Como uma brasileira fã de Queen estará em Londres por acaso para a coroação do rei Charles III


Lia não morre de amores pela monarquia, mas marcou viagem sem saber da data da festa e chegará a Londres um dia antes do evento; ‘seria como ir a Roma e não ver o papa’

Por Luiz Henrique Gomes
Atualização:

Lia Balby Sztutman, de 21 anos, gosta de muitas coisas da Inglaterra, como por exemplo da série Downton Abbey, dos Beatles e do Queen (a banda). Já da família real ela não é muito fã. Uma coincidência, no entanto, a colocará em Londres na próxima sexta-feira, 5, véspera da coroação do Rei Charles III.

Com isso, o roteiro turístico que ela planejava curtir com a família, focado na cultura pop britânica, sofrerá um pequeno adaptação, mesmo que ninguém em sua casa morra de amores pelo novo monarca. “Seria como ir a Roma e não ver o papa”, explica.

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Ela e os pais se programaram para assistir a coroação à distância, numa espécie de curiosidade pelo evento em si e pelas pessoas que se entusiasmam em participar. Mesmo que não quisessem, seria praticamente impossível fazer outra coisa no dia. Será feriado no Reino Unido, as ruas estarão fechadas para a procissão da realeza britânica e a coroação vai ser transmitida nas principais mídias, incluindo redes sociais. E, afinal de contas, trata-se de um evento realizado pela última vez sete décadas atrás.

Lia Gabriela Balby Sztutman, produtora musical, posa no apartamento em que mora em São Paulo. Lia programou uma viagem para Inglaterra para visitar pontos turísticos que remetem a musica britânica e estará em Londres no dia da coroação do Rei Charles Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A data foi escolhida a partir da disponibilidade da família e o motivo foi simplesmente fazerem uma viagem juntos a um lugar querido pela mãe de Lia. A primeira reação ao perceber a coincidência com a coroação, no entanto, foi de lamento. “Minha mãe disse: ‘Ah, não! A cidade vai estar cheia de gente e os hotéis estarão caros’”, contou a jovem. Mas isso logo mudou. “Daí a gente decidiu fazer festa. A gente gosta muito de enfiar nos lugares e entender os movimentos, sabe? Vamos fazer um piquenique em algum parque próximo e olhar de longe.”

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Turismo monárquico

A coroação ocorre em meio a um debate sobre a relação custo-benefício do turismo monárquico no Reino Unido. “A coroação trará uma bonança turística para o Reino Unido ou afastará as pessoas?”, perguntou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada no dia 21 de abril. Entre muitos fatores, a reportagem centra na questão sobre os custos da monarquia e o retorno que ela traz no turismo – um argumento que costuma ser utilizado para justificar os gastos públicos com a realeza, mas difícil de se comprovar.

Ao contrário, grandes eventos reais podem afastar turistas de Londres, segundo a Visit Britain, instituição britânica que cuida do turismo. E uma das causas para isso é, como revela o lamento da mãe de Lia, o aumento dos preços de hotéis, pubs e restaurantes, agravado neste momento pelos riscos de uma recessão global e pelo aumento do custo de vida causado pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

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Foi o que ocorreu casamento do príncipe William e Kate Middleton em 2011, quando a monarca era a popular rainha Elizabeth II. Os turistas não apareceram.

Mais de uma década depois, o novo grande evento da família real reúne uma figura com uma popularidade menor e mais distante dos britânicos que a rainha Elizabeth II ou o príncipe William. Além disso, a coroação de Charles III ocorre em um momento em que o mundo questiona mais fortemente a herança da monarquia, marcada por um passado colonial.

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Lia, estudante de geografia, e seus pais, também geógrafos, sabem dessa herança. “A gente não admira a monarquia. Sabemos o que fizeram na história. Minha mãe chamou o Charles de ‘boneco real’ e disse que uma amiga inglesa se refere assim a ele. Então, nem mesmo eles têm tanta admiração assim hoje em dia”, declarou.

Apatia real

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Uma pesquisa feita pela empresa YouGov identificou que a maioria dos britânicos está indiferente à coroação. A apatia é maior entre os jovens, com 75% dos jovens de 18 a 24 anos respondendo não se importam “muito” ou “nem um pouco” com o evento.

No Brasil, duas empresas de viagens, CVC e Hurb, disseram que não houve grande variação na quantidade de clientes que estarão em Londres na data da coroação quando comparado a outros eventos marcantes. No Hurb, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para a capital inglesa em períodos regulares (férias de início e meio de ano) é 71% maior que o número de viajantes para a data da coroação. (A empresa não divulga o número exato de viajantes.)

Apesar de não ser determinante, a monarquia permanece um atrativo turístico do Reino Unido. Uma pesquisa encomendada pela Visit Britain no ano passado estima que a história e o patrimônio são os maiores motivos alegados pelo público do Brasil para ir à Inglaterra. Em contrapartida, os brasileiros costumam escolher o país dentro de uma rota que inclui outras nações da região britânica e da Europa.

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Projeção cultural

Um evento específico, como a coroação, pode não atrair de imediato uma quantidade de turistas que corresponda aos gastos feitos, mas reforça e espalha a imagem da nação pelo mundo. “É uma oportunidade fantástica de destacar nossas atrações de renome mundial, nossas culturas e heranças e as experiências únicas que existem aqui”, declarou a diretora da Visit Britain, Patricia Yates.

No último século, a imagem da rainha Elizabeth II se tornou conhecida ao redor do mundo e foi cultuada na cultura pop, preenchendo de uma forma ou de outra um largo espaço nos jornais, no cinema, na música, na televisão. A rainha se tornou símbolo até mesmo na contracultura, com uma das músicas mais conhecidas do movimento punk, God Save The Queen, do Sex Pistols, sendo uma referência direta a ela. O próprio nome da banda liderada por Freddy Mercure e Brian May não deixa de ser uma referência à rainha.

Café exibe cartaz do rei Charles III em Londres, em imagem do dia 28. Evento encareceu hotéis, pubs e restaurantes da cidade Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

A relação de Lia com o Reino Unido se estabelece mais fortemente a partir da música. Além de estudante de geografia, Lia é produtora musical, multi-instrumentista e tem seu próprio trabalho artístico. Mas, criada em São Paulo e sem nunca ter ido ao Reino Unido até esta semana, ela conhece o rosto da rainha desde sempre. É uma imagem que remete a Inglaterra assim como os Beatles, o Freddie Mercury e as cabines telefônicas vermelhas em miniatura espalhadas pelo apartamento onde mora, souvenirs de viagens anteriores da mãe ao país. “São símbolos da Inglaterra. Eu era muito mais ligada aos Beatles, a música, do que a essa questão da realeza, mas está tudo ligado”, disse.

Dificilmente um brasileiro viaja ao Reino Unido exclusivamente por causa da monarquia, avalia a Visit Britain. Como Lia, costumam incluir no roteiro outros aspectos do país no roteiro, como os cenários de castelos e casas senhoriais; referências em torno de nomes da música já citados; antigas casas e rotas de escritores, como Shakespeare e Tolkien; e até o futebol, com o Campeonato Inglês consolidado como um dos mais populares do mundo. Os brasileiros são os maiores responsáveis pelos voos da América do Sul para a Grã-Betanha, mas por diversas razões.

Mas isso não impede que os brasileiros que estejam na capital britânica aproveitem o dia 6 como um dia único por toda simbologia que carrega no Reino Unido, sejam estes admiradores ou críticos. “É uma coincidência, mas no fim estou muito animada”, concluiu Lia.

Lia Balby Sztutman, de 21 anos, gosta de muitas coisas da Inglaterra, como por exemplo da série Downton Abbey, dos Beatles e do Queen (a banda). Já da família real ela não é muito fã. Uma coincidência, no entanto, a colocará em Londres na próxima sexta-feira, 5, véspera da coroação do Rei Charles III.

Com isso, o roteiro turístico que ela planejava curtir com a família, focado na cultura pop britânica, sofrerá um pequeno adaptação, mesmo que ninguém em sua casa morra de amores pelo novo monarca. “Seria como ir a Roma e não ver o papa”, explica.

Ela e os pais se programaram para assistir a coroação à distância, numa espécie de curiosidade pelo evento em si e pelas pessoas que se entusiasmam em participar. Mesmo que não quisessem, seria praticamente impossível fazer outra coisa no dia. Será feriado no Reino Unido, as ruas estarão fechadas para a procissão da realeza britânica e a coroação vai ser transmitida nas principais mídias, incluindo redes sociais. E, afinal de contas, trata-se de um evento realizado pela última vez sete décadas atrás.

Lia Gabriela Balby Sztutman, produtora musical, posa no apartamento em que mora em São Paulo. Lia programou uma viagem para Inglaterra para visitar pontos turísticos que remetem a musica britânica e estará em Londres no dia da coroação do Rei Charles Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A data foi escolhida a partir da disponibilidade da família e o motivo foi simplesmente fazerem uma viagem juntos a um lugar querido pela mãe de Lia. A primeira reação ao perceber a coincidência com a coroação, no entanto, foi de lamento. “Minha mãe disse: ‘Ah, não! A cidade vai estar cheia de gente e os hotéis estarão caros’”, contou a jovem. Mas isso logo mudou. “Daí a gente decidiu fazer festa. A gente gosta muito de enfiar nos lugares e entender os movimentos, sabe? Vamos fazer um piquenique em algum parque próximo e olhar de longe.”

Turismo monárquico

A coroação ocorre em meio a um debate sobre a relação custo-benefício do turismo monárquico no Reino Unido. “A coroação trará uma bonança turística para o Reino Unido ou afastará as pessoas?”, perguntou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada no dia 21 de abril. Entre muitos fatores, a reportagem centra na questão sobre os custos da monarquia e o retorno que ela traz no turismo – um argumento que costuma ser utilizado para justificar os gastos públicos com a realeza, mas difícil de se comprovar.

Ao contrário, grandes eventos reais podem afastar turistas de Londres, segundo a Visit Britain, instituição britânica que cuida do turismo. E uma das causas para isso é, como revela o lamento da mãe de Lia, o aumento dos preços de hotéis, pubs e restaurantes, agravado neste momento pelos riscos de uma recessão global e pelo aumento do custo de vida causado pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

Foi o que ocorreu casamento do príncipe William e Kate Middleton em 2011, quando a monarca era a popular rainha Elizabeth II. Os turistas não apareceram.

Mais de uma década depois, o novo grande evento da família real reúne uma figura com uma popularidade menor e mais distante dos britânicos que a rainha Elizabeth II ou o príncipe William. Além disso, a coroação de Charles III ocorre em um momento em que o mundo questiona mais fortemente a herança da monarquia, marcada por um passado colonial.

Lia, estudante de geografia, e seus pais, também geógrafos, sabem dessa herança. “A gente não admira a monarquia. Sabemos o que fizeram na história. Minha mãe chamou o Charles de ‘boneco real’ e disse que uma amiga inglesa se refere assim a ele. Então, nem mesmo eles têm tanta admiração assim hoje em dia”, declarou.

Apatia real

Uma pesquisa feita pela empresa YouGov identificou que a maioria dos britânicos está indiferente à coroação. A apatia é maior entre os jovens, com 75% dos jovens de 18 a 24 anos respondendo não se importam “muito” ou “nem um pouco” com o evento.

No Brasil, duas empresas de viagens, CVC e Hurb, disseram que não houve grande variação na quantidade de clientes que estarão em Londres na data da coroação quando comparado a outros eventos marcantes. No Hurb, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para a capital inglesa em períodos regulares (férias de início e meio de ano) é 71% maior que o número de viajantes para a data da coroação. (A empresa não divulga o número exato de viajantes.)

Apesar de não ser determinante, a monarquia permanece um atrativo turístico do Reino Unido. Uma pesquisa encomendada pela Visit Britain no ano passado estima que a história e o patrimônio são os maiores motivos alegados pelo público do Brasil para ir à Inglaterra. Em contrapartida, os brasileiros costumam escolher o país dentro de uma rota que inclui outras nações da região britânica e da Europa.

Projeção cultural

Um evento específico, como a coroação, pode não atrair de imediato uma quantidade de turistas que corresponda aos gastos feitos, mas reforça e espalha a imagem da nação pelo mundo. “É uma oportunidade fantástica de destacar nossas atrações de renome mundial, nossas culturas e heranças e as experiências únicas que existem aqui”, declarou a diretora da Visit Britain, Patricia Yates.

No último século, a imagem da rainha Elizabeth II se tornou conhecida ao redor do mundo e foi cultuada na cultura pop, preenchendo de uma forma ou de outra um largo espaço nos jornais, no cinema, na música, na televisão. A rainha se tornou símbolo até mesmo na contracultura, com uma das músicas mais conhecidas do movimento punk, God Save The Queen, do Sex Pistols, sendo uma referência direta a ela. O próprio nome da banda liderada por Freddy Mercure e Brian May não deixa de ser uma referência à rainha.

Café exibe cartaz do rei Charles III em Londres, em imagem do dia 28. Evento encareceu hotéis, pubs e restaurantes da cidade Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

A relação de Lia com o Reino Unido se estabelece mais fortemente a partir da música. Além de estudante de geografia, Lia é produtora musical, multi-instrumentista e tem seu próprio trabalho artístico. Mas, criada em São Paulo e sem nunca ter ido ao Reino Unido até esta semana, ela conhece o rosto da rainha desde sempre. É uma imagem que remete a Inglaterra assim como os Beatles, o Freddie Mercury e as cabines telefônicas vermelhas em miniatura espalhadas pelo apartamento onde mora, souvenirs de viagens anteriores da mãe ao país. “São símbolos da Inglaterra. Eu era muito mais ligada aos Beatles, a música, do que a essa questão da realeza, mas está tudo ligado”, disse.

Dificilmente um brasileiro viaja ao Reino Unido exclusivamente por causa da monarquia, avalia a Visit Britain. Como Lia, costumam incluir no roteiro outros aspectos do país no roteiro, como os cenários de castelos e casas senhoriais; referências em torno de nomes da música já citados; antigas casas e rotas de escritores, como Shakespeare e Tolkien; e até o futebol, com o Campeonato Inglês consolidado como um dos mais populares do mundo. Os brasileiros são os maiores responsáveis pelos voos da América do Sul para a Grã-Betanha, mas por diversas razões.

Mas isso não impede que os brasileiros que estejam na capital britânica aproveitem o dia 6 como um dia único por toda simbologia que carrega no Reino Unido, sejam estes admiradores ou críticos. “É uma coincidência, mas no fim estou muito animada”, concluiu Lia.

Lia Balby Sztutman, de 21 anos, gosta de muitas coisas da Inglaterra, como por exemplo da série Downton Abbey, dos Beatles e do Queen (a banda). Já da família real ela não é muito fã. Uma coincidência, no entanto, a colocará em Londres na próxima sexta-feira, 5, véspera da coroação do Rei Charles III.

Com isso, o roteiro turístico que ela planejava curtir com a família, focado na cultura pop britânica, sofrerá um pequeno adaptação, mesmo que ninguém em sua casa morra de amores pelo novo monarca. “Seria como ir a Roma e não ver o papa”, explica.

Ela e os pais se programaram para assistir a coroação à distância, numa espécie de curiosidade pelo evento em si e pelas pessoas que se entusiasmam em participar. Mesmo que não quisessem, seria praticamente impossível fazer outra coisa no dia. Será feriado no Reino Unido, as ruas estarão fechadas para a procissão da realeza britânica e a coroação vai ser transmitida nas principais mídias, incluindo redes sociais. E, afinal de contas, trata-se de um evento realizado pela última vez sete décadas atrás.

Lia Gabriela Balby Sztutman, produtora musical, posa no apartamento em que mora em São Paulo. Lia programou uma viagem para Inglaterra para visitar pontos turísticos que remetem a musica britânica e estará em Londres no dia da coroação do Rei Charles Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A data foi escolhida a partir da disponibilidade da família e o motivo foi simplesmente fazerem uma viagem juntos a um lugar querido pela mãe de Lia. A primeira reação ao perceber a coincidência com a coroação, no entanto, foi de lamento. “Minha mãe disse: ‘Ah, não! A cidade vai estar cheia de gente e os hotéis estarão caros’”, contou a jovem. Mas isso logo mudou. “Daí a gente decidiu fazer festa. A gente gosta muito de enfiar nos lugares e entender os movimentos, sabe? Vamos fazer um piquenique em algum parque próximo e olhar de longe.”

Turismo monárquico

A coroação ocorre em meio a um debate sobre a relação custo-benefício do turismo monárquico no Reino Unido. “A coroação trará uma bonança turística para o Reino Unido ou afastará as pessoas?”, perguntou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada no dia 21 de abril. Entre muitos fatores, a reportagem centra na questão sobre os custos da monarquia e o retorno que ela traz no turismo – um argumento que costuma ser utilizado para justificar os gastos públicos com a realeza, mas difícil de se comprovar.

Ao contrário, grandes eventos reais podem afastar turistas de Londres, segundo a Visit Britain, instituição britânica que cuida do turismo. E uma das causas para isso é, como revela o lamento da mãe de Lia, o aumento dos preços de hotéis, pubs e restaurantes, agravado neste momento pelos riscos de uma recessão global e pelo aumento do custo de vida causado pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

Foi o que ocorreu casamento do príncipe William e Kate Middleton em 2011, quando a monarca era a popular rainha Elizabeth II. Os turistas não apareceram.

Mais de uma década depois, o novo grande evento da família real reúne uma figura com uma popularidade menor e mais distante dos britânicos que a rainha Elizabeth II ou o príncipe William. Além disso, a coroação de Charles III ocorre em um momento em que o mundo questiona mais fortemente a herança da monarquia, marcada por um passado colonial.

Lia, estudante de geografia, e seus pais, também geógrafos, sabem dessa herança. “A gente não admira a monarquia. Sabemos o que fizeram na história. Minha mãe chamou o Charles de ‘boneco real’ e disse que uma amiga inglesa se refere assim a ele. Então, nem mesmo eles têm tanta admiração assim hoje em dia”, declarou.

Apatia real

Uma pesquisa feita pela empresa YouGov identificou que a maioria dos britânicos está indiferente à coroação. A apatia é maior entre os jovens, com 75% dos jovens de 18 a 24 anos respondendo não se importam “muito” ou “nem um pouco” com o evento.

No Brasil, duas empresas de viagens, CVC e Hurb, disseram que não houve grande variação na quantidade de clientes que estarão em Londres na data da coroação quando comparado a outros eventos marcantes. No Hurb, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para a capital inglesa em períodos regulares (férias de início e meio de ano) é 71% maior que o número de viajantes para a data da coroação. (A empresa não divulga o número exato de viajantes.)

Apesar de não ser determinante, a monarquia permanece um atrativo turístico do Reino Unido. Uma pesquisa encomendada pela Visit Britain no ano passado estima que a história e o patrimônio são os maiores motivos alegados pelo público do Brasil para ir à Inglaterra. Em contrapartida, os brasileiros costumam escolher o país dentro de uma rota que inclui outras nações da região britânica e da Europa.

Projeção cultural

Um evento específico, como a coroação, pode não atrair de imediato uma quantidade de turistas que corresponda aos gastos feitos, mas reforça e espalha a imagem da nação pelo mundo. “É uma oportunidade fantástica de destacar nossas atrações de renome mundial, nossas culturas e heranças e as experiências únicas que existem aqui”, declarou a diretora da Visit Britain, Patricia Yates.

No último século, a imagem da rainha Elizabeth II se tornou conhecida ao redor do mundo e foi cultuada na cultura pop, preenchendo de uma forma ou de outra um largo espaço nos jornais, no cinema, na música, na televisão. A rainha se tornou símbolo até mesmo na contracultura, com uma das músicas mais conhecidas do movimento punk, God Save The Queen, do Sex Pistols, sendo uma referência direta a ela. O próprio nome da banda liderada por Freddy Mercure e Brian May não deixa de ser uma referência à rainha.

Café exibe cartaz do rei Charles III em Londres, em imagem do dia 28. Evento encareceu hotéis, pubs e restaurantes da cidade Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

A relação de Lia com o Reino Unido se estabelece mais fortemente a partir da música. Além de estudante de geografia, Lia é produtora musical, multi-instrumentista e tem seu próprio trabalho artístico. Mas, criada em São Paulo e sem nunca ter ido ao Reino Unido até esta semana, ela conhece o rosto da rainha desde sempre. É uma imagem que remete a Inglaterra assim como os Beatles, o Freddie Mercury e as cabines telefônicas vermelhas em miniatura espalhadas pelo apartamento onde mora, souvenirs de viagens anteriores da mãe ao país. “São símbolos da Inglaterra. Eu era muito mais ligada aos Beatles, a música, do que a essa questão da realeza, mas está tudo ligado”, disse.

Dificilmente um brasileiro viaja ao Reino Unido exclusivamente por causa da monarquia, avalia a Visit Britain. Como Lia, costumam incluir no roteiro outros aspectos do país no roteiro, como os cenários de castelos e casas senhoriais; referências em torno de nomes da música já citados; antigas casas e rotas de escritores, como Shakespeare e Tolkien; e até o futebol, com o Campeonato Inglês consolidado como um dos mais populares do mundo. Os brasileiros são os maiores responsáveis pelos voos da América do Sul para a Grã-Betanha, mas por diversas razões.

Mas isso não impede que os brasileiros que estejam na capital britânica aproveitem o dia 6 como um dia único por toda simbologia que carrega no Reino Unido, sejam estes admiradores ou críticos. “É uma coincidência, mas no fim estou muito animada”, concluiu Lia.

Lia Balby Sztutman, de 21 anos, gosta de muitas coisas da Inglaterra, como por exemplo da série Downton Abbey, dos Beatles e do Queen (a banda). Já da família real ela não é muito fã. Uma coincidência, no entanto, a colocará em Londres na próxima sexta-feira, 5, véspera da coroação do Rei Charles III.

Com isso, o roteiro turístico que ela planejava curtir com a família, focado na cultura pop britânica, sofrerá um pequeno adaptação, mesmo que ninguém em sua casa morra de amores pelo novo monarca. “Seria como ir a Roma e não ver o papa”, explica.

Ela e os pais se programaram para assistir a coroação à distância, numa espécie de curiosidade pelo evento em si e pelas pessoas que se entusiasmam em participar. Mesmo que não quisessem, seria praticamente impossível fazer outra coisa no dia. Será feriado no Reino Unido, as ruas estarão fechadas para a procissão da realeza britânica e a coroação vai ser transmitida nas principais mídias, incluindo redes sociais. E, afinal de contas, trata-se de um evento realizado pela última vez sete décadas atrás.

Lia Gabriela Balby Sztutman, produtora musical, posa no apartamento em que mora em São Paulo. Lia programou uma viagem para Inglaterra para visitar pontos turísticos que remetem a musica britânica e estará em Londres no dia da coroação do Rei Charles Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A data foi escolhida a partir da disponibilidade da família e o motivo foi simplesmente fazerem uma viagem juntos a um lugar querido pela mãe de Lia. A primeira reação ao perceber a coincidência com a coroação, no entanto, foi de lamento. “Minha mãe disse: ‘Ah, não! A cidade vai estar cheia de gente e os hotéis estarão caros’”, contou a jovem. Mas isso logo mudou. “Daí a gente decidiu fazer festa. A gente gosta muito de enfiar nos lugares e entender os movimentos, sabe? Vamos fazer um piquenique em algum parque próximo e olhar de longe.”

Turismo monárquico

A coroação ocorre em meio a um debate sobre a relação custo-benefício do turismo monárquico no Reino Unido. “A coroação trará uma bonança turística para o Reino Unido ou afastará as pessoas?”, perguntou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada no dia 21 de abril. Entre muitos fatores, a reportagem centra na questão sobre os custos da monarquia e o retorno que ela traz no turismo – um argumento que costuma ser utilizado para justificar os gastos públicos com a realeza, mas difícil de se comprovar.

Ao contrário, grandes eventos reais podem afastar turistas de Londres, segundo a Visit Britain, instituição britânica que cuida do turismo. E uma das causas para isso é, como revela o lamento da mãe de Lia, o aumento dos preços de hotéis, pubs e restaurantes, agravado neste momento pelos riscos de uma recessão global e pelo aumento do custo de vida causado pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

Foi o que ocorreu casamento do príncipe William e Kate Middleton em 2011, quando a monarca era a popular rainha Elizabeth II. Os turistas não apareceram.

Mais de uma década depois, o novo grande evento da família real reúne uma figura com uma popularidade menor e mais distante dos britânicos que a rainha Elizabeth II ou o príncipe William. Além disso, a coroação de Charles III ocorre em um momento em que o mundo questiona mais fortemente a herança da monarquia, marcada por um passado colonial.

Lia, estudante de geografia, e seus pais, também geógrafos, sabem dessa herança. “A gente não admira a monarquia. Sabemos o que fizeram na história. Minha mãe chamou o Charles de ‘boneco real’ e disse que uma amiga inglesa se refere assim a ele. Então, nem mesmo eles têm tanta admiração assim hoje em dia”, declarou.

Apatia real

Uma pesquisa feita pela empresa YouGov identificou que a maioria dos britânicos está indiferente à coroação. A apatia é maior entre os jovens, com 75% dos jovens de 18 a 24 anos respondendo não se importam “muito” ou “nem um pouco” com o evento.

No Brasil, duas empresas de viagens, CVC e Hurb, disseram que não houve grande variação na quantidade de clientes que estarão em Londres na data da coroação quando comparado a outros eventos marcantes. No Hurb, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para a capital inglesa em períodos regulares (férias de início e meio de ano) é 71% maior que o número de viajantes para a data da coroação. (A empresa não divulga o número exato de viajantes.)

Apesar de não ser determinante, a monarquia permanece um atrativo turístico do Reino Unido. Uma pesquisa encomendada pela Visit Britain no ano passado estima que a história e o patrimônio são os maiores motivos alegados pelo público do Brasil para ir à Inglaterra. Em contrapartida, os brasileiros costumam escolher o país dentro de uma rota que inclui outras nações da região britânica e da Europa.

Projeção cultural

Um evento específico, como a coroação, pode não atrair de imediato uma quantidade de turistas que corresponda aos gastos feitos, mas reforça e espalha a imagem da nação pelo mundo. “É uma oportunidade fantástica de destacar nossas atrações de renome mundial, nossas culturas e heranças e as experiências únicas que existem aqui”, declarou a diretora da Visit Britain, Patricia Yates.

No último século, a imagem da rainha Elizabeth II se tornou conhecida ao redor do mundo e foi cultuada na cultura pop, preenchendo de uma forma ou de outra um largo espaço nos jornais, no cinema, na música, na televisão. A rainha se tornou símbolo até mesmo na contracultura, com uma das músicas mais conhecidas do movimento punk, God Save The Queen, do Sex Pistols, sendo uma referência direta a ela. O próprio nome da banda liderada por Freddy Mercure e Brian May não deixa de ser uma referência à rainha.

Café exibe cartaz do rei Charles III em Londres, em imagem do dia 28. Evento encareceu hotéis, pubs e restaurantes da cidade Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

A relação de Lia com o Reino Unido se estabelece mais fortemente a partir da música. Além de estudante de geografia, Lia é produtora musical, multi-instrumentista e tem seu próprio trabalho artístico. Mas, criada em São Paulo e sem nunca ter ido ao Reino Unido até esta semana, ela conhece o rosto da rainha desde sempre. É uma imagem que remete a Inglaterra assim como os Beatles, o Freddie Mercury e as cabines telefônicas vermelhas em miniatura espalhadas pelo apartamento onde mora, souvenirs de viagens anteriores da mãe ao país. “São símbolos da Inglaterra. Eu era muito mais ligada aos Beatles, a música, do que a essa questão da realeza, mas está tudo ligado”, disse.

Dificilmente um brasileiro viaja ao Reino Unido exclusivamente por causa da monarquia, avalia a Visit Britain. Como Lia, costumam incluir no roteiro outros aspectos do país no roteiro, como os cenários de castelos e casas senhoriais; referências em torno de nomes da música já citados; antigas casas e rotas de escritores, como Shakespeare e Tolkien; e até o futebol, com o Campeonato Inglês consolidado como um dos mais populares do mundo. Os brasileiros são os maiores responsáveis pelos voos da América do Sul para a Grã-Betanha, mas por diversas razões.

Mas isso não impede que os brasileiros que estejam na capital britânica aproveitem o dia 6 como um dia único por toda simbologia que carrega no Reino Unido, sejam estes admiradores ou críticos. “É uma coincidência, mas no fim estou muito animada”, concluiu Lia.

Lia Balby Sztutman, de 21 anos, gosta de muitas coisas da Inglaterra, como por exemplo da série Downton Abbey, dos Beatles e do Queen (a banda). Já da família real ela não é muito fã. Uma coincidência, no entanto, a colocará em Londres na próxima sexta-feira, 5, véspera da coroação do Rei Charles III.

Com isso, o roteiro turístico que ela planejava curtir com a família, focado na cultura pop britânica, sofrerá um pequeno adaptação, mesmo que ninguém em sua casa morra de amores pelo novo monarca. “Seria como ir a Roma e não ver o papa”, explica.

Ela e os pais se programaram para assistir a coroação à distância, numa espécie de curiosidade pelo evento em si e pelas pessoas que se entusiasmam em participar. Mesmo que não quisessem, seria praticamente impossível fazer outra coisa no dia. Será feriado no Reino Unido, as ruas estarão fechadas para a procissão da realeza britânica e a coroação vai ser transmitida nas principais mídias, incluindo redes sociais. E, afinal de contas, trata-se de um evento realizado pela última vez sete décadas atrás.

Lia Gabriela Balby Sztutman, produtora musical, posa no apartamento em que mora em São Paulo. Lia programou uma viagem para Inglaterra para visitar pontos turísticos que remetem a musica britânica e estará em Londres no dia da coroação do Rei Charles Foto: Daniel Teixeira/Estadão

A data foi escolhida a partir da disponibilidade da família e o motivo foi simplesmente fazerem uma viagem juntos a um lugar querido pela mãe de Lia. A primeira reação ao perceber a coincidência com a coroação, no entanto, foi de lamento. “Minha mãe disse: ‘Ah, não! A cidade vai estar cheia de gente e os hotéis estarão caros’”, contou a jovem. Mas isso logo mudou. “Daí a gente decidiu fazer festa. A gente gosta muito de enfiar nos lugares e entender os movimentos, sabe? Vamos fazer um piquenique em algum parque próximo e olhar de longe.”

Turismo monárquico

A coroação ocorre em meio a um debate sobre a relação custo-benefício do turismo monárquico no Reino Unido. “A coroação trará uma bonança turística para o Reino Unido ou afastará as pessoas?”, perguntou o jornal britânico The Guardian em reportagem publicada no dia 21 de abril. Entre muitos fatores, a reportagem centra na questão sobre os custos da monarquia e o retorno que ela traz no turismo – um argumento que costuma ser utilizado para justificar os gastos públicos com a realeza, mas difícil de se comprovar.

Ao contrário, grandes eventos reais podem afastar turistas de Londres, segundo a Visit Britain, instituição britânica que cuida do turismo. E uma das causas para isso é, como revela o lamento da mãe de Lia, o aumento dos preços de hotéis, pubs e restaurantes, agravado neste momento pelos riscos de uma recessão global e pelo aumento do custo de vida causado pela covid-19 e pela guerra na Ucrânia.

Foi o que ocorreu casamento do príncipe William e Kate Middleton em 2011, quando a monarca era a popular rainha Elizabeth II. Os turistas não apareceram.

Mais de uma década depois, o novo grande evento da família real reúne uma figura com uma popularidade menor e mais distante dos britânicos que a rainha Elizabeth II ou o príncipe William. Além disso, a coroação de Charles III ocorre em um momento em que o mundo questiona mais fortemente a herança da monarquia, marcada por um passado colonial.

Lia, estudante de geografia, e seus pais, também geógrafos, sabem dessa herança. “A gente não admira a monarquia. Sabemos o que fizeram na história. Minha mãe chamou o Charles de ‘boneco real’ e disse que uma amiga inglesa se refere assim a ele. Então, nem mesmo eles têm tanta admiração assim hoje em dia”, declarou.

Apatia real

Uma pesquisa feita pela empresa YouGov identificou que a maioria dos britânicos está indiferente à coroação. A apatia é maior entre os jovens, com 75% dos jovens de 18 a 24 anos respondendo não se importam “muito” ou “nem um pouco” com o evento.

No Brasil, duas empresas de viagens, CVC e Hurb, disseram que não houve grande variação na quantidade de clientes que estarão em Londres na data da coroação quando comparado a outros eventos marcantes. No Hurb, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para a capital inglesa em períodos regulares (férias de início e meio de ano) é 71% maior que o número de viajantes para a data da coroação. (A empresa não divulga o número exato de viajantes.)

Apesar de não ser determinante, a monarquia permanece um atrativo turístico do Reino Unido. Uma pesquisa encomendada pela Visit Britain no ano passado estima que a história e o patrimônio são os maiores motivos alegados pelo público do Brasil para ir à Inglaterra. Em contrapartida, os brasileiros costumam escolher o país dentro de uma rota que inclui outras nações da região britânica e da Europa.

Projeção cultural

Um evento específico, como a coroação, pode não atrair de imediato uma quantidade de turistas que corresponda aos gastos feitos, mas reforça e espalha a imagem da nação pelo mundo. “É uma oportunidade fantástica de destacar nossas atrações de renome mundial, nossas culturas e heranças e as experiências únicas que existem aqui”, declarou a diretora da Visit Britain, Patricia Yates.

No último século, a imagem da rainha Elizabeth II se tornou conhecida ao redor do mundo e foi cultuada na cultura pop, preenchendo de uma forma ou de outra um largo espaço nos jornais, no cinema, na música, na televisão. A rainha se tornou símbolo até mesmo na contracultura, com uma das músicas mais conhecidas do movimento punk, God Save The Queen, do Sex Pistols, sendo uma referência direta a ela. O próprio nome da banda liderada por Freddy Mercure e Brian May não deixa de ser uma referência à rainha.

Café exibe cartaz do rei Charles III em Londres, em imagem do dia 28. Evento encareceu hotéis, pubs e restaurantes da cidade Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

A relação de Lia com o Reino Unido se estabelece mais fortemente a partir da música. Além de estudante de geografia, Lia é produtora musical, multi-instrumentista e tem seu próprio trabalho artístico. Mas, criada em São Paulo e sem nunca ter ido ao Reino Unido até esta semana, ela conhece o rosto da rainha desde sempre. É uma imagem que remete a Inglaterra assim como os Beatles, o Freddie Mercury e as cabines telefônicas vermelhas em miniatura espalhadas pelo apartamento onde mora, souvenirs de viagens anteriores da mãe ao país. “São símbolos da Inglaterra. Eu era muito mais ligada aos Beatles, a música, do que a essa questão da realeza, mas está tudo ligado”, disse.

Dificilmente um brasileiro viaja ao Reino Unido exclusivamente por causa da monarquia, avalia a Visit Britain. Como Lia, costumam incluir no roteiro outros aspectos do país no roteiro, como os cenários de castelos e casas senhoriais; referências em torno de nomes da música já citados; antigas casas e rotas de escritores, como Shakespeare e Tolkien; e até o futebol, com o Campeonato Inglês consolidado como um dos mais populares do mundo. Os brasileiros são os maiores responsáveis pelos voos da América do Sul para a Grã-Betanha, mas por diversas razões.

Mas isso não impede que os brasileiros que estejam na capital britânica aproveitem o dia 6 como um dia único por toda simbologia que carrega no Reino Unido, sejam estes admiradores ou críticos. “É uma coincidência, mas no fim estou muito animada”, concluiu Lia.

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