PARIS - O "número dois" do partido de extrema direita Frente Nacional (FN), Florian Philippot, disse nesta sexta-feira, 26, que seu partido irá vetar o uso do véu islâmico e outros símbolos religiosos "ostentosos" em todos os espaços públicos, inclusive na rua, caso assuma o poder.
Em meio à polêmica que dominou o debate na França no último mês pela proibição de algumas cidades do uso do "burkini" nas praias, Philippot indicou em entrevista à "RMC" e "BFM TV" que sua proposta é expandir a lei de 2004 que já restringe o uso do véu islâmico nas escolas e em repartições públicas.
"Vamos ampliar a lei de 2004 para levar a proibição ao conjunto do espaço público", disse ele, detalhando que a medida afetaria o véu islâmico, crucifixo e quipá. Perguntado sobre se isso significaria, por exemplo, a proibição de procissões religiosas, ele respondeu que não, porque ficariam de fora da regra as equipes religiosas e as "manifestações tradicionais".
Philippot lembrou que seu partido já tinha feito essa proposta durante às eleições presidenciais de 2012 e justificou a medida alegando que "hoje existe uma exibição político-religiosa de pessoas que querem provocar a sociedade francesa".
"Os defensores do véu e do burkini têm muitos países no mundo para defendê-los, não na França", declarou. Para ele, o traje de praia usado por mulheres muçulmanas "é um uniforme político-religioso" que pretende "apagar à mulher do espaço público".
Aproximadamente, 30 municípios, em particular na Côte D'Azur, proibiram o burkini em suas praias nas últimas semanas, a imensa maioria governada pelo partido conservador - "Os Republicanos" - do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy. De acordo com a "BFM TV", até o momento, 24 multas foram aplicas em Nice e seis em Cannes pelo uso da peça.
A polêmica em torno do uso do burkini
Nesta sexta-feira, o Conselho de Estado suspendeu de forma temporária a proibição do uso do burkini enquanto se aguarda uma decisão definitiva sobre o assunto. No sistema legal francês, decisões temporárias podem ser proferidas enquanto o tribunal para preparar um julgamento sobre a legalidade do caso.
A decisão do tribunal foi tomada depois que o conselho analisou um pedido da Liga de Direitos Humanos que pedia a suspensão da proibição ao burkini na cidade mediterrânea de Villeneuve-Loubet, alegando que a medida viola as liberdades civis. O tribunal disse em comunicado que o decreto para proibir burkinis em Villeneuve-Loubet "violou, de forma clara e séria, as liberdades fundamentais de ir e vir, a liberdade de opinião e liberdade individual". / EFE e REUTERS