O Itamaraty confirmou neste sábado a morte, no Líbano, de um brasileiro que lutava pelo Hezbollah. Segundo o embaixador Everton Vieira Vargas, um dos coordenadores do Grupo de Apoio aos Brasileiros no Líbano, Ibrahim Saleh, de 17 anos, foi morto em combate. "É muito trágico ter de reconhecer a morte de um brasileiro", disse o embaixador. Saleh tinha passaporte brasileiro e morava no sul do Líbano. Segundo Vargas, a família de Saleh ainda não procurou o Itamaraty, e nem a embaixada brasileira no Líbano. "Não recebemos nenhum contato da família. O embaixador em Beirute apenas procurou confirmar a informação (da morte do brasileiro). Trata-se de uma família que já vive há muitos anos no Líbano", disse. Pelas informações disponíveis até a tarde deste sábado, o embaixador avalia que Saleh deve ter ido para o Líbano quando ainda era muito criança, e desde então nunca mais voltou ao Brasil. Vargas negou que possa haver algum impacto político pelo fato de um brasileiro ter se engajado no Hezbollah. "Qualquer engajamento é uma decisão individual, que diz respeito às convicções da pessoa." Ele ressaltou que também há jovens brasileiros que moram em Israel e que são recrutados como reservistas. O Itamaraty confirmou também que desembarcou hoje, em Guarulhos (SP), um vôo da Força Aérea Brasileira (FAB) vindo de Damasco, na Síria, com 90 brasileiros e familiares retirados da zona de conflito. Nesse grupo, havia 14 bebês, 22 crianças, uma mulher grávida, além de três idosos e sete pessoas doentes. Comboio Ainda neste sábado, dois comboios partiram, por terra, do Líbano (um do Vale do Bekaa e outro de Beirute) levando 307 brasileiros para Adana, na Turquia, onde aguardarão para embarcar em vôos para o Brasil. No momento em que Vargas deu a coletiva (por volta das 12h de sábado no horário de Brasília) esses comboios já haviam saído do Líbano e se encontravam em território sírio. O embaixador ressaltou que os comboios conseguiram sair da área de conflito apesar dos bombardeios realizados pelas forças de Israel contra a estrada que liga Beirute ao norte do Líbano. Foi utilizada uma rodovia paralela até um ponto em que os comboios puderam retornar à estrada principal. Do início dos conflitos até este sábado, 1.666 brasileiros que estavam na zona de conflito já viajaram para o Brasil a bordo de aviões da FAB ou de empresas como TAM e Gol. Outros vôos da Força Aérea já estão agendados para os próximos dias. Na segunda-feira, um jato da FAB deverá sair de Adana com 70 pessoas. Para a terça, está programado um outro vôo a partir de Adana, trazendo mais 150 pessoas. A companhia aérea BRA também se juntará aos esforços. Na próxima quarta-feira, um avião da empresa deverá partir de Damasco trazendo entre 230 e 250 pessoas, segundo estimou o embaixador. Vargas reforçou que a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, concordou em não cobrar pelo combustível que será usado nos vôos de resgate. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Silas Rondeau (Minas e Energia) negociaram essa isenção diretamente com o comando da estatal. Pelos números do Itamaraty, há 792 brasileiros, em Adana ou em Damasco, aguardando transporte aéreo para o Brasil, incluindo nessa conta as pessoas dos comboios que estavam, neste sábado, a caminho de Adana. Ainda nesse fim de semana, o embaixador Manuel Gomes Pereira, diretor do Departamento de Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty embarca para o Líbano com a missão de avaliar as condições de retirada dos brasileiros e fazer um dimensionamento mais preciso da quantidade de pessoas que desejam sair da zona de conflito. "A informação que temos, até agora, é de que os brasileiros que estão no sul do Líbano, região muito afetada pelo conflito, deverão, em sua grande maioria, chegar a Beirute até a próxima quarta-feira", disse Vargas. Com relação ao acordo fechado entre os Estados Unidos e a França para uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que encerre os combates, o embaixador brasileiro disse que a notícia deixou os diplomatas brasileiros "otimistas" quanto à perspectiva de uma solução negociada. Matéria ampliada às 17h53