Fernando André Sabag Montiel, 35, brasileiro detido por tentar matar a vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, deu entrevista para um programa da Cronica TV, um canal de televisão argentina, há pouco mais de um mês antes do atentado. Ele, também conhecido como Fernando Salim Montiel nas redes sociais, criticou programas de assistência social, como os equivalentes ao antigo Bolsa Família e atual Auxílio Brasil.
Questionado pelo entrevistador sobre a opinião em relação a esses programas, Fernando explica que sua namorada “supostamente também tinha planos sociais”. “Deixou de ter porque, na verdade, não dá para pegar o mesmo dinheiro que outras pessoas”, diz Montiel. Já a namorada dele diz que os benefícios fomentam a vagabundagem. “Prefiro sair para trabalhar. Acho que os planos sociais fomentam a vagabundagem”, responde ela. A declaração foi ratificada por Montiel. “Está mais que claro e explicado”, reforça.
A namorada, que apareceu no vídeo vendendo algodão doce, admite que se inscreveu para receber o benefício por dois ou três meses. “Não quis pegar por tanto tempo porque me parecia desonesto. Ganho mais saindo para trabalhar do que pegando um plano social”, acrescenta. Ela afirma ainda que consegue ganhar em três dias trabalhando na rua o equivalente ao valor total do benefício. Ela ainda incentiva que mais pessoas façam o mesmo: “Saiam para trabalhar ao invés de se inscrever no programa”.
Em outra entrevista no estilo fala-povo (jargão jornalístico para quando a população é consultada na rua sobre determinado tema), em que o entrevistador pergunta se ele é favor ou contra o novo ministro da Economia, Sergio Massa, que era o chefe da Câmara dos Deputados da Argentina, Fernando Montiel diz que não concorda “por nada nesse mundo”.
“Aqui muda todos os dias, entra Bataki, entra Massa, entra um, sai outro”, adiciona, se referindo a antiga chefe da pasta, Silvana Bataki, que renunciou ao governo no dia 28 de julho. Com a renúncia, Massa assumiu um novo “superministério” da economia.
O Estadão procurou a Polícia Federal (PF) para checar possíveis inquéritos em seu nome e em nome do pai, Fernando Ernesto Montiel Ayala, mas o órgão disse não poder dar tais informações. “A Polícia Federal não fornece informações sobre pessoas físicas ou terceiros. Tais informações são consideradas de acesso restrito, conforme Portaria nº 8.714/2018-DG/PF, de 13 de agosto de 2018″, informou, por meio de nota.
Quem é Salim
O homem preso após apontar uma arma contra a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nasceu no Brasil, mas é filho de um chileno e uma argentina e vive no país vizinho desde 1993. Fernando André Sabag Montiel, de 35 anos, tem antecedentes criminais e supostas ligações com grupos extremistas.
A Polícia da Cidade parou, em 17 de março de 2021, o carro do brasileiro, que estava sem placa traseira. Ao abrir a porta do condutor, uma faca de 35 centímetros caiu no chão. Fernando alegou portar a arma para autodefesa e foi liberado com uma notificação, diz o jornal Clarín.
Arma estava carregada
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que a arma apontada contra a vice-presidente do país, Cristina Kirchner, na noite de quinta-feira, 1°, estava carregada com cinco balas, foi engatilhada, mas não disparou.
“Cristina permanece com vida porque, por alguma razão, a arma que contava com 5 balas não disparou, apesar de ter sido engatilhada”, afirmou Fernandez durante um pronunciamento em rede nacional entre o fim da noite de quinta-feira e a madrugada desta sexta, 2.
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