Cenário: Black Lives Matter é uma causa global


Movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos; no fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global

Por Ishaan Tharoor e W.POST

Sob muitos aspectos, o furor da população pelas mortes provocadas pela ação da polícia nos Estados Unidos é, e continuará sendo, uma história especificamente americana.

Poucas entre as principais nações ocidentais sofrem a epidemia de violência das armas que existe nos EUA. Poucas entre as principais nações ocidentais podem competir com a história de racismo sistemático profundamente enraizado existente nos EUA. E poucas superaram o número de mortes por policiais, e de policiais, que existe nos EUA.

Imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge (Louisiana) enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global Foto: REUTERS/Jonathan Bachman
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Mas, como mostram os acontecimentos dos últimos dias, a linguagem e a política do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) têm tido enormes repercussões globais. Protestos inspirados pela solidariedade ocorreram na Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Canadá.

No domingo, em Londres, o Washington Post observou: “As multidões tomaram Oxford Street, Brixton High Street e Westminster, com cartazes que diziam: ‘Faço isso por meu irmão’ e ‘Não à polícia racista’”.

As razões desta simpatia do outro lado do oceano talvez não sejam imediatamente aparentes. Como o diretor de redação do Washington Post de Londres, Griff White, observou um ano atrás, a polícia da Grã-Bretanha só matou duas pessoas nos três últimos anos. “Menos do que a média do número de pessoas feridas e mortas pela polícia todos os dias nos Estados Unidos, nos primeiros cinco meses de 2015, segundo uma análise do Washington Post”, escreveu.

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Na semana passada, as atenções dos EUA se voltaram para o assassinato de cinco policiais pelas mãos de um atirador, que escolheu seus alvos durante uma marcha de protesto do movimento Black Lives Matter em Dallas. O audacioso ataque ocorreu após dois incidentes separados em que policiais brancos balearam homens negros em circunstâncias suspeitas. 

“A campanha presidencial que convulsiona o país há mais de um ano agora parece repentinamente um assunto menor diante dos fatos chocantes ocorridos em Dallas, na Louisiana e em Minnesota e das divisões raciais que voltaram a expor”, escreveu Dan Balz do Post.

O número de americanos negros mortos pela polícia é 2,5 vezes maior que o dos americanos brancos. E isso está acontecendo agora – independentemente dos séculos de sistemáticos abusos raciais que definem a experiência americana, e afrontaram gerações anteriores de manifestantes. Black Lives Matter é um argumento que infelizmente ainda precisa ser debatido.

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Em um ano que viu a própria Europa convulsionada pelo sucesso de correntes políticas de extrema direita e novas versões de nacionalismo míope, este tipo de reação – para minimizar as vozes que se levantam das margens como antiamericana, antibritânica antieuropeia – é bastante familiar.

“Essas pessoas, que vêm aqui para ficarem unidas, estão mostrando que rejeitam a brutalidade da polícia e essa é a coisa mais importante”, disse a um jornal local Maryam Ali, uma das principais organizadoras do Black Lives Matter, de Londres.

E acrescentou: “Acho que as pessoas se esquecem que o racismo ainda predomina em muitos países. Em última análise, este é um pedido de socorro”.

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Um cartaz que Lindsey Bever do Post viu no protesto, dizia: “Sim, todas as vidas são importantes, mas neste momento estamos preocupados com as dos negros. Certo? Porque é muito evidente que nosso sistema judiciário desconhece isso. Além do mais, se você não enxerga por que estamos gritando #blacklivesmatter você é uma parte do problema”. 

Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

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Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

Foto: AP Photo/Paul Holston
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Foto: Christopher Lee/The New York Times
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Manifestantes protestam em Baton Rouge após policiais brancos matarem um homem negro

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Foto: Mark Wallheiser/Getty Images/AFP

O movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos. Estudantes ativistas da África do Sul recentemente fizeram um protesto na frente do consulado americano da Cidade do Cabo. No fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global.

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“Alguns a compararam a uma Estátua da Liberdade moderna, guiando um país profundamente dividido no caminho certo”, disse Michael E. Miller do Post. “Mas também suscitou a comparação com o famoso chinês diante de um tanque em 1989 na Praça Tiananmen.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Sob muitos aspectos, o furor da população pelas mortes provocadas pela ação da polícia nos Estados Unidos é, e continuará sendo, uma história especificamente americana.

Poucas entre as principais nações ocidentais sofrem a epidemia de violência das armas que existe nos EUA. Poucas entre as principais nações ocidentais podem competir com a história de racismo sistemático profundamente enraizado existente nos EUA. E poucas superaram o número de mortes por policiais, e de policiais, que existe nos EUA.

Imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge (Louisiana) enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

Mas, como mostram os acontecimentos dos últimos dias, a linguagem e a política do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) têm tido enormes repercussões globais. Protestos inspirados pela solidariedade ocorreram na Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Canadá.

No domingo, em Londres, o Washington Post observou: “As multidões tomaram Oxford Street, Brixton High Street e Westminster, com cartazes que diziam: ‘Faço isso por meu irmão’ e ‘Não à polícia racista’”.

As razões desta simpatia do outro lado do oceano talvez não sejam imediatamente aparentes. Como o diretor de redação do Washington Post de Londres, Griff White, observou um ano atrás, a polícia da Grã-Bretanha só matou duas pessoas nos três últimos anos. “Menos do que a média do número de pessoas feridas e mortas pela polícia todos os dias nos Estados Unidos, nos primeiros cinco meses de 2015, segundo uma análise do Washington Post”, escreveu.

Na semana passada, as atenções dos EUA se voltaram para o assassinato de cinco policiais pelas mãos de um atirador, que escolheu seus alvos durante uma marcha de protesto do movimento Black Lives Matter em Dallas. O audacioso ataque ocorreu após dois incidentes separados em que policiais brancos balearam homens negros em circunstâncias suspeitas. 

“A campanha presidencial que convulsiona o país há mais de um ano agora parece repentinamente um assunto menor diante dos fatos chocantes ocorridos em Dallas, na Louisiana e em Minnesota e das divisões raciais que voltaram a expor”, escreveu Dan Balz do Post.

O número de americanos negros mortos pela polícia é 2,5 vezes maior que o dos americanos brancos. E isso está acontecendo agora – independentemente dos séculos de sistemáticos abusos raciais que definem a experiência americana, e afrontaram gerações anteriores de manifestantes. Black Lives Matter é um argumento que infelizmente ainda precisa ser debatido.

Em um ano que viu a própria Europa convulsionada pelo sucesso de correntes políticas de extrema direita e novas versões de nacionalismo míope, este tipo de reação – para minimizar as vozes que se levantam das margens como antiamericana, antibritânica antieuropeia – é bastante familiar.

“Essas pessoas, que vêm aqui para ficarem unidas, estão mostrando que rejeitam a brutalidade da polícia e essa é a coisa mais importante”, disse a um jornal local Maryam Ali, uma das principais organizadoras do Black Lives Matter, de Londres.

E acrescentou: “Acho que as pessoas se esquecem que o racismo ainda predomina em muitos países. Em última análise, este é um pedido de socorro”.

Um cartaz que Lindsey Bever do Post viu no protesto, dizia: “Sim, todas as vidas são importantes, mas neste momento estamos preocupados com as dos negros. Certo? Porque é muito evidente que nosso sistema judiciário desconhece isso. Além do mais, se você não enxerga por que estamos gritando #blacklivesmatter você é uma parte do problema”. 

Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

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O movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos. Estudantes ativistas da África do Sul recentemente fizeram um protesto na frente do consulado americano da Cidade do Cabo. No fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global.

“Alguns a compararam a uma Estátua da Liberdade moderna, guiando um país profundamente dividido no caminho certo”, disse Michael E. Miller do Post. “Mas também suscitou a comparação com o famoso chinês diante de um tanque em 1989 na Praça Tiananmen.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Sob muitos aspectos, o furor da população pelas mortes provocadas pela ação da polícia nos Estados Unidos é, e continuará sendo, uma história especificamente americana.

Poucas entre as principais nações ocidentais sofrem a epidemia de violência das armas que existe nos EUA. Poucas entre as principais nações ocidentais podem competir com a história de racismo sistemático profundamente enraizado existente nos EUA. E poucas superaram o número de mortes por policiais, e de policiais, que existe nos EUA.

Imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge (Louisiana) enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

Mas, como mostram os acontecimentos dos últimos dias, a linguagem e a política do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) têm tido enormes repercussões globais. Protestos inspirados pela solidariedade ocorreram na Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Canadá.

No domingo, em Londres, o Washington Post observou: “As multidões tomaram Oxford Street, Brixton High Street e Westminster, com cartazes que diziam: ‘Faço isso por meu irmão’ e ‘Não à polícia racista’”.

As razões desta simpatia do outro lado do oceano talvez não sejam imediatamente aparentes. Como o diretor de redação do Washington Post de Londres, Griff White, observou um ano atrás, a polícia da Grã-Bretanha só matou duas pessoas nos três últimos anos. “Menos do que a média do número de pessoas feridas e mortas pela polícia todos os dias nos Estados Unidos, nos primeiros cinco meses de 2015, segundo uma análise do Washington Post”, escreveu.

Na semana passada, as atenções dos EUA se voltaram para o assassinato de cinco policiais pelas mãos de um atirador, que escolheu seus alvos durante uma marcha de protesto do movimento Black Lives Matter em Dallas. O audacioso ataque ocorreu após dois incidentes separados em que policiais brancos balearam homens negros em circunstâncias suspeitas. 

“A campanha presidencial que convulsiona o país há mais de um ano agora parece repentinamente um assunto menor diante dos fatos chocantes ocorridos em Dallas, na Louisiana e em Minnesota e das divisões raciais que voltaram a expor”, escreveu Dan Balz do Post.

O número de americanos negros mortos pela polícia é 2,5 vezes maior que o dos americanos brancos. E isso está acontecendo agora – independentemente dos séculos de sistemáticos abusos raciais que definem a experiência americana, e afrontaram gerações anteriores de manifestantes. Black Lives Matter é um argumento que infelizmente ainda precisa ser debatido.

Em um ano que viu a própria Europa convulsionada pelo sucesso de correntes políticas de extrema direita e novas versões de nacionalismo míope, este tipo de reação – para minimizar as vozes que se levantam das margens como antiamericana, antibritânica antieuropeia – é bastante familiar.

“Essas pessoas, que vêm aqui para ficarem unidas, estão mostrando que rejeitam a brutalidade da polícia e essa é a coisa mais importante”, disse a um jornal local Maryam Ali, uma das principais organizadoras do Black Lives Matter, de Londres.

E acrescentou: “Acho que as pessoas se esquecem que o racismo ainda predomina em muitos países. Em última análise, este é um pedido de socorro”.

Um cartaz que Lindsey Bever do Post viu no protesto, dizia: “Sim, todas as vidas são importantes, mas neste momento estamos preocupados com as dos negros. Certo? Porque é muito evidente que nosso sistema judiciário desconhece isso. Além do mais, se você não enxerga por que estamos gritando #blacklivesmatter você é uma parte do problema”. 

Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

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O movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos. Estudantes ativistas da África do Sul recentemente fizeram um protesto na frente do consulado americano da Cidade do Cabo. No fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global.

“Alguns a compararam a uma Estátua da Liberdade moderna, guiando um país profundamente dividido no caminho certo”, disse Michael E. Miller do Post. “Mas também suscitou a comparação com o famoso chinês diante de um tanque em 1989 na Praça Tiananmen.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Sob muitos aspectos, o furor da população pelas mortes provocadas pela ação da polícia nos Estados Unidos é, e continuará sendo, uma história especificamente americana.

Poucas entre as principais nações ocidentais sofrem a epidemia de violência das armas que existe nos EUA. Poucas entre as principais nações ocidentais podem competir com a história de racismo sistemático profundamente enraizado existente nos EUA. E poucas superaram o número de mortes por policiais, e de policiais, que existe nos EUA.

Imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge (Louisiana) enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

Mas, como mostram os acontecimentos dos últimos dias, a linguagem e a política do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) têm tido enormes repercussões globais. Protestos inspirados pela solidariedade ocorreram na Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Canadá.

No domingo, em Londres, o Washington Post observou: “As multidões tomaram Oxford Street, Brixton High Street e Westminster, com cartazes que diziam: ‘Faço isso por meu irmão’ e ‘Não à polícia racista’”.

As razões desta simpatia do outro lado do oceano talvez não sejam imediatamente aparentes. Como o diretor de redação do Washington Post de Londres, Griff White, observou um ano atrás, a polícia da Grã-Bretanha só matou duas pessoas nos três últimos anos. “Menos do que a média do número de pessoas feridas e mortas pela polícia todos os dias nos Estados Unidos, nos primeiros cinco meses de 2015, segundo uma análise do Washington Post”, escreveu.

Na semana passada, as atenções dos EUA se voltaram para o assassinato de cinco policiais pelas mãos de um atirador, que escolheu seus alvos durante uma marcha de protesto do movimento Black Lives Matter em Dallas. O audacioso ataque ocorreu após dois incidentes separados em que policiais brancos balearam homens negros em circunstâncias suspeitas. 

“A campanha presidencial que convulsiona o país há mais de um ano agora parece repentinamente um assunto menor diante dos fatos chocantes ocorridos em Dallas, na Louisiana e em Minnesota e das divisões raciais que voltaram a expor”, escreveu Dan Balz do Post.

O número de americanos negros mortos pela polícia é 2,5 vezes maior que o dos americanos brancos. E isso está acontecendo agora – independentemente dos séculos de sistemáticos abusos raciais que definem a experiência americana, e afrontaram gerações anteriores de manifestantes. Black Lives Matter é um argumento que infelizmente ainda precisa ser debatido.

Em um ano que viu a própria Europa convulsionada pelo sucesso de correntes políticas de extrema direita e novas versões de nacionalismo míope, este tipo de reação – para minimizar as vozes que se levantam das margens como antiamericana, antibritânica antieuropeia – é bastante familiar.

“Essas pessoas, que vêm aqui para ficarem unidas, estão mostrando que rejeitam a brutalidade da polícia e essa é a coisa mais importante”, disse a um jornal local Maryam Ali, uma das principais organizadoras do Black Lives Matter, de Londres.

E acrescentou: “Acho que as pessoas se esquecem que o racismo ainda predomina em muitos países. Em última análise, este é um pedido de socorro”.

Um cartaz que Lindsey Bever do Post viu no protesto, dizia: “Sim, todas as vidas são importantes, mas neste momento estamos preocupados com as dos negros. Certo? Porque é muito evidente que nosso sistema judiciário desconhece isso. Além do mais, se você não enxerga por que estamos gritando #blacklivesmatter você é uma parte do problema”. 

Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

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O movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos. Estudantes ativistas da África do Sul recentemente fizeram um protesto na frente do consulado americano da Cidade do Cabo. No fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global.

“Alguns a compararam a uma Estátua da Liberdade moderna, guiando um país profundamente dividido no caminho certo”, disse Michael E. Miller do Post. “Mas também suscitou a comparação com o famoso chinês diante de um tanque em 1989 na Praça Tiananmen.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Sob muitos aspectos, o furor da população pelas mortes provocadas pela ação da polícia nos Estados Unidos é, e continuará sendo, uma história especificamente americana.

Poucas entre as principais nações ocidentais sofrem a epidemia de violência das armas que existe nos EUA. Poucas entre as principais nações ocidentais podem competir com a história de racismo sistemático profundamente enraizado existente nos EUA. E poucas superaram o número de mortes por policiais, e de policiais, que existe nos EUA.

Imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge (Louisiana) enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global Foto: REUTERS/Jonathan Bachman

Mas, como mostram os acontecimentos dos últimos dias, a linguagem e a política do movimento Black Lives Matter (vidas negras importam) têm tido enormes repercussões globais. Protestos inspirados pela solidariedade ocorreram na Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e Canadá.

No domingo, em Londres, o Washington Post observou: “As multidões tomaram Oxford Street, Brixton High Street e Westminster, com cartazes que diziam: ‘Faço isso por meu irmão’ e ‘Não à polícia racista’”.

As razões desta simpatia do outro lado do oceano talvez não sejam imediatamente aparentes. Como o diretor de redação do Washington Post de Londres, Griff White, observou um ano atrás, a polícia da Grã-Bretanha só matou duas pessoas nos três últimos anos. “Menos do que a média do número de pessoas feridas e mortas pela polícia todos os dias nos Estados Unidos, nos primeiros cinco meses de 2015, segundo uma análise do Washington Post”, escreveu.

Na semana passada, as atenções dos EUA se voltaram para o assassinato de cinco policiais pelas mãos de um atirador, que escolheu seus alvos durante uma marcha de protesto do movimento Black Lives Matter em Dallas. O audacioso ataque ocorreu após dois incidentes separados em que policiais brancos balearam homens negros em circunstâncias suspeitas. 

“A campanha presidencial que convulsiona o país há mais de um ano agora parece repentinamente um assunto menor diante dos fatos chocantes ocorridos em Dallas, na Louisiana e em Minnesota e das divisões raciais que voltaram a expor”, escreveu Dan Balz do Post.

O número de americanos negros mortos pela polícia é 2,5 vezes maior que o dos americanos brancos. E isso está acontecendo agora – independentemente dos séculos de sistemáticos abusos raciais que definem a experiência americana, e afrontaram gerações anteriores de manifestantes. Black Lives Matter é um argumento que infelizmente ainda precisa ser debatido.

Em um ano que viu a própria Europa convulsionada pelo sucesso de correntes políticas de extrema direita e novas versões de nacionalismo míope, este tipo de reação – para minimizar as vozes que se levantam das margens como antiamericana, antibritânica antieuropeia – é bastante familiar.

“Essas pessoas, que vêm aqui para ficarem unidas, estão mostrando que rejeitam a brutalidade da polícia e essa é a coisa mais importante”, disse a um jornal local Maryam Ali, uma das principais organizadoras do Black Lives Matter, de Londres.

E acrescentou: “Acho que as pessoas se esquecem que o racismo ainda predomina em muitos países. Em última análise, este é um pedido de socorro”.

Um cartaz que Lindsey Bever do Post viu no protesto, dizia: “Sim, todas as vidas são importantes, mas neste momento estamos preocupados com as dos negros. Certo? Porque é muito evidente que nosso sistema judiciário desconhece isso. Além do mais, se você não enxerga por que estamos gritando #blacklivesmatter você é uma parte do problema”. 

Onda de protestos nos EUA pede fim da violência policial contra negros

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O movimento encontrou apoio no exterior desde que decolou nos EUA nos últimos anos. Estudantes ativistas da África do Sul recentemente fizeram um protesto na frente do consulado americano da Cidade do Cabo. No fim de semana, uma nova imagem icônica de uma mulher protestando em Baton Rouge enquanto era presa pela polícia ganhou divulgação global.

“Alguns a compararam a uma Estátua da Liberdade moderna, guiando um país profundamente dividido no caminho certo”, disse Michael E. Miller do Post. “Mas também suscitou a comparação com o famoso chinês diante de um tanque em 1989 na Praça Tiananmen.” / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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