Brexit: Britânicos veem alta nos preços; questão irlandesa ameaça levar a uma guerra comercial


Após seis anos do referendo que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, a população sente no bolso os primeiros impactos; enquanto isso, a fronteira da Irlanda volta a causar tensão

Por Carolina Marins

Enquanto o mundo todo convive com alta nas taxas de inflação após dois anos de pandemia e em meio à guerra na Ucrânia, o Reino Unido tem um fator a mais que impacta à sua economia: o Brexit. Para a população, o impacto o resultado aparece nos bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. O analista de risco britânico Oliver Montique, 28, já imagina que precisará rever seus gastos se o custo da energia continuar a subir, especialmente no inverno, quando o consumo aumenta.

“Eu vejo o aumento nas prateleiras, com os bens de consumo”, relata. Mas, o que mais tem impacto no seu bolso atualmente é o transporte. “Temos uma situação em Londres agora que as pessoas não conseguem usar nem o transporte público porque está incrivelmente caro.” Sua estratégia tem sido pensar em formas de investimento agora para preservar o salário frente à desvalorização com a inflação.

Assim como Montique, a brasileira Jordana Mazzo Machado, 26, se impressionou com o aumento no preço dos alimentos na Escócia. Grande parte dos alimentos consumidos no Reino Unido, como a maioria dos grãos, carne, laticínios e ovos, são importados da União Europeia.

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Manifestantes anti-Brexit do lado de fora do parlamento em Londres Foto: ANDY RAIN/EPA/EFE

“O preço das frutas, vegetais e as comidas em geral subiram assim como o do combustível”, conta. “Isso não chegou a trazer mudanças na nossa forma de gastar. Continuamos mantendo o mesmo ritmo de antes, mas percebendo que está mais caro agora”.

O último impacto em sua rotina foi a da greve promovida pelos trabalhadores dos transportes públicos do país, a maior dos últimos 30 anos. Com paralisações ocorridas nas últimas terça e quinta-feira, além de sábado, os sindicatos pedem aumentos salariais que correspondam à inflação.

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Impasse nas Irlandas

Quem mora na Irlanda - do lado europeu da fronteira - também relatam um aumento significativo no custo de vida, ainda que a situação das Irlandas seja um enorme impasse do Brexit.

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A maior dor de cabeça do acordo do Brexit foi, e continua sendo, a fronteira entre as Irlandas. Criar uma barreira comercial e migratória muito dura entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a República da Irlanda (União Europeia) pode reacender um conflito a décadas adormecido.

A questão foi uma das principais a levar a consecutivas rejeições dos acordos anteriores para o Brexit, o que culminou na renúncia da então primeira-ministra, Theresa May. No fim, a proposta foi a criação do Protocolo da Irlanda do Norte, que criou uma salvaguarda, permitindo que o país continuasse no território aduaneiro da UE.

Porém, o tópico voltou a ser um assunto nos últimos meses, já que o Reino Unido propôs rever o protocolo. Bruxelas acusa Londres de ter violado o acordo e a situação já levanta temores de uma guerra comercial entre as partes.

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“Eles basicamente empurraram para frente um problema que não sabiam como solucionar”, diz Leonardo Paz, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV. “Eles só assinaram essa ideia de não criação de uma barreira, imaginando que no futuro iriam achar uma solução, mas até agora ninguém achou.”

A UE anunciou que está planejando uma ação legal contra o governo do Reino Unido por seus planos de desmantelar partes do norte Protocolo da Irlanda após acordo pós-Brexit  Foto: MARK MARLOW/EFE

No início do mês, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, apresentou um projeto de lei que faria mudanças importantes no protocolo, afetando especialmente o fluxo de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Com a justificativa de proteger o acordo da Sexta-feira Santa, Truss afirmou que o Reino Unido poderia mudar unilateralmente o protocolo.

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A reação europeia foi imediata. A Comissão Europeia respondeu que tomará “todas as medidas à sua disposição” se os britânicos seguirem com o plano de mudança. Segundo Maroš Šefčovič, encarregado da UE pelas relações com o Reino Unido, o país corre o risco de perder todos os acordos de livre comércio com o bloco se prosseguir com a ideia.

O economista da University College London Morten O. Ravn alerta que nada de positivo sairia de uma quebra do protocolo. “Uma possível consequência é que seriam necessárias barreiras comerciais entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Tal resultado seria, por muitas razões, extremamente desafiador. A UE pode, em reação a um movimento unilateral do Reino Unido, também revisitar outras partes do acordo do Brexit, tornando os acordos comerciais do Reino Unido com a UE ainda mais desafiadores.”

Enquanto o mundo todo convive com alta nas taxas de inflação após dois anos de pandemia e em meio à guerra na Ucrânia, o Reino Unido tem um fator a mais que impacta à sua economia: o Brexit. Para a população, o impacto o resultado aparece nos bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. O analista de risco britânico Oliver Montique, 28, já imagina que precisará rever seus gastos se o custo da energia continuar a subir, especialmente no inverno, quando o consumo aumenta.

“Eu vejo o aumento nas prateleiras, com os bens de consumo”, relata. Mas, o que mais tem impacto no seu bolso atualmente é o transporte. “Temos uma situação em Londres agora que as pessoas não conseguem usar nem o transporte público porque está incrivelmente caro.” Sua estratégia tem sido pensar em formas de investimento agora para preservar o salário frente à desvalorização com a inflação.

Assim como Montique, a brasileira Jordana Mazzo Machado, 26, se impressionou com o aumento no preço dos alimentos na Escócia. Grande parte dos alimentos consumidos no Reino Unido, como a maioria dos grãos, carne, laticínios e ovos, são importados da União Europeia.

Manifestantes anti-Brexit do lado de fora do parlamento em Londres Foto: ANDY RAIN/EPA/EFE

“O preço das frutas, vegetais e as comidas em geral subiram assim como o do combustível”, conta. “Isso não chegou a trazer mudanças na nossa forma de gastar. Continuamos mantendo o mesmo ritmo de antes, mas percebendo que está mais caro agora”.

O último impacto em sua rotina foi a da greve promovida pelos trabalhadores dos transportes públicos do país, a maior dos últimos 30 anos. Com paralisações ocorridas nas últimas terça e quinta-feira, além de sábado, os sindicatos pedem aumentos salariais que correspondam à inflação.

Impasse nas Irlandas

Quem mora na Irlanda - do lado europeu da fronteira - também relatam um aumento significativo no custo de vida, ainda que a situação das Irlandas seja um enorme impasse do Brexit.

A maior dor de cabeça do acordo do Brexit foi, e continua sendo, a fronteira entre as Irlandas. Criar uma barreira comercial e migratória muito dura entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a República da Irlanda (União Europeia) pode reacender um conflito a décadas adormecido.

A questão foi uma das principais a levar a consecutivas rejeições dos acordos anteriores para o Brexit, o que culminou na renúncia da então primeira-ministra, Theresa May. No fim, a proposta foi a criação do Protocolo da Irlanda do Norte, que criou uma salvaguarda, permitindo que o país continuasse no território aduaneiro da UE.

Porém, o tópico voltou a ser um assunto nos últimos meses, já que o Reino Unido propôs rever o protocolo. Bruxelas acusa Londres de ter violado o acordo e a situação já levanta temores de uma guerra comercial entre as partes.

“Eles basicamente empurraram para frente um problema que não sabiam como solucionar”, diz Leonardo Paz, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV. “Eles só assinaram essa ideia de não criação de uma barreira, imaginando que no futuro iriam achar uma solução, mas até agora ninguém achou.”

A UE anunciou que está planejando uma ação legal contra o governo do Reino Unido por seus planos de desmantelar partes do norte Protocolo da Irlanda após acordo pós-Brexit  Foto: MARK MARLOW/EFE

No início do mês, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, apresentou um projeto de lei que faria mudanças importantes no protocolo, afetando especialmente o fluxo de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Com a justificativa de proteger o acordo da Sexta-feira Santa, Truss afirmou que o Reino Unido poderia mudar unilateralmente o protocolo.

A reação europeia foi imediata. A Comissão Europeia respondeu que tomará “todas as medidas à sua disposição” se os britânicos seguirem com o plano de mudança. Segundo Maroš Šefčovič, encarregado da UE pelas relações com o Reino Unido, o país corre o risco de perder todos os acordos de livre comércio com o bloco se prosseguir com a ideia.

O economista da University College London Morten O. Ravn alerta que nada de positivo sairia de uma quebra do protocolo. “Uma possível consequência é que seriam necessárias barreiras comerciais entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Tal resultado seria, por muitas razões, extremamente desafiador. A UE pode, em reação a um movimento unilateral do Reino Unido, também revisitar outras partes do acordo do Brexit, tornando os acordos comerciais do Reino Unido com a UE ainda mais desafiadores.”

Enquanto o mundo todo convive com alta nas taxas de inflação após dois anos de pandemia e em meio à guerra na Ucrânia, o Reino Unido tem um fator a mais que impacta à sua economia: o Brexit. Para a população, o impacto o resultado aparece nos bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. O analista de risco britânico Oliver Montique, 28, já imagina que precisará rever seus gastos se o custo da energia continuar a subir, especialmente no inverno, quando o consumo aumenta.

“Eu vejo o aumento nas prateleiras, com os bens de consumo”, relata. Mas, o que mais tem impacto no seu bolso atualmente é o transporte. “Temos uma situação em Londres agora que as pessoas não conseguem usar nem o transporte público porque está incrivelmente caro.” Sua estratégia tem sido pensar em formas de investimento agora para preservar o salário frente à desvalorização com a inflação.

Assim como Montique, a brasileira Jordana Mazzo Machado, 26, se impressionou com o aumento no preço dos alimentos na Escócia. Grande parte dos alimentos consumidos no Reino Unido, como a maioria dos grãos, carne, laticínios e ovos, são importados da União Europeia.

Manifestantes anti-Brexit do lado de fora do parlamento em Londres Foto: ANDY RAIN/EPA/EFE

“O preço das frutas, vegetais e as comidas em geral subiram assim como o do combustível”, conta. “Isso não chegou a trazer mudanças na nossa forma de gastar. Continuamos mantendo o mesmo ritmo de antes, mas percebendo que está mais caro agora”.

O último impacto em sua rotina foi a da greve promovida pelos trabalhadores dos transportes públicos do país, a maior dos últimos 30 anos. Com paralisações ocorridas nas últimas terça e quinta-feira, além de sábado, os sindicatos pedem aumentos salariais que correspondam à inflação.

Impasse nas Irlandas

Quem mora na Irlanda - do lado europeu da fronteira - também relatam um aumento significativo no custo de vida, ainda que a situação das Irlandas seja um enorme impasse do Brexit.

A maior dor de cabeça do acordo do Brexit foi, e continua sendo, a fronteira entre as Irlandas. Criar uma barreira comercial e migratória muito dura entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a República da Irlanda (União Europeia) pode reacender um conflito a décadas adormecido.

A questão foi uma das principais a levar a consecutivas rejeições dos acordos anteriores para o Brexit, o que culminou na renúncia da então primeira-ministra, Theresa May. No fim, a proposta foi a criação do Protocolo da Irlanda do Norte, que criou uma salvaguarda, permitindo que o país continuasse no território aduaneiro da UE.

Porém, o tópico voltou a ser um assunto nos últimos meses, já que o Reino Unido propôs rever o protocolo. Bruxelas acusa Londres de ter violado o acordo e a situação já levanta temores de uma guerra comercial entre as partes.

“Eles basicamente empurraram para frente um problema que não sabiam como solucionar”, diz Leonardo Paz, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV. “Eles só assinaram essa ideia de não criação de uma barreira, imaginando que no futuro iriam achar uma solução, mas até agora ninguém achou.”

A UE anunciou que está planejando uma ação legal contra o governo do Reino Unido por seus planos de desmantelar partes do norte Protocolo da Irlanda após acordo pós-Brexit  Foto: MARK MARLOW/EFE

No início do mês, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, apresentou um projeto de lei que faria mudanças importantes no protocolo, afetando especialmente o fluxo de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Com a justificativa de proteger o acordo da Sexta-feira Santa, Truss afirmou que o Reino Unido poderia mudar unilateralmente o protocolo.

A reação europeia foi imediata. A Comissão Europeia respondeu que tomará “todas as medidas à sua disposição” se os britânicos seguirem com o plano de mudança. Segundo Maroš Šefčovič, encarregado da UE pelas relações com o Reino Unido, o país corre o risco de perder todos os acordos de livre comércio com o bloco se prosseguir com a ideia.

O economista da University College London Morten O. Ravn alerta que nada de positivo sairia de uma quebra do protocolo. “Uma possível consequência é que seriam necessárias barreiras comerciais entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Tal resultado seria, por muitas razões, extremamente desafiador. A UE pode, em reação a um movimento unilateral do Reino Unido, também revisitar outras partes do acordo do Brexit, tornando os acordos comerciais do Reino Unido com a UE ainda mais desafiadores.”

Enquanto o mundo todo convive com alta nas taxas de inflação após dois anos de pandemia e em meio à guerra na Ucrânia, o Reino Unido tem um fator a mais que impacta à sua economia: o Brexit. Para a população, o impacto o resultado aparece nos bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. O analista de risco britânico Oliver Montique, 28, já imagina que precisará rever seus gastos se o custo da energia continuar a subir, especialmente no inverno, quando o consumo aumenta.

“Eu vejo o aumento nas prateleiras, com os bens de consumo”, relata. Mas, o que mais tem impacto no seu bolso atualmente é o transporte. “Temos uma situação em Londres agora que as pessoas não conseguem usar nem o transporte público porque está incrivelmente caro.” Sua estratégia tem sido pensar em formas de investimento agora para preservar o salário frente à desvalorização com a inflação.

Assim como Montique, a brasileira Jordana Mazzo Machado, 26, se impressionou com o aumento no preço dos alimentos na Escócia. Grande parte dos alimentos consumidos no Reino Unido, como a maioria dos grãos, carne, laticínios e ovos, são importados da União Europeia.

Manifestantes anti-Brexit do lado de fora do parlamento em Londres Foto: ANDY RAIN/EPA/EFE

“O preço das frutas, vegetais e as comidas em geral subiram assim como o do combustível”, conta. “Isso não chegou a trazer mudanças na nossa forma de gastar. Continuamos mantendo o mesmo ritmo de antes, mas percebendo que está mais caro agora”.

O último impacto em sua rotina foi a da greve promovida pelos trabalhadores dos transportes públicos do país, a maior dos últimos 30 anos. Com paralisações ocorridas nas últimas terça e quinta-feira, além de sábado, os sindicatos pedem aumentos salariais que correspondam à inflação.

Impasse nas Irlandas

Quem mora na Irlanda - do lado europeu da fronteira - também relatam um aumento significativo no custo de vida, ainda que a situação das Irlandas seja um enorme impasse do Brexit.

A maior dor de cabeça do acordo do Brexit foi, e continua sendo, a fronteira entre as Irlandas. Criar uma barreira comercial e migratória muito dura entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a República da Irlanda (União Europeia) pode reacender um conflito a décadas adormecido.

A questão foi uma das principais a levar a consecutivas rejeições dos acordos anteriores para o Brexit, o que culminou na renúncia da então primeira-ministra, Theresa May. No fim, a proposta foi a criação do Protocolo da Irlanda do Norte, que criou uma salvaguarda, permitindo que o país continuasse no território aduaneiro da UE.

Porém, o tópico voltou a ser um assunto nos últimos meses, já que o Reino Unido propôs rever o protocolo. Bruxelas acusa Londres de ter violado o acordo e a situação já levanta temores de uma guerra comercial entre as partes.

“Eles basicamente empurraram para frente um problema que não sabiam como solucionar”, diz Leonardo Paz, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV. “Eles só assinaram essa ideia de não criação de uma barreira, imaginando que no futuro iriam achar uma solução, mas até agora ninguém achou.”

A UE anunciou que está planejando uma ação legal contra o governo do Reino Unido por seus planos de desmantelar partes do norte Protocolo da Irlanda após acordo pós-Brexit  Foto: MARK MARLOW/EFE

No início do mês, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, apresentou um projeto de lei que faria mudanças importantes no protocolo, afetando especialmente o fluxo de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Com a justificativa de proteger o acordo da Sexta-feira Santa, Truss afirmou que o Reino Unido poderia mudar unilateralmente o protocolo.

A reação europeia foi imediata. A Comissão Europeia respondeu que tomará “todas as medidas à sua disposição” se os britânicos seguirem com o plano de mudança. Segundo Maroš Šefčovič, encarregado da UE pelas relações com o Reino Unido, o país corre o risco de perder todos os acordos de livre comércio com o bloco se prosseguir com a ideia.

O economista da University College London Morten O. Ravn alerta que nada de positivo sairia de uma quebra do protocolo. “Uma possível consequência é que seriam necessárias barreiras comerciais entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Tal resultado seria, por muitas razões, extremamente desafiador. A UE pode, em reação a um movimento unilateral do Reino Unido, também revisitar outras partes do acordo do Brexit, tornando os acordos comerciais do Reino Unido com a UE ainda mais desafiadores.”

Enquanto o mundo todo convive com alta nas taxas de inflação após dois anos de pandemia e em meio à guerra na Ucrânia, o Reino Unido tem um fator a mais que impacta à sua economia: o Brexit. Para a população, o impacto o resultado aparece nos bens essenciais como alimentos, combustíveis e energia. O analista de risco britânico Oliver Montique, 28, já imagina que precisará rever seus gastos se o custo da energia continuar a subir, especialmente no inverno, quando o consumo aumenta.

“Eu vejo o aumento nas prateleiras, com os bens de consumo”, relata. Mas, o que mais tem impacto no seu bolso atualmente é o transporte. “Temos uma situação em Londres agora que as pessoas não conseguem usar nem o transporte público porque está incrivelmente caro.” Sua estratégia tem sido pensar em formas de investimento agora para preservar o salário frente à desvalorização com a inflação.

Assim como Montique, a brasileira Jordana Mazzo Machado, 26, se impressionou com o aumento no preço dos alimentos na Escócia. Grande parte dos alimentos consumidos no Reino Unido, como a maioria dos grãos, carne, laticínios e ovos, são importados da União Europeia.

Manifestantes anti-Brexit do lado de fora do parlamento em Londres Foto: ANDY RAIN/EPA/EFE

“O preço das frutas, vegetais e as comidas em geral subiram assim como o do combustível”, conta. “Isso não chegou a trazer mudanças na nossa forma de gastar. Continuamos mantendo o mesmo ritmo de antes, mas percebendo que está mais caro agora”.

O último impacto em sua rotina foi a da greve promovida pelos trabalhadores dos transportes públicos do país, a maior dos últimos 30 anos. Com paralisações ocorridas nas últimas terça e quinta-feira, além de sábado, os sindicatos pedem aumentos salariais que correspondam à inflação.

Impasse nas Irlandas

Quem mora na Irlanda - do lado europeu da fronteira - também relatam um aumento significativo no custo de vida, ainda que a situação das Irlandas seja um enorme impasse do Brexit.

A maior dor de cabeça do acordo do Brexit foi, e continua sendo, a fronteira entre as Irlandas. Criar uma barreira comercial e migratória muito dura entre a Irlanda do Norte (Reino Unido) e a República da Irlanda (União Europeia) pode reacender um conflito a décadas adormecido.

A questão foi uma das principais a levar a consecutivas rejeições dos acordos anteriores para o Brexit, o que culminou na renúncia da então primeira-ministra, Theresa May. No fim, a proposta foi a criação do Protocolo da Irlanda do Norte, que criou uma salvaguarda, permitindo que o país continuasse no território aduaneiro da UE.

Porém, o tópico voltou a ser um assunto nos últimos meses, já que o Reino Unido propôs rever o protocolo. Bruxelas acusa Londres de ter violado o acordo e a situação já levanta temores de uma guerra comercial entre as partes.

“Eles basicamente empurraram para frente um problema que não sabiam como solucionar”, diz Leonardo Paz, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV. “Eles só assinaram essa ideia de não criação de uma barreira, imaginando que no futuro iriam achar uma solução, mas até agora ninguém achou.”

A UE anunciou que está planejando uma ação legal contra o governo do Reino Unido por seus planos de desmantelar partes do norte Protocolo da Irlanda após acordo pós-Brexit  Foto: MARK MARLOW/EFE

No início do mês, a ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, apresentou um projeto de lei que faria mudanças importantes no protocolo, afetando especialmente o fluxo de mercadorias entre a Irlanda do Norte e a Inglaterra. Com a justificativa de proteger o acordo da Sexta-feira Santa, Truss afirmou que o Reino Unido poderia mudar unilateralmente o protocolo.

A reação europeia foi imediata. A Comissão Europeia respondeu que tomará “todas as medidas à sua disposição” se os britânicos seguirem com o plano de mudança. Segundo Maroš Šefčovič, encarregado da UE pelas relações com o Reino Unido, o país corre o risco de perder todos os acordos de livre comércio com o bloco se prosseguir com a ideia.

O economista da University College London Morten O. Ravn alerta que nada de positivo sairia de uma quebra do protocolo. “Uma possível consequência é que seriam necessárias barreiras comerciais entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. Tal resultado seria, por muitas razões, extremamente desafiador. A UE pode, em reação a um movimento unilateral do Reino Unido, também revisitar outras partes do acordo do Brexit, tornando os acordos comerciais do Reino Unido com a UE ainda mais desafiadores.”

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