WASHINGTON - Os Estados Unidos alertaram nesta quarta-feira, 31, que a paciência com a Venezuela está se esgotando ao cobrar a ditadura chavista que comprove o resultado da eleição sob suspeita de fraude. Pressionado, Nicolás Maduro subiu o tom contra os líderes da oposição María Corina Machado e Edmundo González e disse que eles deveriam estar “atrás das grades”.
“Quero assinalar que nossa paciência, e que a paciência da comunidade internacional, está se esgotando”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby. “Está se esgotando à espera de que as autoridades eleitorais venezuelanas digam a verdade e publiquem todos os dados detalhados destas eleições para que todo mundo possa ver os resultados.”
Maduro disse que está pronto para entregar 100% das atas após pedir ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), controlado pelo chavismo, que faça a perícia dos resultados. “Muito em breve serão conhecidas, porque Deus está conosco e as provas já apareceram”, declarou o ditador na sede do tribunal.
Ao mesmo tempo em que busca legitimar a eleição a contestada na Justiça que controla, a ditadura de Nicolás Maduro sobe o tom contra os opositores. “Essas pessoas têm que estar atrás das grades e tem que haver justiça”, disse em entrevista à imprensa internacional no palácio de Miraflores.
Maduro culpou Edmundo González e María Corina Machado pela violência nos protestos contra o resultado das eleições. “Senhor González Urrutia, dê as caras, saia do seu esconderijo, não seja covarde, senhora Machado. Vocês têm as mãos manchadas de sangue”, disparou na coletiva. Os líderes opositores denunciam a repressão aos protestos que deixaram 12 mortos e mais de mil presos, como reconhece o chavismo.
Pressão internacional
O Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, declarou vitória de Nicolás Maduro com 51% dos votos enquanto a oposição denuncia fraude eleitoral. A líder María Corina Machado afirma ter cópias de 84% das atas, que comprovariam a vitória do seu candidato, Edmundo González Urritia.
Sem a divulgação dos documentos das urnas, o Centro Carter, principal observador internacional nas eleições, concluiu que o processo não pode ser considerado democrático e que a falta de transparência impede a confirmação dos resultados.
Mais sobre as eleições na Venezuela
Com as suspeitas que pairam sobre a eleição, cresce a pressão sobre a Venezuela. Mais cedo, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, aliado de Nicolás Maduro, pediu que as eleições terminem em paz. “Permitindo um escrutínio transparente com contagem de votos, atas, supervisão por todas as forças políticas do seu país e supervisão internacional profissional”, apelou em publicação no X.
O G7 também pediu “às autoridades competentes que publiquem resultados eleitorais detalhados com total transparência”.
No Brasil, por outro lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não tem nada grave, assustador ou anormal nas eleições da Venezuela. “Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre oposição e situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar, disse o presidente desconsiderando o controle do chavismo sobre a Justiça da Venezuela. “Estou convencido de que é um processo normal, tranquilo.”/COM AFP