Catar concorda em revisar relação com Hamas após pressão dos EUA


Acordo busca equilibrar o objetivo do governo Biden de resgatar o maior número possível de reféns e desejo de isolar terroristas após ataque em Israel

Por Redação
Atualização:

O Catar concordou em revisar a relação com o grupo terrorista Hamas após um acordo com os Estados Unidos para a libertação de 220 reféns do grupo que estão na Faixa de Gaza, segundo quatro diplomatas americanos ouvidos pelo jornal The Washington Post. O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns e o plano à longo prazo de isolar o Hamas por causa do ataque do dia 7 em Israel.

O acordo, não comentado anteriormente, foi debatido durante uma reunião do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Ainda não está decidido se a revisão vai implicar em uma saída dos líderes do Hamas que residem no Catar, onde possuem um escritório político.

Imagem mostra secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apertando a mão do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, no dia 13 Foto: Jacquelyn Martin / AP
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O Catar tem sido fundamental para ajudar os Estados Unidos e Israel a garantir a libertação de reféns e se comunicar com o grupo terrorista Hamas sobre outras questões urgentes, como o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e a passagem segura de palestinos com dupla nacionalidade para fora do enclave. Mas o país também fornece abrigo a líderes políticos do Hamas e sedia um escritório para suas operações há mais de uma década, o que o deixa sob escrutínio congressistas americanos mais próximos de Israel.

Na semana passada, Blinken foi questionado sobre como os EUA avaliam a relação de Doha com o Hamas, mas se ateve a responder sobre o papel do país na mediação da crise dos reféns. “Tudo que posso dizer em relação ao Catar é, neste caso, que apreciamos muito sua assistência”, disse o chefe da diplomacia americana. “Queremos nos concentrar em garantir que estamos recebendo aqueles que permanecem reféns de volta para casa e com seus entes queridos. Isso é o mais importante.”

Desde o ataque terrorista do Hamas, o governo Biden tem adotado a política de Israel de fazer uma comparação entre o Hamas e o Estado Islâmico, pressionando governos estrangeiros e instituições a cortarem laços com a organização terrorista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

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O Departamento do Tesouro lançou uma campanha global, impondo sanções aos membros do grupo terrorista Hamas e facilitadores financeiros na Argélia, Sudão, Turquia, Catar e outros lugares. O grupo terrorista recebe apoio económico e militar do Irã, o principal adversário de Israel.

Reféns

Apesar disso, uma política de tolerância zero nas associações do Hamas ameaça as delicadas negociações de reféns entre o grupo terrorista e o Catar. Na sexta-feira passada, 20, duas mulheres israelenses com passaporte americano foram libertadas. Na segunda-feira, 23, outras duas reféns idosas também saíram do cativeiro na Faixa de Gaza

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O governo israelense afirmou na quarta-feira, 25, que mais da metade dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas tem passaportes de países estrangeiros, incluindo 54 tailandeses, 15 argentinos, 12 alemães, 12 americanos, seis franceses e seis russos.

Yocheved Lifschitz, de 85 anos, foi libertada pelo grupo terrorista Hamas na segunda-feira, 23  Foto: Abir Sultan/EFE

Mais do que qualquer conflito anterior no Oriente Médio, a guerra entre Israel e o Hamas está testando a capacidade do Catar de gerenciar seu portfólio diversificado de contatos sem cruzar limites com seus principais parceiros. Seus recentes esforços de mediação provocaram aplausos dos Estados Unidos e elogios raros de Israel.

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“O Catar está se tornando uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias. Os esforços diplomáticos do Catar são cruciais neste momento”, afirmou o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, em comunicado na quarta-feira, 25.

Opções

Embora a possível saída dos líderes do grupo terrorista Hamas do Catar representasse um objetivo há muito almejado pelo Partido Republicano nos EUA, provavelmente levaria os representantes do grupo terrorista a fixar residência em portos menos amigáveis, segundo especialistas, diminuindo potencialmente a capacidade de negociação do Ocidente em questões espinhosas, como acordos de cessar-fogo, pausas humanitárias ou trocas de prisioneiros.

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“Se os líderes do Hamas deixassem o Catar, provavelmente iriam para o Irã, Síria ou o Líbano, ou para algum lugar mais distante, como a Argélia”, aponta Bruce Riedel, especialista em Oriente Médio e antigo funcionário da CIA.

O Qatar, ao contrário de muitos países no Oriente Médio, tem procurado manter linhas de comunicação abertas em toda a região e alavancar os seus laços com um conjunto diversificado de interlocutores. Como defensor da causa palestina, a nação rica de 2,7 milhões de pessoas paga os salários dos funcionários públicos em Gaza e faz transferências diretas de dinheiro para as famílias pobres do enclave palestino.

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Doha abriga líderes importantes do grupo terrorista Hamas como Ismail Haniyeh, líder supremo do grupo, e Khaled Mashaal, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato de Israel em 1997.

Em 2012, o então emir do Catar, Xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, tornou-se o primeiro chefe de Estado a visitar a Faixa de Gaza.

Parceria com os EUA

Além de negociar a libertação de reféns, o Catar também desempenhou um papel de intermediário para os Estados Unidos em diversas situações.

Na recente troca de prisioneiros dos EUA com o Irã, envolvendo o desbloqueio de 6 milhões de dólares em receitas petrolíferas iranianas, o Catar concordou em gerir o dinheiro. O acordo limitou o acesso do Irã aos fundos a produtos humanitários, como alimentos e medicamentos. Mas depois do ataque de 7 de Outubro e em resposta à pressão do Congresso dos EUA, Doha e Washington concordaram em não atender aos pedidos de Teerã para aceder a esses fundos por enquanto.

“O Catar tem uma política externa de 360 graus”, disse Riedel. “Eles hospedam altos funcionários políticos do Hamas. Eles fornecem aos Estados Unidos uma enorme base aérea e eles conversam com os iranianos.”/W.Post

O Catar concordou em revisar a relação com o grupo terrorista Hamas após um acordo com os Estados Unidos para a libertação de 220 reféns do grupo que estão na Faixa de Gaza, segundo quatro diplomatas americanos ouvidos pelo jornal The Washington Post. O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns e o plano à longo prazo de isolar o Hamas por causa do ataque do dia 7 em Israel.

O acordo, não comentado anteriormente, foi debatido durante uma reunião do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Ainda não está decidido se a revisão vai implicar em uma saída dos líderes do Hamas que residem no Catar, onde possuem um escritório político.

Imagem mostra secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apertando a mão do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, no dia 13 Foto: Jacquelyn Martin / AP

O Catar tem sido fundamental para ajudar os Estados Unidos e Israel a garantir a libertação de reféns e se comunicar com o grupo terrorista Hamas sobre outras questões urgentes, como o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e a passagem segura de palestinos com dupla nacionalidade para fora do enclave. Mas o país também fornece abrigo a líderes políticos do Hamas e sedia um escritório para suas operações há mais de uma década, o que o deixa sob escrutínio congressistas americanos mais próximos de Israel.

Na semana passada, Blinken foi questionado sobre como os EUA avaliam a relação de Doha com o Hamas, mas se ateve a responder sobre o papel do país na mediação da crise dos reféns. “Tudo que posso dizer em relação ao Catar é, neste caso, que apreciamos muito sua assistência”, disse o chefe da diplomacia americana. “Queremos nos concentrar em garantir que estamos recebendo aqueles que permanecem reféns de volta para casa e com seus entes queridos. Isso é o mais importante.”

Desde o ataque terrorista do Hamas, o governo Biden tem adotado a política de Israel de fazer uma comparação entre o Hamas e o Estado Islâmico, pressionando governos estrangeiros e instituições a cortarem laços com a organização terrorista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

O Departamento do Tesouro lançou uma campanha global, impondo sanções aos membros do grupo terrorista Hamas e facilitadores financeiros na Argélia, Sudão, Turquia, Catar e outros lugares. O grupo terrorista recebe apoio económico e militar do Irã, o principal adversário de Israel.

Reféns

Apesar disso, uma política de tolerância zero nas associações do Hamas ameaça as delicadas negociações de reféns entre o grupo terrorista e o Catar. Na sexta-feira passada, 20, duas mulheres israelenses com passaporte americano foram libertadas. Na segunda-feira, 23, outras duas reféns idosas também saíram do cativeiro na Faixa de Gaza

O governo israelense afirmou na quarta-feira, 25, que mais da metade dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas tem passaportes de países estrangeiros, incluindo 54 tailandeses, 15 argentinos, 12 alemães, 12 americanos, seis franceses e seis russos.

Yocheved Lifschitz, de 85 anos, foi libertada pelo grupo terrorista Hamas na segunda-feira, 23  Foto: Abir Sultan/EFE

Mais do que qualquer conflito anterior no Oriente Médio, a guerra entre Israel e o Hamas está testando a capacidade do Catar de gerenciar seu portfólio diversificado de contatos sem cruzar limites com seus principais parceiros. Seus recentes esforços de mediação provocaram aplausos dos Estados Unidos e elogios raros de Israel.

“O Catar está se tornando uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias. Os esforços diplomáticos do Catar são cruciais neste momento”, afirmou o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, em comunicado na quarta-feira, 25.

Opções

Embora a possível saída dos líderes do grupo terrorista Hamas do Catar representasse um objetivo há muito almejado pelo Partido Republicano nos EUA, provavelmente levaria os representantes do grupo terrorista a fixar residência em portos menos amigáveis, segundo especialistas, diminuindo potencialmente a capacidade de negociação do Ocidente em questões espinhosas, como acordos de cessar-fogo, pausas humanitárias ou trocas de prisioneiros.

“Se os líderes do Hamas deixassem o Catar, provavelmente iriam para o Irã, Síria ou o Líbano, ou para algum lugar mais distante, como a Argélia”, aponta Bruce Riedel, especialista em Oriente Médio e antigo funcionário da CIA.

O Qatar, ao contrário de muitos países no Oriente Médio, tem procurado manter linhas de comunicação abertas em toda a região e alavancar os seus laços com um conjunto diversificado de interlocutores. Como defensor da causa palestina, a nação rica de 2,7 milhões de pessoas paga os salários dos funcionários públicos em Gaza e faz transferências diretas de dinheiro para as famílias pobres do enclave palestino.

Doha abriga líderes importantes do grupo terrorista Hamas como Ismail Haniyeh, líder supremo do grupo, e Khaled Mashaal, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato de Israel em 1997.

Em 2012, o então emir do Catar, Xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, tornou-se o primeiro chefe de Estado a visitar a Faixa de Gaza.

Parceria com os EUA

Além de negociar a libertação de reféns, o Catar também desempenhou um papel de intermediário para os Estados Unidos em diversas situações.

Na recente troca de prisioneiros dos EUA com o Irã, envolvendo o desbloqueio de 6 milhões de dólares em receitas petrolíferas iranianas, o Catar concordou em gerir o dinheiro. O acordo limitou o acesso do Irã aos fundos a produtos humanitários, como alimentos e medicamentos. Mas depois do ataque de 7 de Outubro e em resposta à pressão do Congresso dos EUA, Doha e Washington concordaram em não atender aos pedidos de Teerã para aceder a esses fundos por enquanto.

“O Catar tem uma política externa de 360 graus”, disse Riedel. “Eles hospedam altos funcionários políticos do Hamas. Eles fornecem aos Estados Unidos uma enorme base aérea e eles conversam com os iranianos.”/W.Post

O Catar concordou em revisar a relação com o grupo terrorista Hamas após um acordo com os Estados Unidos para a libertação de 220 reféns do grupo que estão na Faixa de Gaza, segundo quatro diplomatas americanos ouvidos pelo jornal The Washington Post. O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns e o plano à longo prazo de isolar o Hamas por causa do ataque do dia 7 em Israel.

O acordo, não comentado anteriormente, foi debatido durante uma reunião do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Ainda não está decidido se a revisão vai implicar em uma saída dos líderes do Hamas que residem no Catar, onde possuem um escritório político.

Imagem mostra secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apertando a mão do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, no dia 13 Foto: Jacquelyn Martin / AP

O Catar tem sido fundamental para ajudar os Estados Unidos e Israel a garantir a libertação de reféns e se comunicar com o grupo terrorista Hamas sobre outras questões urgentes, como o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e a passagem segura de palestinos com dupla nacionalidade para fora do enclave. Mas o país também fornece abrigo a líderes políticos do Hamas e sedia um escritório para suas operações há mais de uma década, o que o deixa sob escrutínio congressistas americanos mais próximos de Israel.

Na semana passada, Blinken foi questionado sobre como os EUA avaliam a relação de Doha com o Hamas, mas se ateve a responder sobre o papel do país na mediação da crise dos reféns. “Tudo que posso dizer em relação ao Catar é, neste caso, que apreciamos muito sua assistência”, disse o chefe da diplomacia americana. “Queremos nos concentrar em garantir que estamos recebendo aqueles que permanecem reféns de volta para casa e com seus entes queridos. Isso é o mais importante.”

Desde o ataque terrorista do Hamas, o governo Biden tem adotado a política de Israel de fazer uma comparação entre o Hamas e o Estado Islâmico, pressionando governos estrangeiros e instituições a cortarem laços com a organização terrorista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

O Departamento do Tesouro lançou uma campanha global, impondo sanções aos membros do grupo terrorista Hamas e facilitadores financeiros na Argélia, Sudão, Turquia, Catar e outros lugares. O grupo terrorista recebe apoio económico e militar do Irã, o principal adversário de Israel.

Reféns

Apesar disso, uma política de tolerância zero nas associações do Hamas ameaça as delicadas negociações de reféns entre o grupo terrorista e o Catar. Na sexta-feira passada, 20, duas mulheres israelenses com passaporte americano foram libertadas. Na segunda-feira, 23, outras duas reféns idosas também saíram do cativeiro na Faixa de Gaza

O governo israelense afirmou na quarta-feira, 25, que mais da metade dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas tem passaportes de países estrangeiros, incluindo 54 tailandeses, 15 argentinos, 12 alemães, 12 americanos, seis franceses e seis russos.

Yocheved Lifschitz, de 85 anos, foi libertada pelo grupo terrorista Hamas na segunda-feira, 23  Foto: Abir Sultan/EFE

Mais do que qualquer conflito anterior no Oriente Médio, a guerra entre Israel e o Hamas está testando a capacidade do Catar de gerenciar seu portfólio diversificado de contatos sem cruzar limites com seus principais parceiros. Seus recentes esforços de mediação provocaram aplausos dos Estados Unidos e elogios raros de Israel.

“O Catar está se tornando uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias. Os esforços diplomáticos do Catar são cruciais neste momento”, afirmou o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, em comunicado na quarta-feira, 25.

Opções

Embora a possível saída dos líderes do grupo terrorista Hamas do Catar representasse um objetivo há muito almejado pelo Partido Republicano nos EUA, provavelmente levaria os representantes do grupo terrorista a fixar residência em portos menos amigáveis, segundo especialistas, diminuindo potencialmente a capacidade de negociação do Ocidente em questões espinhosas, como acordos de cessar-fogo, pausas humanitárias ou trocas de prisioneiros.

“Se os líderes do Hamas deixassem o Catar, provavelmente iriam para o Irã, Síria ou o Líbano, ou para algum lugar mais distante, como a Argélia”, aponta Bruce Riedel, especialista em Oriente Médio e antigo funcionário da CIA.

O Qatar, ao contrário de muitos países no Oriente Médio, tem procurado manter linhas de comunicação abertas em toda a região e alavancar os seus laços com um conjunto diversificado de interlocutores. Como defensor da causa palestina, a nação rica de 2,7 milhões de pessoas paga os salários dos funcionários públicos em Gaza e faz transferências diretas de dinheiro para as famílias pobres do enclave palestino.

Doha abriga líderes importantes do grupo terrorista Hamas como Ismail Haniyeh, líder supremo do grupo, e Khaled Mashaal, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato de Israel em 1997.

Em 2012, o então emir do Catar, Xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, tornou-se o primeiro chefe de Estado a visitar a Faixa de Gaza.

Parceria com os EUA

Além de negociar a libertação de reféns, o Catar também desempenhou um papel de intermediário para os Estados Unidos em diversas situações.

Na recente troca de prisioneiros dos EUA com o Irã, envolvendo o desbloqueio de 6 milhões de dólares em receitas petrolíferas iranianas, o Catar concordou em gerir o dinheiro. O acordo limitou o acesso do Irã aos fundos a produtos humanitários, como alimentos e medicamentos. Mas depois do ataque de 7 de Outubro e em resposta à pressão do Congresso dos EUA, Doha e Washington concordaram em não atender aos pedidos de Teerã para aceder a esses fundos por enquanto.

“O Catar tem uma política externa de 360 graus”, disse Riedel. “Eles hospedam altos funcionários políticos do Hamas. Eles fornecem aos Estados Unidos uma enorme base aérea e eles conversam com os iranianos.”/W.Post

O Catar concordou em revisar a relação com o grupo terrorista Hamas após um acordo com os Estados Unidos para a libertação de 220 reféns do grupo que estão na Faixa de Gaza, segundo quatro diplomatas americanos ouvidos pelo jornal The Washington Post. O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns e o plano à longo prazo de isolar o Hamas por causa do ataque do dia 7 em Israel.

O acordo, não comentado anteriormente, foi debatido durante uma reunião do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Ainda não está decidido se a revisão vai implicar em uma saída dos líderes do Hamas que residem no Catar, onde possuem um escritório político.

Imagem mostra secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apertando a mão do emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, no dia 13 Foto: Jacquelyn Martin / AP

O Catar tem sido fundamental para ajudar os Estados Unidos e Israel a garantir a libertação de reféns e se comunicar com o grupo terrorista Hamas sobre outras questões urgentes, como o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e a passagem segura de palestinos com dupla nacionalidade para fora do enclave. Mas o país também fornece abrigo a líderes políticos do Hamas e sedia um escritório para suas operações há mais de uma década, o que o deixa sob escrutínio congressistas americanos mais próximos de Israel.

Na semana passada, Blinken foi questionado sobre como os EUA avaliam a relação de Doha com o Hamas, mas se ateve a responder sobre o papel do país na mediação da crise dos reféns. “Tudo que posso dizer em relação ao Catar é, neste caso, que apreciamos muito sua assistência”, disse o chefe da diplomacia americana. “Queremos nos concentrar em garantir que estamos recebendo aqueles que permanecem reféns de volta para casa e com seus entes queridos. Isso é o mais importante.”

Desde o ataque terrorista do Hamas, o governo Biden tem adotado a política de Israel de fazer uma comparação entre o Hamas e o Estado Islâmico, pressionando governos estrangeiros e instituições a cortarem laços com a organização terrorista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.

O Departamento do Tesouro lançou uma campanha global, impondo sanções aos membros do grupo terrorista Hamas e facilitadores financeiros na Argélia, Sudão, Turquia, Catar e outros lugares. O grupo terrorista recebe apoio económico e militar do Irã, o principal adversário de Israel.

Reféns

Apesar disso, uma política de tolerância zero nas associações do Hamas ameaça as delicadas negociações de reféns entre o grupo terrorista e o Catar. Na sexta-feira passada, 20, duas mulheres israelenses com passaporte americano foram libertadas. Na segunda-feira, 23, outras duas reféns idosas também saíram do cativeiro na Faixa de Gaza

O governo israelense afirmou na quarta-feira, 25, que mais da metade dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas tem passaportes de países estrangeiros, incluindo 54 tailandeses, 15 argentinos, 12 alemães, 12 americanos, seis franceses e seis russos.

Yocheved Lifschitz, de 85 anos, foi libertada pelo grupo terrorista Hamas na segunda-feira, 23  Foto: Abir Sultan/EFE

Mais do que qualquer conflito anterior no Oriente Médio, a guerra entre Israel e o Hamas está testando a capacidade do Catar de gerenciar seu portfólio diversificado de contatos sem cruzar limites com seus principais parceiros. Seus recentes esforços de mediação provocaram aplausos dos Estados Unidos e elogios raros de Israel.

“O Catar está se tornando uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias. Os esforços diplomáticos do Catar são cruciais neste momento”, afirmou o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, em comunicado na quarta-feira, 25.

Opções

Embora a possível saída dos líderes do grupo terrorista Hamas do Catar representasse um objetivo há muito almejado pelo Partido Republicano nos EUA, provavelmente levaria os representantes do grupo terrorista a fixar residência em portos menos amigáveis, segundo especialistas, diminuindo potencialmente a capacidade de negociação do Ocidente em questões espinhosas, como acordos de cessar-fogo, pausas humanitárias ou trocas de prisioneiros.

“Se os líderes do Hamas deixassem o Catar, provavelmente iriam para o Irã, Síria ou o Líbano, ou para algum lugar mais distante, como a Argélia”, aponta Bruce Riedel, especialista em Oriente Médio e antigo funcionário da CIA.

O Qatar, ao contrário de muitos países no Oriente Médio, tem procurado manter linhas de comunicação abertas em toda a região e alavancar os seus laços com um conjunto diversificado de interlocutores. Como defensor da causa palestina, a nação rica de 2,7 milhões de pessoas paga os salários dos funcionários públicos em Gaza e faz transferências diretas de dinheiro para as famílias pobres do enclave palestino.

Doha abriga líderes importantes do grupo terrorista Hamas como Ismail Haniyeh, líder supremo do grupo, e Khaled Mashaal, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato de Israel em 1997.

Em 2012, o então emir do Catar, Xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, tornou-se o primeiro chefe de Estado a visitar a Faixa de Gaza.

Parceria com os EUA

Além de negociar a libertação de reféns, o Catar também desempenhou um papel de intermediário para os Estados Unidos em diversas situações.

Na recente troca de prisioneiros dos EUA com o Irã, envolvendo o desbloqueio de 6 milhões de dólares em receitas petrolíferas iranianas, o Catar concordou em gerir o dinheiro. O acordo limitou o acesso do Irã aos fundos a produtos humanitários, como alimentos e medicamentos. Mas depois do ataque de 7 de Outubro e em resposta à pressão do Congresso dos EUA, Doha e Washington concordaram em não atender aos pedidos de Teerã para aceder a esses fundos por enquanto.

“O Catar tem uma política externa de 360 graus”, disse Riedel. “Eles hospedam altos funcionários políticos do Hamas. Eles fornecem aos Estados Unidos uma enorme base aérea e eles conversam com os iranianos.”/W.Post

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