Cenário: Será Stephen Bannon o presidente? 


Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo

Por Redação

Inúmeros presidentes tiveram destacados assessores políticos, alguns suspeitos de estarem silenciosamente montando uma estratégia nos bastidores (como no caso de Karl Rove e de Dick Morris). Mas nunca assistimos a um assessor político agir de maneira tão descarada para consolidar o poder quanto Stephen Bannon – nem vimos alguém na sua função fazer tantos estragos e tão rapidamente à popularidade ou à pretensa competência do seu suposto chefe.

Diretor do portal alternativo de notícias de direita Briebart, Stephen Bannon foi chefe de campanha do magnata. Muitos criticaram a escolha em razão de declarações e posicionamentos racistas de Bannon. É estrategista-chefe e conselheiro principal do presidente na Casa Branca. Bannon também foi considerado para chefe de gabinete, mas Trump insistiu para que ele ficasse nessa função e trabalhasse em conjunto com Priebus como "parceiro". Foto: Stephen Crowley/The New York Times

Bannon impulsionou a Breitbart News como plataforma para incitar a direita alternativa, fez o mesmo com a campanha de Donald Trump e agora repete a façanha com a própria Casa Branca do novo presidente. Talvez fosse previsível que isso acontecesse, embora tenha sido impressionante a celeridade com que Trump agiu criando inimizade com os mexicanos (quando declarou que teriam de pagar pela construção do muro), os judeus (menosprezando sua trágica experiência com o Holocausto) e os muçulmanos (com o veto).

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Trump nunca se mostrou muito inclinado a ir além dos eleitores que lhe deram a vitória no seu colégio eleitoral, e Bannon, cujas impressões digitais estão em cada uma dessas iniciativas, procura garantir que ele não faça isso. Mas um novo decreto sugere que Bannon está se posicionando não como dominador, mas como o presidente de fato.

Trump tomou a decisão sem precedentes de nomear Bannon para o Conselho de Segurança Nacional, ao lado dos secretários de Estado e da Defesa. Ainda mais revelador é o fato de Trump ter nomeado Bannon para a comissão dos principais expoentes do CSN.

Ao mesmo tempo, o presidente rebaixou dois oficiais de Segurança Nacional – o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford Jr., e o diretor de Inteligência Nacional, Dan Coats, ex-membro da Comissão de Inteligência do Senado e ex-embaixador na Alemanha.

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Tudo isso pode parecer um maçante exercício burocrático, mas quem senta à mesa do Conselho de Segurança Nacional quando o governo debate questões de guerra e de paz pode fazer a verdadeira diferença nas decisões. Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo.

Segundo a ordem de Trump, o presidente do Estado-Maior Conjunto e o diretor de Inteligência Nacional só participarão das reuniões dos membros mais importantes da comissão “quando questões pertinentes com suas responsabilidades e competência forem discutidas”.

Seria possível que se realizasse uma discussão de segurança nacional na qual a participação das agências de inteligência e os militares não fosse solicitada? As pessoas que ocupam esses cargos frequentemente são as únicas que dizem as verdades mais duras ao presidente, mesmo que não sejam bem recebidas.

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Trump mostrou amplamente que não tem conhecimentos que lhe permitam tomar decisões em matéria de segurança nacional, não tem experiência para governar e aparentemente pouca capacidade de assimilar o que é necessário para liderar uma nação grande e multifacetada. Ele precisa ouvir funcionários experientes, como o general Dunford, mas Bannon se colocou, juntamente com o genro de Trump, Jared Kushner, como assessor de total confiança do presidente. Agora ele está aparentemente eclipsando o assessor de Segurança Nacional, o general da reserva Michael Flynn.

Trump aderiu há muito tempo à política de Bannon, mas agora deveria reconsiderar sua decisão de permitir que ele dirija a Casa Branca, particularmente após o fiasco com a ridícula proibição de ingresso dos muçulmanos. Bannon contribuiu para que a ordem fosse emitida sem consultar os especialistas no Departamento de Segurança Interna, nem aguardou a deliberação do CSN. As posteriores modificações introduzidas pelo governo, as modificações da corte e o furor da opinião pública internacional fizeram com que o presidente não parecesse corajoso e decisivo, mas incompetente.

Quando candidato, Trump se sentia gratificado pelos aplausos em seus comícios com o nacionalismo exacerbado de Bannon. Mas essas mesmas ideias agora usadas como armas estão afastando os aliados americanos e prejudicando a presidência.

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Os presidentes têm a faculdade de escolher seus assessores. Mas os primeiros espasmos de ação política de Trump forneceram evidência de que ele precisa de assessores capazes de pensar de maneira estratégica e pesar as consequências por trás dos imediatos efeitos políticos internos.

Imaginemos amanhã, se Trump se defrontar com uma crise que envolva a China, na questão no Mar do Sul da China, ou a Rússia na Ucrânia. Será que ele procurará seu principal provocador político, Bannon, com sua tendência de causar explosões, ou recorrerá finalmente ao conselho de especialistas mais ponderados do governo, como o secretário da Defesa Jim Mattis e o general Dunford? / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*EDITORIAL PUBLICADO NA EDIÇÃO DE ONTEM

Inúmeros presidentes tiveram destacados assessores políticos, alguns suspeitos de estarem silenciosamente montando uma estratégia nos bastidores (como no caso de Karl Rove e de Dick Morris). Mas nunca assistimos a um assessor político agir de maneira tão descarada para consolidar o poder quanto Stephen Bannon – nem vimos alguém na sua função fazer tantos estragos e tão rapidamente à popularidade ou à pretensa competência do seu suposto chefe.

Diretor do portal alternativo de notícias de direita Briebart, Stephen Bannon foi chefe de campanha do magnata. Muitos criticaram a escolha em razão de declarações e posicionamentos racistas de Bannon. É estrategista-chefe e conselheiro principal do presidente na Casa Branca. Bannon também foi considerado para chefe de gabinete, mas Trump insistiu para que ele ficasse nessa função e trabalhasse em conjunto com Priebus como "parceiro". Foto: Stephen Crowley/The New York Times

Bannon impulsionou a Breitbart News como plataforma para incitar a direita alternativa, fez o mesmo com a campanha de Donald Trump e agora repete a façanha com a própria Casa Branca do novo presidente. Talvez fosse previsível que isso acontecesse, embora tenha sido impressionante a celeridade com que Trump agiu criando inimizade com os mexicanos (quando declarou que teriam de pagar pela construção do muro), os judeus (menosprezando sua trágica experiência com o Holocausto) e os muçulmanos (com o veto).

Trump nunca se mostrou muito inclinado a ir além dos eleitores que lhe deram a vitória no seu colégio eleitoral, e Bannon, cujas impressões digitais estão em cada uma dessas iniciativas, procura garantir que ele não faça isso. Mas um novo decreto sugere que Bannon está se posicionando não como dominador, mas como o presidente de fato.

Trump tomou a decisão sem precedentes de nomear Bannon para o Conselho de Segurança Nacional, ao lado dos secretários de Estado e da Defesa. Ainda mais revelador é o fato de Trump ter nomeado Bannon para a comissão dos principais expoentes do CSN.

Ao mesmo tempo, o presidente rebaixou dois oficiais de Segurança Nacional – o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford Jr., e o diretor de Inteligência Nacional, Dan Coats, ex-membro da Comissão de Inteligência do Senado e ex-embaixador na Alemanha.

Tudo isso pode parecer um maçante exercício burocrático, mas quem senta à mesa do Conselho de Segurança Nacional quando o governo debate questões de guerra e de paz pode fazer a verdadeira diferença nas decisões. Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo.

Segundo a ordem de Trump, o presidente do Estado-Maior Conjunto e o diretor de Inteligência Nacional só participarão das reuniões dos membros mais importantes da comissão “quando questões pertinentes com suas responsabilidades e competência forem discutidas”.

Seria possível que se realizasse uma discussão de segurança nacional na qual a participação das agências de inteligência e os militares não fosse solicitada? As pessoas que ocupam esses cargos frequentemente são as únicas que dizem as verdades mais duras ao presidente, mesmo que não sejam bem recebidas.

Trump mostrou amplamente que não tem conhecimentos que lhe permitam tomar decisões em matéria de segurança nacional, não tem experiência para governar e aparentemente pouca capacidade de assimilar o que é necessário para liderar uma nação grande e multifacetada. Ele precisa ouvir funcionários experientes, como o general Dunford, mas Bannon se colocou, juntamente com o genro de Trump, Jared Kushner, como assessor de total confiança do presidente. Agora ele está aparentemente eclipsando o assessor de Segurança Nacional, o general da reserva Michael Flynn.

Trump aderiu há muito tempo à política de Bannon, mas agora deveria reconsiderar sua decisão de permitir que ele dirija a Casa Branca, particularmente após o fiasco com a ridícula proibição de ingresso dos muçulmanos. Bannon contribuiu para que a ordem fosse emitida sem consultar os especialistas no Departamento de Segurança Interna, nem aguardou a deliberação do CSN. As posteriores modificações introduzidas pelo governo, as modificações da corte e o furor da opinião pública internacional fizeram com que o presidente não parecesse corajoso e decisivo, mas incompetente.

Quando candidato, Trump se sentia gratificado pelos aplausos em seus comícios com o nacionalismo exacerbado de Bannon. Mas essas mesmas ideias agora usadas como armas estão afastando os aliados americanos e prejudicando a presidência.

Os presidentes têm a faculdade de escolher seus assessores. Mas os primeiros espasmos de ação política de Trump forneceram evidência de que ele precisa de assessores capazes de pensar de maneira estratégica e pesar as consequências por trás dos imediatos efeitos políticos internos.

Imaginemos amanhã, se Trump se defrontar com uma crise que envolva a China, na questão no Mar do Sul da China, ou a Rússia na Ucrânia. Será que ele procurará seu principal provocador político, Bannon, com sua tendência de causar explosões, ou recorrerá finalmente ao conselho de especialistas mais ponderados do governo, como o secretário da Defesa Jim Mattis e o general Dunford? / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*EDITORIAL PUBLICADO NA EDIÇÃO DE ONTEM

Inúmeros presidentes tiveram destacados assessores políticos, alguns suspeitos de estarem silenciosamente montando uma estratégia nos bastidores (como no caso de Karl Rove e de Dick Morris). Mas nunca assistimos a um assessor político agir de maneira tão descarada para consolidar o poder quanto Stephen Bannon – nem vimos alguém na sua função fazer tantos estragos e tão rapidamente à popularidade ou à pretensa competência do seu suposto chefe.

Diretor do portal alternativo de notícias de direita Briebart, Stephen Bannon foi chefe de campanha do magnata. Muitos criticaram a escolha em razão de declarações e posicionamentos racistas de Bannon. É estrategista-chefe e conselheiro principal do presidente na Casa Branca. Bannon também foi considerado para chefe de gabinete, mas Trump insistiu para que ele ficasse nessa função e trabalhasse em conjunto com Priebus como "parceiro". Foto: Stephen Crowley/The New York Times

Bannon impulsionou a Breitbart News como plataforma para incitar a direita alternativa, fez o mesmo com a campanha de Donald Trump e agora repete a façanha com a própria Casa Branca do novo presidente. Talvez fosse previsível que isso acontecesse, embora tenha sido impressionante a celeridade com que Trump agiu criando inimizade com os mexicanos (quando declarou que teriam de pagar pela construção do muro), os judeus (menosprezando sua trágica experiência com o Holocausto) e os muçulmanos (com o veto).

Trump nunca se mostrou muito inclinado a ir além dos eleitores que lhe deram a vitória no seu colégio eleitoral, e Bannon, cujas impressões digitais estão em cada uma dessas iniciativas, procura garantir que ele não faça isso. Mas um novo decreto sugere que Bannon está se posicionando não como dominador, mas como o presidente de fato.

Trump tomou a decisão sem precedentes de nomear Bannon para o Conselho de Segurança Nacional, ao lado dos secretários de Estado e da Defesa. Ainda mais revelador é o fato de Trump ter nomeado Bannon para a comissão dos principais expoentes do CSN.

Ao mesmo tempo, o presidente rebaixou dois oficiais de Segurança Nacional – o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford Jr., e o diretor de Inteligência Nacional, Dan Coats, ex-membro da Comissão de Inteligência do Senado e ex-embaixador na Alemanha.

Tudo isso pode parecer um maçante exercício burocrático, mas quem senta à mesa do Conselho de Segurança Nacional quando o governo debate questões de guerra e de paz pode fazer a verdadeira diferença nas decisões. Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo.

Segundo a ordem de Trump, o presidente do Estado-Maior Conjunto e o diretor de Inteligência Nacional só participarão das reuniões dos membros mais importantes da comissão “quando questões pertinentes com suas responsabilidades e competência forem discutidas”.

Seria possível que se realizasse uma discussão de segurança nacional na qual a participação das agências de inteligência e os militares não fosse solicitada? As pessoas que ocupam esses cargos frequentemente são as únicas que dizem as verdades mais duras ao presidente, mesmo que não sejam bem recebidas.

Trump mostrou amplamente que não tem conhecimentos que lhe permitam tomar decisões em matéria de segurança nacional, não tem experiência para governar e aparentemente pouca capacidade de assimilar o que é necessário para liderar uma nação grande e multifacetada. Ele precisa ouvir funcionários experientes, como o general Dunford, mas Bannon se colocou, juntamente com o genro de Trump, Jared Kushner, como assessor de total confiança do presidente. Agora ele está aparentemente eclipsando o assessor de Segurança Nacional, o general da reserva Michael Flynn.

Trump aderiu há muito tempo à política de Bannon, mas agora deveria reconsiderar sua decisão de permitir que ele dirija a Casa Branca, particularmente após o fiasco com a ridícula proibição de ingresso dos muçulmanos. Bannon contribuiu para que a ordem fosse emitida sem consultar os especialistas no Departamento de Segurança Interna, nem aguardou a deliberação do CSN. As posteriores modificações introduzidas pelo governo, as modificações da corte e o furor da opinião pública internacional fizeram com que o presidente não parecesse corajoso e decisivo, mas incompetente.

Quando candidato, Trump se sentia gratificado pelos aplausos em seus comícios com o nacionalismo exacerbado de Bannon. Mas essas mesmas ideias agora usadas como armas estão afastando os aliados americanos e prejudicando a presidência.

Os presidentes têm a faculdade de escolher seus assessores. Mas os primeiros espasmos de ação política de Trump forneceram evidência de que ele precisa de assessores capazes de pensar de maneira estratégica e pesar as consequências por trás dos imediatos efeitos políticos internos.

Imaginemos amanhã, se Trump se defrontar com uma crise que envolva a China, na questão no Mar do Sul da China, ou a Rússia na Ucrânia. Será que ele procurará seu principal provocador político, Bannon, com sua tendência de causar explosões, ou recorrerá finalmente ao conselho de especialistas mais ponderados do governo, como o secretário da Defesa Jim Mattis e o general Dunford? / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*EDITORIAL PUBLICADO NA EDIÇÃO DE ONTEM

Inúmeros presidentes tiveram destacados assessores políticos, alguns suspeitos de estarem silenciosamente montando uma estratégia nos bastidores (como no caso de Karl Rove e de Dick Morris). Mas nunca assistimos a um assessor político agir de maneira tão descarada para consolidar o poder quanto Stephen Bannon – nem vimos alguém na sua função fazer tantos estragos e tão rapidamente à popularidade ou à pretensa competência do seu suposto chefe.

Diretor do portal alternativo de notícias de direita Briebart, Stephen Bannon foi chefe de campanha do magnata. Muitos criticaram a escolha em razão de declarações e posicionamentos racistas de Bannon. É estrategista-chefe e conselheiro principal do presidente na Casa Branca. Bannon também foi considerado para chefe de gabinete, mas Trump insistiu para que ele ficasse nessa função e trabalhasse em conjunto com Priebus como "parceiro". Foto: Stephen Crowley/The New York Times

Bannon impulsionou a Breitbart News como plataforma para incitar a direita alternativa, fez o mesmo com a campanha de Donald Trump e agora repete a façanha com a própria Casa Branca do novo presidente. Talvez fosse previsível que isso acontecesse, embora tenha sido impressionante a celeridade com que Trump agiu criando inimizade com os mexicanos (quando declarou que teriam de pagar pela construção do muro), os judeus (menosprezando sua trágica experiência com o Holocausto) e os muçulmanos (com o veto).

Trump nunca se mostrou muito inclinado a ir além dos eleitores que lhe deram a vitória no seu colégio eleitoral, e Bannon, cujas impressões digitais estão em cada uma dessas iniciativas, procura garantir que ele não faça isso. Mas um novo decreto sugere que Bannon está se posicionando não como dominador, mas como o presidente de fato.

Trump tomou a decisão sem precedentes de nomear Bannon para o Conselho de Segurança Nacional, ao lado dos secretários de Estado e da Defesa. Ainda mais revelador é o fato de Trump ter nomeado Bannon para a comissão dos principais expoentes do CSN.

Ao mesmo tempo, o presidente rebaixou dois oficiais de Segurança Nacional – o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford Jr., e o diretor de Inteligência Nacional, Dan Coats, ex-membro da Comissão de Inteligência do Senado e ex-embaixador na Alemanha.

Tudo isso pode parecer um maçante exercício burocrático, mas quem senta à mesa do Conselho de Segurança Nacional quando o governo debate questões de guerra e de paz pode fazer a verdadeira diferença nas decisões. Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo.

Segundo a ordem de Trump, o presidente do Estado-Maior Conjunto e o diretor de Inteligência Nacional só participarão das reuniões dos membros mais importantes da comissão “quando questões pertinentes com suas responsabilidades e competência forem discutidas”.

Seria possível que se realizasse uma discussão de segurança nacional na qual a participação das agências de inteligência e os militares não fosse solicitada? As pessoas que ocupam esses cargos frequentemente são as únicas que dizem as verdades mais duras ao presidente, mesmo que não sejam bem recebidas.

Trump mostrou amplamente que não tem conhecimentos que lhe permitam tomar decisões em matéria de segurança nacional, não tem experiência para governar e aparentemente pouca capacidade de assimilar o que é necessário para liderar uma nação grande e multifacetada. Ele precisa ouvir funcionários experientes, como o general Dunford, mas Bannon se colocou, juntamente com o genro de Trump, Jared Kushner, como assessor de total confiança do presidente. Agora ele está aparentemente eclipsando o assessor de Segurança Nacional, o general da reserva Michael Flynn.

Trump aderiu há muito tempo à política de Bannon, mas agora deveria reconsiderar sua decisão de permitir que ele dirija a Casa Branca, particularmente após o fiasco com a ridícula proibição de ingresso dos muçulmanos. Bannon contribuiu para que a ordem fosse emitida sem consultar os especialistas no Departamento de Segurança Interna, nem aguardou a deliberação do CSN. As posteriores modificações introduzidas pelo governo, as modificações da corte e o furor da opinião pública internacional fizeram com que o presidente não parecesse corajoso e decisivo, mas incompetente.

Quando candidato, Trump se sentia gratificado pelos aplausos em seus comícios com o nacionalismo exacerbado de Bannon. Mas essas mesmas ideias agora usadas como armas estão afastando os aliados americanos e prejudicando a presidência.

Os presidentes têm a faculdade de escolher seus assessores. Mas os primeiros espasmos de ação política de Trump forneceram evidência de que ele precisa de assessores capazes de pensar de maneira estratégica e pesar as consequências por trás dos imediatos efeitos políticos internos.

Imaginemos amanhã, se Trump se defrontar com uma crise que envolva a China, na questão no Mar do Sul da China, ou a Rússia na Ucrânia. Será que ele procurará seu principal provocador político, Bannon, com sua tendência de causar explosões, ou recorrerá finalmente ao conselho de especialistas mais ponderados do governo, como o secretário da Defesa Jim Mattis e o general Dunford? / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*EDITORIAL PUBLICADO NA EDIÇÃO DE ONTEM

Inúmeros presidentes tiveram destacados assessores políticos, alguns suspeitos de estarem silenciosamente montando uma estratégia nos bastidores (como no caso de Karl Rove e de Dick Morris). Mas nunca assistimos a um assessor político agir de maneira tão descarada para consolidar o poder quanto Stephen Bannon – nem vimos alguém na sua função fazer tantos estragos e tão rapidamente à popularidade ou à pretensa competência do seu suposto chefe.

Diretor do portal alternativo de notícias de direita Briebart, Stephen Bannon foi chefe de campanha do magnata. Muitos criticaram a escolha em razão de declarações e posicionamentos racistas de Bannon. É estrategista-chefe e conselheiro principal do presidente na Casa Branca. Bannon também foi considerado para chefe de gabinete, mas Trump insistiu para que ele ficasse nessa função e trabalhasse em conjunto com Priebus como "parceiro". Foto: Stephen Crowley/The New York Times

Bannon impulsionou a Breitbart News como plataforma para incitar a direita alternativa, fez o mesmo com a campanha de Donald Trump e agora repete a façanha com a própria Casa Branca do novo presidente. Talvez fosse previsível que isso acontecesse, embora tenha sido impressionante a celeridade com que Trump agiu criando inimizade com os mexicanos (quando declarou que teriam de pagar pela construção do muro), os judeus (menosprezando sua trágica experiência com o Holocausto) e os muçulmanos (com o veto).

Trump nunca se mostrou muito inclinado a ir além dos eleitores que lhe deram a vitória no seu colégio eleitoral, e Bannon, cujas impressões digitais estão em cada uma dessas iniciativas, procura garantir que ele não faça isso. Mas um novo decreto sugere que Bannon está se posicionando não como dominador, mas como o presidente de fato.

Trump tomou a decisão sem precedentes de nomear Bannon para o Conselho de Segurança Nacional, ao lado dos secretários de Estado e da Defesa. Ainda mais revelador é o fato de Trump ter nomeado Bannon para a comissão dos principais expoentes do CSN.

Ao mesmo tempo, o presidente rebaixou dois oficiais de Segurança Nacional – o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford Jr., e o diretor de Inteligência Nacional, Dan Coats, ex-membro da Comissão de Inteligência do Senado e ex-embaixador na Alemanha.

Tudo isso pode parecer um maçante exercício burocrático, mas quem senta à mesa do Conselho de Segurança Nacional quando o governo debate questões de guerra e de paz pode fazer a verdadeira diferença nas decisões. Dando a Bannon um cargo oficial na elaboração da política de segurança nacional, Trump não só rompeu com a tradição, como abraçou o risco de politizar a segurança nacional, ou de dar a impressão de fazê-lo.

Segundo a ordem de Trump, o presidente do Estado-Maior Conjunto e o diretor de Inteligência Nacional só participarão das reuniões dos membros mais importantes da comissão “quando questões pertinentes com suas responsabilidades e competência forem discutidas”.

Seria possível que se realizasse uma discussão de segurança nacional na qual a participação das agências de inteligência e os militares não fosse solicitada? As pessoas que ocupam esses cargos frequentemente são as únicas que dizem as verdades mais duras ao presidente, mesmo que não sejam bem recebidas.

Trump mostrou amplamente que não tem conhecimentos que lhe permitam tomar decisões em matéria de segurança nacional, não tem experiência para governar e aparentemente pouca capacidade de assimilar o que é necessário para liderar uma nação grande e multifacetada. Ele precisa ouvir funcionários experientes, como o general Dunford, mas Bannon se colocou, juntamente com o genro de Trump, Jared Kushner, como assessor de total confiança do presidente. Agora ele está aparentemente eclipsando o assessor de Segurança Nacional, o general da reserva Michael Flynn.

Trump aderiu há muito tempo à política de Bannon, mas agora deveria reconsiderar sua decisão de permitir que ele dirija a Casa Branca, particularmente após o fiasco com a ridícula proibição de ingresso dos muçulmanos. Bannon contribuiu para que a ordem fosse emitida sem consultar os especialistas no Departamento de Segurança Interna, nem aguardou a deliberação do CSN. As posteriores modificações introduzidas pelo governo, as modificações da corte e o furor da opinião pública internacional fizeram com que o presidente não parecesse corajoso e decisivo, mas incompetente.

Quando candidato, Trump se sentia gratificado pelos aplausos em seus comícios com o nacionalismo exacerbado de Bannon. Mas essas mesmas ideias agora usadas como armas estão afastando os aliados americanos e prejudicando a presidência.

Os presidentes têm a faculdade de escolher seus assessores. Mas os primeiros espasmos de ação política de Trump forneceram evidência de que ele precisa de assessores capazes de pensar de maneira estratégica e pesar as consequências por trás dos imediatos efeitos políticos internos.

Imaginemos amanhã, se Trump se defrontar com uma crise que envolva a China, na questão no Mar do Sul da China, ou a Rússia na Ucrânia. Será que ele procurará seu principal provocador político, Bannon, com sua tendência de causar explosões, ou recorrerá finalmente ao conselho de especialistas mais ponderados do governo, como o secretário da Defesa Jim Mattis e o general Dunford? / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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