Canal do Panamá: Veja como o ‘Estadão’ cobriu sua história desde 1879


Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, ameaça exigir o Canal do Panamá de volta se país não reduzir taxas

Por Jessica Brasil Skroch

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou os aumentos de taxas que o Panamá impôs para usar o Canal do Panamá como “ridículos”. Ele afirma que se as coisas não mudarem depois que ele assumir o cargo no próximo mês, “exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido aos Estados Unidos, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”

Eclusas de Miraflores do Canal do Panamá, tirada na Cidade do Panamá em 23 de dezembro de 2024 Foto: Arnulfo Franco/ARNULFO FRANCO

O Canal do Panamá é uma via aquática artificial que usa uma série de eclusas e reservatórios ao longo de 82 quilômetros para cortar pelo meio o Panamá e conectar o Atlântico e o Pacífico. Isso poupa aos navios ter que navegar por cerca de 11 mil quilômetros para contornar o Cabo Horn na ponta sul da América do Sul. A via economiza tempo, combustível e possibilita entrega mais rápida de mercadorias.

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O Estadão, que completará 150 anos em 2025, acompanhou de perto os acontecimentos envolvendo o Canal do Panamá, passando pela sua construção, inauguração, protestos e a transferência de poder sobre o Canal do EUA ao Panamá.

Abaixo, veja como o Estadão cobriu a história do Canal do Panamá, com imagens das páginas do jornal.

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Início da construção

O projeto do Canal do Panamá começou em 1880 sob a liderança do engenheiro francês Ferdinand de Lesseps, que havia concluído o Canal de Suez, no Egito.

O Estadão acompanhou as discussões e planejamentos anteriores à construção. Em 12 de agosto de 1879, o jornal noticiou que Lesseps disse, em um banquete em Rouen (França), que a construção do Canal começaria o quanto antes e que levaria 10 anos. Em 8 de março de 1880, o jornal colocou que Lesseps preparava uma expedição para levantar as plantas do Canal do Panamá.

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Estadão, que em 1880 se chamava "A Província de São Paulo", reportou sobre o início da construção do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Desde o início, o Estados Unidos já estava preocupado com a construção do canal. Em 12 de março de 1880, o Estadão escreveu que o então presidente Rutherford Birchard Hayes disse, em mensagem, que era necessário que a construção fosse realizada “sob o exame dos Estados Unidos”.

Estados Unidos já estava interessado no Canal do Panamá desde 1880 Foto: Acervo Estadão
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Em 29 de dezembro de 1880, o Estadão publicou na primeira página do jornal a reportagem “Abertura do ishtmo de Panamá”, explicando como o empreendimento aconteceria, o seu histórico e as vantagens comerciais da construção. O istmo, uma faixa estreita de terra que conecta duas grandes massas de terra, seria cortado para conectar o Oceano Atlântico ao Pacífico.

“Sua perfuração, comunicando as águas dos dois oceanos, é uma empresa talvez superior em resultados comerciais à do Canal de Suez, e desde épocas remotíssimas preocupa a atenção comercial do mundo”, escreveu o Estadão.

Estadão publica matéria sobre histórico do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão
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A reportagem traz um breve histórico de propostas e iniciativas de abertura de um canal na região, que já era pensada há muito tempo como forma de reduzir a jornada entre os dois oceanos. A construção deveria levar oito anos e custar 813 milhões de francos, segundo a reportagem.

“Aquilo que não há muito tempo se afigurava ser uma utopia é já uma realidade em execução, dando lugar a uma especulação sem limites”, escreveu o jornal. O Estadão também expressou preocupação com os prejuízos que a obra traria ao Brasil, já que o porto do Rio de Janeiro pararia de ser escala de navegação entre a Europa e o Pacífico.

Doenças como malária e febre amarela, erros de planejamento e falta de tecnologia adequada levaram a muitas mortes e à falência financeira da empresa, reportada pelo Estadão de 8 de fevereiro de 1889. Assim, o projeto foi abandonado.

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Estadão publica sobre a falência da companhia do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Assinatura do Tratado Hay-Bunau-Varilla

Logo após a independência do Panamá da Colômbia, o Tratado Hay-Bunau-Varilla foi firmado entre os EUA e o Panamá em 18 de novembro de 1903. O documento determinou que os EUA obtivessem os direitos para construir e controlar o Canal do Panamá.

O Estadão publicou sobre o acontecimento na primeira página da edição de 23 de novembro de 1903, com o título “A Semana Extrangeira”. A independência do Panamá foi apoiada pelos EUA, que por sua vez tinha interesse em construir o canal que havia sido abandonado.

“Este documento, que ficará conhecido pela designação de tratado Hay-Varilla, concede aos americanos do Norte tudo quanto queriam e os colombianos lhes negavam: o território por onde será aberto o canal ficará sob a soberania absoluta dos Estados Unidos; os Estados Unidos e o Panamá têm iguais direitos no que toca à passagem do canal”, escreveu o Estado de S. Paulo.

Estadão publica sobre a independência do Panamá e a transferência de poder do Canal aos EUA Foto: Acervo Estadão

“A compensação que a nova república [o Panamá] teve foi a independência”, diz a publicação.

Inauguração do Canal do Panamá

A inauguração do Canal do Panamá ocorreu em 15 de agosto de 1914. O Estadão noticiou o acontecimento no dia seguinte.

“O primeiro vapor que o atravessou foi ‘Ancon’, que transpoz as eclusas de Gatum, seguido de outros navios. A abertura do canal foi celebrada por toda parte com grandes festas”.

Estadão publica sobre a inauguração do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Protestos e Tratado Torrijos-Carter (1964–1977)

Em 9 de janeiro de 1964, estudantes panamenhos realizaram protestos em relação ao controle dos Estados Unidos sobre a Zona do Canal. O conflito começou depois que uma bandeira panamenha foi rasgada na área. Estudantes foram mortos em conflito com policiais.

No dia 14, o Estadão reportou que o Itamaraty era favorável a uma Comissão Mista de Cooperação entre os Estados Unidos e o Panamá para resolver pacificamente as tensões.

Estadão escreve que Itamaraty era favorável à cooperação entre países para amenizar conflitos na Zona do Canal Foto: Acervo Estadão

Os protestos e conflitos perduraram por mais diversos anos. Em 7 de setembro de 1977, o presidente panamenho Omar Torrijos e o presidente dos EUA, Jimmy Carter, assinaram os Tratados Torrijos-Carter, que garantiram a transferência do controle do Canal do Panamá para o Panamá em 31 de dezembro de 1999, ou seja, mais de 22 anos depois.

“Acordo é símbolo de cooperação, diz Carter” foi o título do Estadão para matéria especial sobre os tratados, publicada no dia 8 de setembro. A reportagem ocupou três páginas daquela edição e apresentou os discursos dos presidentes, negociações paralelas e manifestações contrárias e favoráveis ao acordo.

A cobertura refletiu a grandiosidade do evento, que contou com representantes de 27 países na cerimônia de assinatura dos tratados.

Estadão publicou reportagem especial sobre os acordos que transferiram o Canal do Panamá novamente ao país latino Foto: Acervo Estadão

Transferência completa do canal ao Panamá

Sob os termos dos Tratados Torrijos-Carter, o controle total do canal foi transferido aos panamenhos em 31 de dezembro de 1999.

Estadão publica sobre a devolução do Canal ao Panamá Foto: Acervo Estadão

“85 anos depois, canal é devolvido ao Panamá”, é o título da reportagem sobre o tema na edição do Estadão do dia 15 de dezembro de 1999. No dia anterior, a então presidente do país, Mireya Moscoso, recebia simbolicamente o controle do canal em uma cerimônia.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou os aumentos de taxas que o Panamá impôs para usar o Canal do Panamá como “ridículos”. Ele afirma que se as coisas não mudarem depois que ele assumir o cargo no próximo mês, “exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido aos Estados Unidos, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”

Eclusas de Miraflores do Canal do Panamá, tirada na Cidade do Panamá em 23 de dezembro de 2024 Foto: Arnulfo Franco/ARNULFO FRANCO

O Canal do Panamá é uma via aquática artificial que usa uma série de eclusas e reservatórios ao longo de 82 quilômetros para cortar pelo meio o Panamá e conectar o Atlântico e o Pacífico. Isso poupa aos navios ter que navegar por cerca de 11 mil quilômetros para contornar o Cabo Horn na ponta sul da América do Sul. A via economiza tempo, combustível e possibilita entrega mais rápida de mercadorias.

O Estadão, que completará 150 anos em 2025, acompanhou de perto os acontecimentos envolvendo o Canal do Panamá, passando pela sua construção, inauguração, protestos e a transferência de poder sobre o Canal do EUA ao Panamá.

Abaixo, veja como o Estadão cobriu a história do Canal do Panamá, com imagens das páginas do jornal.

Início da construção

O projeto do Canal do Panamá começou em 1880 sob a liderança do engenheiro francês Ferdinand de Lesseps, que havia concluído o Canal de Suez, no Egito.

O Estadão acompanhou as discussões e planejamentos anteriores à construção. Em 12 de agosto de 1879, o jornal noticiou que Lesseps disse, em um banquete em Rouen (França), que a construção do Canal começaria o quanto antes e que levaria 10 anos. Em 8 de março de 1880, o jornal colocou que Lesseps preparava uma expedição para levantar as plantas do Canal do Panamá.

Estadão, que em 1880 se chamava "A Província de São Paulo", reportou sobre o início da construção do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Desde o início, o Estados Unidos já estava preocupado com a construção do canal. Em 12 de março de 1880, o Estadão escreveu que o então presidente Rutherford Birchard Hayes disse, em mensagem, que era necessário que a construção fosse realizada “sob o exame dos Estados Unidos”.

Estados Unidos já estava interessado no Canal do Panamá desde 1880 Foto: Acervo Estadão

Em 29 de dezembro de 1880, o Estadão publicou na primeira página do jornal a reportagem “Abertura do ishtmo de Panamá”, explicando como o empreendimento aconteceria, o seu histórico e as vantagens comerciais da construção. O istmo, uma faixa estreita de terra que conecta duas grandes massas de terra, seria cortado para conectar o Oceano Atlântico ao Pacífico.

“Sua perfuração, comunicando as águas dos dois oceanos, é uma empresa talvez superior em resultados comerciais à do Canal de Suez, e desde épocas remotíssimas preocupa a atenção comercial do mundo”, escreveu o Estadão.

Estadão publica matéria sobre histórico do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

A reportagem traz um breve histórico de propostas e iniciativas de abertura de um canal na região, que já era pensada há muito tempo como forma de reduzir a jornada entre os dois oceanos. A construção deveria levar oito anos e custar 813 milhões de francos, segundo a reportagem.

“Aquilo que não há muito tempo se afigurava ser uma utopia é já uma realidade em execução, dando lugar a uma especulação sem limites”, escreveu o jornal. O Estadão também expressou preocupação com os prejuízos que a obra traria ao Brasil, já que o porto do Rio de Janeiro pararia de ser escala de navegação entre a Europa e o Pacífico.

Doenças como malária e febre amarela, erros de planejamento e falta de tecnologia adequada levaram a muitas mortes e à falência financeira da empresa, reportada pelo Estadão de 8 de fevereiro de 1889. Assim, o projeto foi abandonado.

Estadão publica sobre a falência da companhia do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Assinatura do Tratado Hay-Bunau-Varilla

Logo após a independência do Panamá da Colômbia, o Tratado Hay-Bunau-Varilla foi firmado entre os EUA e o Panamá em 18 de novembro de 1903. O documento determinou que os EUA obtivessem os direitos para construir e controlar o Canal do Panamá.

O Estadão publicou sobre o acontecimento na primeira página da edição de 23 de novembro de 1903, com o título “A Semana Extrangeira”. A independência do Panamá foi apoiada pelos EUA, que por sua vez tinha interesse em construir o canal que havia sido abandonado.

“Este documento, que ficará conhecido pela designação de tratado Hay-Varilla, concede aos americanos do Norte tudo quanto queriam e os colombianos lhes negavam: o território por onde será aberto o canal ficará sob a soberania absoluta dos Estados Unidos; os Estados Unidos e o Panamá têm iguais direitos no que toca à passagem do canal”, escreveu o Estado de S. Paulo.

Estadão publica sobre a independência do Panamá e a transferência de poder do Canal aos EUA Foto: Acervo Estadão

“A compensação que a nova república [o Panamá] teve foi a independência”, diz a publicação.

Inauguração do Canal do Panamá

A inauguração do Canal do Panamá ocorreu em 15 de agosto de 1914. O Estadão noticiou o acontecimento no dia seguinte.

“O primeiro vapor que o atravessou foi ‘Ancon’, que transpoz as eclusas de Gatum, seguido de outros navios. A abertura do canal foi celebrada por toda parte com grandes festas”.

Estadão publica sobre a inauguração do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Protestos e Tratado Torrijos-Carter (1964–1977)

Em 9 de janeiro de 1964, estudantes panamenhos realizaram protestos em relação ao controle dos Estados Unidos sobre a Zona do Canal. O conflito começou depois que uma bandeira panamenha foi rasgada na área. Estudantes foram mortos em conflito com policiais.

No dia 14, o Estadão reportou que o Itamaraty era favorável a uma Comissão Mista de Cooperação entre os Estados Unidos e o Panamá para resolver pacificamente as tensões.

Estadão escreve que Itamaraty era favorável à cooperação entre países para amenizar conflitos na Zona do Canal Foto: Acervo Estadão

Os protestos e conflitos perduraram por mais diversos anos. Em 7 de setembro de 1977, o presidente panamenho Omar Torrijos e o presidente dos EUA, Jimmy Carter, assinaram os Tratados Torrijos-Carter, que garantiram a transferência do controle do Canal do Panamá para o Panamá em 31 de dezembro de 1999, ou seja, mais de 22 anos depois.

“Acordo é símbolo de cooperação, diz Carter” foi o título do Estadão para matéria especial sobre os tratados, publicada no dia 8 de setembro. A reportagem ocupou três páginas daquela edição e apresentou os discursos dos presidentes, negociações paralelas e manifestações contrárias e favoráveis ao acordo.

A cobertura refletiu a grandiosidade do evento, que contou com representantes de 27 países na cerimônia de assinatura dos tratados.

Estadão publicou reportagem especial sobre os acordos que transferiram o Canal do Panamá novamente ao país latino Foto: Acervo Estadão

Transferência completa do canal ao Panamá

Sob os termos dos Tratados Torrijos-Carter, o controle total do canal foi transferido aos panamenhos em 31 de dezembro de 1999.

Estadão publica sobre a devolução do Canal ao Panamá Foto: Acervo Estadão

“85 anos depois, canal é devolvido ao Panamá”, é o título da reportagem sobre o tema na edição do Estadão do dia 15 de dezembro de 1999. No dia anterior, a então presidente do país, Mireya Moscoso, recebia simbolicamente o controle do canal em uma cerimônia.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou os aumentos de taxas que o Panamá impôs para usar o Canal do Panamá como “ridículos”. Ele afirma que se as coisas não mudarem depois que ele assumir o cargo no próximo mês, “exigiremos que o Canal do Panamá seja devolvido aos Estados Unidos, integralmente, rapidamente e sem questionamentos”

Eclusas de Miraflores do Canal do Panamá, tirada na Cidade do Panamá em 23 de dezembro de 2024 Foto: Arnulfo Franco/ARNULFO FRANCO

O Canal do Panamá é uma via aquática artificial que usa uma série de eclusas e reservatórios ao longo de 82 quilômetros para cortar pelo meio o Panamá e conectar o Atlântico e o Pacífico. Isso poupa aos navios ter que navegar por cerca de 11 mil quilômetros para contornar o Cabo Horn na ponta sul da América do Sul. A via economiza tempo, combustível e possibilita entrega mais rápida de mercadorias.

O Estadão, que completará 150 anos em 2025, acompanhou de perto os acontecimentos envolvendo o Canal do Panamá, passando pela sua construção, inauguração, protestos e a transferência de poder sobre o Canal do EUA ao Panamá.

Abaixo, veja como o Estadão cobriu a história do Canal do Panamá, com imagens das páginas do jornal.

Início da construção

O projeto do Canal do Panamá começou em 1880 sob a liderança do engenheiro francês Ferdinand de Lesseps, que havia concluído o Canal de Suez, no Egito.

O Estadão acompanhou as discussões e planejamentos anteriores à construção. Em 12 de agosto de 1879, o jornal noticiou que Lesseps disse, em um banquete em Rouen (França), que a construção do Canal começaria o quanto antes e que levaria 10 anos. Em 8 de março de 1880, o jornal colocou que Lesseps preparava uma expedição para levantar as plantas do Canal do Panamá.

Estadão, que em 1880 se chamava "A Província de São Paulo", reportou sobre o início da construção do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Desde o início, o Estados Unidos já estava preocupado com a construção do canal. Em 12 de março de 1880, o Estadão escreveu que o então presidente Rutherford Birchard Hayes disse, em mensagem, que era necessário que a construção fosse realizada “sob o exame dos Estados Unidos”.

Estados Unidos já estava interessado no Canal do Panamá desde 1880 Foto: Acervo Estadão

Em 29 de dezembro de 1880, o Estadão publicou na primeira página do jornal a reportagem “Abertura do ishtmo de Panamá”, explicando como o empreendimento aconteceria, o seu histórico e as vantagens comerciais da construção. O istmo, uma faixa estreita de terra que conecta duas grandes massas de terra, seria cortado para conectar o Oceano Atlântico ao Pacífico.

“Sua perfuração, comunicando as águas dos dois oceanos, é uma empresa talvez superior em resultados comerciais à do Canal de Suez, e desde épocas remotíssimas preocupa a atenção comercial do mundo”, escreveu o Estadão.

Estadão publica matéria sobre histórico do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

A reportagem traz um breve histórico de propostas e iniciativas de abertura de um canal na região, que já era pensada há muito tempo como forma de reduzir a jornada entre os dois oceanos. A construção deveria levar oito anos e custar 813 milhões de francos, segundo a reportagem.

“Aquilo que não há muito tempo se afigurava ser uma utopia é já uma realidade em execução, dando lugar a uma especulação sem limites”, escreveu o jornal. O Estadão também expressou preocupação com os prejuízos que a obra traria ao Brasil, já que o porto do Rio de Janeiro pararia de ser escala de navegação entre a Europa e o Pacífico.

Doenças como malária e febre amarela, erros de planejamento e falta de tecnologia adequada levaram a muitas mortes e à falência financeira da empresa, reportada pelo Estadão de 8 de fevereiro de 1889. Assim, o projeto foi abandonado.

Estadão publica sobre a falência da companhia do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Assinatura do Tratado Hay-Bunau-Varilla

Logo após a independência do Panamá da Colômbia, o Tratado Hay-Bunau-Varilla foi firmado entre os EUA e o Panamá em 18 de novembro de 1903. O documento determinou que os EUA obtivessem os direitos para construir e controlar o Canal do Panamá.

O Estadão publicou sobre o acontecimento na primeira página da edição de 23 de novembro de 1903, com o título “A Semana Extrangeira”. A independência do Panamá foi apoiada pelos EUA, que por sua vez tinha interesse em construir o canal que havia sido abandonado.

“Este documento, que ficará conhecido pela designação de tratado Hay-Varilla, concede aos americanos do Norte tudo quanto queriam e os colombianos lhes negavam: o território por onde será aberto o canal ficará sob a soberania absoluta dos Estados Unidos; os Estados Unidos e o Panamá têm iguais direitos no que toca à passagem do canal”, escreveu o Estado de S. Paulo.

Estadão publica sobre a independência do Panamá e a transferência de poder do Canal aos EUA Foto: Acervo Estadão

“A compensação que a nova república [o Panamá] teve foi a independência”, diz a publicação.

Inauguração do Canal do Panamá

A inauguração do Canal do Panamá ocorreu em 15 de agosto de 1914. O Estadão noticiou o acontecimento no dia seguinte.

“O primeiro vapor que o atravessou foi ‘Ancon’, que transpoz as eclusas de Gatum, seguido de outros navios. A abertura do canal foi celebrada por toda parte com grandes festas”.

Estadão publica sobre a inauguração do Canal do Panamá Foto: Acervo Estadão

Protestos e Tratado Torrijos-Carter (1964–1977)

Em 9 de janeiro de 1964, estudantes panamenhos realizaram protestos em relação ao controle dos Estados Unidos sobre a Zona do Canal. O conflito começou depois que uma bandeira panamenha foi rasgada na área. Estudantes foram mortos em conflito com policiais.

No dia 14, o Estadão reportou que o Itamaraty era favorável a uma Comissão Mista de Cooperação entre os Estados Unidos e o Panamá para resolver pacificamente as tensões.

Estadão escreve que Itamaraty era favorável à cooperação entre países para amenizar conflitos na Zona do Canal Foto: Acervo Estadão

Os protestos e conflitos perduraram por mais diversos anos. Em 7 de setembro de 1977, o presidente panamenho Omar Torrijos e o presidente dos EUA, Jimmy Carter, assinaram os Tratados Torrijos-Carter, que garantiram a transferência do controle do Canal do Panamá para o Panamá em 31 de dezembro de 1999, ou seja, mais de 22 anos depois.

“Acordo é símbolo de cooperação, diz Carter” foi o título do Estadão para matéria especial sobre os tratados, publicada no dia 8 de setembro. A reportagem ocupou três páginas daquela edição e apresentou os discursos dos presidentes, negociações paralelas e manifestações contrárias e favoráveis ao acordo.

A cobertura refletiu a grandiosidade do evento, que contou com representantes de 27 países na cerimônia de assinatura dos tratados.

Estadão publicou reportagem especial sobre os acordos que transferiram o Canal do Panamá novamente ao país latino Foto: Acervo Estadão

Transferência completa do canal ao Panamá

Sob os termos dos Tratados Torrijos-Carter, o controle total do canal foi transferido aos panamenhos em 31 de dezembro de 1999.

Estadão publica sobre a devolução do Canal ao Panamá Foto: Acervo Estadão

“85 anos depois, canal é devolvido ao Panamá”, é o título da reportagem sobre o tema na edição do Estadão do dia 15 de dezembro de 1999. No dia anterior, a então presidente do país, Mireya Moscoso, recebia simbolicamente o controle do canal em uma cerimônia.

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