Cenário: Veremos o retorno do catolicismo político na França?


Todas as pesquisas davam a vitória a Juppé, mas foi Fillon quem assumiu a liderança e, por lógica, deve vencer

Por Gilles Lapouge

A “primária” que a direita francesa organizou se encerrará hoje. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, mais entusiasmado que nunca, foi eliminado. Restaram dois pretendentes: Alain Juppé, uma figura respeitada, e François Fillon, político sem muito carisma. Todas as pesquisas davam a vitória a Juppé, mas foi Fillon quem assumiu a liderança e, por lógica, deve vencer.

Como explicar a reviravolta? Não devemos nos basear nos institutos de pesquisa. Os franceses conhecem bem Fillon, pois foi primeiro-ministro de Sarkozy por cinco anos, mostrando-se um político consciencioso, honesto, competente, mas insatisfeito porque o chefe passou os cinco anos humilhando-o. Referia-se a ele como “colaborador”. Fillon sofreu todas as afrontas sem reclamar. Ganhou dois apelidos: “A voz do mestre” e “Senhor Ninguém”.

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França Foto: EFE
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Mas é ele quem tem alguma chance de chegar ao Palácio do Eliseu em maio. É uma enorme surpresa, impossível de explicar. Só podemos levantar uma hipótese: François Fillon é católico.

Expliquemos. Ele é um católico chique. O pai é tabelião, rico. Discreto, elegante. Não é um aristocrata, mas é o que a alta burguesia faz de melhor. Tem uma cultura sólida, mas à antiga. E é muito bem visto pelos católicos tradicionais. Tem recebido felicitações, apoio, dos católicos de “direita”. 

Uma direita chique, aquela que chamamos de patrimonial, porque se considera detentora de um patrimônio político, econômico e cristão. Esse catolicismo que comporta elementos da direita radical não nasceu hoje. É uma corrente tradicional que já não se manifestava. Sua ressurreição teria ocorrido nos anos 1970. 

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Centrais sindicais protestam contra reforma trabalhista na França

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Foto: AFP PHOTO
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A partir dos anos 2000, passa a se dedicar a novos problemas considerados fundamentais porque dizem respeito à vida, à sacralidade da vida, à homossexualidade. Novos líderes surgem. É nesse momento, ao que parece, que Fillon é contatado por esses movimentos. E responde favoravelmente. Claro que nos debates ele nega ter se associado a grupos do catolicismo radical. 

Alguns observadores se perguntam se os pontos ganhos por Fillon nos debates não se explicariam por esse apoio em massa e mais ou menos secreto desses grupos formados após o sucesso das manifestações de Fillon contra o casamento gay, decididos a aproveitar essa brecha para se introduzirem no debate político. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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*É CORRESPONDENTE EM PARIS

A “primária” que a direita francesa organizou se encerrará hoje. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, mais entusiasmado que nunca, foi eliminado. Restaram dois pretendentes: Alain Juppé, uma figura respeitada, e François Fillon, político sem muito carisma. Todas as pesquisas davam a vitória a Juppé, mas foi Fillon quem assumiu a liderança e, por lógica, deve vencer.

Como explicar a reviravolta? Não devemos nos basear nos institutos de pesquisa. Os franceses conhecem bem Fillon, pois foi primeiro-ministro de Sarkozy por cinco anos, mostrando-se um político consciencioso, honesto, competente, mas insatisfeito porque o chefe passou os cinco anos humilhando-o. Referia-se a ele como “colaborador”. Fillon sofreu todas as afrontas sem reclamar. Ganhou dois apelidos: “A voz do mestre” e “Senhor Ninguém”.

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França Foto: EFE

Mas é ele quem tem alguma chance de chegar ao Palácio do Eliseu em maio. É uma enorme surpresa, impossível de explicar. Só podemos levantar uma hipótese: François Fillon é católico.

Expliquemos. Ele é um católico chique. O pai é tabelião, rico. Discreto, elegante. Não é um aristocrata, mas é o que a alta burguesia faz de melhor. Tem uma cultura sólida, mas à antiga. E é muito bem visto pelos católicos tradicionais. Tem recebido felicitações, apoio, dos católicos de “direita”. 

Uma direita chique, aquela que chamamos de patrimonial, porque se considera detentora de um patrimônio político, econômico e cristão. Esse catolicismo que comporta elementos da direita radical não nasceu hoje. É uma corrente tradicional que já não se manifestava. Sua ressurreição teria ocorrido nos anos 1970. 

Centrais sindicais protestam contra reforma trabalhista na França

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A partir dos anos 2000, passa a se dedicar a novos problemas considerados fundamentais porque dizem respeito à vida, à sacralidade da vida, à homossexualidade. Novos líderes surgem. É nesse momento, ao que parece, que Fillon é contatado por esses movimentos. E responde favoravelmente. Claro que nos debates ele nega ter se associado a grupos do catolicismo radical. 

Alguns observadores se perguntam se os pontos ganhos por Fillon nos debates não se explicariam por esse apoio em massa e mais ou menos secreto desses grupos formados após o sucesso das manifestações de Fillon contra o casamento gay, decididos a aproveitar essa brecha para se introduzirem no debate político. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É CORRESPONDENTE EM PARIS

A “primária” que a direita francesa organizou se encerrará hoje. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, mais entusiasmado que nunca, foi eliminado. Restaram dois pretendentes: Alain Juppé, uma figura respeitada, e François Fillon, político sem muito carisma. Todas as pesquisas davam a vitória a Juppé, mas foi Fillon quem assumiu a liderança e, por lógica, deve vencer.

Como explicar a reviravolta? Não devemos nos basear nos institutos de pesquisa. Os franceses conhecem bem Fillon, pois foi primeiro-ministro de Sarkozy por cinco anos, mostrando-se um político consciencioso, honesto, competente, mas insatisfeito porque o chefe passou os cinco anos humilhando-o. Referia-se a ele como “colaborador”. Fillon sofreu todas as afrontas sem reclamar. Ganhou dois apelidos: “A voz do mestre” e “Senhor Ninguém”.

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França Foto: EFE

Mas é ele quem tem alguma chance de chegar ao Palácio do Eliseu em maio. É uma enorme surpresa, impossível de explicar. Só podemos levantar uma hipótese: François Fillon é católico.

Expliquemos. Ele é um católico chique. O pai é tabelião, rico. Discreto, elegante. Não é um aristocrata, mas é o que a alta burguesia faz de melhor. Tem uma cultura sólida, mas à antiga. E é muito bem visto pelos católicos tradicionais. Tem recebido felicitações, apoio, dos católicos de “direita”. 

Uma direita chique, aquela que chamamos de patrimonial, porque se considera detentora de um patrimônio político, econômico e cristão. Esse catolicismo que comporta elementos da direita radical não nasceu hoje. É uma corrente tradicional que já não se manifestava. Sua ressurreição teria ocorrido nos anos 1970. 

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A partir dos anos 2000, passa a se dedicar a novos problemas considerados fundamentais porque dizem respeito à vida, à sacralidade da vida, à homossexualidade. Novos líderes surgem. É nesse momento, ao que parece, que Fillon é contatado por esses movimentos. E responde favoravelmente. Claro que nos debates ele nega ter se associado a grupos do catolicismo radical. 

Alguns observadores se perguntam se os pontos ganhos por Fillon nos debates não se explicariam por esse apoio em massa e mais ou menos secreto desses grupos formados após o sucesso das manifestações de Fillon contra o casamento gay, decididos a aproveitar essa brecha para se introduzirem no debate político. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É CORRESPONDENTE EM PARIS

A “primária” que a direita francesa organizou se encerrará hoje. O ex-presidente Nicolas Sarkozy, mais entusiasmado que nunca, foi eliminado. Restaram dois pretendentes: Alain Juppé, uma figura respeitada, e François Fillon, político sem muito carisma. Todas as pesquisas davam a vitória a Juppé, mas foi Fillon quem assumiu a liderança e, por lógica, deve vencer.

Como explicar a reviravolta? Não devemos nos basear nos institutos de pesquisa. Os franceses conhecem bem Fillon, pois foi primeiro-ministro de Sarkozy por cinco anos, mostrando-se um político consciencioso, honesto, competente, mas insatisfeito porque o chefe passou os cinco anos humilhando-o. Referia-se a ele como “colaborador”. Fillon sofreu todas as afrontas sem reclamar. Ganhou dois apelidos: “A voz do mestre” e “Senhor Ninguém”.

Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França Foto: EFE

Mas é ele quem tem alguma chance de chegar ao Palácio do Eliseu em maio. É uma enorme surpresa, impossível de explicar. Só podemos levantar uma hipótese: François Fillon é católico.

Expliquemos. Ele é um católico chique. O pai é tabelião, rico. Discreto, elegante. Não é um aristocrata, mas é o que a alta burguesia faz de melhor. Tem uma cultura sólida, mas à antiga. E é muito bem visto pelos católicos tradicionais. Tem recebido felicitações, apoio, dos católicos de “direita”. 

Uma direita chique, aquela que chamamos de patrimonial, porque se considera detentora de um patrimônio político, econômico e cristão. Esse catolicismo que comporta elementos da direita radical não nasceu hoje. É uma corrente tradicional que já não se manifestava. Sua ressurreição teria ocorrido nos anos 1970. 

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A partir dos anos 2000, passa a se dedicar a novos problemas considerados fundamentais porque dizem respeito à vida, à sacralidade da vida, à homossexualidade. Novos líderes surgem. É nesse momento, ao que parece, que Fillon é contatado por esses movimentos. E responde favoravelmente. Claro que nos debates ele nega ter se associado a grupos do catolicismo radical. 

Alguns observadores se perguntam se os pontos ganhos por Fillon nos debates não se explicariam por esse apoio em massa e mais ou menos secreto desses grupos formados após o sucesso das manifestações de Fillon contra o casamento gay, decididos a aproveitar essa brecha para se introduzirem no debate político. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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