Um dos candidatos à presidência do Equador, Fernando Villavicencio, 59 anos, foi assassinado nesta quarta-feira, 9, com três tiros na cabeça enquanto saía de um ato de campanha na capital do país, Quito.
Carlos Figueroa, um amigo pessoal de Villavicencio, afirmou em um vídeo divulgado em redes sociais que o candidato chegou a ser levado para um hospital próximo do local dos disparos, mas não resistiu aos ferimentos.
O ataque a tiros, que ocorreu às 18h20 (hora de Quito), deixou pelo menos nove pessoas feridas, sete das quais tiveram que ser levadas ao hospital, de acordo com fontes da campanha citadas pelo El Universo.
Em recentes pesquisas eleitorais, Fernando Villavicencio aparecia no quinto lugar entre os candidatos às eleições presidenciais do país sul-americano. As eleições do Equador devem ocorrer no dia 20 de agosto deste ano.
Na rede social X, anteriormente Twitter, o atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, afirmou estar estar “indignado e consternado” pelo assassinado do candidato” e que “o crime não vai ficar impune”.
O diretor de investigações da polícia equatoriana, Alain Luna, condenou o assassinato do candidato, que qualificou de “ato de terrorismo”. Ele também informou que detonações controladas de explosivos foram deixadas no local do comício em que Villavicencio estava presente.
Em julho Agustín Intriago, o prefeito da cidade com o segundo maior porto do país, Manta, também foi assassinado a tiros.
Villavicencio, foi um jornalista proeminente do Equador antes de ser eleito para a Assembleia Legislativa do país, em 2021.
O político havia se comprometido a renegociar contratos com empresas estrangeiras de petróleo e mineração e a adotar uma política de “mão de ferro” com os cartéis de drogas.
Dias antes do ataque fatal, Villavicencio revelou que havia recebido diversas ameaças por telefone, mas, apesar disso, o candidato continuou com sua campanha política, depois de apresentar uma queixa à Procuradoria Geral da República.
Durante o governo do presidente Rafael Correa, de 2007 a 2017, Villavicencio ficou muito conhecido no Equador pela publicação reportagens sobre escândalos de corrupção do oficialismo.
Suspeitos do crime
Seis pessoas foram presas ainda na noite de quarta-feira, supostamente envolvidas no assassinato do candidato. As prisões foram feitas durante uma série de batidas realizadas em Conocoto e San Bartolo, dois bairros da capital equatoriana, segundo o Ministério Público do Equador por meio de seus canais oficiais.
Além dos seis presos, um homem suspeito de ter dado o tiro que matou o candidato morreu em um tiroteio com agentes de segurança pouco depois da morte de Villavicencio. O Ministério Público do país informou em redes sociais que o suspeito, “ferido durante uma troca de tiros com agentes de segurança, foi detido e levado em estado grave para a Unidade de Flagrantes em Quito”.
”Uma ambulância do Corpo de Bombeiros confirmou a morte. A polícia procedeu com a remoção do corpo”, acrescentou o Ministério Público sobre o suposto autor do assassinato.
Até o momento, não foram divulgadas mais informações sobre os autores do ataque, nem confirmações se ele foi cometido por um único atirador.
O movimento político Constrói, que tinha Villavicencio como candidato à presidência, denunciou nas redes sociais que homens armados haviam atacado seus escritórios de campanha em Quito poucas horas depois do atentado contra o político.
Enquanto as investigações de autoria acontecem, o Ministério Público procedeu com a remoção do corpo de Villavicencio do centro médico para onde ele foi levado após o ataque e o transferiu para um necrotério para sua autópsia.
Aumento da violência no Equador
O assassinato do político ocorre em um momento de tensão no país, que sofreu uma escalada da violência nos últimos dois anos devido às ações das gangues.
Assassinatos, homicídios, extorsões, ataques com explosivos, entre outros crimes, passaram a ser cada vez mais comuns no Equador, e fundamentalmente em Quito, gerando terror entre a população.
Em 2022, Equador registrou a maior taxa de mortes violentas de sua história, registrando 25,32 mortes por cada 100.000 habitantes, a grande maioria associada, segundo o governo, ao crime organizado e ao narcotráfico, que ganhou força no litoral da nação e transformou os portos em centros de distribuição de cocaína para outros continentes.