Cenário: Guerra contra o  terrorismo é longa e difícil


Após os atentados em Daca, Bangladesh, Orlando, na Flórida, Nice, na França, e outros inúmeros ataques de menor intensidade cometidos pelos chamados lobos solitários, nenhum espaço público em qualquer parte do mundo pode ser considerado seguro

Por David Rieff e NYT
Atualização:

Após os atentados em Daca, Bangladesh, Orlando, na Flórida, Nice, na França, e outros inúmeros ataques de menor intensidade cometidos pelos chamados lobos solitários, nenhum espaço público em qualquer parte do mundo pode ser considerado seguro. Ao contrário, o ritmo dos ataques vem aumentando. As pessoas têm medo e com razão. Ao mesmo tempo, este medo está envenenando a política, nos Estados Unidos e na Europa, instigando os demagogos e abalando as instituições.

O que pode ser feito? Para responder a essa questão é necessário entender o que não deve ser feito. Nem todos esses atentados podem ser evitados. Uma coisa é aumentar a segurança em portos e aeroportos, mas, mesmo assim, como os ataques contra os aeroportos de Bruxelas e Istambul mostraram, tais medidas dificilmente são infalíveis. Portanto, certamente, esses atentados continuarão. Mesmo supondo que o Estado Islâmico seja derrotado na Síria e no Iraque, os esforços do grupo para inspirar seguidores pela internet a lançarem ataques sozinhos continuarão a repercutir.

Policiais cercam área isolada após ataque em Nice, na França, onde mais de 80 pessoas morreram Foto: AP Photo/Ciaran Fahey
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Mas, se o terrorismo representa ou não uma ameaça existencial, o fato é que ele engendrou grande pavor existencial que, combinado com os deslocamentos de uma migração em massa na Europa e o descrédito da elite política no mundo desenvolvido, não vai desaparecer facilmente.

A realidade é que o número e a letalidade dos ataques provavelmente aumentarão num futuro previsível. Esta perspectiva é sombria, mas há alguma alternativa? A guerra contra o terror é estranha, assimétrica, mas é guerra. Em qualquer guerra, incluindo uma justa, perdemos um pouco nossa humanidade. Temos de controlar, no mínimo, os piores excessos. Fazendo uma analogia histórica, evitar derramar bombas incendiárias sobre Dresden para derrotar o nazismo. Mas na falta de um fim milagroso do terrorismo, ao combatê-lo vamos comprometer alguns de nossos valores. O melhor que podemos esperar é não perder nossa humanidade para ter uma chance de recuperar o resto quando a guerra acabar. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É ESCRITOR

Após os atentados em Daca, Bangladesh, Orlando, na Flórida, Nice, na França, e outros inúmeros ataques de menor intensidade cometidos pelos chamados lobos solitários, nenhum espaço público em qualquer parte do mundo pode ser considerado seguro. Ao contrário, o ritmo dos ataques vem aumentando. As pessoas têm medo e com razão. Ao mesmo tempo, este medo está envenenando a política, nos Estados Unidos e na Europa, instigando os demagogos e abalando as instituições.

O que pode ser feito? Para responder a essa questão é necessário entender o que não deve ser feito. Nem todos esses atentados podem ser evitados. Uma coisa é aumentar a segurança em portos e aeroportos, mas, mesmo assim, como os ataques contra os aeroportos de Bruxelas e Istambul mostraram, tais medidas dificilmente são infalíveis. Portanto, certamente, esses atentados continuarão. Mesmo supondo que o Estado Islâmico seja derrotado na Síria e no Iraque, os esforços do grupo para inspirar seguidores pela internet a lançarem ataques sozinhos continuarão a repercutir.

Policiais cercam área isolada após ataque em Nice, na França, onde mais de 80 pessoas morreram Foto: AP Photo/Ciaran Fahey

Mas, se o terrorismo representa ou não uma ameaça existencial, o fato é que ele engendrou grande pavor existencial que, combinado com os deslocamentos de uma migração em massa na Europa e o descrédito da elite política no mundo desenvolvido, não vai desaparecer facilmente.

A realidade é que o número e a letalidade dos ataques provavelmente aumentarão num futuro previsível. Esta perspectiva é sombria, mas há alguma alternativa? A guerra contra o terror é estranha, assimétrica, mas é guerra. Em qualquer guerra, incluindo uma justa, perdemos um pouco nossa humanidade. Temos de controlar, no mínimo, os piores excessos. Fazendo uma analogia histórica, evitar derramar bombas incendiárias sobre Dresden para derrotar o nazismo. Mas na falta de um fim milagroso do terrorismo, ao combatê-lo vamos comprometer alguns de nossos valores. O melhor que podemos esperar é não perder nossa humanidade para ter uma chance de recuperar o resto quando a guerra acabar. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É ESCRITOR

Após os atentados em Daca, Bangladesh, Orlando, na Flórida, Nice, na França, e outros inúmeros ataques de menor intensidade cometidos pelos chamados lobos solitários, nenhum espaço público em qualquer parte do mundo pode ser considerado seguro. Ao contrário, o ritmo dos ataques vem aumentando. As pessoas têm medo e com razão. Ao mesmo tempo, este medo está envenenando a política, nos Estados Unidos e na Europa, instigando os demagogos e abalando as instituições.

O que pode ser feito? Para responder a essa questão é necessário entender o que não deve ser feito. Nem todos esses atentados podem ser evitados. Uma coisa é aumentar a segurança em portos e aeroportos, mas, mesmo assim, como os ataques contra os aeroportos de Bruxelas e Istambul mostraram, tais medidas dificilmente são infalíveis. Portanto, certamente, esses atentados continuarão. Mesmo supondo que o Estado Islâmico seja derrotado na Síria e no Iraque, os esforços do grupo para inspirar seguidores pela internet a lançarem ataques sozinhos continuarão a repercutir.

Policiais cercam área isolada após ataque em Nice, na França, onde mais de 80 pessoas morreram Foto: AP Photo/Ciaran Fahey

Mas, se o terrorismo representa ou não uma ameaça existencial, o fato é que ele engendrou grande pavor existencial que, combinado com os deslocamentos de uma migração em massa na Europa e o descrédito da elite política no mundo desenvolvido, não vai desaparecer facilmente.

A realidade é que o número e a letalidade dos ataques provavelmente aumentarão num futuro previsível. Esta perspectiva é sombria, mas há alguma alternativa? A guerra contra o terror é estranha, assimétrica, mas é guerra. Em qualquer guerra, incluindo uma justa, perdemos um pouco nossa humanidade. Temos de controlar, no mínimo, os piores excessos. Fazendo uma analogia histórica, evitar derramar bombas incendiárias sobre Dresden para derrotar o nazismo. Mas na falta de um fim milagroso do terrorismo, ao combatê-lo vamos comprometer alguns de nossos valores. O melhor que podemos esperar é não perder nossa humanidade para ter uma chance de recuperar o resto quando a guerra acabar. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É ESCRITOR

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