PARIS - Milhares de iranianos protestaram no sudeste do país para lembrar a repressão aos atos de 30 de setembro pelas forças de segurança na data que ficou conhecida como “Sexta-feira Sangrenta”. As manifestações não se restringiram à região e governantes enfrentaram distúrbios em todo o país ao longo do dia.
“Morte a Khamenei!”, gritaram os homens na saída da mesquita Zahedan, capital do Sistão-Baluchistão, segundo um vídeo publicado pela ONG Iran Human Rights (IHR), referindo-se ao guia supremo da República Islâmica do Irã, Ali Khamenei.
Segundo a Anistia Internacional, as forças de segurança mataram pelo menos 60 pessoas em 30 de setembro depois de disparar contra manifestantes em Zahedan. Autoridades disseram que dissidentes provocaram os confrontos. Outras organizações falam em 92 mortos.
Manifestações também foram relatadas em Jash e dezenas de policiais de choque foram mobilizados na cidade de Iranshahr, como mostram vídeos postados online verificados pela agência France-Presse.
Em Iranshahr, as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, segundo o portal 1500tasvir, que divulgou um vídeo em seu perfil no Twitter.
A ‘Sexta-feira Sangrenta’ ocorreu duas semanas após a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini, uma mulher curda-iraniana de 22 anos, detida pela polícia da moral de Teerã por violar o rígido código de vestimenta do país.
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Mahsa Amini: Jovem de 22 anos morreu após ser detida pela polícia moral do #Irã por uso ‘inadequado’ da indumentária obrigatória
Dezenas de pessoas, principalmente manifestantes mas também mulheres e crianças, foram mortas e mais algumas milhares foram detidas, entre elas opositores, jornalistas e advogados.
Após sua morte, uma onda de manifestações tomou várias cidades do Irã, incluindo a capital Teerã. Segundo o IHR, pelo menos 304 pessoas foram mortas no Irã na repressão aos protestos desde a morte de Mahsa Amini./COM AFP