, no Azerbaijão, onde acontece a COP-29. O debate, segundo diplomatas, foi transportado para o Rio de Janeiro.

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“Os países desenvolvidos e os em desenvolvimento querem mandar um recado para Baku. E querem mandar recados opostos, mas o G-20 precisa de consenso”, diz um diplomata, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o G-20 une “os ricos e os nouveau rich”. Mas, na COP, diz ele, os nouveau rich voltam a ser países pobres.

A Argentina, de acordo com esse mesmo negociador, não tem se oposto à posição da diplomacia brasileira sobre a questão climática. Embora tenha aberto frentes de embate no G-20 sobre uma série de outros temas, o governo Javier Milei entende que o financiamento climático por parte dos países ricos tende a beneficiar também a Argentina. De uma forma geral, no entanto, o governo argentino não prioriza esse debate.

O B-20, braço empresarial do G-20, calcula que serão necessários US$ 150 trilhões (R$ 750 trilhões) ao longo das próximas três décadas para viabilizar a transição energética.

ENVIADOS AO RIO — A fila de obstáculos para o Brasil conseguir progresso em um comunicado final do G-20 não é pequena. A falta de perspectiva para um consenso nos parágrafos geopolíticos que tratam das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio tem sido, certamente, o maior deles. Mas o “fator Trump” se somou ao complexo cenário mundial e tem esvaziado parte das pautas no Brasil, e também complicou a negociação sobre o financiamento climático.

Países ricos não estão dispostos a pagar a conta do processo de descarbonização global e têm cobrado países em desenvolvimento altamente poluentes, como Índia e Indonésia, a serem mais ambiciosos nas suas NDCs (sigla em inglês para meta nacional de redução de emissões de gases do efeito estufa). Eles exigem a entrada do Brasil e da China na lista de pagadores da conta. A cobrança sempre foi considerada pelo governo brasileiro inadmissível.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, não aceitam se comprometer com mais, sem antes ter contrapartida financeira dos desenvolvidos, que se comprometeram a pagar US$ 100 bilhões anuais desde 2015, no Acordo de Paris — mas nunca cumpriram. Diplomatas que lideram a negociação afirmam que o pleito é incoerente.

O debate não é novo. A eleição do americano Donald Trump em 6 de novembro, no entanto, entrou como complicador no cenário. A perspectiva de que o republicano irá retirar novamente os EUA do Acordo de Paris e se recusar a assumir compromissos ambientais, segundo negociadores, esvazia em parte o debate e faz com que a tendência seja a de ter um comunicado de chefes de Estado “anódino” quanto ao financiamento climático.

O Brasil ainda tenta um texto mais ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos — e que avançar na questão climática no último G-20 antes da posse de Trump é particularmente importante.

Eles tentam convencer os europeus que a eleição de Trump gera urgência. A tendência, segundo essa linha de pensamento, é que outros países se tornem mais hostis à pauta, como Itália e Hungria a partir do ano que vem e que esta é a última chance antes disso para avançar no tema.

Lula fala durante encerramento do G-20 Social, no Rio de Janeiro. Brasil tenta texto ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos. Foto: Daniel RAMALHO / AFP

Segundo negociadores envolvidos nas conversas, os desenvolvidos têm pressionado, também no G-20, que os em desenvolvimento sejam submetidos às mesmas exigências e também cobram que a China compartilhe o compromisso de financiamento climático. É o que tem travado conversas em Baku, no Azerbaijão, onde acontece a COP-29. O debate, segundo diplomatas, foi transportado para o Rio de Janeiro.

“Os países desenvolvidos e os em desenvolvimento querem mandar um recado para Baku. E querem mandar recados opostos, mas o G-20 precisa de consenso”, diz um diplomata, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o G-20 une “os ricos e os nouveau rich”. Mas, na COP, diz ele, os nouveau rich voltam a ser países pobres.

A Argentina, de acordo com esse mesmo negociador, não tem se oposto à posição da diplomacia brasileira sobre a questão climática. Embora tenha aberto frentes de embate no G-20 sobre uma série de outros temas, o governo Javier Milei entende que o financiamento climático por parte dos países ricos tende a beneficiar também a Argentina. De uma forma geral, no entanto, o governo argentino não prioriza esse debate.

O B-20, braço empresarial do G-20, calcula que serão necessários US$ 150 trilhões (R$ 750 trilhões) ao longo das próximas três décadas para viabilizar a transição energética.

ENVIADOS AO RIO — A fila de obstáculos para o Brasil conseguir progresso em um comunicado final do G-20 não é pequena. A falta de perspectiva para um consenso nos parágrafos geopolíticos que tratam das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio tem sido, certamente, o maior deles. Mas o “fator Trump” se somou ao complexo cenário mundial e tem esvaziado parte das pautas no Brasil, e também complicou a negociação sobre o financiamento climático.

Países ricos não estão dispostos a pagar a conta do processo de descarbonização global e têm cobrado países em desenvolvimento altamente poluentes, como Índia e Indonésia, a serem mais ambiciosos nas suas NDCs (sigla em inglês para meta nacional de redução de emissões de gases do efeito estufa). Eles exigem a entrada do Brasil e da China na lista de pagadores da conta. A cobrança sempre foi considerada pelo governo brasileiro inadmissível.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, não aceitam se comprometer com mais, sem antes ter contrapartida financeira dos desenvolvidos, que se comprometeram a pagar US$ 100 bilhões anuais desde 2015, no Acordo de Paris — mas nunca cumpriram. Diplomatas que lideram a negociação afirmam que o pleito é incoerente.

O debate não é novo. A eleição do americano Donald Trump em 6 de novembro, no entanto, entrou como complicador no cenário. A perspectiva de que o republicano irá retirar novamente os EUA do Acordo de Paris e se recusar a assumir compromissos ambientais, segundo negociadores, esvazia em parte o debate e faz com que a tendência seja a de ter um comunicado de chefes de Estado “anódino” quanto ao financiamento climático.

O Brasil ainda tenta um texto mais ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos — e que avançar na questão climática no último G-20 antes da posse de Trump é particularmente importante.

Eles tentam convencer os europeus que a eleição de Trump gera urgência. A tendência, segundo essa linha de pensamento, é que outros países se tornem mais hostis à pauta, como Itália e Hungria a partir do ano que vem e que esta é a última chance antes disso para avançar no tema.

Lula fala durante encerramento do G-20 Social, no Rio de Janeiro. Brasil tenta texto ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos. Foto: Daniel RAMALHO / AFP

Segundo negociadores envolvidos nas conversas, os desenvolvidos têm pressionado, também no G-20, que os em desenvolvimento sejam submetidos às mesmas exigências e também cobram que a China compartilhe o compromisso de financiamento climático. É o que tem travado conversas em Baku, no Azerbaijão, onde acontece a COP-29. O debate, segundo diplomatas, foi transportado para o Rio de Janeiro.

“Os países desenvolvidos e os em desenvolvimento querem mandar um recado para Baku. E querem mandar recados opostos, mas o G-20 precisa de consenso”, diz um diplomata, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o G-20 une “os ricos e os nouveau rich”. Mas, na COP, diz ele, os nouveau rich voltam a ser países pobres.

A Argentina, de acordo com esse mesmo negociador, não tem se oposto à posição da diplomacia brasileira sobre a questão climática. Embora tenha aberto frentes de embate no G-20 sobre uma série de outros temas, o governo Javier Milei entende que o financiamento climático por parte dos países ricos tende a beneficiar também a Argentina. De uma forma geral, no entanto, o governo argentino não prioriza esse debate.

O B-20, braço empresarial do G-20, calcula que serão necessários US$ 150 trilhões (R$ 750 trilhões) ao longo das próximas três décadas para viabilizar a transição energética.

ENVIADOS AO RIO — A fila de obstáculos para o Brasil conseguir progresso em um comunicado final do G-20 não é pequena. A falta de perspectiva para um consenso nos parágrafos geopolíticos que tratam das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio tem sido, certamente, o maior deles. Mas o “fator Trump” se somou ao complexo cenário mundial e tem esvaziado parte das pautas no Brasil, e também complicou a negociação sobre o financiamento climático.

Países ricos não estão dispostos a pagar a conta do processo de descarbonização global e têm cobrado países em desenvolvimento altamente poluentes, como Índia e Indonésia, a serem mais ambiciosos nas suas NDCs (sigla em inglês para meta nacional de redução de emissões de gases do efeito estufa). Eles exigem a entrada do Brasil e da China na lista de pagadores da conta. A cobrança sempre foi considerada pelo governo brasileiro inadmissível.

Os países em desenvolvimento, por sua vez, não aceitam se comprometer com mais, sem antes ter contrapartida financeira dos desenvolvidos, que se comprometeram a pagar US$ 100 bilhões anuais desde 2015, no Acordo de Paris — mas nunca cumpriram. Diplomatas que lideram a negociação afirmam que o pleito é incoerente.

O debate não é novo. A eleição do americano Donald Trump em 6 de novembro, no entanto, entrou como complicador no cenário. A perspectiva de que o republicano irá retirar novamente os EUA do Acordo de Paris e se recusar a assumir compromissos ambientais, segundo negociadores, esvazia em parte o debate e faz com que a tendência seja a de ter um comunicado de chefes de Estado “anódino” quanto ao financiamento climático.

O Brasil ainda tenta um texto mais ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos — e que avançar na questão climática no último G-20 antes da posse de Trump é particularmente importante.

Eles tentam convencer os europeus que a eleição de Trump gera urgência. A tendência, segundo essa linha de pensamento, é que outros países se tornem mais hostis à pauta, como Itália e Hungria a partir do ano que vem e que esta é a última chance antes disso para avançar no tema.

Lula fala durante encerramento do G-20 Social, no Rio de Janeiro. Brasil tenta texto ambicioso e busca convencer os países desenvolvidos de que o G-20 é o único fórum restante onde há diálogo entre ricos e subdesenvolvidos. Foto: Daniel RAMALHO / AFP

Segundo negociadores envolvidos nas conversas, os desenvolvidos têm pressionado, também no G-20, que os em desenvolvimento sejam submetidos às mesmas exigências e também cobram que a China compartilhe o compromisso de financiamento climático. É o que tem travado conversas em Baku, no Azerbaijão, onde acontece a COP-29. O debate, segundo diplomatas, foi transportado para o Rio de Janeiro.

“Os países desenvolvidos e os em desenvolvimento querem mandar um recado para Baku. E querem mandar recados opostos, mas o G-20 precisa de consenso”, diz um diplomata, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o G-20 une “os ricos e os nouveau rich”. Mas, na COP, diz ele, os nouveau rich voltam a ser países pobres.

A Argentina, de acordo com esse mesmo negociador, não tem se oposto à posição da diplomacia brasileira sobre a questão climática. Embora tenha aberto frentes de embate no G-20 sobre uma série de outros temas, o governo Javier Milei entende que o financiamento climático por parte dos países ricos tende a beneficiar também a Argentina. De uma forma geral, no entanto, o governo argentino não prioriza esse debate.

O B-20, braço empresarial do G-20, calcula que serão necessários US$ 150 trilhões (R$ 750 trilhões) ao longo das próximas três décadas para viabilizar a transição energética.

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