Brasileiros assumem missão de risco no Congo


Treze guerreiros da selva treinarão a tropa da missão internacional da ONU em um país com vários grupos rebeldes e um surto de ebola

O Brasil vai mandar para a República Democrática do Congo (RDC), em junho, 13 de seus melhores guerreiros da selva, oficiais e especialistas, para treinar a tropa da missão internacional da ONU no país, a Monusco. O grupo vai permanecer em ação ao longo de um período de seis meses. É uma primeira etapa. 

Tenente-coronel Adelmo de Souza Carvalho Filho: Brasil enviará tropas para República Democrática do Congo Foto: ALBERTO CESAR ARAUJO/ESTADAO

O Sistema de Capacidades em Operações de Paz das Nações Unidas considera que esse trabalho poderá ser estendido se houver necessidade. Os instrutores militares brasileiros, todos eles formados pelo Cigs, o Centro de Instrução de Guerra na Selva, de Manaus, viaja diretamente para a cidade de Beni, no nordeste da República Democrática do Congo.

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É uma área fortemente conflitada, onde atuam entre 100 e 200 bem armados grupos de rebeldes empenhados na luta étnica e religiosa com crescente influência de movimentos radicais, como o Boko Haram, infiltrado a partir da Nigéria, e o Estado Islâmico na Líbia, com base em pequenas vilas próximas de Sirte, no Mediterrâneo. Há cinco meses, sete soldados da Monusco – seis do Malawi e um da Tanzânia –, foram mortos em uma emboscada na floresta de Ituri, a oeste de Beni. A província onde está o município, Kivu do Norte, e a vizinha Ituri, enfrentam também um agressivo surto de Ebola, com 900 mortos entre 1.412 casos diagnosticados até a semana passada. Mais de 120 mil pessoas foram vacinadas. 

Além da dificuldade para atender a população exposta ao vírus em localidades de acesso limitado por estradas precárias ou feito apenas por trilhas, há ainda a ameaça constante de ataque contra as equipes médicas. O mais recente, na segunda quinzena de abril, deixou 11 feridos em Butembo, um centro turístico. Os milicianos exigem que o pessoal estrangeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as equipes dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), saiam do território.

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O Comando do Exército considera que o trabalho dos instrutores na RDC pode abrir a possibilidade de um novo viés para a participação do País em operações internacionais, atuando de forma qualitativa, preparando pessoal de campo. O Brasil participa de missões da ONU há 70 anos. Cerca de 46 mil homens e mulheres das Forças Armadas e de serviços civis estiveram comprometidos com as ações, cumprindo 42 diferentes mandatos.

O atual ‘force-commander’ da Monusco é um general brasileiro, Elias Rodrigues Martins Filho, que lidera 16,2 mil soldados. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, tem sustentado essa percepção. Falando na Conferência de Ministros da Defesa das Nações Unidas, disse que “fornecer às tropas um treinamento eficaz é essencial para o bom desempenho”.

Os guerreiros

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Os 13 militares brasileiros são todos combatentes, selecionados diretamente pelo gabinete do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol. No Congo, serão chefiados pelo tenente-coronel Adelmo de Sousa Carvalho Filho. O grupo é formado por oficiais, subtenentes e sargentos. Na média, têm entre 30 anos e 45 anos. São fluentes em inglês e têm em comum a especialização em conflito de selva. Vários deles atuaram em missões semelhantes na Guiana Francesa, no Suriname, na Guiana e no Senegal

Adelmo, o comandante, piauiense de Teresina, casado e pai de dois filhos, está lotado em Belém, no Pará, sede do Comando Militar do Norte. Há um certo cuidado com a segurança da equipe. De seu perfil pessoal, por exemplo, sabe-se apenas que é um corredor de média distância e “leitor de livros”. Dos demais, nem isso. É fácil de entender os motivos.

A equipe é integrada por peritos em Treinamento de Guerra na Selva (JWTT na sigla em inglês) e vai preparar oficiais e sargentos da Brigada de Intervenção da ONU no Congo. É uma unidade de combate efetivo, formada com pessoal de variada origem – só da África o contingente saiu de quatro países – para ser empregada na repressão destinada a garantir a segurança da população, dos voluntários em programas humanitários e no apoio ao governo reconhecido do presidente Felix Tshisekedi, “nas iniciativas de estabilização da RDC”, nos termos da ata de instalação da Monusco em 2010.

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Só este ano, mais de 40 mil congoleses escaparam de conflitos tribais na República Democrática do Congo. Através de um terreno acidentado e das águas do lago Albert, eles fazem o necessário para chegar em segurança em Uganda.

“Isso quer dizer que nosso pessoal vai preparar guerreiros para agir com eficiência contra a força adversa no seu cenário mais favorável, o da floresta – é claro que isso é um fator de risco”, explicou ao Estado um veterano do Centro de Instrução. O time não vai levar equipamento próprio. Nas instalações militares em Beni, será usado o material da Brigada – em princípio fuzis calibre 5.56mm, pistolas 9mm, facas de sobrevivência, granadas e explosivos leves. 

Até a semana passada o time do Brasil estava em Manaus preparando o programa de treinamento. O Cigs realiza dois cursos anuais de 12 semanas, limitado a 100 militares – 10% dos quais desistem antes do final. Em três fases, os alunos aprendem a evitar doenças tropicais, encontrar alimentos e água na mata; manipular explosivos, preparar e lançar ataques furtivos, conduzir operações com helicópteros e lanchas. Também passam muito tempo no estande de tiro – em menos de um mês terão de efetuar mil disparos com rendimento de precisão acima de 85%.

O Brasil vai mandar para a República Democrática do Congo (RDC), em junho, 13 de seus melhores guerreiros da selva, oficiais e especialistas, para treinar a tropa da missão internacional da ONU no país, a Monusco. O grupo vai permanecer em ação ao longo de um período de seis meses. É uma primeira etapa. 

Tenente-coronel Adelmo de Souza Carvalho Filho: Brasil enviará tropas para República Democrática do Congo Foto: ALBERTO CESAR ARAUJO/ESTADAO

O Sistema de Capacidades em Operações de Paz das Nações Unidas considera que esse trabalho poderá ser estendido se houver necessidade. Os instrutores militares brasileiros, todos eles formados pelo Cigs, o Centro de Instrução de Guerra na Selva, de Manaus, viaja diretamente para a cidade de Beni, no nordeste da República Democrática do Congo.

É uma área fortemente conflitada, onde atuam entre 100 e 200 bem armados grupos de rebeldes empenhados na luta étnica e religiosa com crescente influência de movimentos radicais, como o Boko Haram, infiltrado a partir da Nigéria, e o Estado Islâmico na Líbia, com base em pequenas vilas próximas de Sirte, no Mediterrâneo. Há cinco meses, sete soldados da Monusco – seis do Malawi e um da Tanzânia –, foram mortos em uma emboscada na floresta de Ituri, a oeste de Beni. A província onde está o município, Kivu do Norte, e a vizinha Ituri, enfrentam também um agressivo surto de Ebola, com 900 mortos entre 1.412 casos diagnosticados até a semana passada. Mais de 120 mil pessoas foram vacinadas. 

Além da dificuldade para atender a população exposta ao vírus em localidades de acesso limitado por estradas precárias ou feito apenas por trilhas, há ainda a ameaça constante de ataque contra as equipes médicas. O mais recente, na segunda quinzena de abril, deixou 11 feridos em Butembo, um centro turístico. Os milicianos exigem que o pessoal estrangeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as equipes dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), saiam do território.

O Comando do Exército considera que o trabalho dos instrutores na RDC pode abrir a possibilidade de um novo viés para a participação do País em operações internacionais, atuando de forma qualitativa, preparando pessoal de campo. O Brasil participa de missões da ONU há 70 anos. Cerca de 46 mil homens e mulheres das Forças Armadas e de serviços civis estiveram comprometidos com as ações, cumprindo 42 diferentes mandatos.

O atual ‘force-commander’ da Monusco é um general brasileiro, Elias Rodrigues Martins Filho, que lidera 16,2 mil soldados. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, tem sustentado essa percepção. Falando na Conferência de Ministros da Defesa das Nações Unidas, disse que “fornecer às tropas um treinamento eficaz é essencial para o bom desempenho”.

Os guerreiros

Os 13 militares brasileiros são todos combatentes, selecionados diretamente pelo gabinete do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol. No Congo, serão chefiados pelo tenente-coronel Adelmo de Sousa Carvalho Filho. O grupo é formado por oficiais, subtenentes e sargentos. Na média, têm entre 30 anos e 45 anos. São fluentes em inglês e têm em comum a especialização em conflito de selva. Vários deles atuaram em missões semelhantes na Guiana Francesa, no Suriname, na Guiana e no Senegal

Adelmo, o comandante, piauiense de Teresina, casado e pai de dois filhos, está lotado em Belém, no Pará, sede do Comando Militar do Norte. Há um certo cuidado com a segurança da equipe. De seu perfil pessoal, por exemplo, sabe-se apenas que é um corredor de média distância e “leitor de livros”. Dos demais, nem isso. É fácil de entender os motivos.

A equipe é integrada por peritos em Treinamento de Guerra na Selva (JWTT na sigla em inglês) e vai preparar oficiais e sargentos da Brigada de Intervenção da ONU no Congo. É uma unidade de combate efetivo, formada com pessoal de variada origem – só da África o contingente saiu de quatro países – para ser empregada na repressão destinada a garantir a segurança da população, dos voluntários em programas humanitários e no apoio ao governo reconhecido do presidente Felix Tshisekedi, “nas iniciativas de estabilização da RDC”, nos termos da ata de instalação da Monusco em 2010.

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Só este ano, mais de 40 mil congoleses escaparam de conflitos tribais na República Democrática do Congo. Através de um terreno acidentado e das águas do lago Albert, eles fazem o necessário para chegar em segurança em Uganda.

“Isso quer dizer que nosso pessoal vai preparar guerreiros para agir com eficiência contra a força adversa no seu cenário mais favorável, o da floresta – é claro que isso é um fator de risco”, explicou ao Estado um veterano do Centro de Instrução. O time não vai levar equipamento próprio. Nas instalações militares em Beni, será usado o material da Brigada – em princípio fuzis calibre 5.56mm, pistolas 9mm, facas de sobrevivência, granadas e explosivos leves. 

Até a semana passada o time do Brasil estava em Manaus preparando o programa de treinamento. O Cigs realiza dois cursos anuais de 12 semanas, limitado a 100 militares – 10% dos quais desistem antes do final. Em três fases, os alunos aprendem a evitar doenças tropicais, encontrar alimentos e água na mata; manipular explosivos, preparar e lançar ataques furtivos, conduzir operações com helicópteros e lanchas. Também passam muito tempo no estande de tiro – em menos de um mês terão de efetuar mil disparos com rendimento de precisão acima de 85%.

O Brasil vai mandar para a República Democrática do Congo (RDC), em junho, 13 de seus melhores guerreiros da selva, oficiais e especialistas, para treinar a tropa da missão internacional da ONU no país, a Monusco. O grupo vai permanecer em ação ao longo de um período de seis meses. É uma primeira etapa. 

Tenente-coronel Adelmo de Souza Carvalho Filho: Brasil enviará tropas para República Democrática do Congo Foto: ALBERTO CESAR ARAUJO/ESTADAO

O Sistema de Capacidades em Operações de Paz das Nações Unidas considera que esse trabalho poderá ser estendido se houver necessidade. Os instrutores militares brasileiros, todos eles formados pelo Cigs, o Centro de Instrução de Guerra na Selva, de Manaus, viaja diretamente para a cidade de Beni, no nordeste da República Democrática do Congo.

É uma área fortemente conflitada, onde atuam entre 100 e 200 bem armados grupos de rebeldes empenhados na luta étnica e religiosa com crescente influência de movimentos radicais, como o Boko Haram, infiltrado a partir da Nigéria, e o Estado Islâmico na Líbia, com base em pequenas vilas próximas de Sirte, no Mediterrâneo. Há cinco meses, sete soldados da Monusco – seis do Malawi e um da Tanzânia –, foram mortos em uma emboscada na floresta de Ituri, a oeste de Beni. A província onde está o município, Kivu do Norte, e a vizinha Ituri, enfrentam também um agressivo surto de Ebola, com 900 mortos entre 1.412 casos diagnosticados até a semana passada. Mais de 120 mil pessoas foram vacinadas. 

Além da dificuldade para atender a população exposta ao vírus em localidades de acesso limitado por estradas precárias ou feito apenas por trilhas, há ainda a ameaça constante de ataque contra as equipes médicas. O mais recente, na segunda quinzena de abril, deixou 11 feridos em Butembo, um centro turístico. Os milicianos exigem que o pessoal estrangeiro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as equipes dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), saiam do território.

O Comando do Exército considera que o trabalho dos instrutores na RDC pode abrir a possibilidade de um novo viés para a participação do País em operações internacionais, atuando de forma qualitativa, preparando pessoal de campo. O Brasil participa de missões da ONU há 70 anos. Cerca de 46 mil homens e mulheres das Forças Armadas e de serviços civis estiveram comprometidos com as ações, cumprindo 42 diferentes mandatos.

O atual ‘force-commander’ da Monusco é um general brasileiro, Elias Rodrigues Martins Filho, que lidera 16,2 mil soldados. O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, tem sustentado essa percepção. Falando na Conferência de Ministros da Defesa das Nações Unidas, disse que “fornecer às tropas um treinamento eficaz é essencial para o bom desempenho”.

Os guerreiros

Os 13 militares brasileiros são todos combatentes, selecionados diretamente pelo gabinete do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol. No Congo, serão chefiados pelo tenente-coronel Adelmo de Sousa Carvalho Filho. O grupo é formado por oficiais, subtenentes e sargentos. Na média, têm entre 30 anos e 45 anos. São fluentes em inglês e têm em comum a especialização em conflito de selva. Vários deles atuaram em missões semelhantes na Guiana Francesa, no Suriname, na Guiana e no Senegal

Adelmo, o comandante, piauiense de Teresina, casado e pai de dois filhos, está lotado em Belém, no Pará, sede do Comando Militar do Norte. Há um certo cuidado com a segurança da equipe. De seu perfil pessoal, por exemplo, sabe-se apenas que é um corredor de média distância e “leitor de livros”. Dos demais, nem isso. É fácil de entender os motivos.

A equipe é integrada por peritos em Treinamento de Guerra na Selva (JWTT na sigla em inglês) e vai preparar oficiais e sargentos da Brigada de Intervenção da ONU no Congo. É uma unidade de combate efetivo, formada com pessoal de variada origem – só da África o contingente saiu de quatro países – para ser empregada na repressão destinada a garantir a segurança da população, dos voluntários em programas humanitários e no apoio ao governo reconhecido do presidente Felix Tshisekedi, “nas iniciativas de estabilização da RDC”, nos termos da ata de instalação da Monusco em 2010.

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Só este ano, mais de 40 mil congoleses escaparam de conflitos tribais na República Democrática do Congo. Através de um terreno acidentado e das águas do lago Albert, eles fazem o necessário para chegar em segurança em Uganda.

“Isso quer dizer que nosso pessoal vai preparar guerreiros para agir com eficiência contra a força adversa no seu cenário mais favorável, o da floresta – é claro que isso é um fator de risco”, explicou ao Estado um veterano do Centro de Instrução. O time não vai levar equipamento próprio. Nas instalações militares em Beni, será usado o material da Brigada – em princípio fuzis calibre 5.56mm, pistolas 9mm, facas de sobrevivência, granadas e explosivos leves. 

Até a semana passada o time do Brasil estava em Manaus preparando o programa de treinamento. O Cigs realiza dois cursos anuais de 12 semanas, limitado a 100 militares – 10% dos quais desistem antes do final. Em três fases, os alunos aprendem a evitar doenças tropicais, encontrar alimentos e água na mata; manipular explosivos, preparar e lançar ataques furtivos, conduzir operações com helicópteros e lanchas. Também passam muito tempo no estande de tiro – em menos de um mês terão de efetuar mil disparos com rendimento de precisão acima de 85%.

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