ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 22, que o Brics não significa um “antagonismo” a outros fóruns internacionais dos quais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul participam.
“O Brics tem grande contribuição a dar. Brasil, África do Sul, Índia, China e Rússia podem, cada um a partir de sua perspectiva, oferecer ao mundo uma visão coerente com seus propósitos e que não signifique nenhum tipo de antagonismo a outros fóruns importantes dos quais nós mesmos participamos”, disse o ministro, em discurso no Fórum Empresarial do Brics, em Johannesburgo.
O evento antecede a XV Cúpula do Brics, que será aberta ainda nesta terça na cidade sul-africana. A expansão do bloco será o principal tema a ser debatido pelos líderes dos países-membros. No discurso, Haddad antecipou a posição do governo brasileiro, que negocia a ampliação do grupo, mas não quer se indispor com parceiros como os Estados Unidos e a União Europeia.
A China, mais poderoso integrante do Brics, pressiona pela inclusão de até 23 países, o que alteraria o perfil político, econômico e populacional do bloco. O entendimento de diplomatas brasileiros é de que Pequim ambiciona a formação de um grupo cada vez mais antagônico ao Ocidente e ao G-7.
Valores comuns
No discurso, Haddad defendeu que os países do Brics “se unam em torno dos valores comuns da liberdade, da soberania nacional, do mundo equilibrado”, na busca de “oportunidades para toda sua gente sem distinção de raça, etnia, gênero, nacionalidade e religião”. O ministro ainda reforçou os compromissos do Brasil com “o multilateralismo, a diversidade cultural e a distribuição de oportunidades de crescimento”.
Haddad também criticou a concentração do parque industrial em poucos países. “Penso sinceramente que África e América do Sul podem ser plataformas para diversificação das atividades industriais. O mundo vive um retrocesso do ponto de vista da globalização, mas isso pode ser uma oportunidade para uma grande diversificação, para a pulverização das plantas industriais, oferecendo a nossos povos salários e empregos mais dignos e qualificados.”
Reforma tributária
Haddad exaltou a reforma tributária, em tramitação no Congresso. “O Brasil ansiava por uma racionalização do seu sistema tributário, que afastava investidores estrangeiros, diante da complexidade de um País federativo e de cada Estado com uma legislação própria e nem sempre coerente com os demais da Federação”, disse o ministro. “A partir de amplo acordo com governadores, com a Câmara e o Senado, foi possível fazer um primeiro teste do novo sistema tributário, que agora se encontra no Senado para a finalização do texto que será promulgado ainda neste ano.”
Haddad também citou a “reorientação da política ecológica brasileira”, com a produção de “energia limpa” para a reindustrialização do País e também para exportação.